Stranger escrita por Okay


Capítulo 20
Chamadas.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 09/04/2019



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Capítulo 20 — Chamadas.

— Amor, me desculpa a demora... — Gustave recebeu um beijo de Lucas, após sua entrada no carro. — O trânsito estava uma loucura.

— Tudo bem, Gus. — O loiro forçou um sorriso.

— Tudo bem, mesmo? Sua cara não diz isso. — Indagou, acelerando para partirem dali.

— Hoje o dia foi corrido, só isso.

Gustave percebeu que o desconforto que já algum tempo tomava conta de Lucas, parecia ter crescido. A morte daquele homem tão importante para ele com certeza deixaria marcas que mesmo que se esforçasse, não conseguiria apagar.

Após mais algum tempo de trânsito, passaram pela porta do apartamento e como já era de rotina, caíram ao sofá. O loiro ainda incomodava o namorado com sua expressão cansada, que mesmo sem reparar, esboçava constantemente.

— Ei... Lu, caso queira conversar, sabe que pode falar qualquer coisa comigo, não sabe?

— Sei sim. — Lucas sorriu. — Mas eu estou bem, é sério. Só estou cansado.

— Eu me preocupo com você. — Gustave levou sua mão ao rosto dele, levantando-o para lhe dar um selinho. — Eu estou aqui, você não está sozinho.

O loiro sabia que ele era a pessoa que mais podia confiar no mundo, no entanto, não queria contar sobre a ameaça que recebeu, muito provavelmente Bob apenas estaria lhe chantageando para lhe aflingir, não estaria correndo real perigo enquanto estivesse longe de seu antigo apartamento.

Viram as notícias mais recentes na televisão e nada comentaram sobre o noticiário do dia anterior, ambos sabiam que aquele era um limite que não queriam ultrapassar. Fizeram o jantar e comeram enquanto comentavam sobre o trabalho e nada mais, menos animados como o de costume.

Apesar de continuar em silêncio sobre Marcus, Gustave sabia que o namorado estava de luto por ele, era muito visível a diferença no humor de Lucas, pois normalmente ele era o mais brincalhão e o fazia rir o tempo todo.

Naquela noite, o loiro insistiu para que tomassem banho juntos, agarrando-o e despindo-o com a mesma velocidade com que entraram no box. Beijou o namorado debaixo d’água antes mesmo que ele pegasse o sabonete, queria o corpo dele junto ao seu com desespero, enfiando suas mãos em meio aos cabelos de Gus, sugando a língua dele de forma que o fizesse suspirar.

Ao se afastarem, Gustave ensaboou-se, também passando a espuma pelo corpo de Lucas, levando o banho adiante, vendo-o agonizar-se de excitação. Gus reparava que ele parecia cada vez mais ansioso para que terminassem e se enxaguassem, demonstrando que não esperaria para irem ao quarto.

O loiro foi apalpado em todas as regiões enquanto era lavado por ele, respirando pesadamente, segurando a vontade de interrompê-lo para começar com seus desejos sórdidos. Teve um pouco mais de paciência, vendo-o terminar de se lavar por completo, tendo a água mais uma vez envolvendo-os.

Lucas mal esperou e fez com que ele deixasse o sabonete de lado, virando-se de costas para o namorado e chocando a parte traseira de seu corpo com a excitação dele. Encurvou as costas o máximo que conseguiu, sendo o suficiente para que sentisse o que queria roçar em sua entrada.

— Amor... Nós nunca fizemos sem camisinha. — Gustave murmurou, não dando continuidade. — Tem certeza?

— Me fode logo! — Apoiou as mãos escorregadias na parede.

Apesar de estar hipnotizado pela visão maravilhosa das costas e do bumbum arrebitado, colocou as mãos ao quadril dele, forçando-o a ficar ereto e a virar para si. O loiro não entendeu de início, olhando atordoado para ele, antes de ser abraçado com força.

— Eu te amo. — Gustave falou, contra a pele molhada do pescoço dele. — Eu não quero que você se force a nada.

— Por que você acha que eu estou me forçando? — Reclamou.

— Vem se enxugar, tá frio. — Pegou duas toalhas, deixando uma sobre o ombro dele.

— O que aconteceu, Gus? — Seguiu-o ao quarto. — Eu realmente queria, você não?

— Não é que eu não queira, eu só acho que transar sem camisinha é um passo grande demais para se dar assim sem pensar direito. — Gustave explicou, sentando-se na cama.

— Entendi, tudo bem... Onde você guardou os preservativos que compramos?

— Ei, olha pra mim. — Pediu, segurando as mãos dele. — Você não tem que fingir que está tudo bem, a gente não tem que fazer sexo toda noite, não tem que tornar isso uma obrigação. Você tem que relaxar, Lu.

Apesar daquelas informações, o loiro parecia estar com a cabeça vazia nesse momento, sem saber o que responder. De algum modo, uma pontada lhe acertou com aquelas palavras, sabia que ele estava certo, mas não admitiria tão cedo que aquelas eram as reais circunstâncias.

Ainda com toalha, sentou-se na cama ao lado dele. Lucas foi puxado para um abraço, apoiando sua cabeça naquele ombro reconfortante. Apenas queria continuar ali e poder se sentir seguro para sempre, mas temia o que viria a seguir, não bastasse a situação que lhe atingiu em cheio na noite anterior, a ameaça tinha lhe abalado por completo.

Mesmo sem perceber quando começou, uma lágrima escorreu pela bochecha rosada do loiro, levando-o a fungar. Gustave esfregou as costas de seu amor, sabendo que ele precisava ter que chorar em algum momento, pois até onde sabia, era a primeira vez que ele desabava em prantos desde a notícia.

Apesar de Gustave se sentir egoísta por não deixar de se enciumar, tinha noção de que aquela situação não deveria ser nada fácil para Lucas. Ninguém na vida ensinava a lidar com a morte precoce de alguém que havíamos amado tão verdadeiramente.

— Eu falei com o Alberto hoje. — O loiro quebrou o silêncio.

— O Alberto é o supervisor, né? Lembro de você falar que eles eram amigos.

— Sim. —  Confirmou, fungando mais uma vez, levantando a cabeça de seu ombro.

— E então?

— Ele me disse que não teve velório... Nenhuma cerimônia sequer.

— Sério? — Gustave assustou-se. — Mas por quê?

— Bom, eu não sei direito, mas sei que o Marcus não tinha mais nenhum familiar, então... É isso. — Falou, suspirando. — Acabou assim, sem despedidas.  

— Isso é bem triste, ainda bem que ele teve um amigo verdadeiro.

— Sim, ele tinha o Alberto... — Concordou, com pesar em sua expressão. — Mas isso não é vida. Pelo o que eu soube, o Al também não tinha mais ninguém tão próximo quanto ele, os dois eram tudo um do outro...

— Eu nem consigo imaginar o que o Alberto está sentindo. — Gus parou para acariciar as bochechas úmidas do loiro.

— Eu me sinto péssimo por ele, me dói o coração só de imaginar.

— Relaxa, amor, vai ser difícil, mas ele vai conseguir. — Acariciou mais uma vez o rosto macio de Lucas. — Ele tem uma pessoa maravilhosa como você por perto, quem melhor do que você com as palavras para animar alguém? Você é a razão da minha alegria, faça ele feliz metade do que você me faz e ele ficará bem.

O loiro abriu um sorriso envergonhado, recebendo um beijo delicado na testa.

— Coloca o seu pijama e escolhe um filme porque eu vou fazer um chocolate quente para nós, tudo bem? — Gustave levantou-se, pondo rapidamente a primeira bermuda que encontrou, sem antes mesmo vestir a cueca.

Poucas horas depois, Lucas acordava bruscamente do que não sabia se tinha sido um sonho ou pesadelo, apenas havia dado um pulo e com isso, arregalado os olhos. Ao perder completamente o sono, olhou ao lado, vendo o sono profundo de Gustave, em seguida viu que horas eram, estando há três horas de o despertador tocar.

Se esforçou para que voltasse a pegar no sono, mas nenhuma posição, nem nada que fizesse, lhe tirava aquela energia, sentia-se totalmente descansado mesmo tendo dormido pouco.

Sem perceber, pegou-se apenas ouvindo os sons de cada coisa que se movimentava, tanto lá fora, assim como dentro do apartamento, onde ouvia os suspiros lentos do namorado enquanto ele dormia, os estalos da geladeira, ruídos que não identificava, enfim, nada parecia contribuir para que ele pegasse no sono.

Demorou até que Lucas tomasse a coragem de levantar, apenas a vontade de ir ao banheiro fez com que saísse da cama, para onde ele então foi e aproveitou para se arrumar, já que faltava pouco tempo até o despertador tocar.

Já arrumado para o trabalho e com tempo de sobra para tomar um bom café da manhã, ligou a cafeteira e colocou pães de forma na torradeira. Enquanto esperava, assustou-se com o vulto do namorado, vendo-o coçar os olhos e aproximar-se, dizendo:

— Nossa, você acordou cedo!

— Eu dormi bem essa noite. — Lucas disfarçou, sorrindo fracamente.

— Que bom. — Aproximou-se mais, dando-lhe um selinho. — Você está lindo como sempre... Eu vou lá me arrumar também.

— Não demora, senão o café vai esfriar. — O loiro avisou, pegando uma caneca para si.

— Bom trabalho, amor. — Gustave estacionou próximo à livraria.

— Obrigado, você também. — Lucas deu-lhe um beijo lento. — Até mais tarde.

Desceu e entrou na livraria com uma sensação ruim no peito, indo começar o seu trabalho torcendo para que aquele fosse um dia bom e produtivo, pois detestava ficar sem ter o que fazer, uma mente vazia era uma grande porta para entrada de pensamentos negativos e aquilo era tudo que não precisava.

Seu dia começou não muito diferente dos outros, a única coisa que mudava, era a sua paranoia, estava olhando para todos os lados, de vez em quando vendo o rosto de Bob em outras pessoas, seu coração estava inquieto.

A sensação não melhorou quando perto do almoço, seu celular vibrava no bolso e assim que pegou-o, sentiu um embrulho no estômago, um número privado ligava novamente. Sem pensar duas vezes, desligou a ligação sem atender, sentindo suas mãos ficarem trêmulas.

Quando novamente a ligação do número desconhecido tornou a chamar, Lucas sentiu a tremedeira ir para suas pernas, desligando o aparelho completamente e sentando-se em um dos bancos perto do balcão.

— Oi, Lucas, eu estava te procurando! — Alberto aproximou-se, percebendo que tinha lhe assustado.

— Ah, oi. — O loiro respondeu, virando-se para ele, o que fez com que ele percebesse sua palidez. — Precisa de ajuda?

— Na verdade, eu ia te chamar pra almoçar comigo.

— Obrigado pelo convite, mas eu estou sem fome, Al.

— Você parece cansado, vem dar uma pausa. — Insistiu. — Eu pago.

— Que isso, não precisa mesmo.

— Então só vem comigo, eu estou precisando desabafar com alguém.

— Se é por isso, então eu vou. — Sorriu, levantando-se.

Eles saíram da livraria e não andaram muito até chegarem ao restaurante que Alberto gostava de almoçar. Lucas, que não estava com apetite, apenas pediu uma água.

— Você está melhor, Al? O que você está sentindo?

— Eu não sei te responder direito, não sei descrever o que eu estou sentindo, sabe? Além disso, não há um só dia em que eu não pense na última conversa que eu tive com o Marcus... — Suspirou. — A todo momento eu me pego pensando no que eu disse para ele: “não vá viajar a noite, é perigoso”. Já até sonhei com ele realmente ficando e esperando pela manhã para sair de carro.

— Eu posso ser a pior pessoa do mundo para dizer isso, principalmente porque eu também faço o mesmo, mas você não pode se arrepender de algo que já aconteceu, Al. Sei que está triste, mas por favor, você não deve se culpar jamais pelo o que houve com ele. — Falou, com sinceridade.

— O pior é que eu sei disso, mas ainda assim, meu coração fica apertado todos os dias, quando não é isso, eu me pego mandando mensagem para ele, esquecendo totalmente que ele não vai ler os recados... É ruim demais.

— Sei que isso pode não amenizar o seu sofrimento, mas quando quiser mandar uma mensagem para ele, querendo contar algo do seu dia ou qualquer outra coisa, manda uma mensagem para mim. Pode ser?

— Eu não quero te incomodar com isso, já não basta eu estar sendo repetitivo demais, só falando disso com você.

— Não, por favor, não pensa nisso. Você tem o meu número e quando tiver vontade, pode me mandar mensagem que eu vou responder assim que eu puder. — O loiro afirmou. — Inclusive eu vou ficar muito feliz se você me der esse voto de confiança para ser seu amigo.

— Obrigado. — Alberto sorriu com sinceridade.

— Não precisa agradecer. — Lucas retribuiu o sorriso.

Por fim, Lucas também pediu um prato e ambos comeram juntos, mudando totalmente de assunto, ora falando dos clientes exigentes, ora falando de coisas banais que tinham em comum.

Lucas percebeu que Alberto parecia mais aliviado toda vez que conversava consigo, era bom saber que ele lhe dava confiança para conversarem de assuntos tão pessoais. Assim voltaram para a livraria e Alberto lhe agradeceu mais uma vez pela conversa, voltando ao trabalho, enquanto o loiro mal teve tempo de respondê-lo, enquanto era puxado por Camille.

Como havia um bom tempo desde a última vez que conversaram, Lucas estava curioso para saber o que ela queria dizer, indo para um canto com ela, que apressadamente, disse:

— Ligaram enquanto você estava no almoço, deixaram recado.

— Que recado? — Lucas quis saber.

— Um cliente, ele não se apresentou, mas falou que queria falar contigo, disse que você saberia muito bem do que se trata. — Ela cruzou os braços. — Pelo jeito parecia bravo.

— Ah, eu não sei quem pode ser. — Quis desviar dela.

— Mas ele deixou bem claro que você teria certeza de quem era. — Ela soltou um sorriso debochado. — Pela pressa dele, tenho certeza que muito em breve vai aparecer por aqui. Estou louca para ver um bom barraco.

— Eu acho que ele está muito enganado, não tenho pendência com nenhum cliente. — Falou, seriamente, já imaginando quem era na ligação. — Ele deve ter confundido o funcionário.

— Não sei o que você está escondendo, mas eu sei que esse cliente estava aparentemente muito estressado. Ficou bem claro de que você está devendo algo para ele. — Ela encarou-o, de modo desafiador. — Tenho certeza que você não está atendendo as pessoas direito, eu nem sei como você ainda está trabalhando aqui! Você devia ter vergonha... Acha que eu não reparo que você fica puxando o saco do Alberto? Mas esquece, na primeira pisada de bola que você der, eu vou fazer de tudo pra você sair por aquelas portas e nunca mais voltar!

O loiro não respondeu, apenas observando-a sair com satisfação de tê-lo provocado, mal sabendo ela que tinha conseguido muito mais que aquilo. Agora Lucas estava aterrorizado, Bob sabia onde ele trabalhava.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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