Stranger escrita por Okay


Capítulo 39
Genuíno.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 27/10/2020



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Capítulo 39 — Genuíno.  

Rachel adentrava o quarto de hotel com o noivo logo após terem feito check-in e se despedido de Lucas, que estava em outro quarto ao fim do corredor. Ela libertou-se dos sapatos que usava, soltando um gemido de alívio.  

— Você acha que o Lu ainda tá chateado comigo? — Alberto indagou-a, vendo-a caminhar pelo quarto, achando suas malas próximas ao armário ao lado da cama.  

— Você pisou na bola, mas já se desculpou e, se quer saber, na minha opinião ele já parecia estar bem com tudo isso. — Ela respondeu-o, logo vendo que o buquê que havia ganhado de Marcus estava em um jarro de água sobre uma das mesas de cabeceira. — Olha que capricho! Eles colocaram as flores na água pra mim!  

— É, a recepção daqui é incrível. — Alberto sentou-se na cama, também retirando seus calçados. — Mas e então, o que você achou do Mark? 

— Ele é alto. — Falou a primeira coisa que veio em mente.  

— É, é verdade. — Riu com ela. — Mas você sabe o que eu quis dizer, qual foi a impressão que teve dele? 

— Bom... ele sabe ser cavalheiro, é bonito, cheiroso, tava todo elegante com aquela camisa social, agora não sei se ele se arrumou todo só pra você ou se tinha a ver com o Luke também. — Ela afirmou, fazendo o noivo rir. — Ele me parece ser um cara legal, mas ainda tenho os meus receios, você sabe, não dá pra defender ele totalmente depois do que ele fez com o Lu, mas eu estou tentando ser imparcial.  

— É, você tá numa situação delicada. — Alberto confessou. — Mas você pode criar a sua própria opinião, Rach, você não é obrigada a gostar dele por minha causa, assim como não precisa fingir que não gosta dele só por causa do Lu.  

— Eu sei disso, mas seria muito mais fácil gostar dele se eu não soubesse o que ele fez. — Ela suspirou, sentando ao lado do noivo. — Apesar de tudo, naquela hora que o Luke saiu pra ir ao banheiro, ele ficou tão incomodado quanto eu por você estar forçando uma conversa entre eles dois. Então parece que ele se importa de verdade com o Lu e isso é bom.  

— Você nem faz ideia do quanto... ele ainda é doido pelo Lucas. — Alberto revelou. — E o Mark tá respeitando o espaço dele. Eu fico feliz que mesmo eu tendo pisado na bola, tudo deu certo, no fim das contas.  

— É, a gente já conseguiu o mais difícil, se nada explodiu e conseguimos jantar em paz, então daqui pra frente vai ser mais fácil. Pelo menos, assim eu espero.  

— Mas sabe o que eu tô pensando em fazer agora? Em ir encher a hidro e abrir um espumante. — Alberto falou, se levantando da cama, esticando os braços para puxá-la para também ficar de pé.  

— Eu gostei da ideia! — Ela agarrou-o pelo quadril, recebendo um beijo safado em seu pescoço, deixando ser levada por ele.  

♚ 

Lucas acordou com o celular vibrando na mesa de cabeceira, bocejando e esfregando os olhos antes de pegar o aparelho em mãos para ver do que se tratava. Eram mensagens de Rachel perguntando se já estava acordado, além de dizer que estavam se arrumando e que sairiam para o café da manhã dali alguns minutos.  

Respondeu-a dizendo que estava prestes a levantar e assim combinou de irem comer juntos. Se arrumou e colocou uma roupa fresca, porque o clima estava mais quente do que o dia anterior, sabendo que como ainda estava cedo, aquele calor só aumentaria.  

Depois de um pouco mais de dez minutos, se encontraram no corredor, descendo até o salão. Tinha todas as opções que poderiam imaginar e coisas que nunca até tinham visto para o café da manhã, escolhendo um pouco de cada coisa que gostavam e se sentando.  

Lucas não estava muito falante naquela manhã e os amigos notaram isso, supondo algumas coisas para os possíveis motivos de ele estar assim e eles todos levavam a Marcus. Alberto não mais falava dele e Rachel comentava outras coisas sobre as atividades do hotel para que a conversa fluísse, mesmo assim, ele ainda não parecia muito empolgado. 

Terminaram de comer e Alberto levantou-se da mesa, se despedindo de ambos, dizendo que tinha que sair e não dizendo para onde, apenas que se veriam mais tarde. Lucas ficou sem entender, ainda sentado à mesa, terminando de comer a fatia de melão que estava em seu prato, dizendo: 

— O que foi isso?  

— O Al marcou de se encontrar com o Mark pra saírem e conversarem, mas ele não quis te falar que ia ver ele.  

— Ué? Desde o quando o nome dele não pode ser citado? Ele por acaso é o Lorde Voldemort? — Levantou uma das sobrancelhas, fazendo a amiga rir.  

— É que ele ainda está envergonhado com a gafe do restaurante.  

— Ah! Entendi. — Riu baixinho. — Mas eu já disse pra ele ontem que estava tudo bem...  

— Eu sei, mas ele tá com medo de errar de novo. — Ela ergueu os ombros.  

— Rach, eu queria te perguntar uma coisa. — Mudou de assunto.  

— O quê, neném? 

— Você chutou o Alberto debaixo da mesa ontem? 

— Eita! Como você sabe disso? Ele te contou?  

— Não, é porque você chutou a perna errada.  

— Hã? 

— Você acertou o você-sabe-quem e ele entendeu como um sinal meu pra me seguir até o banheiro. 

— Sério? — Ela arregalou os olhos. — Me desculpa!  

— Relaxa, eu disse pra ele que não fui eu. Mas é que eu precisava confirmar, porque achei que era só uma desculpa dele pra vir falar comigo.

— Então vocês conversaram? — Ela quis saber. — Ele tinha dito que ia se desculpar com você. Como foi? 

— Foi meio desagradável, mas eu esclareci as coisas pra ele, falei o que tinha que falar. — Resumiu, arrastando a cadeira para trás. — Acabei. Vamos? 

Ela não forçou para que ele contasse os detalhes, saindo juntos do salão e indo aos corredores, conversando sobre outras coisas sem terem combinado para onde iriam. Chegaram ao hall de entrada, com Rachel parando de caminhar, começando a dizer:  

— Ah, Luke, eu tô pensando em marcar uma massagem... A gente poderia ir junto e ficar fofocando enquanto babamos na maca por causa das mãos mágicas de alguém.  

— É uma proposta quase irresistível, mas não tô a fim, Rach.  

— Ah, poxa! Por que não? — Ela fez beicinho. — Eu não quero ir se você não for, eu quero te fazer companhia! 

— Pode marcar pra você, eu não quero, é sério. 

— Tem certeza?  

— É claro que sim! Vai! Vai marcar. — Lucas incentivou-a, indo com ela até a recepção.  

Ela marcou para o horário mais próximo, que seria dali a um pouco mais de uma hora, então saíram do hall e andaram para o cômodo ao lado, indo à uma grande sala de espera com sofás aconchegantes e vista para o mar. Sentaram-se e Lucas se pegou olhando para as janelas abertas, enquanto sentia o vento fresco entrar, fazendo as cortinas brancas esvoaçarem, era literalmente a visão do paraíso.  

— Ei, Luke. — Rachel chamou sua atenção, fazendo-o virar para si. 

— Oi? 

— Eu posso perguntar o que tá se passando nessa sua cabecinha? — Ela pediu, tirando as sandálias para cruzar os pés no sofá. — Você parece pensativo. 

— Nem eu sei direito, tem tanta coisa acontecendo... — Assumiu, voltando a olhar para as cortinas que balançavam.  

— Comece me explicando o porquê de você não querer ir ao SPA comigo. — Exigiu, vendo-o parecer inquieto.  

— É que... ah... — Suspirou, interrompendo a frase, como se precisasse de um tempo para pensar. — O problema é que... eu sei que é ele pagando.   

— Bem que eu imaginei que tinha o dedo do Lorde das Trevas, nisso. — Rachel brincou, fazendo-o rir baixinho. — Olha, eu sei que isso pode ser chato porque você não quer depender dele e tudo mais. Mas tenta se lembrar que não importa o tipo de cortesia que ele esteja dando pra gente aqui, nada vai te comprar, sua integridade não está em risco, se é o que quer saber... era sobre isso que estava pensando ou outra coisa? 

— Você acertou na mosca. — Lucas reconheceu, abrindo um sorriso fraco. — Mas é difícil... porque isso me faz pensar que eu devo satisfações a ele.  

— Não, não deve. — Ela refutou. — Não pensa assim! E se for isso que, no fim das contas, ele quiser, então ele é um babaca.  

— Eu só queria estar feliz por estar aqui, eu ainda não estou à vontade e não sei se vou ficar... São quinze dias e eu tenho medo de não conseguir aproveitar a viagem durante todo esse tempo. — Desabafou, jogando sua cabeça para trás, apoiando-se no sofá.  

— Vai melhorar, é só o primeiro dia. — Rachel confortou-o, passando a mão em seus cabelos. — Eu sei que vai dar tudo certo. Ele não vai te incomodar e se precisar de mim, eu vou estar aqui. A gente vai conseguir curtir muito e vamos ter muitas recordações boas, mas você vai ter que se esforçar um pouquinho pra isso acontecer... vai ter que conseguir relevar algumas situações pra realmente conseguir relaxar. 

— Eu sei, sei disso. — Ele encarou-a, fazendo-a interromper o cafuné por agora estar levantando a cabeça do encosto.  

— Mas é difícil, né? — Rachel completou, vendo que ele gesticulava positivamente.  

♚ 

— Me lembra depois de eu te mostrar as fotos do dia da independência, os fogos desse ano estavam lindos! — Alberto falou ao amigo, ao lado dele no banco do carro. 

— Eu queria ter passado o quatro de julho com você. — Marcus forçou um sorriso, vendo o amigo tocar sua mão. 

— Ei... eu sei que a gente perdeu muita coisa um do outro, mas eu estou aqui agora. — Acariciou os dedos dele. — E eu tô muito feliz, acordei hoje achando que tinha sido um sonho, mas não era.  

— E eu não consegui dormir direito. — Assumiu, fazendo Alberto rir.  

— Pra mim foi difícil também.  

— Acho que já chegamos. — Marcus olhou pela janela, agora retirando o cinto de segurança.  

Tinha levado um pouco mais de quinze minutos para o motorista levá-los do hotel ao campo de golfe, tendo horário para buscá-los mais tarde. Assim se apresentaram na entrada e se encaminharam ao local do primeiro buraco, já com o carrinho abastecido de seus equipamentos.  

— Aqui é muito lindo, dá pra ver o mar. — Alberto admirou, enquanto se ajeitavam para começar a jogar.  

— É mesmo, eu sempre venho pra cá quando quero relaxar. — Desligou o carrinho, escolhendo o taco de longa distância. — E vocês vieram em um bom momento, a partir do mês que vem começa a temporada de furacões.  

— Furacões? — Alberto foi pego de surpresa.  

— É, ilhas sofrem constantemente disso. Mas relaxa, é seguro. Caso aconteça, eles estão preparados.  

— Ei... — Alberto interrompeu-o, se posicionando ao lado dele, como se quisesse deixar o assunto do clima para depois. — Me fala o que tá acontecendo... por que você parece tão pra baixo?  

— Eu estou? — Apoiou o taco ao chão, franzindo o cenho.  

— Não se faz de idiota. — Deu-lhe um toque leve no ombro. — Você sabe que eu te conheço bem o suficiente pra perceber que você tá triste.  

— Não estou, Al. — Sorriu para convencê-lo, ineficientemente.  

— É por causa do Lu? — Falou, sabendo que tinha acertado na sugestão quando viu-o deixar o sorriso de lado.  

— Eu só não quero que pareça que eu não estou feliz por você estar aqui comigo, você sabe que você é a pessoa mais importante do mundo pra mim. — Encarou-o seriamente. — Nada além disso importa. 

— É claro que outras coisas importam! Os seus sentimentos importam! — Insistiu. — Se você não pode desabafar comigo, então com quem mais você pode?! Eu não vou achar que você está sendo ingrato pela minha companhia e nem te julgar, você sabe disso. 

Marcus desviou o olhar do dele, olhando para o chão por um breve instante, parecendo raciocinar, suspirando antes de voltar a encarar o amigo.  

— É que... eu não consigo parar de pensar nele. — Resmungou, soltando uma respiração pesada. 

— Eu posso imaginar. 

— Eu deveria parar de ser esperançoso, não é? — Marcus continuou, sem mais disfarçar o pesar que sentia.  

— É sempre bom ter esperança, no limite do possível. — Alberto encorajou-o. — Você não pode fazer milagres, mas pode fazer o mínimo pra que ele não saia daqui com um gosto amargo na boca.  

— É tudo o que eu mais quero, Al... ver ele feliz, mesmo que bem longe de mim. — Assumiu, comprimindo os lábios. — Se algum dia ele deixar de me odiar ou até mesmo conseguir me perdoar... nossa! É difícil conseguir imaginar esse cenário, mas é tudo o que eu mais quero.  

— Eu não duvido que isso possa acontecer. — Alberto sorriu, fazendo-o mostrar os dentes também. — Você ainda ama muito ele, né? 

Marcus sentiu uma pontada no coração com aquela pergunta, tentando controlar o impulso que sentia de chorar, espremendo os lábios em um sorriso triste, acenando positivamente com a cabeça. Não queria que aquela constatação fosse verdadeira, mas era a mais genuína que tinha assumido em toda sua vida.  

♚ 

Rachel já havia entrado para sua sessão de massagem, despedindo-se do amigo no SPA. Enquanto isso, Lucas aproveitaria dar uma volta, saindo do hotel, indo à praia logo em frente, não precisando de muitos passos para já estar próximo do mar.  

Sentia a areia grudar em seus dedos por estar de chinelos, os quais eram novos, já que antes não tinha nenhum sapato aberto. Mesmo fazendo cócegas, não era uma sensação incômoda, abaixando-se apenas para ficar descalço, pegando os calçados para agora levá-los em suas mãos. 

Apreciou a sensação da liberdade enquanto caminhava em direção ao mar, olhando para a onda que vinha, apenas esperando-a para que molhasse seus pés. Ela chegou e recuou em poucos segundos, onde ele esperou ali até sentir a próxima.  

A vista era tão magnífica, que parecia mentira, e mesmo que estivesse na mesma estação do ano e em Nova York também fizesse calor, Cancún era mais quente. 

Era bom ter aquele tempo para ficar sozinho. Podia simplesmente não pensar em nada e admirar seu rastro deixado na areia molhada, como deixar sua mente voar e começar a levá-lo para lugares que não conseguiria evitar pensar. 

Seu peito começava a apertar em um sentimento que não lhe agradava, com sua mente lhe arrebatando para o dia em que tinha aceitado a proposta de Marcus para abandonar tudo e fugirem juntos. As palavras dele não saíam de sua cabeça, revivendo a alegria tão passageira daquele dia, por logo depois ter sido apunhalado por ele.  

Ainda não acreditava que tinha se deixado levar por belas palavras, elas ecoavam e faziam com que imaginasse sua vida caso tudo tivesse dado certo lá atrás. Se Marcus tivesse relevado o que descobriu em sua gaveta, se ele tivesse sido compreensível e por último, se ele não tivesse dito o que disse, então talvez... Só talvez, poderiam estar felizes juntos nesse momento.  

Sabia que também tinha ferido o orgulho daquele homem presunçoso, tinha plena certeza de que suas palavras eram as causadoras da fúria dele. Mas mesmo assim, se ele o amava tanto quanto dizia amar, por que então não tinha sido capaz de aceitar quem ele era e o que foi obrigado a fazer? 

Olhou a paisagem mais uma vez, vendo o mar infinito e sentindo a brisa morna. Foi então que olhou para trás, vendo seus passos marcados na areia, imaginando como seria se tivesse mais um par de pegadas o acompanhando ali naquela caminhada.  

Seu coração reclamou de angústia, não queria chorar, principalmente por aquela pessoa. Era doloroso ver tudo o que teria caso tivesse dado certo, não queria continuar imaginando tudo o que poderia ter sido e tudo que estariam vivendo, doía demais ver aquela paisagem jogando tais pensamentos em sua cara. Não era justo.  

Sentiu seu queixo tremer, era difícil segurar o choro quando o peito doía exclamando por alívio, fazendo com que o loiro procurasse um lugar para se sentar. Ele se aproximou de uma parede de rochas próximas ao mar, colocando seus chinelos no topo de uma das pedras, antes de acomodar-se.  

Apoiou suas costas ali e respirou fundo, tentando retomar o fôlego em meio aquele choro constrangedor. Todas aquelas possibilidades, aquele cenário e a imagem de Marcus vinham em sua mente sem lhe dar uma trégua. Se já não restava amor ali, então por que ainda doía tanto? 

♚ 

Depois de uma hora, Lucas já se encontrava de volta com Rachel e passaram o restante do dia aproveitando os ambientes do hotel, ficaram um pouco na piscina, para depois almoçarem. Conheceram todos os salões, passando um tempo na sala de jogos brincando de pingue-pongue.  

Já estavam cansados quando pararam, recebendo uma mensagem de Alberto, que dizia estar chegando a tempo para o jantar, pois tinha passado o dia todo no campo de golfe. Depois de subirem aos seus quartos para tomarem um banho, se encontraram para jantar em um dos restaurantes do hotel.  

— E então, como foi o dia de vocês? — Alberto indagou, após falar um pouco de como foi passar a tarde jogando.  

— Ah, foi uma delícia! Eu fiz massagem logo cedinho e depois a gente deu uma volta no hotel. Nadamos um pouco e depois jogamos pingue-pongue. — Rachel respondeu entusiasmada. — E eu não tinha visto antes que tem um bar dentro da piscina! Achei a ideia genial!  

— Sério? Agora eu quero ver isso! — Alberto surpreendeu-se.  

— A minha parte preferida foi a sala de jogos, lá tinha de tudo! Eu gostei muito do caça-níquel e dos jogos de fliperama. — Lucas continuou o assunto, ao mesmo tempo que recebia a bebida que havia pedido ao garçom.  

— Eu só sei que amanhã vamos voltar naquela piscina e ficar a tarde toda! Ficamos muito pouco porque deu muita fome e paramos pra almoçar e não voltamos. Aquela velha história, né? De esperar um tempo depois de comer pra ir nadar... essas coisas de mãe que a gente nunca sabe se é verdade, mas não quer arriscar. — Ela tagarelou, rindo.  

— Ah, então amanhã vocês vão pra piscina? — Alberto indagou, como se algo lhe incomodasse. — Achei que iam fazer compras...  

— Ué, por quê? — Rachel indagou. — Você não vai ficar com o Mark? 

— Sim... — Falou, olhando de relance para Lucas, com medo de falar algo indevido. — A gente tinha falado de ir nadar um pouco amanhã, mas a gente pode fazer outra coisa.  

— Entendi... — Rachel interpretou-o rapidamente, sem questionar.  

— Gente, eu estou aqui e eu tô percebendo a cara de vocês. Não sou idiota. — O loiro retrucou. — E não quero que você mude seus planos por minha causa, Al... não vai ser nenhuma tortura estar com vocês todos amanhã na piscina só por causa do você-sabe-quem. Lá é grande o suficiente pra eu ficar em uma distância segura.  

Rachel riu e apesar de Alberto entender do que se tratava, não sabia da piada interna entre Lucas e sua noiva, apenas relevando, ficando feliz por ouvir aquilo.  

♚ 

Domingo, dia 7 de julho de 2013. 

Lucas acordou e já se arrumou para ir diretamente à academia depois do café da manhã. Sentando à mesa com os amigos e escolhendo coisas leves para comer para não atrapalhar seu treino, conversando brevemente com eles antes de se retirar, combinando de se encontrarem na piscina dali algum tempo.  

Passou pela porta da academia do hotel, vendo pouco movimento, parando seus olhos em uma pessoa específica que treinava os membros superiores. Ao perceber que era observado, Marcus pareceu travar por alguns instantes, logo olhando ao redor, pegando sua garrafa de água e toalha de rosto antes de se levantar.  

Lucas ficou onde estava, vendo-o acelerar para sair dali, passando pela porta oposta da que havia entrado, como se fugisse de sua presença. Ficou confuso por um breve momento, mas talvez ele estivesse mesmo obedecendo sua ordem do dia que haviam discutido. Era bom saber que ao menos teria paz.  

Se ajeitou para começar a treinar e em poucos minutos esqueceu-se do que havia acontecido. No entanto, era Marcus que não conseguia se distrair do fato de tê-lo visto mais uma vez, fazendo-o notar que Lucas tinha ficado ainda mais bonito, se é que aquilo era possível. 

Foi ao seu quarto para tomar uma ducha, sabendo que dali algum tempo o veria novamente, pois Alberto tinha avisado que teriam a companhia de Lucas naquela tarde na piscina. Aquilo enchia o peito dele de ansiedade, o que era ruim, já que mal tinha começado a tentar e já não estava conseguindo fazer o que Lucas pediu, jamais conseguiria fingir que ele não existia, principalmente quando ele era a pessoa que mais desejava nesse mundo todo.  

Então já próximo ao horário que tinham combinado, cobriu a sunga que vestia com um short leve de praia, pegando os óculos de sol e colocando uma regata que tiraria assim que chegasse à piscina, apenas calçando um chinelo antes de descer.  

Atravessou o saguão e encontrou-se com Alberto em uma espreguiçadeira, o amigo lhe cumprimentou e avisou de que Rachel e Lucas já estavam vindo. Marcus então aproveitou a oportunidade para sentar na cadeira ao lado dele e contar o que aconteceu de manhã. 

Continuou conversando com Alberto até ter sua atenção roubada para longe. E esse “longe” tinha nome; sobrenome e agora andava ao lado da amiga, rindo com ela, fazendo Marcus querer estar por perto apenas para ouvir o som da risada dele, de tanta saudade que sentia. Lucas abaixou os óculos escuros, que antes estavam sobre seus cabelos, deixando os fios ligeiramente bagunçados ao vesti-los.  

Marcus sentiu seu coração apertar ao ver que ele permaneceria distante, escolhendo um assento na ponta oposta a que estavam. Tentou pensar positivamente: apesar de tudo, ele estava ali. E aqueles metros que os separavam não eram suficientes para que deixasse de se interessar, observando cada parte do corpo dele, vendo-o sem camisa, apenas de bermuda. 

Era uma boa visão, não só boa, como estimulante. Não conseguia tirar os olhos dele, vendo suas coxas fortes e músculos do abdômen ligeiramente definidos, ele havia mudado e muito. Da última vez que se lembrava, ele estava magro a ponto de poder ver suas costelas, agora parecia saudável, forte e... gostoso.  

Continuava a encará-lo, vendo-o conversar com Rachel, onde agora ela abria sua bolsa, procurando algo, entregando ao loiro um livro e a embalagem do que parecia ser de um protetor solar. Viu Lucas ficar de costas, causando-lhe um arrepio que subia desde seu ventre ao se deparar com a visão do bumbum dele marcando o tecido, fazendo-o se lembrar de como gostava de apertar aquela região carnuda.  

Queria tentar disfarçar, mas simplesmente não conseguia parar de olhar para ele, principalmente ao vê-lo abrir a embalagem do protetor solar, pingando o produto em si mesmo. Pediu misericórdia mentalmente ao vê-lo espalhar o líquido branco em seu abdômen e depois seguir para as pernas, apoiando uma delas na cadeira ao lado, deixando seu bumbum ligeiramente arrebitado enquanto esfregava suas coxas lisas, percebendo também que o loiro estava totalmente depilado, pedindo mais uma vez para que ele tivesse piedade de si.  

Lucas terminou de passar o produto onde conseguia alcançar, pedindo ajuda de Rachel na única região que faltava. Ela despejou protetor em sua mão antes de começar a espalhar em suas costas, sendo rápida, fechando a embalagem e lhe dando um rápido beijo na bochecha, parecendo se despedir. Marcus só queria trocar de lugar com ela naqueles poucos segundos em que ela o tocou, daria tudo pra poder sentir a pele dele novamente. Ela saiu e, mais uma vez, só tinha olhos pra ele, vendo-o pegar o livro e deitar-se na espreguiçadeira para começar a ler.  

— Fecha a boca, pelo menos. — Alberto chamou sua atenção, rindo. — Daqui a pouco vai estar babando.  

Marcus mal conseguiu rir com aquilo, pois no pouco tempo que recuperou sua consciência, percebeu o volume exagerado em sua bermuda, sentindo-se desconfortável por estar ao lado do amigo, com a situação apenas piorando com a chegada de Rachel, que encarou-o no exato momento em que ele tentava cruzar a perna para disfarçar.  

Percebeu a súbita mudança de direção no olhar dela, vendo-a parecer em choque, tendo certeza naquele momento de que ela tinha visto sua ereção. Engoliu em seco, vendo-a disfarçar e ir até Alberto, dividindo o espaço com ele, sentando ao lado do noivo e lhe dando um beijo.  

Marcus tentou urgentemente se distrair, porque não conseguiria levantar naquele estado, começando a pensar em coisas nojentas, tristes, perturbadoras e todas elas ao mesmo tempo quando percebeu que estava demorando para aliviar aquela tensão no meio de suas pernas. 

Parecia ter levado uma eternidade, mas conseguiu fazer com que o sangue voltasse ao resto do corpo. O lado ruim disso, é que não podia negar que estava sendo constrangedor desde a chegada de Rachel.  

Conforme o tempo foi passando, ficava um pouco mais fácil de conviver com aquela situação, principalmente quando foram à piscina. Conseguia distrair-se ao nadar, mas mesmo assim, não demorava muito e logo voltava a se lembrar do ocorrido, ao menos, não com frequência suficiente para que quisesse cavar um buraco e se esconder.  

Cerca de umas duas horas depois, Marcus notou que Lucas ia embora, ficando na expectativa para que ele voltasse e fosse ao restaurante com eles. O que não aconteceu, então ainda enrolados nos roupões que pegaram na saída da piscina, se sentaram em uma das mesas externas perto do bar, com um garçom de prontidão para atendê-los, levando os cardápios, dizendo: 

— Posso sugerir a vocês o especial do dia? Nosso chef preparou uma seleção de pratos argentinos, temos as clássicas linguiças: choripán, chouriço... 

Marcus e Rachel interromperam-no ao mesmo tempo, exclamando um rápido e sonoro: 

— Não!  

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Vocês também conseguiram sentir a vergonha alheia por eles nesse fim de cap? Porque eu sim! kkkkk
Obs: para caso queiram reler os capítulos que acontece a proposta do Marcus para Lucas fugir com ele, são os capítulos 14 e 15.