Olhos De Vidro escrita por Jane Viesseli


Capítulo 17
Não a Deixe Morrer




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Embry ainda permanecia alheio ao mundo ao seu redor, como se o seu lobo interior estivesse tão acabado, tão sem forças, que não quisesse mais estar naquele ambiente. Jake tentava lhe confortar, afagando seu ombro e lhe dizendo palavras consoladoras, mas para ele tudo não passava de um sussurro distante e que mal podia ser compreendido.

Uma leve brisa sopra para dentro da casa do Uley, trazendo consigo o som de grito. Era agudo, angustiado, porém baixo devido à distância. No entanto, mesmo assim os quileutes conseguiam identificar aquilo como um grito... Embry se coloca de pé abruptamente assim que o timbre afeminado adentra seus ouvidos aguçados, seu lobo cinzento se alvoroça dentro de seu peito, fazendo-o subir a mesa a sua frente e saltar para o outro lado dela, buscando acesso à saída.

― Andy!!! – grita com todas as forças de seus pulmões, enquanto suas pernas corriam velozmente em direção à floresta.

Embry reconhecia aquela voz, era Andy, ele tinha certeza, e o desespero logo se apodera de seu corpo de forma sobrenatural. Ele poderia tê-la magoado, ela poderia tê-lo rejeitado, mas nunca permitiria que algo colocasse sua vida em risco.

Os lobos levam alguns segundos para processar o que estava acontecendo e logo se levantam de seus lugares, seguindo o Call rumo à floresta. Embry olhava para os lados em busca de algo que pudesse levá-lo até seu imprinting, sentindo a angústia trepidar por seus músculos ao imaginar o que poderia acontecer a Andy se não a encontrasse a tempo.

― Andy! – grita com urgência, voltando a correr por entre as árvores em sua procura, mas não sabendo ao certo em que direção seguir.

Um pouco longe dali, a humana contorcia-se no chão gelado com o ombro marcado pela mandíbula do vampiro e manchado pelo próprio sangue. Algo a incinerava por dentro como se estivesse queimado-a viva, se espalhando por seus membros e incendiando seus olhos, obrigando-a a fechá-los.

De toda a dor, de todo o medo e das poucas pessoas que gostava, nada ocupou mais sua mente do que Embry Call. Seus olhos fortemente fechados verteram lágrimas quando o grito rasgou sua garganta no momento seguinte, um lamento que não poderia ser mais nada, a não ser o nome do garoto que roubou seu coração.

― Embry!!! – grita, fazendo sua voz dolorida voar por dentre as árvores diretamente para o quileute, indicando sua localização.

― Por que chama por ele se é comigo que ficará? – rosna o vampiro furioso, que apenas assistia ao seu sofrimento sem nada fazer. – Aguente apenas um pouco mais e toda essa agonia irá passar, mas não chame mais por aquele cachorro fedido.

Gregory agacha-se ao lado do corpo infectado por seu veneno e delicadamente pousa sua mão gélida na testa da humana, aliviando um pouco o ardor que se acumulava ali. Ele sorria satisfeito com o que fizera e, em momento algum, sentiu compaixão por sua dor, pois sabia que a transformação era difícil e dolorosa, mas que logo ela seria somente dele.

Andy fazia sulcos na neve com os pés devido à sensação horrenda que tomava conta de seu corpo, nem mesmo o chão recoberto pelo inverno fora capaz de diminuir a incêndio que parecia matá-la de dentro para fora. O vampiro se aproxima de seu rosto em brasa, segurando seu queixo com força.

― Vamos, Andy, abra seus olhos – ordena. – Deixe-me vê-los mudar de cor!

Ela podia ouvi-lo, no entanto, não conseguia obedecê-lo. Seus olhos se abriram míseros milímetros, mais um clarão forte os fizeram arder ainda mais e os fecharam instantaneamente, por mais medo que sentisse daquele de Gregory, não seria possível fazer o que ele mandava.

― Deixe-me ver o vermelho da imortalidade tomar conta de você – irrita-se por não ser obedecido. – Abra os olhos, Andy.

― Embry!!! – grita em resposta, sentindo as lágrimas escorrerem para as laterais de seu rosto.

― Vou matar você! – rosna o quileute furioso, agarrando a blusa do vampiro e o levantando à força.

Um soco foi o que bastou para Gregory ser lançado a metros de distância. Embry continuava na forma humana, mas já com evidentes espasmos de sua transformação. O vampiro se coloca de pé rapidamente e logo assume uma posição de ataque, não poderia sair dali sem a menina, todavia, o bando transformado logo rompe a paisagem atrás de Embry, avançando contra ele e o fazendo mudar de ideia.

Gregory foge e a matilha o persegue, com o lobo avermelhado sempre à frente e coordenando a caçada, aquela investida contra o imprinting de um irmão de bando, com certeza, não passaria impune. O Call cogita em ir junto, mas um lobo que ficara para trás – Paul – o detém com um rosnado fazendo-o voltar sua atenção para Andy.

― Não, não, não – murmura, lançando-se ao lado da humana e analisando a mordida em seu ombro.

Andy ainda se contorcia em angústia, fazendo o pavor do quileute aumentar. Como pudera ser tão burro a ponto de se esquecer de Gregory? De deixar seu preconceito colocar em risco a vida dela? Ela era a pessoa mais importante e preciosa de sua vida e ele nunca se perdoaria por isso...

Embry toca o local da mordida levemente, sentindo o veneno do vampiro queimar a ponta de seu dedo como ácido. Lágrimas começam a verter de seus próprios olhos, sua amada Andy fora mordida e infectada pelo pior dos seres e ele não sabia o que fazer. Como poderia salvá-la agora? Ele estava desesperado, evidentemente desesperado.

― Não posso perder você – geme entre soluços. – Me perdoe, Andy, me perdoe...

Não saber o que fazer e sentir-se de mãos atadas era a pior parte de tudo aquilo. O lobo agarra os cabelos puxando-os com força, e, coincidentemente, um fragmento de memória lhe sobreveio, fazendo-o se colocar de pé num salto, tomar a humana nos braços e correr floresta adentro o mais rápido que suas pernas humanas conseguiam.

Paul o segue, emparelhando suas corridas em alguns segundos e o olhando de maneira sugestiva. Certamente dezenas de palavras lhe eram ditas naquele instante, mas Embry não podia ouvir nenhuma delas. Por precaução, preferiu esclarecer suas intenções:

― Vou levá-la até Carlisle – explica entre uma respiração e outra – ele ajudou Edward a salvar Bella uma vez e pode fazer isso com Andy também... Ele pode salvá-la... Ele tem que salvá-la! – Tenta convencer a si mesmo.

O lobo transformado bufa em confirmação e, num salto, bloqueia o caminho do quileute, deitando-se e apontando para seu próprio lombo com o focinho. Embry poderia até xingá-lo por interromper sua corrida e impedir sua passagem, porém, a intenção do amigo era tão nítida, que ele não pensou em mais nada a não ser aceitar a carona de Paul.

Ok! Era de fato bizarro um quileute enorme montar num lobo maior ainda, mas para o Call aquela cena esquisita era apenas um detalhe, comparado a sua vontade de socorrer Andy.

A velocidade de Paul caiu consideravelmente devido ao peso extra que carregava, entretanto, mesmo assim ele se esforçava, extrapolando os limites de seus músculos para ir ainda mais rápido. Ele sabia que Embry não seria capaz de correr humanamente até o território Cullen a tempo de acudi-la e que não conseguiria transformar-se para carregá-la, já que Andy não estava em condições de manter o próprio corpo equilibrado nas costas de um lobo gigante. E se Paul tinha uma forma de se redimir pela armadilha que ajudara a fazer contra o amigo, o momento era aquele: ajudando a salvar seu imprinting.

Em suas costas, Embry apertava a humana contra o peito com força, ao mesmo tempo em que buscava se agarrar à pelagem lupina para não cair, querendo ou não, cavalgar um lobo era ainda mais difícil do que ele esperava.

Andy mal podia sentir o calor dos braços que a envolviam, pois seu próprio corpo queimava como lava. Ela pode ouvi-lo se desculpar e dizer mais algumas coisas que não conseguira prestar muita atenção, mas não tinha total certeza se aquele “alguém” era mesmo o garoto que a rejeitara. Seus sentidos estavam conturbados e desregulados, ela não conseguia sentir o seu cheiro ou o toque de sua pele. Lentamente a ruiva abre os olhos, que já pareciam começar a se acostumar com o clarão poderoso de outrora, e algo surge em meio à luz, um contorno mal feito – um mero vulto, na verdade –, que Andy logo julgou ser a pessoa que a carregava.

Ela podia sentir suas forças se esvaindo e, antes que sua consciência se perdesse por completo, Andy observou um pouco mais aquela silhueta, enquanto continha a própria dor, torcendo para que aquele fosse mesmo o seu amado quileute. E depois de alguns minutos de corrida, Embry já saltava do lombo do amigo com Andy nos braços, deixando Paul cair por terra, exausto e ofegante pelo esforço excessivo. O corpo da humana pulsava como se estivesse prestes a convulsionar e aquela cena somente aumentou o seu pavor.

― Carlisle!!! – grita ele com força.

O médico vampiro rompe a porta no mesmo instante, vestindo seu jaleco branco e dando ordens para Esme arrumar sua sala médica domiciliar. Edward vinha ao encalço do pai lendo a mente dos dois quileutes, mas é Carlisle quem toma à frente da conversa:

― Céus! Ela foi mordida! – Toma Andy nos braços. – Vou tentar diminuir sua dor com...

― Não quero que diminua a dor dela – grita Embry, o interrompendo. – Quero que a salve! Pelos céus, não a deixe morrer, não deixe minha Andy morrer, Carlisle! Sugue o veneno dela como fizeram com Bella... Por favor, eu te imploro, salve-a.

O quileute cai sobre seus joelhos, implorando, e o médico trava por meros três segundos, com os olhos chocados no rosto umedecido pelas lágrimas e contorcido em desespero que Embry carregava. Era nítido que ele queria salvá-la, que ele morreria se a humana morresse, mas por quê? Ele de fato não entendia...

― Ela é o imprinting dele – explica Edward, com palavras tão rápidas que um humano comum não conseguiria acompanhar.

O vampiro loiro corre para dentro da casa em sua alta velocidade, compreendendo o suficiente para realmente tentar salvar aquela pequena e frágil humana, e ele seria seguido pelo quileute se o leitor de mentes não o segurasse com força do lado de fora.

― Largue-me, Edward.

― Acalme-se! Não vamos deixá-la morrer.

― Como posso ficar calmo se aquele desgraçado mordeu minha Andy? – desespera-se.

Esme surge subitamente, da mesma forma com que o marido saíra dali, dando a certeza que ele precisava de que Carlisle faria como lhe fora pedido. É claro que a vampira omitira os riscos: a vida que poderia ser perdida já que o veneno estava na humana a mais tempo do que ficara em Bella e o período de inconsciência, caso ela conseguisse sobreviver. Mas Embry já não mantinha sua mente na casa dos Cullens.

Bastou que, por um milésimo de segundo, ele se lembrasse de Gregory, para sentir o enorme e poderoso sentimento de vingança o preencher... Não seria Jacob, Sam, Quill ou Seth a apanhar o vampiro, pois ele próprio arrancaria a cabeça daquele verme, isso depois de despedaçá-lo lentamente, membro por membro.

O lobo cinzento seria a última coisa que aquele frio veria antes de morrer! Ele com certeza iria pagar...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem *-*
Este também deu um trabalhão pra fazer e quase não termino a tempo... No próximo capitulo veremos o grande embate entre Embry e Gregory, mas gostaria de sugestões para este grande momento, tenho algumas ideias iniciais e gostaria de saber de vocês: o que acham que poderia acontecer de legal na luta entre lobo e vampiro?
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Beijos mil e até o próximo capitulo :)