Stranger escrita por Okay


Capítulo 14
Promessa.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 12/09/2018



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Capítulo 14 — Promessa.

Após suas respirações se acalmarem, tomaram suas roupas íntimas do chão, vestindo suas cuecas para assim se deitarem de novo. Pela cama de solteiro não ter espaço suficiente, Lucas repousava a cabeça sobre o peito de Marcus, deitado de lado, enquanto suas costas nuas eram alisadas por ele.

— Ainda bem que amanhã é sábado. — O loiro suspirou, apoiando o queixo ao tórax dele, encarando-o. — Você trabalha amanhã?

— Não. — Subiu a mão que o acariciava, agora lhe dando um cafuné.

— Que bom... — Fechou os olhos. — Você quer passar a noite aqui?

— Eu adoraria. — Marcus sorriu, vendo a expressão angelical que ele esboçava.

— Aqui não tem muito espaço, mas fica à vontade. — Abriu os olhos, encarando-o mais uma vez.

— Ficar agarradinho com você é a melhor parte disso tudo. — O moreno rebateu, percebendo que agora a atenção dele era voltada ao seu braço esquerdo. — O que foi?

— Eu me lembro do dia que você disse o significado dela. — Os dedos de Lucas brincavam pela tatuagem, afagando a pele dele, parecendo nostálgico.

— Sério?

— Você disse que sua mãe era fissurada por signos e te falava sobre o seu, que é escorpião com ascendente em sagitário. — Lucas afirmou, sorrindo. — Aí você teve a ideia de fazer a tatuagem em homenagem a ela... É isso?

— Caramba, você se lembra mesmo. — Marcus encarou-o, surpreso.

— Foi uma das coisas suas que mais me marcou. — Acariciou o braço musculoso, subindo os dedos para o rosto dele. — Seu cabelo agora tá mais parecido com o que era antes também. Quando eu te vi com o cabelo comprido e barba crescida eu jamais te associaria com o Wayne... Mas apesar de tudo, você fica bem dos dois jeitos.

— Até agora me arrependo de não ter sido claro com você desde o primeiro dia. — O moreno assumiu, sentindo toques em sua bochecha, onde parou para beijar a mão dele.

— Tudo bem, você já disse que pensou que eu estava me fazendo de difícil. — Lucas riu baixinho. — Não é sua culpa.

— Isso é tão surreal. — Aconchegou-o para mais perto. — Toda vez que eu me lembro do que a gente teve, nem parece que faz tanto tempo, ainda é tão forte o que eu sinto por você que eu sinto como se o tempo não tivesse passado... Você me marcou de um jeito que eu não sei explicar.

— Eu também não consigo. — O loiro concordou. — E o mais doido é que naquela época só ficamos juntos por dois meses. Dois meses bem intensos.

— Nem me diga.  — Marcus continuou. — Eu nunca quis proteger alguém do mundo quanto eu queria te proteger naquela época, ainda bem que você conseguiu se virar sozinho.

— Mais ou menos, também foi com ajuda que saí de lá, eu não conseguiria totalmente sozinho. — Lucas afirmou.

— De qualquer forma, eu te procurei por muito tempo depois daquilo e não tive mais notícias suas, só queria saber se você estava bem, eu não sabia se ficava feliz ou preocupado por você estar longe de lá. — O moreno tocou-lhe na bochecha, vendo-o sorrir. — Bom, mesmo que tenha demorado, eu estou feliz demais por ter te achado.

— Eu também estou feliz por você ter me encontrado, apesar de você ter me dado um pouco de medo no começo. — Riu. — Mas tá tudo bem.

Marcus percebeu que o olhar dele era sincero, jamais em sua vida imaginou um momento mais perfeito que aquele, muito menos que seria como um presente de aniversário. Se esforçaria para dali em diante nunca mais se separarem e se dependesse de si, nunca mais iriam.

Lucas viu a expressão relaxada do moreno, dando-lhe paz interior, fazendo com que deitasse a cabeça novamente em seu tórax, ouvindo o coração dele bater. Pensava em como teriam sido as coisas caso anos atrás tivesse sido resgatado por Marcus do lugar horroroso em que estava. Tudo provavelmente estaria muito diferente hoje, só não sabia dizer o quanto.

Mesmo assim, aproveitou o silêncio. Ambos ouviam apenas os quase imperceptíveis sons dos carros lá fora, que se tornou a sinfonia que embalou o sono deles naquela noite.

Sábado, 10 de novembro de 2012.

— Bom dia. — Lucas espreguiçou-se, vendo Marcus bocejar.

— Mais do que bom, um ótimo dia. — O moreno agarrou-o, fazendo-o se deitar na cama novamente, com ele rindo de sua barba curta roçando em seu pescoço.  

— Chega, chega, deixa eu levantar. — O loiro ria.

— Não, fica aqui comigo. — Distribuiu beijos curtos e rápidos pela pele dele.

— Vem, levanta, vamos escovar os dentes e comer alguma coisa. — O loiro desvencilhou-se dos braços dele, conseguindo se sentar na cama.

— Deita aqui comigo, só mais um pouquinho.

— A gente come e depois deitamos de novo, pode ser? — Lucas negociou, vendo-o sorrir, aceitando sua proposta.

O loiro usou o banheiro primeiro, indo preparar o café enquanto Marcus levantava da cama e ia escovar os dentes em seguida. Lucas foi pego de surpresa por um abraço pelas costas, sentindo o rosto dele gelado em seu cangote.

Foi atraído pelo bom hálito, ficando de frente para ele, jogando-se na ponta dos pés para beijá-lo, levando uma das mãos aos cabelos curtos do moreno. Sentiu os toques dele descerem pelo seu corpo, que o trazia para perto.

Ainda não tinha se trocado e Marcus também não, onde ambos sentiam o corpo um do outro por estarem apenas de roupa íntima. Estava frio e o aquecedor na região da cozinha não era dos melhores, então ficavam arrepiados, mas não somente por não estarem agasalhados.

— Achei que você iria se trocar. — Lucas afirmou, com os lábios dele roçando aos seus.

— Você disse que a gente iria voltar pra cama. — Riu, percebendo a resposta nas partes baixas do corpo dele. — E você também não se trocou.

— Eu estou fazendo o café. — O loiro virou-se, dando-lhe as costas.

— Ah, sim, prioridades. — Marcus falou, vendo-o soltar uma risada gostosa. — Mas então, o que você planeja fazer hoje?

— Sinceramente? Nada. — Colocou o bule de lado, servindo duas canecas com café. — Eu fiz sem açúcar porque lembrei que você não toma com.

— Ah, obrigado por se preocupar. — Recebeu uma caneca dele.

— Quero te ajudar a manter a forma. — Lucas tomou um gole de café, após passar os olhos pelo abdômen dele. — É covardia você sair andando pela casa assim, sabia?

— Covardia? — Riu, vendo-o ficar envergonhado e desviar o olhar. — Como assim?

— Deixa, deixa quieto. — Falou com timidez, em seguida ouvindo seu celular próximo dali, tentando descobrir onde o aparelho se encontrava.

— Tá ali no balcão. — O moreno apontou.

— Deve ser o Gus! — Correu pegar o celular. 

— É o namoradinho?

— Ai meu Deus... Eu atendo? — Lucas parecia confuso. — O que eu vou falar pra ele?

— Quer que eu atenda e fale que você está no banho?

— Assim na lata? Eu não quero magoar ele.

— Então fala que depois vocês se conversam, sei lá.

— Não fala nada. Espera que eu vou atender. — O loiro engoliu em seco. — Alô? Oi, Gus... Me desculpa mesmo, ontem eu acabei dormindo cedo e não vi as suas mensagens. Tá tudo bem sim... Ah, hoje? Eu estava pensando em fazer uma faxina. Não, não precisa me ajudar, é sério... Ah, tudo bem... Depois eu te ligo, tá bom? Beijo... Até depois.

— Faxina? — Marcus ergueu uma das sobrancelhas.

— Foi o melhor que eu consegui pensar pra manter ele longe daqui.

— Você não fala “te amo” antes de desligar? Que cruel.

— Eu nunca falei que amava ele. — Lançou um olhar frio a Marcus. — Na realidade, eu acho que nunca falei pra ninguém.

— Mas você disse que estavam namorando tinha um mês já.

— Eu sei, mas eu estava esperando um momento especial, que eu sentisse que fosse plenamente sincero. Não consigo falar da boca pra fora, eu travo.

— E agora? Como as coisas vão ficar?

— Eu que te pergunto. — O loiro apoiou-se ao balcão da cozinha.

— Bom, minha proposta ainda tá de pé.

— Sei lá, eu não quero pensar sobre isso por enquanto. — Passou a mão sobre o rosto.

— Eu já esperei tanto tempo pra te achar, acho que posso esperar um pouquinho mais. — Aproximou-se dele, dando-lhe um beijo na bochecha.

Lucas tomou mais um gole de seu café, perturbado pela voz inocente de Gustave ao celular, nem sequer desconfiando do que tinha feito na noite passada. O loiro não admitia traição e naquele exato momento se sentia culpado por ter feito aquilo com o namorado. Esvaziou a mente de tais pensamentos, deixando a caneca na pia.

— O que você quer comer? Eu posso fazer uma omelete, sei lá. — Lucas indagou, vendo-o também terminar seu café.

— Eu estou sem fome por enquanto, mas queria tomar um banho. — Marcus respondeu, vendo as bochechas dele se tornarem vermelhas novamente.

— Eu também preciso. — Assumiu. — Quer tomar comigo?

— É sério ou você está brincando?

— É sério. — Lucas confirmou, rindo baixinho.

— Você não vai ficar estressadinho se eu ficar te provocando?

— Não. Essa é a ideia. — O loiro soltou, saindo de perto dele, deixando-o pensativo, percebendo que ele correu atrás de si quando entendeu o que quis dizer.

Pegaram no quarto o que sabiam que seria essencial para o banho, dali indo ao banheiro, onde não sairiam tão cedo. Lucas nunca pensou que não se incomodaria em ficar apoiado na parede gelada de azulejos, onde suas mãos escorregaram por um bom tempo.

Estavam exaustos enquanto enxugavam-se. Marcus apenas vestia suas roupas enquanto via o loiro escolher o que colocar. O moreno sentou-se na cama, observando os hematomas que tinha causado na pele do branquelo: deixou marcas de suas mãos pelos glúteos de Lucas e chupões espalhados pelo corpo dele todo.

Olhou-o vestir a calça, vendo que as marcas que deixou no momento do tesão já não pareciam tão sensuais, principalmente ao se deparar com o abdômen dele, onde havia algumas cicatrizes do passado. Sabia que tinha sido o pai dele o causador daquelas marcas, não conseguindo imaginar como deveria ter na pele as marcas de um trauma como aquele. Não que Marcus não soubesse o que era ser espancado, mas pelo próprio pai não devia ser algo fácil de se lidar. 

Observou Lucas terminar de vestir a camiseta, vendo-o rir ao passar a cabeça pela gola apertada, com seus cabelos ficando levemente bagunçados por aquilo. Quis agarrá-lo e enchê-lo de beijos, queria ouvir o som feliz de sua risada para o resto de sua vida.

— Que foi, por que tá me olhando assim? — O loiro perguntou, vendo-o sorrir bobamente.

— Nada, não. — Levantou-se, indo até ele, beijando o topo de sua cabeça.

— Marcus...

— Oi?

— É verdade aquilo que você me falou ontem?

— Aquilo o quê?

— Que você me amava? — Lucas indagou, desviando seu olhar para baixo.

— É sim. — Segurou o queixo dele, levantando sutilmente o rosto dele para cima, encarando-o. — Eu te amo.

— Sério?

— Sério mesmo. — Confirmou. — E você, o que você sente por mim?

— Eu não sei... — Olhou-o, atordoado. — Me desculpa.

— Mas sente algo?

— É claro que sim. — Exibiu toda sua vergonha, não conseguindo encará-lo por muito tempo. — É forte.

— Então já fico contente com isso. — Abaixou-se para lhe dar um selinho. — Ei...

— Fala.

— Olha pra mim. — Pediu, com ele erguendo a cabeça novamente, com as bochechas rosadas. — Seis anos atrás eu te fiz a promessa mais sincera de toda a minha vida. Eu te prometi que te daria uma vida melhor e agora eu posso fazer isso. Você só tem que vir comigo, vamos começar do zero em algum outro lugar, vamos ficar juntos.

— E-Eu não sei. — Lucas sentia borboletas no estômago. — Eu quero, mas não é só medo, é complicado...

— Eu sei que é, mas você não precisa pensar muito, no caminho você descobre se quer ficar comigo ou não. Se me ama ou não.

— Seria crueldade se eu fizesse isso com você. Não é tão simples assim, Marcus.

—  Eu vou cumprir a minha parte, eu vou te dar todas as oportunidades que você quiser, vou te dar um lugar melhor para morar, quero te dar uma vida tranquila, quero ter você só pra mim, mas eu também quero que você seja feliz, acima de tudo. — Acariciou o rosto dele, percebendo que lágrimas ameaçavam cair daqueles olhos de oceano. — E se no fim das contas você não quiser ficar comigo, eu vou entender, eu só quero poder te dar o que eu te prometi.

— Veja o meu lado também... Olha o lugar que eu fui parar no passado por ter confiado nas pessoas. — Lucas engoliu o choro. — Por mais que uma parte de mim queira isso loucamente, isso soa bom demais pra ser verdade.

— Mas é, é verdade. — Continuou a acariciá-lo, admirando-o de perto. — Eu não brincaria com a promessa que eu te fiz, isso pra mim é a coisa mais sagrada que eu já fiz nessa vida. Você é o meu propósito de vida, Lucas.

— Não é fácil. — O loiro murmurou, se esforçando para não chorar, mesmo assim, uma lágrima teimosa escorreu. — Depois de tanta merda que aconteceu comigo, você quer que eu simplesmente confie em você e vá viver um conto de fadas?

— Você quer me fazer chorar também? — Enxugou o rosto dele, derretendo-se com sua expressão. — Olha, eu sei que você está preocupado, mas eu quero ser tudo o que você sempre sonhou.

— Você é, Marcus, você é. — Soluçou. — Mas a questão é que eu já chorei demais esperando por esse dia... E-E isso é surreal demais pra mim. 

— Ei... — Desceu as mãos pelos ombros dele, afagando-o com seus polegares. — Eu vou te dar toda a liberdade que você vai precisar pra fazer suas próprias escolhas. Só me deixa cumprir o que eu te prometi, por favor. 

— O que você ganha com isso?

— Não é uma garantia, mas se eu ganhar o seu coração eu já estarei feito. É tudo o que eu quero. — Forçou um sorriso mesmo com a vontade de chorar. — Eu trabalhei muito, fiz de tudo, investi todos os dias pra conseguir ter um bom montante. Nunca deixei de pensar no meu futuro e agora é a hora de eu torrar tudo isso te dando a vida que eu sempre quis te dar... Eu sonhava com isso todos os dias, você consegue imaginar?

— E isso só me faz achar que você é louco. — Lucas riu em meio ao choro.

— Eu sei que eu sou. — Riu com ele, sentindo seus olhos também lacrimejarem. — Por favor, fica comigo.

— Marcus...

— Só aceita. — Pediu, encarando-o apaixonadamente, vendo que ele parecia imerso em um conflito interno. — Por favor, diz pra mim que eu posso te ajudar a fazer as malas.

Lucas abriu um sorriso, olhando para baixo para enxugar as lágrimas, para em seguida encará-lo novamente. Mordeu o lábio inferior com força, tomando coragem para aceitar, gesticulando a cabeça positivamente, vendo o momento em que a expressão de Marcus se iluminou, com ele não se contendo de alegria.

O moreno comemorou beijando-o com toda sua vontade e erguendo-o do chão, ouvindo Lucas soltar uma risada gostosa antes de ser posto de volta em pé. Eles não sabiam dizer quem estava mais feliz, mas tinham a certeza de que seria um ótimo recomeço para ambos.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi reescrito com muito carinho, não deixem de comentar! ♕