Pov Off

O dia passou rápido. Angie aos poucos aprendeu a esquiar, com Germán a ajudando a todo momento. Os quatro jantaram pizza na pizzaria mais gostosa da região. Se divertiam muito juntos, como se fossem uma verdadeira família.

Fizeram mais algumas coisas pela cidade e voltaram para o hotel quando já era meio tarde da noite. Angie entrou no quarto e já foi em direção a sua mala. Buscou seu pijama imediatamente. Ela estava morrendo de cansaço e queria ir dormir o mais rápido possível.

Entrou no banheiro e ligou o chuveiro em uma temperatura extremamente quente. Angie não suportava esse frio todo, mas até que estava gostando um pouco.

Tomou um banho bem quente e relaxante, para finalmente poder dormir. Se vestiu e ao sair do banheiro, estremeceu de frio. Angie levou um grande choque térmico. Ela olhou para a janela, que estava aberta, e disse ao homem que estava na cama, encurralado de baixo de três cobertas:

- Germán!!! Fecha essa janela antes que eu congele aqui!

- Angie? Ah, me desculpe. - ele se levantou e fechou. - é que eu gosto do frio.

- Mas eu tenho aversão a frio, e você sabe!

- É que você não estava aqui, então... - Germán tentou se explicar.

Angie não estava com pique para diálogos ou discussões, então apenas suspirou e se dirigiu ao armário do quarto de hotel. Tirou de lá mais uma coberta.

- Outra coberta??? Você jura que vai dormir com cinco cobertores? Não acha exagero não? - Germán indagou surpreendido.

- Não vou dormir com essa, eu a peguei pra você. Eu sou uma pessoa que se preocupa com os amigos e não vou te deixar passar frio à noite. Toma. - ela jogou a coberta para ele.

Angie se deitou e se cobriu com os seus quatro cobertores. Se virou de costas e fechou os olhos. Germán ainda a observava com um ar de interrogação.

Logo ele se deitou também, ainda sem entender, e rapidamente adormeceu...

[...]

Pov Germán

Adormeci logo, porém acordei com alguém murmurando alguma coisa. Demorou um tempo para o meu cérebro "ligar" e eu perceber que era a Angie, tremendo de frio.

Olhei no rélogio. Duas da manhã. Soltei um leve suspiro e me virei para vê-la. Ela não estava acordada, porém estava incomodada, com certeza.

- Angie? - mexi nela com o intuito que acordasse.

- Hm? - resmungou ainda dormindo.

- Ei, Angie, você está com frio? - perguntei num tom de sussurro. Não obtive resposta. - Angie! - a chamei novamente.

Ela abriu os olhos. Ao me ver olhando para sua cara, ela murmurou qualquer coisa e os fechou de novo.

- O que você quer? - perguntou ainda de olhos fechados.

- Você está com frio, né?

- Um pouco, mas por quê?

- Olha, eu trouxe uma manta bem quentinha, se você quiser eu posso te emprestar... - me levantei e caminhei até minha mala.

Procurei a manta. Ela não era tão grossa, mas esquentava muito. A entreguei pra Angie.

- Obrigada...

Tentamos dormir de novo... Estava sendo difícil pegar no sono, parece que todo o cansaço sumiu.

Depois de muito tempo tentando dormir, quando eu finalmente estava caindo no sono, senti alguém me cutucar. Me virei e vi Angie me olhando com os olhinhos verdes entreabertos.

- Germán... - me chamou.

- Diga.

- Aumenta a temperatura do aquecedor, por favor.

- Hm... - estava sem vontade de o fazer, mas sou um cara legal. - tá bom, tá bom...

Com muita preguiça, me levantei e fui até o aquecedor. O observei... ao perceber que não tinha como aumentar mais, suspirei e disse:

- Não dá pra aumentar, Angie, já está no máximo!

Angie murmurou alguma coisa e se levantou. Ela caminhou até o meu lado e se agachou em frente ao aquecedor. A observei alguns segundos. Seu cabelo estava todo bagunçado, os fios em pé e jogados para qualquer lado. Não sei por que, mas ri com isso.

- O que foi? - ela disse com uma voz doce enquanto levantava a sua cabeça para me olhar, já que eu estava em pé e ela agachada.

- Nada... - respondi calmamente enquanto ajeitava os fios de seu louro cabelo.

Angie se levantou.

- Esse aquecedor também não serve pra nada hein! - ela reclamou e voltou pra cama.

Angie fechou os olhos e parecia que tentava dormir novamente. Fiz o mesmo. Consegui dormir rápido desta vez...

Acordo com um estoronto. Levanto assustado e olho para os lados. Angie caída no chão com um monte de edredons em cima dela. Olhei no relógio que havia na cômoda, ele marcava 03:57 da manhã.

- Angie! O que você está fazendo acordada? MAIS COBERTORES?

- Dá pra você parar de reclamar e vir aqui me ajudar?

Me levantei com um pouco de mau-humor. Parei ao lado dela e estendi minha mão. Angie fez uma careta e puxou minha mão para fazer impulso para se levantar, porém eu estava meio mole de sono e acabei caindo no chão também.

- Ai! - gritei.

- Germán! - Angie começou a rir sem parar. - Que molenga. - ela se acabava de rir.

- Angie! São quatro horas da madrugada, estamos caídos no chão do quarto e você tá rindo? Só pode ser efeitos colaterais que o frio faz em você...

Fui me apoiando na parede e consegui me levantar. A puxei pra cima enquanto ela ainda ria.

- Angie, - segurei em seu rosto e ela se calou. - olha, se você colocar mais um cobertor em cima daquela cama, é capaz da cama cair, porque olha só! - apontei para a cama e contei. - Sete cobertores. Chega né?

- Germán, eu tô com frio! - Angie fez uma carinha de coitadinha que me deu um pouco de dó.

- Angie... olha, se você está com frio, toma esse moletom aqui. - corri até a mala e o tirei de lá. - ele é bem quentinho. O uso em noites frias como esta, mas não estou congelando tanto como você, então pode usar.

Angie o pegou de minhas mãos e o analisou.

- Germán, cabem três de mim nessa coisa!

- Não seja exagerada, mocinha, é só para dormir. - ri. - Agora veste isso e dorme!

- Ui, tá bom, "papai". - disse brincando.

Angie colocou a blusa de moletom que ficou gigante nela. Rimos com isso. Ela se encarou no espelho e riu sozinha. Voltou para a cama e se cobriu com sua camada de cobertas novamente.

- Obrigada, Germán. - Angie sorriu.

- Não precisa agradecer. - sorri de volta e ela fechou os olhos.

Finalmente consegui dormir em paz... ou não. Cinco e meia da matina: Angeles rolando de um lado ao outro da cama, reclamando do frio. DE NOVO. De verdade? Eu estava quase arrumando uns outros aquecedores para colocar naquele quarto.

- Hoje tá difícil, viu. - reclamei para mim mesmo. - Angie! - a chamei enquanto ela tremia. Como é possível ter tanto frio assim?

- Quê? - ela respondeu normal, provavelmente já estava acordada.

- Ainda não conseguiu dormir?

- Não. Tá frio.

- Como você ainda está sentindo frio???? - perguntei indignado e escutei um suspiro dela.

Não obtive resposta.

- Vem cá, Angie. - disse quando tive certa ideia.

- Hã? Ir aí? Por quê? - ela estranhou.

- Só venha.

Com certo medo, Angie se aproximou de mim na cama. Sim, a cama era grande o suficiente para ficarmos meio longe um do outro. Ela ficou ao meu ladinho, encostada.

- Já estou aqui. O que foi? - ela ainda perguntava meio nervosa pela proximidade.

Respirei fundo e entrelacei meus braços em volta de seu corpo e a apertei para mim. Formando um abraço aconchegante.

- Se sente melhor? - perguntei. - Quero dizer, com menos frio?

- Quer a verdade? - perguntou e fez uma pausa. - Agora está quente até demais. - ela riu. - Mas eu gosto disso. - sorriu envergonhada e mesmo estando escuro, notei suas bochechas rosarem.

- Então está ótimo. Agora podemos dormir tranquilos.

- Você jura que vamos dormir assim?

- É único jeito. - respondi. Eu estava gostando da ideia de dormir abraçadinho com ela. - Boa noite. - beijei sua testa.

- Ãhn... er... então tá, né... Boa noite... - ela apoiou a cabeça em meu peito e se aconchegou em meus braços.

Dormimos juntos em um piscar de olhos.