Nicest Thing escrita por Nina Spim


Capítulo 4
Chapter Four


Notas iniciais do capítulo

Oiee, minha gente! Mais uma vez, obrigada pelos reviews! Isso me deixa muito feliz e satisfeita! Espero que apreciem este novo capítulo! :D



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Ninguém pode dizer que isso seja culpa minha.

Porque eu tentei. Muito, muito mesmo.

Porém, parece que quanto mais eu tento, cada vez mais sou soterrada por importunações. Os descritos “Problemas” da garota Lucy. Ainda que eu tenha certeza de que os meus não cheguem aos pés dos dela. Tenho certeza de que ela deve ter enfrentado algum tipo de situação que a destruturou inteira – porque é o único palpite que se encaixa perfeitamente na minha confirmação de que ela mais se esconde do que se revela. É por isso que não entra em detalhes sobre os ditos “Problemas”. Porque ela tem de mantê-los quietos e esquecidos em algum canto do sofrimento dela.

Mais ou menos como aquele cara. Finjo não me lembrar de sua existência apenas para que ela não acenda todo o passado novamente. E a última coisa da qual preciso é estar em contato com o meu passado mais uma vez. Já está sendo quase um sacrifício voltar a conviver com Sam...

Quer dizer, tudo bem. Tudo está ótimo, se você define isso como “Agora consigo me arrastar para fora cama todas as manhãs”. A rotina enfim entra nos eixos – com um pouco de preguiça, mas entra. Esforço-me para recuperar as aulas e os seminários perdidos. É complicado repor as horas com Cassandra, porque ela é irredutível: isso é problema meu, não dela. Age como se não ligasse para as minhas faltas. Tento recorrer e explicar, mas é tudo em vão. Tudo o que diz é: “Lide melhor com a palavra comprometimento, Schwimmer”. No fim, acabo cedendo ao desespero e desisto.

E então a sexta-feira chega, trazendo-me Sam ao loft. Não é como se eu estivesse fugindo dele – estou fugindo do colega de quarto dele, na verdade. Mas eu sei que, invariavelmente, Sam irá tocar naquele assunto. Não porque ele é bisbilhoteiro, mas porque está preocupado com a minha sanidade mental – está decidido a procurar algum sintoma que deixe claro que me encaixo no quadro crítico da depressão, sobre a qual Kurt lhe disse. Não tenho tempo para contestar Kurt acerca disso, porque acabo varrendo isso da minha lista de preocupações. Além do mais, que se dane; Sam pode achar o que ele quiser e delatar tudo para aquele cara, que eu não estou me importando. Quando alguém sai da sua vida você tenta, com o máximo de esforço, parar de surtar caso comentários a seu respeito chegue aos ouvidos desta pessoa.

Sam traz flores e – não deixo de fazer uma careta quando vejo – uma caixa de bombons trufados.

- São os de avelã, os seus preferidos! – Sam explica quando nota a minha expressão – Se não os quer, que eles fiquem comigo – ele afasta a caixa de mim e a deposita perto do casaco de seu smoking.

Não digo nada. Não quero mais chocolate; nunca mais, de preferência. Tenho ciência de que Sam tem a intenção de me agradar – e isso me deixa realmente feliz –, mas também tenho ciência de que precisarei de muitas horas de dança para me fazer perder os quilos que ganhei por conta da minha ansiedade, que me fez devorar todos os doces que eu vi na minha frente, durante o último mês.

- Então? – ele está me encarando. Dou de ombros, porque ainda não tenho nada a dizer.

Sam entende isso como uma brecha para fazer algo, para me confortar de verdade, antes que lágrimas comecem a brotar nos meus olhos – não que eu realmente vá começar a chorar na frente dele, por Deus. Desde segunda-feira tenho recuperado meu autocontrole de forma quase que íntegra, então as chances de uma recaída são quase nulas agora. Ele então me abraça, e eu não consigo evitar fechar os olhos por causa da sensação boa. Não é como quando eu abraçava aquele cara, mas chega perto. Porque o cheiro masculino – de alguém totalmente hétero, digo – é reconfortante. No momento, é tudo que necessito. E não é como se eu pudesse controlar as lágrimas que se acumulam.

Não estou com vontade de chorar por causa da situação que o levou estar ali, mas por conta da saudade de colecionar momentos como este. De amizade, quero dizer. Porque o Sam é um ótimo amigo, tanto quanto Blaine e Kurt são – porém com um bônus: é ele quem realmente me deixa feliz pela companhia. Como não o vejo o tempo todo, acaba que suas visitas se tornam muito mais prazerosas e inesquecíveis.

- Pode parando com isso agora mesmo – Sam ordena e me afasta dele para poder visualizar o meu estado, que nem está tão ruim assim. Não é como se eu estivesse sustentando um choro descontrolado; creio que o que me denunciou foi a leve fungada que dei. Meu rosto não está banhado, ou algo do tipo. – Ninguém chora comigo, está lembrada? Nem mesmo depois de passar o que você passou. E é justamente por isso que estou aqui. Vou animar a sua noite!

Deixo escapar um suspiro. É bom estar com ele. É como voltar para casa. É como ter dezesseis anos novamente; uma alegria e, ao mesmo tempo, uma tristeza que dói no peito.

Solto uma risadinha chorosa. Seco as lágrimas que banham meus cílios rapidamente e o empurro para a sala. É uma tarefa inconsistente, mas ele se deixa levar pelas minhas mãos, porque isso se tornou um hábito entre nós.

- O que vai ser? Algum filme trash, ou apenas do tipo “divertido, mas nem tanto”? – pergunto a ele enquanto acomodo o buquê de orquídeas azuis em um recipiente comprido que Kurt comprou para essa finalidade.

Ele tira de uma sacola que jogou ao lado dos bombons um DVD e o brande para mim.

- Não me diga que você comprou isso para mim – comento com um tom incrédulo.

- Não foi difícil de encontrar – Sam dá de ombros – E, sim, ele é seu. Quer dizer, depois de todos os trinta e-mails que lhe mandei eu tinha que conquistar você de algum jeito – ele brinca, agora ao meu lado, cutucando meu ombro – Acertei na escolha, não acertei?

Ele sabe que acertou, porque está convencido e sorridente. E não é como se filmes franceses passassem longe da minha ânsia de coloca-los na minha lista interminável de Filmes Que Preciso Assistir. Qualquer filme francês me conquista, independentemente de sua qualidade ou originalidade. Gosto deles porque são franceses. O modo como eles conduzem as histórias é tocante e encantador. Não é à toa que Amélie é SEMPRE uma grande ajuda. Quando preciso dela, ela está ali bem perto de mim.

- Obrigada, de verdade – eu digo, porque estou profundamente agradecida – Desse jeito você vai construir toda a minha coleção de DVDs estrangeiros.

- É uma das minhas funções – ele sorri e se afasta para a sala com o intuito de preparar a aparelhagem para desfrutarmos o filme da noite.

Deixo as flores no balcão central e me junto a Sam no sofá. Puxo as cobertas para cima de nós, porque mesmo aqui dentro está bastante frio. Não entendo como ele suportou andar de camisa social e smoking o dia inteiro.

O filme serve de distração não somente porque é uma comédia romântica, mas também porque a participação do Woody Allen é irreverente. Se Amélie e Coco Chanel não estivessem disputando o primeiro lugar da vaga de “meu filme preferido”, este com certeza entraria na batalha facilmente. Mas decido que posso colocá-lo lado a lado com os anteriores. É uma disputa justa. Não é estrelado pela fofa da Audrey, mas me agrada do mesmo modo.

Nem Kurt nem Blaine ligam para averiguar se estou me divertindo, de modo que penso que a diversão deles está bem mais agitada que a minha. Eu sei que a minha noção de diversão é um pouco... Diferente. Um filme, um bom vinho – ou chocolate quente – e uma boa companhia. É sempre a minha melhor opção.

Por isso, prefiro não responder a Sam quando este me pergunta se “está tudo realmente bem comigo”. Não sei o que ele pensa! Que vou me jogar pela janela se eu não reatar com meu ex? Porque isso passa bem longe de meus pensamentos. Primeiro, não estou tão depressiva assim; ainda tenho o bom senso de lidar com a situação de um modo prático e racional. Segundo, não preciso de ninguém para ser feliz. Ninguém que faça minha vida se complicar depois de um término, digo. Posso ser muito feliz sendo rodeada pelos meus amigos, que são as pessoas que mais amo, depois de eu mesma. E terceiro, hora de seguir em frente e não olhar mais para trás. É isso que as grandes estrelas fazem, decididamente. A Gwen não ficou se rastejando para o Tony depois do rompimento deles, tenho certeza.

Então ele resolve mudar de tática: começa a falar sobre você-sabe-quem. Eu o corto rapidamente, irritada.

- Não me traga notícias dele, Sam. Não quero nem mesmo escutar o nome dele. Sei que sua intenção é estar ao lado dele também, mas, por favor, só desta vez, fique ao meu lado.

- Não apoio o que ele fez, Rachel! – Sam parece indignado.

- Ah, vocês homens – rolo os olhos – Vocês encobertam uns aos outros, sei disso.

- Eu não sabia de nada, ok? Foi uma surpresa quando ele me ligou e disse que precisámos beber um pouco. Você sabe que ele nunca faz uma coisa dessas!

Eu sei. Mas não dá para deixar de lado que ele não se importou nem um pouco com a maneira que eu iria me sentir. Como um lixo, basicamente. Como alguém que não é suficiente para ele. E isso é o que mais me corrói. Porque, se eu não sou suficiente para o cara que amo, para quem sou? Meus amigos não contam, porque lidamos muito bem com essa coisa de defeitos e qualidades: todos nós aceitamos todo mundo do modo que é, por mais incômodo que seja. Além do mais, amizade é uma coisa muito mais resistente. Os amigos, mesmo depois de algum baque ou tempo, vão estar ali para lhe auxiliar.

Aquele cara, por outro lado, me largou e nem deu uma olhadinha sequer para trás para ao menos conferir se eu continuava respirando! Isso não se faz; é inaceitável. Não se deixa alguém agonizando e vai embora!

- Olha. Tanto faz. É passado. Não quero mais me recordar disso. Quero viver a minha vida sem ter meus pensamentos assaltados por ele sempre que alguém vem aqui e fica me perguntando como estou indo. Quer saber como estou indo? Está sendo horrível, mas dá para segurar as pontas, porque ele foi um imbecil comigo. E não dou valor a pessoas assim. A pessoas que crescem por fora, mas não por dentro.

- Rachel. Isso é uma bobagem – Sam está impaciente. Não acredito que está defendendo aquele cara! O que ele quer, que eu o expulse da minha vida também? Ele está me vendo sofrer e está estendendo a mão para a pessoa errada! – Ninguém consegue refrear os sentimentos, não dá para se responsabilizar por eles! Mas, sim, você pode controlar as consequências deles, e é o que o Finn fez. Ele tomou a decisão mais correta que encontrou. Ou você preferia que ele estivesse traindo você?

- Ah, meu Deus! – há certo desespero tomando conta do meu peito. Meu coração está se comprimindo de novo, cada vez mais rápido. Sinto raiva, mas também uma vontade estúpida de chorar – Não dá para ACREDITAR. VOCÊ VEIO AQUI PARA DIZER QUE ELE AGIU CERTO?

- Não é isso – ele replica, agora com uma energia renovada –, apenas quero mostrar a você que... Isso pode soar injusto, mas que foi necessário acontecer. Nem sempre as pessoas ficam juntas para sempre. O relacionamento de vocês teve que acabar antes que alguma coisa muito pior viesse a separá-los de modo ainda mais doloroso.

- Então, basicamente, o amor não perdura? – tenho coragem suficiente para confrontá-lo, porque estou com vontade de nunca mais ser amiga dele, depois disso – Todos os amores terminam, porque, segundo você, esse tipo de coisa acontece – estou sendo sarcástica para esconder a minha incredulidade.

- Não é como se houvesse uma fórmula mágica, não é? Nada é para sempre, infelizmente. E se já é difícil encontrar o amor, imagine fazê-lo durar até o fim da vida!

Não dá para aceitar isso. Eu poderia entender, caso o assunto não envolvesse o que sinto, mas agora a situação é tola demais. Não posso discutir esse tipo de coisa com Sam, porque ele nunca vai ser capaz de enxergar que, na verdade, eu tinha encontrado alguém para dividir minha vida inteira, e esse alguém me expulsou da vida dele antes mesmo que eu pudesse entender no que foi que nosso relacionamento tinha se transformado.

Se eu não entendo o que houve entre mim e Finn, como Sam entende? Porque, pelo que sei, ele nunca encontrou nenhuma menina legal o suficiente para apresentar a nós como sua namorada. Seus relacionamentos sempre duram, no máximo, dois meses! Eu, por outro lado, estava com Finn há QUATRO ANOS. Não é uma vida inteira, reconheço, mas é bastante tempo. Não dá para jogar um namoro de quatro anos no lixo como se ele nunca tivesse representado nada!

Minhas lágrimas se rompem antes do esperado e sei que não é apenas a dor se refletindo perante as palavras de Sam, mas também um pouco de raiva. Porque, no fundo, eu sei que seu raciocínio tem um pouquinho de fundamento. Não quero concordar com ele, no entanto – na parte mais quebrada de mim –, acredito que é por isso que não estou mais com Finn: não cuidamos no nosso amor o suficiente para que ele se prolongasse por mais tempo. E, de imediato, começo a achar que fui eu quem causou isso; que eu sou a culpada por ele ter me deixado, por ter se apaixonado por outra garota.

- Rachel – Sam se aproxima de mim parecendo impotente e desajeitado.

É incrível a habilidade dos garotos de não saber lidar com garotas que choram. Nem mesmo Kurt, que é sensível como uma menininha boba, não sabe como preceder diante lágrimas femininas. Se ao menos eles se oferecessem para nos abraçar, mas não. Eles meio que se paralisam e tentam falar alguma coisa que conserte tudo, que nunca alcança seu real objetivo.

- Não foi minha intensão, juro – ele logo deixa claro, inutilmente. Não é como se eu não soubesse. É claro que sei que Sam não pretendia prejudicar mais uma vez o meu psicológico, que ainda está se reerguendo aos poucos – Você quer os chocolates agora? – é evidente o desespero dele e, embora em qualquer outra circunstância isso me fizesse rir, volto a me sentar no sofá e cubro meu rosto com as mãos, porque ninguém merece o meu rosto se contorcendo de choro.

Quando ele estende a caixa de trufas para mim, digo:

- Obrigada pelo filme, mas é melhor você ir. A noite foi agradável... Até agora – engulo com força, tentando reverter toda a crise, mas meu esforço é em vão – Não que tenha sido sua culpa, claro que não – apresso a dizer, porque não quero que ele se sinta culpado – Mas preciso ficar sozinha um pouco – antes que ele possa contestar o óbvio, remendo – Não se preocupe, Kurt e Blaine devem voltar daqui a pouco. Não ligue para eles, não precisa preocupá-los.

- Rachel – Sam respira de modo pesado ao meu lado – O Finn a deixou sozinha depois de magoá-la, e eu não quero repetir isso. Você não vê? É justamente por isso que estou aqui e que quero confortar você.

Isso me deixa sem ar por alguns instantes, porque soa tão doce que me deixa um pouco encantada demais. É bom saber que Sam, apesar de tudo, está ao meu lado também.

Aperto sua mão na minha e engrolo baixo:

- Obrigada. De verdade.

Ele deixa a caixa de bombons de lado e abraça meus ombros. 

~*~

Quando abro os olhos, tudo está diferente de novo. Não há mais a minha cama no canto do quarto, nem a luminária cor de rosa, nem o telefone antigo. O banheiro também é outro cenário agora: sem as minhas bugigangas ele está quase vazio.

Suspiro. É um pouco doloroso. Mas estou pronta para sentir a felicidade se abater mais uma vez sobre mim quando me vir no meu novo endereço. Depois de atualizar meus pais e minha irmã por e-mail sobre a mudança – não que algum deles me mande postais ou qualquer coisa útil; a última coisa que minha mãe me mandou foi a correspondência referente aos meus antigos amigos da escola em Belleville –, tudo o que sinto é um pouco de saudade de casa. Porque gostaria que ao menos uma pessoa lá sentisse a minha falta, ou que vibrasse com as minhas conquistas. No entanto, é tudo vácuo e mecânico.

Francine, minha irmã mais velha, que agora mora em LA por conta de seus roteiros de cinema independente escreveu:

Coitado dos seus novos amigos. Mas parabéns por sair desse lugar tão esquisito, essas suas amigas parecem malucas demais, e ambas sabemos que você não pode mais se meter com pessoas malucas. Até mais, maninha.

Meus pais, muito claramente, leram o e-mail juntos e decidiram responder o mesmo texto frio:

O que acontece com você que não consegue ficar em um só lugar? Espero que o que lhe aconteceu tenha lhe ensinado alguma coisa sobre confiar demais nas pessoas. Mande notícias sobre suas férias, assim que possível. Fran comprou passagens para Aspen.

Eles não conseguiram nem mesmo escrever “Com amor”. É de se pensar que, sendo meus pais, ainda me amassem, mas acho que não valho mais muita coisa nem mesmo dentro da minha família. Ótimo. Como se eu precisasse deles.

Santana entra no quarto, seguida por Britt com Lord Tubb nos braços. Santana coloca um braço no meu pescoço e observa o espaço em silêncio.

- Não acredito que isso está acontecendo – para minha surpresa, quem diz isso é a Brittany. Olho para ela, notando que seu semblante está um pouco inexpressivo. Ela está triste.

Estendo meu braço livre para ela e a incluo no abraço. Ficamos nós três – digo, quatro, com o gato – paradas, em silêncio, analisando tudo. Também me sinto triste, mas sei que isso é uma bobagem. Não é como se eu nunca mais fosse vê-la com regularidade. Na verdade, isso é impossível, levando em conta que almoçamos juntas sempre e, normalmente, ficamos até tarde na biblioteca estudando juntas também. Então estar saindo desse apartamento não é uma situação tão crítica assim. Apenas não dividiremos mais as nossas noites em frente à TV. E sei que daqui a alguns dias elas se recuperarão facilmente.

- Quero itinerário todas as manhãs sobre seus novos amigos – Sant diz, encostando a cabeça no meu ombro. Por um momento, acho que ela vai começar a chorar, mas repenso seriamente sobre isso e concluo que ela nunca choraria na minha frente – Nem pense em esconder qualquer coisa, você sabe que vejo Elementary demais para não ter adquirido alguns instintos investigativos.

- Pode deixar, capitã – eu digo, rindo um pouco – Não esconderei nada de você. E, em breve, quero marcar alguma coisa com vocês. Quem sabe, vocês podem jantar lá no loft.

- Quero só ver essa Rachel, a maníaca, concorda com você. Aposto que ela não gosta de gente interferindo na rotina previsível dela – Santana comenta de forma ácida.

- Só espero que ela não se revele chata demais – digo – Chata já sei que ela é. Mas é uma chatice moderada.

- Qualquer coisa, conte para a Tia Snix. Ela resolve seu problema na mesma hora. Sabe disso, certo? – Santana me pergunta, olhando-me de um jeito que me dá a impressão de que tudo, a partir daquele momento, será sem graça demais.

- Diga à Tia Snix que agradeço o auxílio – respondo com um sorriso.

Ela assente. O silêncio reina mais uma vez. É ridículo que eu queira adiar sair pela porta, mas sinto a necessidade de permanecer ali por mais alguns minutos, apenas apreciando o que ficou para trás.

- Ainda teremos as Noites Malucas de Sexta, não é? – Britt pergunta.

- Sempre, Britt – aperto sua cintura, com o intuito de demonstrar o quanto as Noites Malucas de Sexta são importante para mim também.

- Ah, por favor – Santana perde a paciência e olha para mim – Anda logo com isso. Vai querer se despedir de cada cômodo, ou o quê?

- Você não se despediu do Tubb. Ele está esperando que você o abrace – Brittany diz e jogo o gato em cima de mim. Ele é pesado e, por conta de sua anatomia felina, nunca sei direito como segurá-lo, especialmente porque ele não é do tipo que aceita colo de todo mundo.

- Hey, Tubb – digo para ele – Não traga mais coisas nojentas dos telhados e pare de tentar transar com todas as gatinhas que aparecem na sua frente! Controle-se, cara!

Então, Britt me abraça, esmagando o Tubb no meio de nós. E Santana também faz a sua parte me agarrando como se eu estivesse partindo para a África para todo o sempre.

- Ok, gente – eu murmuro, depois de alguns segundos – Não consigo respirar. Os pelos do Lord Tubb estão me sufocando – e o entrego para Brittany mais uma vez. Ele fica me olhando com seu olhar de gato maligno, provavelmente me amaldiçoando por tê-lo apertado tanto.

- Nada de eleger essa gente como melhores amigos, viu? Você já tem duas melhores amigas bem aqui! – Santana me diz enquanto estamos saindo do quarto e nos direcionando para a porta com últimas malas – Nada de contar nossos segredos também. E nada de contar SEUS segredos primeiro para eles, nós temos prioridade!

- Anotado, Sant – rio para esconder o meu medo de sair dali e nunca mais voltar.

Eu abro a porta e saio para o corredor. A garagem fica perto dali, porque moramos no térreo. Já no estacionamento, ninguém fala nada. Britt ainda segura o gato sem se preocupar com todos os milhões de pelos que se prendem em seu casaco. Santana marcha de forma intrigante. E eu estou com meu coração na mão.

- Se precisar de alguma macumba para tirar a Srta. Sem Alma do seu caminho, estou aqui– Santana me dá a última recomendação e pisca para mim.

Sorrio para ela enquanto abro o porta-malas do meu New Beatle vermelho para acomodar o que restou da minha bagagem.

Abraço-as mais uma vez, antes de entrar no carro e partir dali. Quero chorar, mas me contenho. É um choro de alegria também, não apenas de saudade. Porque estou construindo meu novo caminho, estou encontrando uma nova direção para minha vida e isso, mais que tudo, me deixa satisfeita.

- Não se esqueça de arrasar, sempre – Santana dá um tapinha na minha bunda e lança outra piscadela em minha direção.

Assinto, rindo. Não é como se eu fosse perita nesse tipo de coisa. Arraso, às vezes. Mas isso sempre se provou ter sentido completamente negativo. Todas as vezes que “arrasei” encontrei problemas. Por isso, não digo nada. Não é como se eu pudesse arrasar mais uma vez com a minha nova vida.

Entro no carro e, antes de acioná-lo, solto um suspiro que expressa muitas sensações ao mesmo tempo. Ignorando todas elas, um sorriso nasce nos meus lábios.

Estou vivendo um pouco mais. Nada pode ser mais gratificante do que isso.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Sei que esse capítulo ficou bem mais sentimental, mas, a partir do próximo, vocês poderão conferir a construção do relacionamento da Rachel com a Quinn (: Aguardo feedback! Beijos a todos! :D



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