Jack podia sentir seu coração bater mais forte quando ele viu Kathleen. Seu sangue pulsava fortemente em suas veias e sua respiração começou a acelerar. Ela estava viva. Agora tudo o que ele teria que fazer era conseguir seu perdão para tê-la de volta em seus braços. Ficar sem Kathleen era o pior castigo que alguém poderia lhe dar.

Levantou-se do banco apodrecido e caminhou até a garota que andava devagar pelas ruas de pedra de Hillwood. Seus passos foram ficando mais rápidos à medida que ele ia se aproximando de Kathleen, e seu coração também. Se não se controlasse, ia acabar tendo um ataque cardíaco. Parou em frente à garota, dando-lhe um susto. A vampira olhou para Jack com um misto de surpresa, felicidade, ódio e mágoa.

Kathleen estava realmente surpresa ao ver Jack em Hillwood. Primeiro porque ela pensou que ele iria voltar para sua casa e esquecê-la, e segundo porque ela não tinha idéia de como ele descobriu que ela estava em Hillwood. Kathleen também estava com um pouco de felicidade ao ver o garoto. Ela gostava dele e estava com saudades, mas também estava magoada demais para correr para os braços do garoto e levar seus lábios aos dele.

– Pensei que estivesse morta. – Jack disse um pouco nervoso. Não tinha a mínima ideia de por onde começar seu pedido de perdão, todos os discursos que ele havia projetado em sua mente foram perdidos quando aquele par de olhos vermelhos se encontrou com os seus.

– Queria me ver morta?

– Sabe que isso é a última coisa que quero. Não suportaria a ideia de viver em um mundo sem você. – Disse. Aquelas palavras deixaram Kathleen balançada e fragilizada. Jack sabia ser bem galanteador e convincente quando queria, mais até que Damon.

– O que quer comigo?

– Seu perdão. Tê-la de volta em meus braços. O que preciso para ter isso?

– Conquiste minha confiança novamente.

Kathleen ia se virar para sair, mas Jack rapidamente se aproximou da garota e enlaçou seus braços na cintura dela, que tentou afastar o garoto e virou o rosto para o lado, mas ele a puxou mais ainda para perto de si, segurou seu queixo com uma das mãos e roubou-lhe um beijo.

Ela estava magoada, mas ainda o amava. Não sabia o que fazer, estava louca de saudades e queria sentir seus lábios nos dele novamente, mas ao mesmo tempo tinha que manter distância.

– Jack... Você sabe que eu não quero isso. – Ela afastou o garoto.

– Porque não? Pensei que gostasse de mim...

– Eu preciso de tempo para pensar, as coisas estão muito confusas agora. – Ela já estava se afastando. – Por favor, entenda!

– Se quer que seja assim. – Ele disse com um pouco de tristeza e lhe entregou sua capa. – Aqui. Pensei que fosse precisar.

Ela pegou a capa e colocou. Em seguida abraçou Jack, como uma despedida.

– Eu ainda vou te ter de volta... – Ele sussurrou em seu ouvido enquanto afagava seus cabelos.

– Preciso ir agora. – Ela se afastou dele e começou a caminhar para o nada. – Adeus, Jack... – Despediu-se.

– Ainda nos veremos novamente, eu ainda te terei de volta. – Ele gritou enquanto assistia ela se afastar. – Acredite em mim.

Kathleen estava confusa demais para o amor. Não sabia o que fazer. Ela sabia que amava Jack, mas também sabia que estava magoada demais para correr para os braços dele. Estava dividida entre o amor e a mágoa, e sabia que se escolhe o amor, ela ainda estaria magoada lá no fundo. E ela ainda sabia que estava proibida de amá-lo.

– Eu acredito em você, Jack... – Ela disse baixinho para o nada com os olhos marejados.

Jack só queria seu perdão, tê-la em seus braços novamente, mas ele reconhecia que ela estava magoada demais para isso e precisava de um tempo. Tudo estava muito confuso naquele momento. Voltou para o hotel para pensar um pouco também. Era muita coisa para se suportar.

Kathleen caminhou até a parte rica de Hillwood, onde mansões e castelos exuberantes enfeitavam as ruas quebradas e ofuscavam as árvores mortas. Parou em frente a uma grande mansão que mais parecia um castelo. Um garoto saiu de lá de dentro e foi falar com ela. Era Damon.

– Kathleen, onde estava? Eu fiquei preocupado!

– Eu fui dar uma volta, tomar um ar...?

– Sabe que não pode sair! Todos aqui pensam que está morta. Se descobrirem que não está, só Deus sabe o que os Sanguinários irão fazer com você!

– Eu estou bem. Ninguém me viu.

– Onde arrumou essa capa?

– Eu... Eu encontrei Jack e ele me deu minha capa. – Disse baixinho, na esperança de que Damon não ouvisse e esquecesse.

– Kathleen, se esqueceu do trato que você fez com minha irmã?- Ele disse alterado. Dava para perceber que Damon estava furioso.

– Claro que não. Eu sei que não posso vê-lo ou coisa parecida, mas foi uma coisa inesperada, e eu garanto que não nos veremos novamente.

– Que assim seja. Agora, vamos para dentro. Está tarde e não quero que ninguém descubra que está viva.

Os dois adentraram a mansão medieval e foram em direção a sala. A casa era realmente muito bonita. As paredes coloridas em uma cor palha e os móveis eram todos de madeira. Lustres de cristais enfeitavam o teto dos diversos cômodos da mansão e a deixavam mais chique. Eles chegaram à sala e lá encontraram Rachel, a irmã de Damon, sentada no sofá, então os dois se sentaram no sofá junto à garota.

– Onde estava? – Rachel perguntou a Kathleen.

– Eu fui dar uma volta, mas ninguém me viu. – Respondeu.

– Ela se encontrou com Jack. – Damon disse friamente.

– O que? – Rachel se levantou e falou em um tom alto. – Kathleen, e o nosso trato? Se rompê-lo, seremos obrigados e te entregar aos Sanguinários!

– Não se preocupe Rachel. Não aconteceu nada entre a gente e nunca mais nos veremos.

– O nosso trato é não se envolver ou se encontrar com Jack, caso contrário você não poderá mais ser protegida pela gente e iremos entregá-la aos Sanguinários. Você não vai querer rompê-lo, ou vai?

– Claro que não!

– Você está proibida de vê-lo, encontrá-lo, ou ter qualquer envolvimento com ele, ouviu?

– Sim...

– Ótimo, agora vá para o seu quarto e durma. – Kathleen assentiu com a cabeça e foi para o seu quarto, que ficava no terceiro e último andar da mansão.

Subiu as escadas e entrou no quarto. Ele era incrivelmente bonito e simples. Havia uma cama macia com várias colchas bordadas a mão a vestindo, uma bela cômoda de madeira, uma penteadeira do mesmo material, um grande lustre de cristal no teto e uma varanda com vista para as belas montanhas de Hillwood.

Colocou uma camisola de seda azul que ia um pouco acima dos joelhos e deitou-se na tentativa de dormir.

Kathleen não conseguia dormir e sim pensar em Jack. Ela odiava o fato de ter o magoado, de ter deixado ele, de ter ficado magoada com ele por uma coisa desnecessária. Sim, ele matou seus pais, mas não foi sua intenção. Ele era uma criança e não sabia as conseqüências das suas ações. Ela brigou com ele e colocou sua vida em risco por nada. Se ela não tivesse saído correndo pela floresta naquela noite, hoje ela poderia estar nos braços de Jack.

Agora ela estava proibida de amá-lo. Era isso ou ser entregada aos Sanguinários, e como estava magoada, escolheu a proteção de Damon e Rachel e recusou o amor de Jack. Se arrependimento matasse, ela estaria morta agora.

Depois de algum tempo, conseguiu pegar no sono e, talvez, até sonhar com algo bom.