Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 39
Capítulo 39 - Um nome


Notas iniciais do capítulo

Oi, humanos. Não vou dizer nada aqui, vou dizer tudo lá embaixo.



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John Smith e Rose Tyler ficaram tão abalados com a morte de Alden que por uma semana não ousaram mudar suas rotinas em nada, como se isso pudesse traze-la de volta. Foi algo inconsciente e humano. Entretanto, eles não puderam evitar de pensar sobre o que Alden dissera: “E você os terá, você e John.”

Haviam ido a um consultório e recebido um resultado que fizera Jackie chorar muito enquanto abraçava John e Rose. Depois de soltar os dois e plantar um tapa no rosto de John que ficou vermelho por dias, Jackie disse que eles precisariam escolher um nome. Um para o caso de vir um menino e um para o caso de vir uma menina. Se distraíram com isso por um tempo, até que chegou a hora de John e Rose irem a Torchwood, e John não saiu muito satisfeito com os nomes escolhidos. Pelo menos não com o nome para o caso de um menino.

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O tempo foi passando e a notícia se espalhou. Agora, quando não estavam no trabalho Jackie estava com os dois, zelando por Rose. Algum tempo depois eles descobriram, para o descontentamento de John, que realmente teriam um menino. John percorrera todo o caminho até sua casa com uma expressão indefinível, os olhos fixos e a boca aberta um pouquinho. Rose, ao volante, rira todo o trajeto.

As semanas pareciam passar cada vez mais depressa, até o ponto em que Rose deixou de ir a Torchwood. O tempo se acelerou mais ainda e parou bruscamente quando John soube que não ia poder estar junto com Rose no nascimento do filho, marcado antecipadamente. Daniel lhe dera essa notícia com grande pesar. John teria que sair correndo depois do trabalho.

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Hoje em Torchwood todos os agentes, temporais ou campais, deveriam comparecer ao salão de festas, onde um superintendente viria conferir se eles estavam em boa forma, bem treinados e satisfeitos com torchwood. Daniel os havia arrumado em quatro fileiras compridas e todos foram forçados a repassar a etiqueta militar, conforme Daniel dissera. Treinaram apresentar armas e bater continência.

John estava situado entre Liz e Holly, o que ele achou que fosse estratégia de Daniel e não coincidência, e estava completamente infeliz. Tinha ficado assim nos últimos dias: Queria ficar em casa com Rose, cuidando dela e do pequeno Jack. Os dois, John e Rose, haviam decidido colocar um nome que homenageasse alguém, mas quase todo mundo que John queria homenagear, Rose não conhecia e vice versa. Optaram por colocar muitos nomes em um chapéu e tirar um de lá. Deu no que deu, Sarah para o caso de uma menina e Jack para o caso de um menino, e dera menino, embora John tivesse tentado convencer Rose a um segundo sorteio. Não queria que o filho corresse o risco de herdar a natureza pervertida do nome.

John sorriu, relembrando esses momentos, mas o toque de seu celular o chamou de volta a realidade. Agora ele o esquecia por ai com bem menos frequência e sempre o mantinha carregado. Ou pelo menos era o que dizia a Rose.

–-Alô!?

–-John, é a Jackie. Adivinha onde eu estou.

John ouvia um burburinho de vozes atrás de Jackie, mas não soube dizer onde ela estava.

–-Conte.

–-Estou no hospital, com Rose. Tivemos que antecipar tudo.

John gelou. Em qualquer outro dia, podia pedir uma dispensa a Daniel junto com alguns pedidos de “por favor” e uma cara triste e Daniel o liberaria, ele sabia. Mas não hoje. Hoje todos os agentes deviam vir, salvo os que estavam doentes, e nada deveria atrapalhar a cerimonia. Aquilo não estava mais nas mãos de Daniel e sim do homem que viria fiscaliza-los.

–-John? –Chamou Jackie. John não respondeu. –Olhe, pare de ficar ai se culpando. Não é sua culpa, é culpa dessa empresa idiota. Estou aqui com ela e ela está bem. Você pode vir depois do trabalho.

John continuou sem dizer nada.

–-John Smith, se você não me dizer que está bem, que vai vir até aqui depois do trabalho e que vai parar de se culpar, juro que vou ai pessoalmente e estrago a pompa dessa fiscalização.

–-Estou bem, e prometo que vou ai depois do trabalho, e a culpa não é minha. –Disse John, como um cachorrinho acuado.

–-Muito bom. Até mais. –Disse Jackie, e desligou.

Mas John não ia desistir assim: Tentou chamar Daniel, mas ele estava muito longe para ouvir e, antes que John pudesse dar um passo sequer, o superintendente chegou com seus seguranças particulares e começou a trilhar o caminho para subir até o palco e cumprimentar Daniel.

–-John, o que houve? –Perguntou Holly.

–-Rose. –Respondeu John, completamente infeliz.

–-Meu Deus! –Exclamou Liz. –Mas não se preocupe, ela...

Mas o grito de “bom-dia!” do superintendente cortou a frase de Liz.

–-Bom dia, senhor. –Responderam os agentes em uníssono.

Então começou. Sentido! Apresentar armas! Direita vou ver! Esquerda vou ver! Continência! Descansar!

Depois o superintendente andou no meio dos agentes, fazendo perguntas sobre normas de segurança da empresa e sobre como eles se sentiam trabalhando ali. Depois os fazia bater continência e seguia em frente. John não era muito fã de continências, mas ali não ousava desobedecer: Fez tudo o que foi mandado, mas não conseguiu manter o queixo levantado como era parte da postura militar. Olhava para o chão, involuntariamente, e seus movimentos não tinham o supetão necessário.

O superintendente caminhou até John, fazendo os outros agentes derem um passo para o lado para abrir caminho. Ficaram frente a frente. John sabia que não devia perder a postura, mas isso era bem difícil quando alguém te encarava com uma expressão de raiva contida. O superintendente era um pouco mais alto que John, de modo que ele tinha que ficar com a cabeça ligeiramente levantada. John se sentiu meio incomodado com isso.

–-Minha avaliação não está interessante o bastante para você, senhor...?

–-Smith. –Informou John. –John Smith, senhor.

–-John Smith. –Repetiu o superintendente. Então sua expressão mudou um pouco, como se ele estivesse pensando. –Por acaso conhece Tonny e Pete?

John ficou abobalhado por alguns segundos antes de responder.

–-Sim, senhor.

–-E que ligações eles tem com você?

–-São o pai e o irmão da minha esposa, senhor. –Respondeu John, sem entender.

Embora John não soubesse, o superintendente havia esbarrado em Jackie Tyler mais cedo e entreouvira, sem querer, sua conversa por telefone.

Maikon Damak, o superintendente, descera do carro com ar condicionado e a primeira coisa que notara fora o calor. Calor e ternos definitivamente não combinavam. Ele começou a andar e uma mulher loira ao telefone deu um enorme esbarrão nele, murmurando um pedido de desculpas ao passar e Maikon ouvira, sem querer, o que ela dizia.

–-... Sim, Pete, Tonny está na vizinha, vou avisar John agora, ele ainda está em Torchwood, esperando aquela avaliação idiota... venha assim que puder, Rose já chegou ao hospital...

Maikon não havia parado de andar, ou então seu segurança esbarraria nele. Então, por ironia do destino, alguém chamado John estava preso em Torchwood esperando por sua avaliação idiota.

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–-Hum. –Fez o superintendente. –Me diga se acertei, certo? Das duas uma: Ou sua esposa está no hospital ou está indo visitar alguém. Correto?

Como ele sabia dessas coisas?

–-Correto, senhor. –Disse John, então resolveu especificar mais, sentindo uma certa esperança. –Ela está no hospital.

–-Bem... –Sorriu o superintendente. –Tenho certeza que ela logo ficará melhor. –E se virou para voltar ao palco. –Está perdoado pela distração.

Hã?

John baixou a cabeça novamente, abobado e triste.

–-É o nascimento do primeiro filho deles, senhor. –Veio a voz de Liz.

Vários agentes perderam a compostura ao olhar para John e para o homem em forma de armário que era o superintendente. John ergueu a cabeça novamente, internamente grato à Liz e seu jeito sem escrúpulos. O superintendente voltou a ficar de frente com John, sua expressão bem mais suave.

Ah, agora ele se comoveu.

–-Isso é verdade, senhor Smith?

–-Sim, senhor.

É claro que é! Me deixe ir vê-la!

–-Você... Gostaria de ser dispensado hoje?

–-Sim, senhor! –Exclamou John, tentando a todo custo não sorrir, o que causou algumas tremidas nos lábios.

Claro que sim, anta!

–-Eu também sou pai. –Disse o superintende em tom baixo, só para John. –No dia do nascimento do meu filho, eu estava na alfandega, em missão. Era minha primeira missão em Torchwood como agente campal. Tive que esperar dois dias para voltar. Minha esposa, eu vim saber quando cheguei a Londres, tinha morrido, deixando a criança.

MORTA?

–-Acho que será justo eu te dispensar, soldado. –Disse o superintendente. –Uma empresa só consegue total desempenho quando seus funcionários estão felizes. –Ele sorriu. –Dispensado, senhor Smith.

–-Sim, senhor. –Disse John. O superintendente bateu continência e John retribuiu, então saiu dali, andando devagar e formalmente. Mas assim que fechou a porta atrás de si deu um grito mudo de alegria e um pulo. A senhora que limpava o chão o encarou, espantada, e John correu até ela e a abraçou, sem pensar muito. Ela riu, ainda espantada.

–-Mas o que está havendo? –Perguntou.

John a soltou.

–-Meu filho! –Exclamou ele, começando a correr. –Ah-há!

A senhora meneou a cabeça e continuou a limpar.

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Infelizmente as coisas não foram tão fáceis assim: Primeiro John foi pego de surpresa pelo congestionamento, de modo que chegara ao hospital tarde demais, e as mulheres da recepção lhe informaram que ele teria de esperar todo o procedimento cirúrgico acabar.

John encontrou com Pete e Jackie no pequeno salão do hospital que oferecia café. Pete não disse nada, apenas começou a andar, um copo de café na mão. Jackie retorcia as mãos e falava baixinho, consigo mesma. John se serviu também e se sentou. Depois levantou e andou um pouco. Pegou mais café e tentou ler uma revista. Ficou nessa de vai para lá e vem para cá por algum tempo, até que a recepção lhe informou que ele podia ir ver Rose e Jack, altura em que John já estava dopado de café.

Lhe disseram que para ver Rose ele precisaria colocar uma roupa cirúrgica, por questões de higiene e saúde, o que demorou um bom tempo. O caso é que John se esquecera completamente que estava com a pistola de Torchwood. Isso causara um enorme espanto das enfermeiras e John demorara muito tempo para convencê-las de sua mentira de que a pistola não era de verdade. Funcionou graças ao design da arma, que fugia a todos os padrões, embora as enfermeiras ainda olhassem para John com enorme desconfiança.

Depois de todos os procedimentos padrões, John finalmente entrou na sala onde Rose estava, se sentindo excessivamente cor de pasta de dente. Rose estava meio deitada, meio sentada, usando roupas que também eram cor de pasta de dente. Havia algo pequeno nos braços da humana. John sorriu para Rose e Rose sorriu para ele. John se aproximou e se abaixou um pouquinho, para ficar no mesmo nível que Rose e o embrulhinho cor de pasta de dente.

–-Como você está? –Perguntou John. Por algum motivo ele estava sussurrando.

–-Estou bem. –Respondeu Rose, que também sussurrava. Ela parecia fazer um enorme esforço para não soltar lágrimas. Lagrimas de felicidade, pensou John.

Ele esticou o braço e puxou o cobertor um pouquinho, de modo que pudesse ver o rostinho de Jack Smith Tyler. Ele já devia ter tomado um banho e mamado, pois dormia feliz. John sorriu bobamente, se sentindo feliz de uma maneira diferente. De uma maneira melhor. John tentou definir se Jack se parecia com ele ou Rose, mas ainda era muito cedo para isso.

–-Ele é... Meu filho. –Murmurou John, estendendo a mão e tocando o bebê. Rose sorriu.

–-Nosso, John.

John olhou para ela com a expressão que Rose tanto amava: o sorriso bobo e inocente. Rose se afastou um pouquinho e John se sentou ao seu lado, então os dois encostaram as cabeças, sorrindo, e Rose passou o pequeno para o colo de John, que o pegou, muito desajeitado.

John soube que sua vida nunca mais seria a mesma e sentiu um enorme frio na barriga. Ali, em uma sala cirúrgica, vestido de cor de pasta de dente, John soube que era um frio na barriga bom.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, gostaria de desejar um feliz dia da toalha. Acho que o povo que gosta de DW deve ter lido o guia do mochileiro das galáxias também, não????
Segundamente, queria deixar registrado que John e Rose mudaram muito na trama, e que eu noto isso na hora de escrever e você na hora de ler, possivelmente. Era o que eu queria, uma evolução dos personagens, embora ainda ache estranhos vê-los como um casal humano qualquer, com casa e filhos.
Terceiramente, queria dizer que faltam três capítulos para o fim da fic. Aêêê! Riam ou chorem, não sei. Originalmente, seriam quarenta e quatro capítulos, mas juntei isso, separei aquilo e fiquei muito feliz quando acabei com quarenta e dois, que afinal é a resposta para a vida, o universo e tudo mais.



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