Stranger escrita por Okay


Capítulo 17
Plano.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 26/10/2018



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Capítulo 17 — Plano.

— Me defender? — Lucas indagou, vendo os olhos de Gustave brilharem. — Depois de tudo isso que eu te disse você ainda quer ficar perto de mim?

— Não só perto de você, mas com você, Lu. — Agarrou as mãos do loiro. — Isso não me faz querer te abandonar. Eu te adoro ainda mais por isso.

— Gus...

— Olha pra mim. — Pediu, vendo-o erguer a cabeça. — Se você prometer que continuará se abrindo comigo, eu vou continuar por aqui para o que você precisar.

— Eu já te disse que você é um amor, não disse? — Lucas sorriu, sendo puxado para um abraço.

— Eu quero fazer parte da sua vida, Lu. — Gustave sussurrou.

Querendo desligar-se do mundo, Marcus abandonou o aparelho celular em seu quarto. Passou a manhã e tarde torrando suas energias nas máquinas da academia de seu prédio. Comeu pouco e tomou suplementos para não sentir fraqueza, pois nem apetite tinha.

A dor de malhação pelo corpo todo era sempre satisfatória, mas o moreno desejava que fosse a única dor que estivesse sentindo. Seu peito também doía e daquela dor não conseguia se livrar. Precisava desabafar, mas por mais que quisesse o amigo por perto, ainda não estava pronto para se abrir com Alberto sobre o que tinha acontecido, sentia-se envergonhado.

Estava completamente sozinho naquele momento e tudo o que precisava, era de um banho. Subiu ao seu apartamento, precisava relaxar e talvez as espumas da hidromassagem pudessem fazer aquilo por ele.

Preparou a água com sais minerais e espuma. Não muito tempo depois, entrou, sentindo seu corpo todo ser abraçado pela água morna e foi aconchegado pelos jatos focalizados em seus músculos retesados.

Jogou a cabeça para trás, deitando-a ao apoio acolchoado, tentava esvaziar a mente, porém era difícil quando o loiro era a única coisa que não conseguia esquecer. Respirou fundo, não queria admitir que estava desolado.

Seu braço esquerdo lhe chamou a atenção quando seus músculos começaram a repuxar lhe causando dor. Levou a mão direita até onde doía, massageando o local inchado pelo exercício. E mesmo com a dor, olhar para a tatuagem ali presente fez com que Lucas voltasse em sua mente, nem mesmo uma câimbra tirava-o de sua cabeça.

Os olhos azuis do loiro eram sempre marcantes, mas no último dia que passou com ele, Lucas havia se superado, tinha definitivamente ganhado todo o seu coração. Infelizmente, com a mesma velocidade com que se envolveu, foi decepcionado por ele, se sentia traído.

Suspirou, não querendo lembrar-se dele, mas infelizmente ele era a maior razão para o que sentia agora. Era estranho perder todos os seus propósitos daquela maneira, antes não conseguia imaginar seu mundo sem Lucas e agora teria que encarar as coisas sem o loiro.

Sabia que iria sobreviver, tinha que sobreviver. Passou anos e anos longe dele e aguentaria mais uma vez, mesmo que dessa vez fosse de modo definitivo.

Olhou para sua tatuagem mais uma vez, lembrando-se não apenas da expressão de Lucas quando a reconheceu, mas também de quando ele a viu pela primeira vez, com os olhos assustados de um adolescente indefeso. Era como se naquele momento sentisse o toque dele novamente ali, passando suavemente os dedos pela sua pele.

Não podia negar que quando o conheceu caiu perdidamente em um caminho sem volta, aqueles olhos azuis tinham lhe ganhado desde o primeiro instante. Recordou-se também de quando percebeu que a confiança de Lucas em si era suficiente para que ele lhe contasse de toda a sua vida. Nesse momento em que o conheceu de verdade, queria livrá-lo de todo mal do mundo, queria roubá-lo e tê-lo pelo resto da vida só para si.

Era uma loucura, sabia disso, Alberto anos atrás já tinha lhe dito que aquilo poderia colocá-lo em mais confusões do que já estava metido. O amigo sempre havia sido sensato, mesmo assim, quando insistiu em continuar indo atrás de Lucas, ele não o oprimiu, sempre esteve ali para lhe ouvir, era um amigo e tanto.

Os jatos continuavam a envolver o corpo de Marcus e o barulho da água lhe embalava em mais lembranças. Pegou-se pensando nas noites de festa da casa noturna onde manteve-se indo para ver Lucas, nunca antes imaginou que agradeceria aos colegas de trabalho por ter um dia ter empurrado-o para lá.

Um dos maiores pilantras que já havia conhecido era Lars, hierarquicamente falando, ele estava um nível acima e por mais que Marcus reclamasse por estar no departamento de investigações e caça recompensas da organização, poderia ser pior, poderia estar envolvido com a parte mais suja e a pior raça daquele covil de cobras, o tráfico de drogas, no qual Lars era muito bom. 

O colega de trabalho era um filho da puta bem colocado, ardiloso e prestativo no que fazia, não se sentia nem um pouco arrependido por tirar vidas. Basicamente queria se tornar o queridinho e subir cada vez mais na organização a qualquer custo. Já Marcus apenas queria parar de ter que perseguir pessoas boas para cobrar o que deviam, era doloroso saber que apesar de nunca ter derramado uma gota de sangue por aquela facção, suas mãos estavam sujas. 

Elas se sujaram nas cordas em que amarrava as vítimas; se sujaram nos lenços e nas seringas de sedativos com as quais as derrubava; se sujaram ao abrir o porta-malas em frente aos membros de facção que dariam fim ao sofrimento da pessoa que estivesse ali dentro. Havia mais sangue inocente em suas mãos do que gostaria de admitir.

Lars tinha uma obsessão em particular por aquela casa noturna onde encontrou Lucas e enquanto não fez todos os colegas de trabalho o acompanharem até a boate, não descansou. Quando insistiu para que Marcus fosse com ele, o convenceu ganhando-o pelo cansaço, dizendo que apenas pararia de chamá-lo caso ele fosse. E assim obedeceu-o, ouvindo que não se arrependeria e realmente o moreno não havia se arrependido, porém, não pelos mesmos propósitos.

Marcus conheceu muitas pessoas boas ali, muitas mulheres injustiçadas, moças jovens como Lucas, que também foram raptadas. Conheceu pessoas sem escolhas, mas de todas elas, não conseguiu deixar de se envolver com o loiro que ganhou seu coração no primeiro momento.

Assim como Lars havia indicado, levou dinheiro vivo, era o que aquele pessoal gostava, davam privilégios para envelopes cheios e fechados e aquilo tinham de sobra. A organização pagava bem os funcionários fiéis, caso eles assim quisessem ser ou não.

Levou dinheiro de sobra a fim de se divertir, mas como não sabia que o cenário da boate verdadeiro era de tráfico de pessoas, foi com outras intenções em mente. Quando realmente soube do que se passava por ali, quis ajudar, custando o que custasse.

Apesar de Marcus ter namorado mais mulheres que homens em toda sua vida, seus colegas de trabalho sabiam que era bissexual. Ouvia quase todos os dias piadas infames sobre aquilo, mas não dava a mínima. Com aquilo, não deixou de mostrar seu interesse pelo loiro e mesmo que todos que fossem com ele à casa noturna soubessem, não deixou as piadas lhe afastarem de seu rapaz.

Queria não se lembrar de quando percebeu que estava apaixonado por ele, Lucas ganhou seu coração de tal forma que não conseguia deixar de ir visitá-lo. Principalmente porque ele precisava de proteção, precisava de sua companhia.

Todos os milhares de dólares gastos com as horas com seu rapaz, eram mínimos comparado ao bem que o loiro lhe fazia. Quando estava com ele, esquecia-se até de onde estavam e talvez essa tenha sido sua ruína, pois não conseguia deixar de se culpar por ter prometido uma vida melhor para aquele garoto.

Não queria ter causado uma falsa esperança. Nunca imaginou que quebraria uma promessa em sua vida, mas tinha que assumir que agora não tinha como voltar atrás, o rapaz que conheceu anos atrás não era o mesmo Lucas dos dias de hoje.

Marcus não queria estar tão mexido, não queria se emocionar com as lembranças, mas também não conseguia parar de pensar na possibilidade de voltar correndo para os braços daquele traficantezinho de beijo bom.

Suspirou mais uma vez, molhando os cabelos e jogando a cabeça para trás. A ironia daquilo tudo era que queria ser consolado por quem havia o magoado, queria a companhia dele ali, queria o corpo nu dele colado ao seu.

O pior de tudo era que aquele pilantra ainda tinha seu coração em mãos e parecia gostar disso, ele parecia saber manipulá-lo muito bem. Porque por mais que recusasse suas aproximações, sempre tinha um jeito de deixá-lo em suas mãos, bastava ele piscar os olhos azuis para estar de joelhos por ele.

Achava uma crueldade o que ele havia feito consigo. Por mais que não demonstrasse, seu coração era frágil e sempre tentava internalizar tudo o que sentia para nunca transparecer suas fraquezas. E naquele momento, particularmente estava derrotado, pensando nas consequências da decisão que tomaria dali em diante.

Vestiu um roupão após o banho, andando pela sala onde a mobília escura contrastava com a luz que vinha da grande janela que se abria para a sacada. A cobertura onde o moreno morava era um local aconchegante, moderno e de um padrão de vida alto.

Olhou para a estante de livros que tomava uma parede cheia, tantos livros de época como atuais estavam presentes ali, nada mais daquilo iria lhe pertencer, não queria mais nada daquela vida, tudo ficaria para trás. As obras de arte, o carro, todos os seus pertences, mais nada daquilo tinha valor.

Pegou seu celular que estava sobre a mesa de centro. Verificou as mensagens acumuladas do amigo, ele parecia estar tão ansioso quanto a si mesmo para conversar. Selecionou o contato dele, colocando o celular ao ouvido.

— Alô?

— Oi, Al. Eu preciso te ver hoje, posso ir aí?

— Eu estava esperando você me responder, é claro que pode.

— Não vou te atrapalhar?

— Não, fica tranquilo, pode vir, até porque eu queria mesmo falar com você, eu estava preocupado.

— Então eu estou indo, daqui uns vinte ou trinta minutos eu chego.

Assim que Marcus desligou a ligação, foi ao seu quarto, tirando o roupão e colocando uma roupa casual para ir visitar o amigo. Ainda dentro do closet, empurrou uns cabides para o lado e em um fundo falso na parede de gesso, colocou a senha em seu cofre e retirou de dentro dele uma maleta velha.

Jogou-a em sua cama, abrindo-a para conferir seu conteúdo. Suas economias de anos em dinheiro vivo estavam reunidas ali. Precisou retirar uma boa quantia para o que tinha em mente e tornou a fechá-la. Buscou uma mochila, levaria a maleta para um local seguro, pois daquele dia em diante colocaria o seu plano em prática. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Bom, não esqueça de me contar abaixo o que achou do capítulo!