De Volta a Mystic Falls escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 15
Capítulo 15 - Pressentimento


Notas iniciais do capítulo

Bem, esses dias eu estava revendo o episódio 4X01 A Ressurreição de Lázaro. Eu simplesmente AMO este episódio porque o Dean saí do Inferno!!! E também porque o Cas aparece no finalzinho...Estou falando isso porque teremos um momento neste capítulo a la este episódio. E claro que também há um motivo para ele se chamar Pressentimento.Então, descubra!



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Era madrugada e Castiel estava deitado na cama do hotel. Dormia profundamente e, para variar, sonhava com Mia. Mas, ao contrário da maioria dos sonhos que estava tendo ultimamente, este era bem tranquilo.

Era apenas ele e Mia deitados no capô do Mustang, na beira de uma estrada, observando o céu estrelado acima de suas cabeças.

– Tem certeza que você não quer que eu segure o volante até o próximo hotel? - propôs ele.

– Você disse a mesma coisa quando nós saímos dos últimos dois hotéis... – lembrou Mia sorrindo – É hora de voltar para o mundo real, Cas.

Sem entender por que, Jimmy ficou pensando no que Mia disse. Sobre voltar para o mundo real. E por que ela insistia em chamá-lo de Cas?

Ao mesmo tempo, ele continuou observando o seu sorriso. Até que o sorriso começou a se desmanchar até ela ficar totalmente séria. Em seguida Mia o olhou e aconselhou sustentando o seu olhar com uma mistura de ternura e urgência:

– Você precisa lembrar.

Jimmy a olhou confuso. Do que Mia estava falando? Aquilo definitivamente não era mais uma lembrança. Parecia o seu inconsciente falando com ele. O alertando. O chamando de volta para a realidade. De volta ao mundo real.

– Lembrar de quê? - perguntou ele.

– De tudo. - respondeu Mia.

Jimmy ainda pensava no que ela havia dito, quando ouviu um barulho estranho e sentou no capô do carro. Olhou em volta e o ruído persistiu. Era como portas e telhas batendo movidas por algum tipo de vento. Um vento diferente, mais forte do que o comum e que parecia ser causado por outra coisa que ele não conseguia identificar exatamente. Pensou ter ouvido um barulho semelhante a asas batendo e se virou para Mia perguntando intrigado:

– Você ouviu isso?

Mas inexplicavelmente, a garota havia desaparecido. Assim como todo o resto. Exato. Jimmy também não estava mais lá naquela estrada. Agora ele estava em uma espécie de galpão onde se via vários símbolos desenhados nas paredes com algum tipo de spray preto. Aqueles desenhos não pareciam fazer sentido, mas de certa forma, eram familiares para ele.

Inexplicavelmente Dean também estava lá. Debruçado sobre um senhor que estava inconsciente no chão. O Winchester checava os sinais vitais do tal homem e parecia muito preocupado com ele.

Jimmy tinha a estranha impressão de que já havia visto aquele senhor antes. Ele usava um boné e tinha idade para ser pai de Dean.

Então ele desviou um pouco o olhar dos dois e observou suas próprias mãos. Elas folheavam um livro estranho que estava em cima de uma espécie de mesa.

O livro continha vários rituais de invocação e de alguma forma Jimmy sabia que Dean e aquele homem haviam usado um daqueles feitiços para chamá-lo até ali.

Aquilo tudo era muito ilógico, mas ao mesmo tempo era como se ele soubesse exatamente o que estava acontecendo e o que viria a seguir. Como se já tivesse vivido aquilo antes. Como se aquilo fosse uma lembrança e não um sonho.

Sem perceber, mas seguro de cada palavra, Jimmy se ouviu dizendo:

– Seu amigo está vivo.

– Quem é você? - perguntou Dean mais tranquilo em relação ao senhor no chão, mas visivelmente desconfiado daquele estranho de sobretudo há poucos metros dele.

– Castiel. - respondeu Jimmy naturalmente.

Foi estranho dizer aquilo, mas realmente era como se ele não fosse mais Jimmy Novak, e sim esse tal de Castiel. Sentia-se diferente. Mais forte. Sobrenaturalmente mais forte e puro de uma forma que ele não compreendia totalmente.

Teve vontade de acordar e sair daquele sonho estranho, mas não conseguiu e imediatamente lembrou que aquele era o mesmo nome que Mia havia dito antes, na escola, quando tentou lhe contar a verdade. Mas que verdade era aquela? Então ele era mesmo esse tal Castiel?

– É. Isso eu já percebi. - continuou Dean - Eu quero saber o quê você é?

– Eu sou um Anjo do Senhor. - respondeu Castiel tirando os olhos do livro e observando Dean com serenidade.

O Winchester o encarou como se tivesse ouvido a coisa mais absurda do mundo e definitivamente não estava nem um pouco convencido que aquilo era verdade.

– Dá o fora daqui. Anjos não existem. - disse Dean rispidamente enquanto se levantava.

Então Castiel se afastou do livro e deu alguns passos a frente antes de dizer enquanto encarava o Winchester:

– Esse é o seu problema, Dean. Você não tem fé.

E então uma coisa ainda mais absurda aconteceu. Castiel sentiu uma energia enorme crescer dentro de si ao mesmo tempo que um estrondoso trovão ecoou pelo galpão junto com uma luz extremamente forte e branca que iluminou suas costas e revelou enormes e imponentes asas negras que deixaram Dean em estado de choque.

E então Jimmy abriu os olhos e sentou na cama respirando ofegante e igualmente chocado com o que havia visto. Ficou alguns minutos se recuperando ao mesmo tempo que tentava se convencer de que aquilo havia sido apenas um pesadelo. Não podia ser verdade. Se recusava a acreditar. Não fazia sentido. Ele devia ter adormecido enquanto pensava nas mentiras de Mia e por isso sonhou com aquilo. Mas não era real. Não podia ser.

O barulho das asas se abrindo ainda ecoava em algum lugar do seu cérebro quando ele olhou para o rádio-relógio na mesinha ao lado da cama. Ele marcava duas horas da madrugada.

Mais calmo, Jimmy levantou e caminhou até a copa. Abriu a geladeira e pegou a garrafa de água. Pegou um copo no armário e colocou um pouco de água nele. Tomou alguns goles, mas quando ia colocar o copo sobre a pia, um nome veio a sua cabeça de repente. O nome do senhor desacordado no chão. De alguma forma, Jimmy sabia o nome dele.

– Bobby Singer... - murmurou ele.

O copo caiu no chão espalhando cacos de vidro por toda a parte.

Enquanto isso, Damon e Elena tentavam dormir. Mas não estavam conseguindo porque no quarto ao lado, Mia estava ouvindo música há mais de três horas. E o pior, além do horário, era que a garota estava ouvindo incessantemente a mesma música. Eternal Flame do The Bangles.

– Ela não cansa nunca? - resmungou Damon impaciente.

– Acho que ela lembra do anjo quando ouve essa música. - deduziu Elena com os olhos inchados de tanto sono.

Mas de repente a música parou e os dois se olharam aliviados. Elena se aconchegou nos braços do vampiro que murmurou com um leve sorriso:

– Graças à Deus.

Os dois suspiraram e fecharam os olhos. Porém, segundos depois começou a tocar Love Hurts do Nazareth e os dois abriram os olhos sem acreditar. Se afastaram um pouco um do outro e Elena colocou a mão na cabeça. Damon coçou os olhos impaciente.

– Eu vou falar com ela. - propôs a vampira se sentando ao mesmo tempo que bocejava.

– Não... Pode deixar. Eu vou... - disse Damon se levantando.

– Tem certeza? - perguntou Elena.

– Sim... - respondeu Damon zonzo de sono caminhando até a porta enquanto Elena voltava a deitar e cobria o rosto com o travesseiro.

Damon saiu do quarto, caminhou pelo corredor e bateu na porta de Mia.

– Toc toc... - anunciou ele enquanto abria a porta.

Então ele viu que Mia estava sentada em um tipo de banco estofado que ficava encostado na janela. O quarto estava iluminado pela luz fraca de um abajur ao lado da cama e pela luz do luar que entrava pela janela.

A garota observava com um olhar distante a cidade lá fora. Tudo estava silencioso e tranquilo devido ao horário avançado. O céu estava completamente limpo e estrelado depois de um dia inteiro de chuva. A Lua iluminava tudo em volta enquanto todos dormiam. Ou quase todos já que dali, Mia podia ver o hotel onde Castiel estava hospedado e a luz do quarto dele acesa. Será que ele também não estava conseguindo dormir? Ou será que teve algum pesadelo?

Damon entrou, desligou o rádio e ia dar as costas para sair do quarto quando resolveu voltar ao perceber que Mia estava mesmo triste. Observou a garota quieta e se perguntou se ela havia percebido que ele tinha interrompido a música. Se aproximou e sentou ao seu lado. Mia continuou em silêncio apenas observando a janela de Castiel. Damon seguiu o seu olhar e levantou uma das sobrancelhas ao perceber o que a garota tanto olhava. Teve vontade de dizer alguma coisa para fazê-la se sentir melhor, mas não era muito bom nisso. Como se tivesse percebido que Damon não sabia o que dizer, Mia quebrou o silêncio, mas sem desviar o olhar da janela:

– Sinto muito por incomodar vocês.

Damon a observou novamente enquanto Mia continuava com aquele olhar vazio e triste. E tentou dizer alguma coisa:

– Você não incomoda. A música sim.

– Desculpe. - lamentou ela.

Houve um longo momento de silêncio até que Damon tentou mudar de assunto:

– Você está bem? Porque você não parece muito bem.

– Quando eu devo desistir? - indagou ela de repente.

– O quê? - não entendeu ele.

– Você sabe... Dele. - explicou Mia - Como eu vou saber qual é a hora certa de entregar os pontos e seguir em frente? E deixá-lo seguir em frente também?

– Eu acho que você deve deixar o seu coração te guiar. - aconselhou o vampiro fazendo Mia o olhar pela primeira vez e sorrir com certo deboche - Bem, pelo menos é o que o Stefan diria numa hora dessas, não? Aliás, eu queria que ele estivesse aqui agora. Ele sempre sabe o que dizer.

– É ele sempre sabe. - concordou Mia voltando a olhar para a janela - É só que... Eu não sei mais o que fazer ou mesmo se eu devo fazer. Eu não sei mais como me aproximar e como falar com Castiel, Jimmy ou quem quer que ele seja agora. Eu estou desistindo.

O vampiro pensou um pouco e tentou dizer com sinceridade:

– Olha, eu não sou o Stefan, mas se ele estivesse aqui, provavelmente ele diria para você não desistir porque enquanto existir amor ainda existirá esperança. E ele também diria que tem certeza que vocês vão superar isso porque ainda se amam.

Mia sorriu novamente e o olhou ao perguntar:

– E o que você diria, Damon?

– Eu concordaria com ele. - respondeu o vampiro - Mas também mandaria você parar de espiar pela janela e se torturar com isso e ir até lá de uma vez. Bater na porta do quarto dele e dizer como se sente.

– Eu não posso fazer isso. - discordou Mia - Eu nem sei se ele me receberia. E por mais que eu ainda goste dele, ser rejeitada de novo seria ainda mais doloroso e não está nos meus planos.

Damon entendeu o que Mia quis dizer e como ela se sentia. Muitas vezes, ele mesmo se sentiu assim em relação a Elena. Tinha medo de ser rejeitado por ela. Tinha medo de descobrir que os sentimentos dela por ele eram somente uma ilusão causada pela ligação de sangue que tinham e que na verdade ela ainda amava o seu irmão. Nunca saberia medir a felicidade que sentiu quando Elena religou a humanidade e se declarou para ele, por mais que soubesse que Stefan saiu machucado daquele triângulo amoroso. Às vezes, o amor é egoísta, mas ainda assim é amor e não devemos desistir dele. Ainda mais quando não existe uma terceira pessoa que pode se machucar, apenas duas que não conseguem se entender como no caso de Mia e Castiel. Pensando nisso, ele sugeriu:

– Então liga pra ele. Ele sabe usar o celular, não sabe?

– Jimmy sabe. Mas... Eu não acho que seja uma boa ideia. É tarde... - desconversou Mia.

– Mas ele está acordado, não está? Não é isso que você está olhando? A luz acesa? - insistiu Damon deixando claro que sabia muito bem o que Mia tanto olhava pela janela.

Mia sorriu e respondeu:

– Eu não vou ligar pra ele. Pode não parecer, mas eu tenho o meu orgulho, ok? E se Castiel me quiser de volta, ele vai ter que dar o primeiro passo desta vez.

– Se você quer assim... Então eu te aconselho a esquecer tudo isso, pelo menos por enquanto, e tentar dormir. E dar tempo ao tempo. - sugeriu Damon.

– Eu vou tentar... - disse Mia, mas em seguida pareceu que ia dizer alguma coisa e desistiu.

– Tem mais alguma coisa te preocupando, Mia? - desconfiou o vampiro.

– Não... Nada. Absolutamente nada. - mentiu a garota.

– Desembucha logo. Você é uma péssima mentirosa. - insistiu Damon insatisfeito com a resposta.

Mia relutou, pensou um pouco, mas resolveu confessar porque tinha que falar aquilo para alguém:

– Você vai me achar maluca, mas eu estou com um pressentimento ruim. Você sabe... Sobre amanhã.

– Você só está preocupada. Como todos nós. É normal. -tranquilizou Damon.

– Não, não é só isso. - discordou ela.

Damon a olhou intrigado e indagou:

– Então o que é?

Mia tentou encontrar as melhores palavras para explicar o que estava sentindo:

– Eu não sei se eu cheguei a te contar, mas eu tenho sangue de um... Demônio no meu corpo. - Mia fez uma pausa e só depois que Damon pareceu assimilar aquela informação, ela continuou - Era por isso que eu tinha aqueles pesadelos e aquelas premonições. O engraçado é que eu pensei, eu realmente pensei, que com o lance de vampira, esse lado estivesse adormecido. Inerte. Mas eu acho que eu me enganei porque, às vezes, eu... Tenho sensações ruins. Não como eu tinha antes, mas ainda assim... Eu sinto isso, às vezes.

– Às vezes? - indagou Damon.

– Como agora. - esclareceu Mia - Damon, eu nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas eu daria qualquer coisa pra ter um daqueles pesadelos de novo e descobrir o que vai acontecer amanhã. E poder pensar em um plano B, se o A for por água abaixo.

– Você não precisa ter um pesadelo para descobrir isso, Mia. Eu te digo o que vai acontecer amanhã. Nós vamos derrotar Silas. - garantiu Damon.

– O que preocupa é... O que isso vai nos custar? - indagou Mia visivelmente preocupada - Eu quero dizer... Mesmo que a gente vença Silas amanhã, eu sinto que de alguma forma ele ainda vai sair vitorioso. De alguma forma, isso vai nos custar alguma coisa.

– Alguma coisa ou... Alguém? - preocupou-se o vampiro.

– Eu não sei. Esse é o problema, Damon. Mas eu sinto que tem alguma coisa errada. Muito errada. Algo que não vai sair como planejamos e... Isso me assusta. - admitiu Mia com a voz trêmula.

Sem saber o que fazer, Damon a abraçou e Mia fechou os olhos o abraçando de volta. Agora, até ele havia ficado preocupado. E no fundo também queria que Mia tivesse um pesadelo para acabar com aquele mistério em relação ao dia seguinte. Mas não podia deixar transparecer que tinha ficado preocupado. E para tranquilizar Mia, ele disse:

– Nada vai dar errado amanhã, Mia. Eu também nunca pensei que diria isso, mas eu, meu irmão e aqueles idiotas dos Winchesters vamos garantir que tudo termine bem. Silas não tem qualquer chance contra a gente. - e se afastando um pouco encerrou - Agora você precisa dormir. Descansar um pouco e tirar essas coisas da cabeça. Nada vai dar errado amanhã. Nada. Entendeu?

Mia assentiu mais calma enquanto ele levantou e andou em direção a porta.

– Damon. - chamou a garota fazendo-o parar na porta já aberta - Obrigada. Você não é o Stefan, mas também não é o bad boy que muita gente pensa.

– Obrigado... Eu acho. - agradeceu ele.

– Desculpe se, às vezes, eu implico com você. Você é um cara legal. - completou Mia.

– Você também. Não um cara, uma garota... Você entendeu. Eu estou com sono... Boa noite. - disse ele e olhou para rádio sem perceber.

Pensou um pouco, voltou e o ligou de novo. Abaixou o volume e voltou o CD para a música que Mia estava ouvindo antes. Love hurts. Depois saiu de lá e voltou para o seu quarto. Assim que ele deitou na cama, Elena se aconchegou em seus braços e murmurou de olhos fechados:

– Está tudo bem?

Damon pensou em contar para ela sobre a conversa com Mia, mas não queria preocupar a namorada. Além disso, Elena estava quase dormindo.

– Sim. Está tudo bem. - respondeu ele dando um beijo em sua testa e ficando pensativo em seguida.

Enquanto isso, Mia observou a luz do quarto de Castiel ser apagada e resolveu seguir o conselho de Damon e tentar dormir um pouco. Então levantou, desligou o rádio e voltou pra cama. Se virou de um lado pro outro e olhou o celular no criado-mudo e lembrou do outro conselho do vampiro. Mordeu os lábios enquanto pensava se deveria ou não seguir a sugestão. Apagou a luz do abajur e se virou para o outro lado para não cair em tentação. Não ia ligar para aquele idiota. Não ia mais correr atrás dele. Ele não merecia que ela fizesse isso. E tinha deixado bem claro que não queria que ela fizesse. Fechou os olhos e tentou não pensar em mais nada, no entanto, era impossível não pensar nele. Se virou para o outro lado ainda mais impaciente.

O que Mia não sabia era que Castiel também não estava conseguindo dormir. Também pensava na garota, mas principalmente naquele estranho pesadelo que havia tido momentos antes. Precisava entender o que significava ou pelo menos descobrir quem era aquele senhor... Bobby Singer. Então olhou para o celular no criado-mudo e pensou um pouco.

Mia tentava dormir quando ouviu o celular começar a tocar Eternal Flame. Aquele não era o toque do seu celular, mas era o toque que havia selecionado para o contato Jimmy Novak. Se ele ligasse um dia, ao ouvir essa música, ela saberia que era Castiel. Mas já havia perdido as esperanças de que isso acontecesse um dia. Pelo visto havia se enganado.

Ainda um tanto zonza sentou na cama e atendeu:

– Cas?

– Jimmy. - corrigiu ele do outro lado da linha - Desculpe... Eu te acordei?

– Não! Na verdade, eu costumo regar as plantas às duas da manhã. - respondeu ela sem querer dizer que também não estava conseguindo dormir.

– Desculpe... - lamentou ele pensando que tinha a acordado.

– Eu tô brincando. - tranquilizou Mia enquanto se levantava e andava devagar até a janela.

Discretamente observou a janela do hotel e viu Castiel nela. Ele olhava para a mansão Salvatore. Mia sentou no banco estofado novamente e os dois se olharam a distância.

– Desculpe, eu não devia ter ligado. - arrependeu-se ele querendo desligar.

– Mas se você ligou foi por um bom motivo, não? - tentou sondar Mia - Então, já que você me acordou, fale de uma vez. Só tem uma coisa que eu odeio mais do que silêncios constrangedores é que me deixem curiosa.

Castiel pensou um pouco e resolveu dizer:

– Ok. Bem, eu tive outro sonho estranho. E só queria falar com alguém sobre isso.

– E você resolveu falar comigo? - animou-se Mia, mas sem demonstrar isso para ele.

– Na verdade, eu tentei ligar para Sam e Dean antes, mas eles não atenderam. Então eu lembrei de você. - mentiu ele.

Mia respirou fundo um tanto triste com a forma que Castiel sempre a afastava e tentou parecer natural ao perguntar:

– E como foi esse sonho?

– Confuso e surreal. Sem nenhum sentido. - lembrou Castiel.

Mia o olhou pela janela e indagou:

– Eu estava nele?

Castiel a o olhou de volta e pensou um pouco antes de responder:

– Sim. Mas depois o Dean apareceu... - respondeu ele.

– Oh! Eu devo ficar com ciúmes? - tentou brincar a garota, mas como ele permaneceu mudo, ela continuou - O que mais?

– Como eu disse, foi confuso. Mas quando eu acordei, eu fiquei pensando em um nome. E é por isso que eu preciso perguntar uma coisa. - explicou ele - E por favor... Tente não mentir, ok?

– Claro... - assentiu Mia um tanto magoada - Qual o nome?

– Bobby Singer. Diz alguma coisa pra você? - disse Castiel.

A garota ficou alguns segundos em choque. Não sabia se ficava feliz por aparentemente Castiel ter lembrado de alguma coisa ou se ficava preocupada tentando encontrar uma resposta que não parecesse absurda. Se dissesse que Bobby Singer era um caçador que foi morto por um leviatã, com certeza, Castiel não acreditaria e desligaria o telefone imediatamente.

– Mia? - chamou ele estranhando o silêncio.

– Ele era um amigo dos Winchesters. - respondeu ela rapidamente - Mais do que isso. Depois que o pai deles morreram, de um ataque do coração há vários anos, Bobby virou praticamente um segundo pai para Sam e Dean.

– E o que aconteceu? - interessou-se Castiel.

– Ele também morreu. - respondeu Mia.

– Como? - quis saber ele.

Mia teve dificuldade para formular uma resposta que não fosse mentira e que ao mesmo tempo fizesse sentido para Castiel e então disse:

– Ele levou um tiro. Um sujeito petulante chamado Dick Roman o matou. - contou ela.

– Dick Roman? Aquele empresário milionário que desapareceu há uns dois anos? - estranhou Castiel.

– Exato. Não parecia, mas o cara era um monstro... - refletiu Mia.

– Por que um empresário famoso mataria um sujeito como Bobby Singer? - interessou-se Castiel - Aliás, o que Bobby fazia para viver?

– Ele tinha um ferro velho até onde eu sei, mas... Eu não conhecia Sam e Dean nesta época. Aliás, infelizmente, eu não tive a oportunidade de conhecer o Bobby. Tudo o que eu sei é que ele era um ótimo sujeito. Um pouco rabugento e bêbado na maior parte do tempo, mas ainda assim um gênio e um grande homem. Bem, mas se você quiser saber mais sobre isso, é melhor perguntar diretamente para Sam e Dean. Eu não sei muita coisa. Desculpe. - respondeu Mia tentando encerrar o interrogatório por medo de não conseguir responder da forma como Castiel esperava.

– Tudo bem. Eu agradeço por você ter respondido. E acho até que você foi... Sincera. Desculpe por ter te acordado... - disse ele tentando encerrar a ligação.

– Espera! - pediu Mia antes que ele desligasse o celular. Olhou Castiel novamente pela janela e perguntou hesitante - Foi só por isso mesmo que você ligou?

Ele pensou um pouco e a olhou de volta antes de responder com certa frieza:

– Claro. Por que mais eu ligaria?

Mia o olhou com raiva e se afastou da janela antes de dizer:

– Então da próxima vez usa o Google, ao invés de me acordar no meio da madrugada pra fazer perguntas idiotas. Gênio...

– Desculpe... - lamentou ele que na verdade não tinha ligado só para perguntar quem era Bobby Singer.

A verdade é que no fundo ele queria ouvir a voz de Mia, só não conseguia admitir isso porque ainda sentia-se magoado. Mas ao mesmo tempo que queria afastá-la, sabia que Mia tinha as respostas que ele procurava. E estava feliz porque ela parecia mesmo ter dito a verdade sobre Bobby Singer. Só não conseguia aceitar aquela história de anjo. Mas também não conseguia negar que aquele sonho tinha sido muito real. No fundo, não sabia no que acreditar.

– Boa noite... Jimmy. - encerrou Mia friamente desligando o celular e voltando para a cama.

Ele fez o mesmo, mas nem um deles conseguiu dormir de verdade.

E finalmente, chegou a tão esperada noite da festa de Comemoração dos 153 anos da cidade de Mystic Falls.

A escola estava toda decorada para a ocasião. Um refinado buffet era servido entre dezenas de mesas e uma banda local tocava em um palco montado especialmente para a data. Todos os convidados estavam vestidos a rigor. Caroline estava acompanhada por Tyler e Elena por Damon. Sam acabou encontrando Meredith no meio dos trezentos convidados e os dois se reaproximaram um pouco. Mas não tocaram mais no assunto que conduziu a última conversa deles. Decidiram apenas se concentrar em Silas e depois resolverem o que fariam em relação aos dois. Todos eles estavam na mesma mesa com Dean, Jeremy, Stefan e Mia. Castiel estava em outra mesa com um grupo de professores. No fim, ele tinha decidido ir e apesar do clima estranho entre eles, Mia ficou feliz por vê-lo.

– Então, o que fazemos agora? - indagou Dean.

– Curtimos a festa. E ficamos atentos. - respondeu Caroline - E por favor, façam o que tiverem que fazer, mas não deixem que a festa acabe de forma desastrosa. Um escândalo seria... Péssimo. Temos que ser discretos.

– Talvez seja melhor nos separarmos. - sugeriu Damon levantando com Elena.

E em seguida os outros também se espalharam. Ao menor sinal de Silas, sabiam o que tinham que fazer. Tinham que distraí-lo de alguma forma, neutralizá-lo com a Colt e o com o feitiço de Bonnie. Era um péssimo plano e não tinham ideia se ia dar certo. Mas tinham que tentar. Silas tinha que ser detido, afinal ele era um monstro.

Em algum momento da noite, Tyler fez um discurso em homenagem a sua mãe e ao aniversário da cidade ao lado de Caroline e em seguida anunciou que a banda voltaria a tocar para que todos dançassem e aproveitassem a festa.

Mia olhou em volta e teve vontade de desaparecer. Sabia que ia ficar sozinha. Mesmo Stefan, Dean e Jeremy iam tirar alguém para dançar porque precisavam agir naturalmente. Mas Mia não queria dançar com ninguém mesmo que fosse para ajudar no plano. Olhou para a mesa de Castiel e teve a impressão de que ele havia olhado para ela no mesmo instante. Desviaram o olhar imediatamente.

Os casais começaram a se juntar e Mia lembrou daquela noite na universidade em São Francisco, quando ela e Castiel dançaram antes dela mandar Crowley para o Inferno. E morrer. E voltar. E salvar o anjo da armadilha feita com óleo santo na biblioteca. Bons tempos. As coisas eram bem mais simples naquela época.

Naquela ocasião, Mia não lembrava da sua história com Castiel, já que ele havia apagado a sua memória semanas antes. Mas, mesmo sem lembrar dele, aquela dança e aquele momento foram especiais. O vazio que sentia por Castiel ter apagado suas lembranças desapareceu naquele momento. Foi preenchido. Sua cabeça podia não lembrar dele, mas o seu coração sabia muito bem o que sentia. Naquele momento, o seu coração teve certeza de que era Castiel que ela queria. Naquela noite e... Agora. Sempre foi ele. Sempre seria ele. Mas por que ele tinha que ser tão teimoso?

Na outra mesa, Castiel começou a lembrar daquela noite também. De colocar as mãos na cintura de Mia e olhá-la profundamente. E dela encostar a cabeça em seu peito. Em seguida, afastou essas lembranças e olhou para ela novamente um tanto confuso. Não podia negar que a garota estava muito bonita com aquele vestido. A mais bonita da festa. Sem exagero. Aliás, Mia ficava linda com qualquer coisa e de qualquer jeito.

Então Mia observou os casais dançando e começou a sentir aquele vazio de novo. Aquele vazio que sentia quando Castiel não estava por perto. Droga... Por que tinha que gostar dele? Ser apaixonada por um anjo já era complicado, mas por um anjo desmemoriado que não aceitava a verdade e que não a queria por perto era bem mais difícil.

Um garçom passou perto da sua mesa e Mia acenou para ele. Mas ao invés de pegar a taça com Champanhe, Mia resolveu pegar a garrafa toda de uma vez.

– Obrigada! - agradeceu ela.

O garçom a olhou um tanto assustado, mas se afastou sem se opor. Mia olhou novamente para os casais dançando e para Castiel do outro lado do salão e bebeu. Virou a garrafa e bebeu mais um pouco. Ainda bem que Stefan estava distraído dançando com April Young, assim não poderia supervisioná-la. Mas ao pensar nisso, viu que Damon a olhava de um jeito reprovador. Ótimo. Tudo que ela queria. Dois Salvatores achando que tinham que cuidar dela. Como se já não bastasse Sam e Dean.

Olhou novamente para Castiel e admitiu para si mesma que não podia desistir dele. Ele era um idiota teimoso, mas ainda era o seu anjo nerd, lindo e hot. E por mais que quisesse que ele desse o próximo passo, sabia que Castiel precisaria de um empurrãozinho. E por mais que ele negasse, Mia sentiu, no beijo do dia anterior, que Castiel ainda gostava dela.

Ela colocou a garrafa sobre a mesa ao mesmo tempo em que a banda terminou de tocar e sentiu o seu coração acelerar quando uma ideia passou pela sua cabeça. Precisava fazer algo. E logo. Não ia perder Castiel de novo. Precisava engolir o orgulho e fazer uma última tentativa. Última tentativa. Se Castiel continuasse lutando contra a verdade, ela mesma pediria para os Winchesters baterem a cabeça dele na parede.

– Droga... - resmungou ela travando uma luta interna consigo mesma.

Em seguida olhou para o anjo com determinação, tomou coragem e levantou sem pensar muito. Andou depressa até o palco sentindo que as pessoas a seguiram com o olhar sem entender. Subiu no palco.

– O que ela está fazendo? - temeu Dean se aproximando do irmão e de Meredith.

– Eu não tenho ideia. Mas com certeza não faz parte do plano. - respondeu Sam.

Mia se aproximou do microfone e olhou todos lá embaixo. E se arrependeu por ter agido por impulso. Teve vontade de sair correndo, mas parecia que as suas pernas tinham congelado ali. Tarde demais. Olhou para Caroline e Elena e sentiu que elas sabiam o que ela planejava e a incentivavam com o olhar.

Mia olhou para Castiel mais uma vez. Ele parecia mais confuso do que todos ali presentes. Será que ele também imaginava o que ela estava prestes a fazer? Será que ele também desejava preencher aquele vazio? Ou será que ia continuar afastando Mia?

Ela precisava saber essas respostas e embora se sentisse ridícula ali no palco, Castiel valia o risco. Não ia desistir dele. Nunca.

As pessoas a olhavam sem entender o que estava acontecendo e esperando que Mia dissesse alguma coisa. Então ela se encheu de coragem, respirou fundo e resolveu começar.


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Notas finais do capítulo

Não me odeiem por ter terminado o capítulo assim kkkkkkkkkkkkkk mas não consegui revisar a segunda parte e ele ficaria muito longo.Mas o próximo capítulo tá quase pronto e se der eu posto antes de quinta-feira.Nos últimos dias saíram muitos spoilers da 9 temporada e por isso eu fiquei mais tempo postando no blog do que escrevendo a fanfic. Mas não se preocupem, vou vou me esforçar para postar mais rapidinho, mesmo por que eu já estou pensando na próxima história, então eu tenho que correr com isso.Digam-me o que vcs acharam do capítulo e o que acham que Mia vai falar lá na frente. Bjussss