The Past Comes Today escrita por Kurogetsu


Capítulo 4
Chapter 4




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Ahh como eu queria trabalhar logo! A escola é um saco... Dizia bocejando e tomando um atalho até a escola.

Passando por um dos becos ouvi sons de alguém sendo golpeado, som que eu conhecia bem pelos anos de taekwondo. Cheguei sem ser percebido ao beco de onde ouvi o barulho. Vi dois caras da minha escola, do segundo ano, e um garoto que nunca vi antes na escola, devia ser um novato. Pensei seriamente em ir embora, afinal não tinha nada a ver comigo, mas algo me fez impedir a agressão.

Hey otários! O que estão fazendo?!

Kohama-senpai! exclamaram ambos surpresos.

Já perguntei o que está acontecendo aqui? - disse me aproximando deles com um sorriso sarcástico.

Eer... O Saga-senpai nos mandou pegar uma taxa de cada calouro hoje, já que é o primeiro dia de aula.

Saga era o líder de uns delinquentes da escola, eram conhecidos como "yellow flag". E sempre faziam isso com calouros.

Ahh... A cerimônia de abertura da yellow flag...

Chutei ambos no rosto, que cairam com o nariz sangrando e dizendo antes de correr "O Saga-senpai não vai deixar isso barato!”.

Blá, blá, blá... Hey garoto, você ta bem?

Ah... E-Estou sim... O-obrigado!

Não precisa agradecer, só estava a fim de bater neles mesmo.

Ahh...

Achei que ele ia dizer algo, mas não me importei realmente e fui embora. Hoje seria a cerimônia de abertura da escola e o diretor queria minha presença nela pelo menos agora que estou no terceiro ano. Estava quase dormindo enquanto assistia os oradores do terceiro e segundo ano, o do primeiro se atrasou, mas não ouvi o porquê, então foi o ultimo. Quando chegou, percebi que era o mesmo garoto que eu salvei hoje mais cedo. Devia ser um puta nerd no ginásio, pra ser orador dos calouros. Incrível que nunca o vi aqui, conheço cada rosto dessa escola. Bem, tanto faz. Ele até que fala bem pra alguém que pareceu tão tímido Sempre fui bom em avaliar personalidades, então foi algo fácil de perceber. Logo depois da cerimônia fui pra aula, o dia passou tedioso como sempre. Ao final das aulas fui para o treino. Durante a semana, o mesmo de sempre, aulas e treino; a única diferença foi aquele garoto com quem eu sempre encontrava e ficava me olhando como se quisesse falar algo comigo e uma certa visita que eu recebi, depois do treino, na sexta.

Olá Kohama-senpai! -dizia uma voz sarcástica as minhas costas.

Ah... Hermes... O que quer? -disse me virando pra olha-lo.

Oh, fico lisonjeado que lembre o meu apelido, mas vim aqui entregar um recado. Saga-san quer se encontrar com você pra discutir o que você fez com dois dos nossos no dia da cerimonia.

Não tenho nada a falar com ele sobre isso, faço o que me da vontade, só isso. Se não tiver mais nada a dizer, se retire, tenho que fechar o dojo.

Infelizmente não posso Saga-san me mataria se você não fosse.

E o que vai fazer se eu recusar?

Você não vai.

E porque diz isso?

O nobre ás do time de taekwondo não ia querer que um inocente se machucasse por causa dele, não é? -dizia com um sorriso sarcástico, mas ao mesmo tempo sombrio.

Inocente é? -dizia ainda não muito interessado.

Hoje às 8h, no galpão abandonado nos fundos da escola. Se não aparecer, bem... Alguém vai se machucar. Agora que dei o recado, vou embora.

Continuei treinando por mais algumas horas, fui tomar meu banho e me trocar. Sempre fecho o dojo tarde, já eram quase 8h e eu estava indo embora depois de fechar tudo.

Tsc! Deve ser tudo um blefe dele... Mas se tiver alguém mesmo? Droga, vou lá conferir, qualquer coisa vou embora... -Pensei me dirigindo ao galpão.

Cheguei ao galpão pouco antes da 8h. O galpão era a base da yellow flag, achei estranho o quão fácil foi entrar lá, mas não me preocupei realmente.

Pontual como sempre Takao-kun! -disse Saga saindo de uma porta a esquerda no fundo da sala e indo em direção aos sofás que estavam ali.

O que quer comigo?

Ora, muito direto, relaxa, quer algo pra beber?

Não estou pra brincadeira, só vim saber qual foi do "inocente" que ia machucar caso eu não viesse. Seu Hermes me deu o recado.

Hermes é mesmo um bom garoto, eu sabia que ele te convenceria.

E então, era só um blefe não é? Tenho mais o que fazer. Adeus.

Não era um blefe. dizia com aquele sorriso desafiador. Tragam ele rapazes e fechem tudo.

Em pouco tempo eu estava cercado pelos yellow flag. Fecharam o galpão e da mesma porta que o Saga saiu, sairam dois deles com uma pessoa amarrada e com o rosto tampado.

Não era mesmo um blefe, quem é aquela pessoa? -disse tentando parecer desinteressado.

Havia pelo menos uns 20 deles a minha volta. Não conseguiria derrota-los sozinho, então mantive a calma.

Tirem o saco do rosto dele! disse Saga e logo foi obedecido. É seu amiguinho Chizuru, que você salvou no primeiro dia de aula.

Chizuru? -eu acabara de descobrir o nome dele. Que idiotice Saga! Eu nem conheço esse cara.

Então porque o salvou hã? Não acha que vai me enganar Takao!

Não fui com a cara desses dois aí, só isso. disse olhando pro garoto que estava assustado e chorando.

O QUE?! Você acabou de piorar a sua situação Takao!

Cada um dos dois que segurava o Chizuru deu um soco no estômago dele, que caiu de joelhos.

Ta ta. O que você quer que eu faça Saga?

Oh! Se rendeu tão fácil por um desconhecido? Então o que faremos com você, dinheiro seria muito pouco. Talvez pedir desculpas de joelho ou lamber o meu sapato. São tantas opções.

Solta o garoto e você vai poder escolher qualquer coisa. São vinte contra um, eu não tenho chances.

Verdade, soltem ele! -dizia Saga olhando pra o garoto. Agradeça ao seu salvador Chizuru-chan, talvez seja a ultima vez que o veja.

Chizuru correu em direção a porta sem olhar pra trás, ao passar do meu lado disse um "obrigado" em voz baixa, mas eu continuei com meus olhos no Saga.

Então o que vai ser? Infelizmente sou um cara de palavra.

Eu pensei um pouco e decidi. Você vai ser golpeado por cada um dos homens aqui nesse galpão sem revidar.

Ahh... Eu devia parar de ser tão honesto. Acho que não tenho opção mesmo, vão em frente.

–Homens, em fila! Podem golpeá-lo onde quiserem e como quiserem, mas vamos ser legais e só um golpe por pessoa.

Eles se enfileiraram. O primeiro me socou o rosto, o segundo chutou meu estômago, o terceiro me acertou uma joelhada no nariz. Aguentei cada golpe sem revidar me perguntando por que estava fazendo aquilo por aquele garoto. Saga foi o ultimo, eu já não me aguentava de pé, meu corpo todo machucado e sangrando em algumas partes. Ele me segurou pela gola da camisa e falou alguma coisa que não ouvi, eu estava quase inconsciente. A única coisa que senti foi o impacto de seu punho acertando meu queixo e então desmaiei. Acordei dois dias depois num hospital, pelo que os médicos disseram eu fui encontrado no meio da rua desmaiado, disseram que enquanto eu estava desmaiado um garoto veio me visitar, mas não quis se identificar, desconfio que seja o tal do Chizuru, mas isso realmente não importa. Tive alta no dia em que acordei e fui pra escola no dia seguinte ainda com alguns curativos, já estava bem pra estudar, mas teria que dar um tempo nos treinos. No dia seguinte ao que eu voltei pra escola, estava sentado no terraço da escola comendo sozinho como sempre, quando alguém abriu a porta pro terraço.

Ah! F-finalmente conseguiu te achar!

O que quer comigo?

Desculpe, não quero incomodar... M-mas você me salvou... Duas vezes. Eu queria agradecer.

Não se incomode com isso, eu ficaria irritado de alguém se machucar por minha causa.

M-mesmo assim, quero fazer algo pra recompensa-lo.

Sou Kohama Takao. - disse estendendo a mão pra ele.

Ah? Ah... Sou Lu Chizuru. disse apertando minha mão

Que nome estranho, vou te chamar de Lucchi!

Ahh obrigado... Eu acho...

–O que foi? –Perguntei ao perceber que ele não parava de me encarar.

–Seus olhos...

–Ah... Isso é um problema de nascença, deve ser estranho ver já que é raro.

–São lindos...

–Lindos?...Você é a primeira pessoa que me diz isso –Disse sorrindo.

Depois disso começamos a andar juntos. Almoçávamos juntos no terraço, descobri que morávamos perto um do outro, então passamos a ir e voltar juntos da escola ele sempre ia assistir aos meus treinos, sem perceber eu já estava o ajudando com os estudos e estávamos ficando bem próximos e nisso já tinham se passado dois meses. Um dia estávamos almoçando no terraço como sempre.

Lucchi, porque ainda anda comigo? Não acha que já me recompensou por te ajudar daquela vez?

A-ah! Não era por isso!

Hm?

B-bem... No começo foi, mas agora eu gosto... De estar com você. dizia desviando o olhar.

Chizuru...

Sim, Tak...

Interrompi a resposta pegando o rosto dele com uma das mãos e o beijando. Ele pareceu assustado a principio, mas não se recusou a me beijar.

T-T-Taka-san! O que foi isso?! Nós s-somos garotos!

E isso importa? Eu percebi o jeito que você me olha e você não se recusou agora.

B-bem, é que...

Foi ruim?

N-não!

Então, não tem problema.

A-aye!

Começamos a ficar desde esse dia, a escola começou a ficar mais interessante, saiamos sempre depois do meu treino, nos falávamos até tarde pela internet e telefone, ficamos por dois meses. Como meus pais trabalhavam o dia todo raramente estavam em casa, então o convenci a ir comigo até a minha casa. Ficamos conversando um pouco, estávamos sozinhos, conversando, rindo, então decidimos ir pro meu quarto. -coisa que foi um grande erro-. Eu já estava sem camisa em cima dele que estava com a calça aberta, mas ainda assim apenas nos beijando. – Eu te amo Lucchi. – Eu também te amo Taka-san. Foi quando minha mãe entrou quarto adentro sem dar nenhum tipo de aviso de que estava chegando. Nos sentamos na mesma hora na minha cama, minha mãe parou de frente pra nós. Lucchi estava um pouco escondido atrás de mim. Foi quando minha mãe quebrou o silêncio.

Posso saber o que está acontecendo aqui? Ela perguntou.

Bem, você viu. Não tenho o que explicar.

O que eu quero saber é, porque vocês estavam fazendo isso. Na minha época eu não trazia minhas amigas em casa pra ficar beijando elas. Isso ai foi o que? Curiosidade? Você é gay?

Olha mãe, eu não vou mentir pra você não. Eu sou bi e ele também. Só isso. -Lucchi me socava as costas de leve, como se quisesse que eu calasse a boca enquanto eu falava.

Você sabe que seu pai não aceita isso não é? Já imaginou se fosse ele que entrasse no quarto e não eu?

Bem, não foi ele quem entrou. Vou levar ele em casa, acho que você não o quer aqui. Vamos Lucchi.

Me levantei e peguei uma blusa no meu armário e sai do quarto logo atrás do Lucchi, me certificando de que minha mãe não chegasse perto dele, eu não sabia o que ela poderia fazer. Saímos de casa em silencio e no caminho pra casa dele eu não consegui me manter em silêncio.

Me desculpe por hoje...

Não foi culpa sua que sua mãe apareceu...

Eu que te convenci... Olha! Promete que não vai mudar nada entre a gente?

Não me lembro da resposta dele, mas naquele momento senti que mesmo que ele respondesse que nada ia mudar, seria apenas uma mentira pra me confortar. Nas semanas seguintes as mudanças já começaram, nós saíamos menos, nos falávamos menos, ele parecia frio comigo quando estávamos juntos. Até que um dia fui a casa dele - Seus pais fiariam fora o dia todo - com um colega de classe, Shintarou, e Lucchi convidou uma amiga dele também. Passamos o dia conversando, rindo, mas eu notei que ele me evitava. Depois que ficamos apenas eu, Shintarou e Lucchi. Shintarou, que sabia que nós ficávamos nos deu muitas oportunidades sozinhos, mas eu notava que o Lucchi de certo modo não se sentia bem sozinho ali comigo, então eu disse mexendo em seus cabelos.

Relaxa, não vou fazer nada que você não quiser.

Não muito tempo depois fomos embora, fiquei em silêncio até a porta. Lucchi e Shintarou acabaram notando.

O que houve Takao? –Perguntou Shintarou.

Nada. –Respondi.

Mas você está estranho. –Disse Lucchi.

Já falei, não aconteceu nada. –Disse do modo mais ríspido.

Bem, temos que ir. –Shintarou se despediu de Lucchi

Até mais! Disse Lucchi.

Eu apenas acenei com a mão sem olha-lo.

No dia seguinte, fui me encontrar com Lucchi de novo, dessa vez sozinho. Foi como os últimos dias, conversas sem muita vontade, parecia que havia algo errado. E realmente havia.

Aconteceu alguma coisa Lucchi?

Não, por quê?

Você anda meio estranho ultimamente.

E-estranho como?

Você não é mais o mesmo comigo desde aquele incidente lá em casa. Se tem algo a me dizer, fale de uma vez Chizuru! –Vi seus olhos encherem de lágrimas assim que terminei de falar.

Desculpe Taka... Mas eu não posso mais continuar com isso.


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