A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 48
A Cura - £


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Espero que estejam gostando dos capítulos, pois quando chegar no 60 a fic vai ter uma nova temporada. Pode deixar que postarei os detalhes depois!
Beijooooos grandes,
Ju!



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Caminhávamos num ritmo normal, nem tão apressado e nem muito morto, pelas ruas movimentadas de Manhattan. As pessoas que passavam por nós nem ao menos nos olhavam, e eu estava agradecida por isso.

Ele colocou a mão sobre a minha como se estivesse me confortando, e abaixei a cabeça, prestando atenção no asfalto. Ele sabia. Sabia da história toda.

– Algumas pessoas não conseguem ver seus filhos se tornando algo que eles tentaram esquecer, e por isso fogem.

A certeza que ele carregava na voz era tão palpável que chegava a acender uma pequena chama de esperança dentro de meu peito.

O celular em meu bolso de trás vibrou e eu o atendi. Antes que pudesse dizer alguma coisa, ouvi a voz de meu irmão berrar do outro lado da linha:

“Onde diabos está você?”

Expirei fortemente.

– Manhattan.

“Pensei que você viesse me buscar para irmos juntos, Helena!” ele parecia chateado.

Merda, agora vou ter que mentir novamente para ele.

– Eu sei, Jazy, mas vim pra cá por causa do trabalho, não para me encontrar com Max.

O ouvi suspirar como se não estivesse nos melhores dias para brigar comigo, e disse:

“Um tal de Fitch veio te procurar em casa hoje de manhã, e disse que você não tinha ido trabalhar.”

Aquele filho da...

– Eu estou trabalhando, Jason. Se ele ligar ou me procurar novamente, diga para ligar no meu telefone.

“Ok.” Silêncio. “Vou pegar o primeiro ônibus para Manhattan, e te encontro na frente do prédio de Max, pode ser?”

– Pode. Quando chegar me avise.

“Sim. Até logo.”

E a ligação caiu.

Max Ploug era meu alvo naquele momento, mas antes de qualquer coisa, tinha de resolver meus problemas com Edward e ir para a bendita reunião.

– Chegamos. – ouvi Ezra dizer, e abrir a porta da entrada de um prédio escuro, exatamente à duas quadras de distância do hotel. Eu sabia a distância, pois do lugar que me encontrava conseguia ver o movimento na entrada dele.

Entrei e um aroma de lírios me surpreendeu. Uma mulher de cabelos loiros platinados e olhos gentis nos encaminhou para o elevador e nos disse para desentrelaçar os braços já que a proximidade não era uma coisa que os outros caçadores aprovariam.

Que outros caçadores?, quis perguntar.

Quando o elevador parou alguns minutos depois e as portas se abriram, pude entender o porque da mulher dizer que a proximidade incomodaria os caçadores.

Aquilo não era uma reunião básica! Haviam pelo menos mil pessoas ali dentro, todas vestidas de maneira sofisticada e bebericando de suas taças, elegantemente. Passei os olhos pelo local e pude facilmente localizar os caçadores de Sleepy Hollow, que se amontoavam em um canto do cômodo absurdamente grande, parecendo desconfortáveis e sujos.

Todos nós estávamos desleixados demais, mas os outros caçadores não pareciam realmente se importar com isso.

O lugar que havíamos acabado de entrar era claro e amplo, como um salão enorme e desproporcional ao prédio. Tinha cortinas brancas e beges descendo pelas enormes janelas de vidro com aparência moderna, e piso claro. Alguns sofás do lado das janelas em um tom de vermelho vivo, e mais algumas luzes chamativas e penduradas no teto. Havia também poucas colunas lisas e da mesma cor que as paredes, não fazendo diferença alguma. Poucas mesas estavam espalhadas pelo salão, mas somente para as pessoas apoiarem seus copos e entradas que eram servidos antes de Ezra e eu chegarmos à reunião. Centenas de cadeiras se amontoavam do lado das mesas, e tive que me segurar para não passar a mão no tecido para ver se era realmente tão confortável quanto parecia.

– Bem vindos à Reunião.

E um clique se estalou em minha cabeça.

Não iriamos realmente para uma reunião, mas a uma convenção onde todos os caçadores se encontravam para discutir sobre assuntos de suma importância. Mas o que era mais perturbador de tudo era o fato de Edward estar ali acompanhado de Cali e do resto dos caçadores que haviam participado da missão na Pensilvânia. Mas Fitch não estava em nenhum lugar. Aquilo me causou certo enjoo.

– Sejam bem vindos, caçadores! – uma voz ecoou, atraindo a atenção de todos, mas a origem da voz não estava em nenhum lugar a ser vista.

Fui para o lado de Edward, e ele fingiu que eu não estava lá. Engoli o bolo que se formava em minha garganta, e escutei.

– Estamos todos reunidos aqui hoje para discutir assuntos importantes que englobam, principalmente, os irmãos Finnik.

Só de ouvir o sobrenome que já me era tão familiar, mudei o peso do corpo para outra perna, desconfortável. Qualquer pessoa que me observasse mais cuidadosamente poderia identificar que alguma coisa estava errada comigo.

– Por favor, se ajeitem em sua divisão, e já começaremos com a reunião.

Titubeando por alguns segundos, imitei os passos de todos os outros caçadores, e me senti melhor ao dar uma varrida com os olhos pela sala e perceber que, de fato, eu não era a única desconfortável ali. Alguns caçadores se sentaram, mas ficavam olhando o tempo todo para os lados, se ajeitando nas cadeiras confortáveis demais e até mesmo sussurrando coisas para as pessoas do lado.

Tudo o que se passava em minha mente era sobre o assunto que estaríamos discutindo. Eles não poderiam somente falar sobre os Finnik, certo?

– Está tudo bem? Você parece meio verde. – Claire me cutucou de leve, sussurrando em meus ouvidos.

Senti um arrepio descer pela coluna quando fomos interrompidas no meio de nossa conversa pela porta que se abriu, deixando entrar pelo menos cinco figuras no cômodo. O lugar ficou num completo silêncio, observando as figuras caminharem até uma mesa no centro de tudo, graciosamente.

Eram ao todo três mulheres e dois homens. Os homens eram todos maravilhosamente bonitos, assim como as mulheres, e todos eles se portavam como a maioria dos seres místicos. Com uma suavidade praticamente anormal.

E nas circunstâncias que nos encontrávamos – com vários seres infiltrados de várias maneiras na empresa –, eu não duvidava que eles pudessem ser demônios, anjos ou coisa parecida.

Os dois homens se sentaram, enquanto as três mulheres se apoiaram na mesa.

– Boa tarde. – uma delas disse, a mais alta e loira, deixando as mãos apoiadas na mesa atrás dela.

Todos os caçadores, com exceção à mim, que continuava um pouco chocada com tudo aquilo, responderam educadamente.

– Vocês não devem saber porque estão aqui, certo? – ela perguntou. – Antes de qualquer coisa, eu sou Amélia, esta é Susan, – Amélia apontou para a morena e curvilínea que deu um singelo aceno de cabeça, e passou para a outra morena, desta vez mais baixa e magricela, menos graciosa do que as outras, que nem ao menos levantou a cabeça para nos olhar. – E esta é Felícia.

Após um breve silêncio, a sala começou a ficar com o ar pesado novamente, como se tivessem ligado o ar condicionado no máximo em um dia frio, e tivesse aquela massa densa e molhada rondando-nos.

– Fizemos uma descoberta recente sobre o comportamento das criaturas místicas com base nos estudos de Theodore Stutch, – meu coração congelou. – e pudemos concluir que, definitivamente, a loucura dele tinha fundamentos.

Alguns dos caçadores riram como se aquela tivesse sido a piada mais engraçada que pudessem ter ouvido numa rodinha de conversa com amigos, e eu não conseguia entender. Eles afirmavam a mesma coisa que o tal Max Ploug, mas que diabos era a “loucura com fundamento”? No mundo dos humanos era uma coisa, e aqui, no mundo que eu conhecia, realmente, era considerada outra, totalmente diferente.

Edward estava tenso sentando à minha frente, e eu só conseguia ver suas costas e nuca, mas podia jurar que ele estava travando a mandíbula como se estivesse prestes a dar um tiro em alguém.

– A maioria das criaturas místicas são conhecidas pelo que? – Susan perguntou, descruzando os braços.

– Por serem mortas. – uma das caçadoras de outra cidade, respondeu com certo tom de insegurança na voz, que se desfez em um sorriso tímido ao ver que a resposta estava correta.

– Exato. E o que é a única coisa que pode fazer um coração velho e puído voltar a bater?

Desta vez todos ficaram em silêncio e me vi dizer:

– O amor. – e dor, quis terminar, mas todos se viraram para me encarar, e preferi optar pelo silêncio.

Os olhares que eu estava recebendo eram tão profundos, que eu sentia o gosto amargo da bile subir pela garganta.

– O amor é a única coisa que pode fazer com que o coração bata mais rápido. – completei rapidamente, afundando mais na cadeira, vendo que Edward ainda não tinha virado para mim.

Ouvi uma pessoa do meu lado, bufar e ignorei. Não deixaria que Cali arruinasse meu dia.

O olhar de satisfação de recebi de todas as pessoas que estavam no centro do cômodo claro foi o suficiente para o rubor em meu rosto crescer ainda mais. Sem meu companheiro ao meu lado eu me sentia nua e desprotegida. Como se até mesmo um grão de poeira pudesse me machucar.

– Muito bem. E é por isso que estamos aqui. O amor é a cura para tudo. – Susan disse em alto e bom tom.

Ouvi o arquejo em surpresa de vários caçadores e sussurros tomando conta do espaço, mas eu ainda não tinha entendido.

– Silêncio! – um dos homens que estava até então em silêncio atrás de Felícia, se pronunciou. Ele passou por ela como se ela nem ao menos existisse e foi de encontro com Amélia. – Ouçam o que temos que fazer.

E o silêncio se fez presente.

– Convocamos esta reunião, pois descobrimos que eles vêm fazendo visitinhas particulares a algumas das caçadoras de várias divisões, principalmente as de Sleepy Hollow.

Pude sentir alguns pares de olhos voando para onde nossas caçadoras estavam sentadas juntas, e ver que elas mesmas jogavam olhares de desgosto umas às outras.

– Mas, uma delas conseguiu finalmente conquistar o coração do irmão mais velho.

Kaus apaixonado? Não. Por favor, diga que é mentira, pensei abismada.

– Hoje invadimos o esconderijo deles em Manhattan, somente para descobri-lo dormindo como uma criança, e com um coração batendo mais forte do que nunca. – Amélia disse.

Lembrei de que quando saí do quarto, Kaus não estava mais lá, mas não dava para ele chegar até seu “esconderijo” e encontra-lo dormindo. Isso era fisicamente impossível.

Olhei para os lados, procurando uma saída, mas tudo o que eu podia ver eram cabeças virando em minha direção, e o ar ficando rarefeito, apertei a perna, praticamente afundando as unhas na calça jeans, e ouvi uma voz baixa ecoar em minha mente: Respire fundo.

Edward, me desculpe, devia ter te contado.

Pude o ouvir suspirar com pesar em minha mente, e vi que ele se mexeu desconfortavelmente na cadeira, deixando os braços bem cruzados em cima do peito.

Não é hora e nem lugar para essa conversa. Em casa, sim, ele disse.

Sua voz não foi cortante, mas o suficientemente dura para me fazer abaixar a cabeça.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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