Talvez Eu Possa Ser Normal escrita por N1ck


Capítulo 35
What I Want


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi! Na minha cabeça, eu postei rápido, não? Então me amem.

Boa leitura!



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“Não? NÃO?! COMO "NÃO", SEU OTÁRIO? EU QUASE ESTOU TENDO UM INFARTO! VOCÊ QUER ME MATAR?! ESTOU ME DILACERANDO POR DENTRO E VOCÊ SIMPLESMENTE DIZ "NÃO"?!”

Já fazia horas em que eu e Candice estávamos conversando. Ela foi convidada para uma visita na casa da Anne. Convidada mesmo, sem estar amarrada nem nada.

Ela e Daniel estavam sentados em uma poltrona. Com dois garotos amarrados no sofá desde o dia anterior - sim, todos nós passamos a noite acampando no apartamento arrumadíssimo de Anne - só cabia mais duas pessoas no sofá. Anne e Dylan. Rut e Sarah estavam sentadas na bancada da cozinha, e o resto - me incluindo - no chão mesmo.

Candice disse tudo o que nós meio que já sabíamos. David foi para o Brasil, se casou, e estava sendo feliz afastado desses problemas todos. Mas eu consegui, finalmente, convencê-la de nos ajudar.

Ela disse que conversaria com David e me encontrava amanhã as três da tarde no Starbucks perto da Lions Manhattan. Só eu, Anne, Dylan e Doug. Os que faziam parte da gangue. Ou fizeram no passado - eu.

Quando terminamos o assunto, eu fui a primeira a ir embora. Não dei explicações a ninguém quando disse que queria passar o dia dormindo. Mas, quando fui embora do apartamento da Anne - que estava desamarrando Harry e Doug - eu não fui para a escola dormir.

Peguei um metrô para ir até o cemitério em que minha mãe estava enterrada. Fazia exatamente um ano desde que ela morreu. Só passei em uma floricultura para comprar um buquê de rosas brancas, a flor favorita dela.

Deixei as flores em cima do caixão e me ajoelhei ali mesmo. Merda, eu não gosto de chorar.

Não demorou nem dez minutos para Travis me mandar uma mensagem “Sabemos onde você está. Ass. Jay e Trav”. E, depois disso – quase no mesmo instante – Lisa me ligou.

- Olá – Ela disse fingindo alegria – Você sabia que os alienígenas entram no seu corpo quando você está sentindo-se muito feliz, ou com prazer? Por isso eu tenho a minha teoria que a AIDS é causada por eles.

- Isso é algum tipo de tentativa de me animar, do tipo “os alienígenas definitivamente não entraram em você hoje”?

- Mais ou menos. Olha, estou aqui com os gêmeos, Caleb e Will. Só pra deixar você sabendo que vai acabar falando com todo mundo.

- Ok. Me fale mais sobre as suas teorias? Por favor.

- Você não pode fugir dos seus problemas assim. Mas ok. Eu acho, sinceramente, que quando estamos com coceira é porque um ornitorrinco está transando.

- Tem algo que possa se tirar de verdade dessa afirmação?

- Não, veio da minha cabeça mesmo. Pera aí, o Scott quer falar. Não esquece que eu te adoro!

“Eu também”, mas ela não ouviu. Ela estava gritando com o Scott. Ouvi ele dizer “Olá, minha amada imortal”.

- Olá, meu amado.

- Saudades, baby.

- Saudades.

E então ele falou algo de corações partidos antes de passar para Caleb. Que contou umas piadas incrivelmente horríveis. E Drake, que falou que estão todos com saudades e que Lisa quase morreu na primeira semana em que eu fui.

E então, Will. Era a vez dele falar. E assim que ouvi aquele “oi” naquela voz rouca que eu tanto amava, meu coração quase parou. Pode parecer bobice, mas sei lá. É complicado.

- Oi, Will.

- Quanto tempo.

- É. A gente nem se falou mais, né?

Ele demorou para responder. Ouvi a respiração dele, e então passos. Ele estava saindo de perto dos outros, onde quer que eles estivessem. Se bem que eles estavam no Alaska, de qualquer jeito. E o que eu mais queria - mate-me por dizer - era ir para o Alaska.

- Você que disse que era melhor, Ari.

- Eu sei. Desculpa.

Ele suspirou.

- Não.

Não? NÃO?! COMO "NÃO", SEU OTÁRIO? EU QUASE ESTOU TENDO UM INFARTO! VOCÊ QUER ME MATAR?! ESTOU ME DILACERANDO POR DENTRO E VOCÊ SIMPLESMENTE DIZ "NÃO"?!

- Como não?!

- Ariane - Vish, estou morta - Você simplesmente foi embora e me mandou não falar mais com você. Levou meu melhor amigo junto. Você quer o quê?

Senti uma lágrima escorrer, que merda de emoções acumuladas.

- O que eu quero, William? O QUE EU QUERO?! Eu quero estar no Alaska. Quero estar com vocês. Quero estar com meu pai. Até quero aquelas duas capetas Annabelle e Alisson. Eu, definitivamente, não me importaria de aguentar Marie, SE EU ESTIVESSE AÍ. O que eu quero? Eu quero minha mãe de volta. Eu quero estar bem longe desse túmulo. Eu NÃO quero esse túmulo. Eu quero Eliot comigo, e nem sei onde ele está. Eu não quero saber de gangues e latinos. EU QUERO ESTAR COM VOCÊ AGORA, feliz? Era isso que queria ouvir? Queria ouvir o quanto eu estou infeliz? O quanto sinto sua falta? O quanto eu queria que você estivesse comigo? QUERIA UMA PROVA DE QUE EU ESTOU MORRENDO?! Pois eu estou! Eu estou morrendo, William!

- Ari...

- NÃO, WILLIAM! VOCÊ DISSE "NÃO", NÃO DISSE? ENTÃO É A MINHA VEZ DE DIZER NÃO!

E desliguei. O pior foi que essa ligação me fez bem. Falei com Lisa e com os meninos, desabafei tudo o que estava sentindo, e agora estava chorando menos pela minha mãe. A tristeza se misturou com raiva e estou chorando por ela e por Will. Talvez até pela gangue e pelo Benjamin. Talvez até pelo Doug. Eu não sei.

Só sei que assim que eu comecei a soluçar alto, no meio do cemitério, senti duas mãos fortes me abraçarem. De primeiro, algo do meu subconsciente gritou "Will", talvez uma esperança milagrosa de estar com ele. Eu estava ficando louca. Mas era Eliot. Então comecei a chorar mais, porque tinha percebido que meu irmãozinho estava com mãos de homem, virando um homem.

- Estava na escola. Jay e Travis disse que você estava aqui. Eu pensei em vir também. Não tive coragem.

- Eu te amo, seu otário.

- Eu também, gorda.

E ficamos lá por horas, até eu parar de chorar. E Eliot começar. Percebi o quanto ele se esforçou para me fazer se sentir melhor. E então fiz o mesmo por ele depois.

E me virei e vi Doug na rua.

Nem perguntei. Ele piscou para mim. Eu tentei sorrir. Mas ele não se moveu um músculo.

- Ele deu carona para os dois para a escola, e me trouxe aqui - Disse Eliot, seguindo meu olhar e secando as lágrimas - Provavelmente vai nos levar de volta

Subimos no carro preto de Doug. Ele nos deu carona até a escola, em silêncio. Lá Eliot saiu antes de mim.

- Não precisava fazer tudo isso - Disse para Doug - Mas obrigada

- De nada. Mas sim, eu precisava. Agora somos uma equipe, não somos? - Ele sorriu para mim

- Sim, somos uma equipe.


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Notas finais do capítulo

Bom ou ruim?

Reviews ou recomendações?

Favoritos ou chocolates?

Ser ou não ser?

—sai rebolando-



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