— Tcs, tcs. — Ele se aproximou enquanto ela o olhava com os olhos arregalados. Nicole estava simplesmente em choque. — Tenta de novo. — Ele segurou no queixo dela com força e semicerrou os olhos, a olhando com profunda raiva.

Nicole notou que o hematoma do murro ainda estava marcado em seu rosto, mas como era possível se já havia se passado mais de um mês? E por que ele havia feito aquilo? Ele não estava em Washington? O que ele estava planejando?

— Por que você está fazendo isso John? — Ela conseguiu perguntar.

— É incrível a capacidade das pessoas de insistirem no erro. — Irritou-se ainda mais e depois lhe acertou um soco no abdômen. Nicole entre abriu os lábios e fechou os olhos com o movimento brusco dele. Em seguida ele a segurou pelo cabelo e ficou bem próximo do seu rosto. — Bem vinda ao meu jogo Nicole, meus parabéns, você conseguiu o posto de isca. — Ele se afastou, mas logo voltou e a olhou dentro dos olhos. — E só pra deixar claro, eu não sou o John.

Aquilo não fazia o menor sentido para Nicole, pois como ele dizia que não era o John se...

Flashback On

Nicole se sentou ali e olhou o movimento relativamente baixo do local, o que a fez pensar que sua pizza não demoraria muito a sair. Talvez aquele lugar enchesse quando ficasse mais tarde, afinal era uma sexta-feira.

Nicole sentiu alguém tocar suas costas, aquele tipo de toque que você sente que não foi sem querer.

— Desculpe. — A voz grave do homem soou baixa. Nicole olhou para ele, mas conseguiu visualizar apenas suas costas. Ele usava um boné preto com detalhes abstratos na aba, que estava virada para trás, vestia uma blusa de moletom cinza — parecia com a que ela própria usava —, calça jeans e tênis.

— Está desculpado. — Disse para si mesma, pois o homem já havia saído.

Flashback Off

— Não pode ser! — Nicole bradou impaciente. — Que tipo de brincadeira é essa? Rupert, o irmão gêmeo do John, morreu há mais de um ano!

A lembrança de ela ter ido a Las Vegas com Tony e Steve passaram por sua cabeça. Eles haviam ido até lá para pegarem a Pepper que havia sido seqüestrada por Hammer e os capangas dele, entre eles Rupert, o irmão gêmeo de John.

Flashback On

Flashback Off

— Depois que seu pai foi atrás do Hammer e de mim...

Flashback On

— Por que a pressa? — Tony perguntou com um sorriso amargo nos lábios e antes que Hammer conseguisse abrir a porta ele voou para trás junto com Rupert pelo tiro que o Homem de Ferro disparou de sua armadura.

— Stark. — Hammer disse estreitando os olhos e se levantando com um pouco de dificuldade. Rupert retirou o boné e revelou seus cabelos claros caídos sobre sua testa, o homem não parecia aparentar mais do que vinte e cinco anos. Ele também se levantou e tirou uma arma da cintura a disparando contra a armadura, porém Tony se desviou voando em direção a ele e o jogou contra a parede, mas o impacto fez com que a armadura se deslocasse do corpo de Tony e os pedaços caíssem sobre o piso. Stark praguejou balançando a cabeça negativamente, felizmente Rupert havia desmaiado, então a luta entre ele e o Hammer não seria injusta.

Flashback Off

—... eu não me lembro direito o que aconteceu, mas eu acordei e estava sozinho, então eu levantei e fugi, mas no momento em que eu estava saindo uma explosão aconteceu, uma das marionetes de Hammer havia usado uma bazuca para acertar vocês, mas eu estava perto de mais e acabei sendo atingido também. Fiquei com algumas cicatrizes, mas sobrevivi. — Nicole então compreendeu o porquê de seu rosto ser marcado.

— E o que você planeja agora? Vai me matar?

— Não, eu prometi ao meu irmãozinho que não ia tocar em você, mas ele não disse nada sobre eu usar você para pegar o Tony. — Sorriu malignamente.

— O que você fez com o John? — Quis saber.

Rupert se aproximou mais e colocou seu braço contra o pescoço dela, apertando-a cada vez mais contra a barra de ferro, a sufocando, vagarosamente.

— Você acha mesmo que eu sou um monstro tão horrível ao ponto de ferir o meu próprio irmão? Bem, pelo menos fisicamente? — Jogou de ombros, os lábios dela estavam começando a ficar roxos. — Sorte a sua que cumpro com minhas promessas. — Ele se afastou dela e Nicole puxou o ar para seus pulmões, ofegante. — Eu andei vigiando vocês.

Flashback On

— John, sem essa. Eu não vou para a Nárnia com você. — Foi a vez de John rir.

— Quem sabe da próxima vez. — Eles entrelaçaram os dedos.

— Quem sabe. — Ela assentiu com um esboço irônico e depois eles riram de novo.

Em um canto distante de onde o casal se encontrava estava ele, aquele que todos acharam que nunca mais iria voltar, porém voltou... ele retornou das cinzas e em seus lábios o sorriso não era puro, pelo contrário, seu sorriso lembrava o maligno... as trevas.

Flashback Off

— Eu estava andando pela Central Park, até que o encontrei. Ele estava orando, dá pra acreditar? Meu irmãozinho orando, fala sério. — Bufou. — Eu o surpreendi e nós tivemos uma conversinha, até que eu convenci-o a sair da cidade.

— O que você fez? — A descoberta de que John não a havia deixado por vontade própria a pegou desprevenida, apesar de esse tempo todo ela ter conseguido superar o que sentia por ele, aquilo a abalou.

— Como eu disse, não sou um monstro tão horrível a ponto de machucar meu irmão.

— Fisicamente. — O lembrou.

— Fisicamente. — Concordou. — John sempre foi o mais sensível de nós dois e isso acabava sempre sendo algo ao meu favor. — Sorriu. — Eu sabia que se eu tocasse onde dói ele iria me obedecer. — Nicole travou o maxilar e engoliu o nó formado em sua garganta. — Apesar de nós sermos gêmeos eu sou o mais velho. — Jogou de ombros. — Não que isso conte para alguma coisa, mas enfim. Nós dois nos mudamos. Naquele dia no hospital eu estava apenas pegando alguns documentos dele, eu não queria correr o risco de deixá-lo em um mesmo ambiente que o T. Bem, nos mudamos e por semanas vivemos como uma família e devo te contar que ele está muito bem.

— Como você... — Ela fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, encostando-a na barra de ferro.

— Eu disse que se ele não me obedecesse eu mataria você. — Respondeu a pergunta que pairava sobre a cabeça dela. — Mas acho que foi bom para ele.

— Como você pode saber o que é bom para ele? — Perguntou em um bradar furioso.

— Ele está em um novo ambiente, um ambiente mais propício a uma pessoa normal. Não é saudável para ele ficar em um lugar cheio de aberrações. Daqui algum tempo ele estará indo para a Suíça e eu tenho certeza que lá ele vai conhecer uma garota que seja da categoria dele e não uma aberração como você. — Aquelas palavras não tiveram o efeito que Rupert desejava e tão pouco que Nicole pensara que teria sobre ela.

— Eu desejo tudo de bom ao John e por um lado eu fico feliz por você se preocupar tanto com o bem estar dele, mas por outro, pelo lado do John, eu sinto pena.

— Não, Nicole Faith, eu é que tenho pena de você. — Algo no bolso de Rupert vibrou e ele sorriu. — Que o jogo comece.

— Assim como meu nome significa fé eu a tenho.

— Fé? Fé em quê? — Zombou. — No seu papaizinho que veio te salvar?

— Não. No Deus que eu sirvo.

~*~*~

Tony viu de longe o galpão e logo se aproximou voando por sobre o mesmo, mas sem ter conhecimento de que o galpão estava protegido com sensor de movimento e assim que ele se aproximou Rupert soubera que ele já estava ali. Ele aterrissou no chão e caminhou em direção a entrada do galpão, logo de cara ele viu Nicole deitava no chão e ele correu em sua direção, mas assim que ele o fez uma jaula caiu sobre ele.

— O que é isso? — Ele perguntou, mas sua voz saiu robótica.

— Pai! — Ele ouviu o grito de Nicole e notou que ela estava a alguns metros de distancia dele, presa a uma barra de ferro e ao lado dela estava, a seu ver, o John, que havia tampado a boca dela para ela não avisá-lo a tempo de que era uma armadilha.

Tony se preparou para retirar a jaula de sobre si, mas no momento em que ele o ia fazer Rupert o impediu.

— Se eu fosse você não faria isso. Veja — ele tocou o pulso esquerdo de Nicole que estava algemado a argola que estava ligada a jaula —, se você se mexer o fio vai se esticar por completo acionando um dispositivo de explosivos, causando assim a morte de Nicole e da mesma forma acontece com você — olhou para Nicole — se você tentar sair daí com sua força sobre humana você aciona o fio ligado à jaula e seu pai vai virar churrasco.

— Como você pôde fazer isso? Você prometeu ao John!

— Prometeu ao John? — Tony abriu a parte do rosto na armadura. — Esse maldito não é o John?

— Não, eu sou Rupert Thompson, o irmão gêmeo do John. É tão divertido as pessoas acharem que eu sou o meu irmão, sabe que na infância eu detestava isso? — Jogou de ombros mais uma vez, Nicole notara que ele possuía aquela mania. — Pois bem, esse é o jogo, se você tentar salvar sua filha saindo dai você vai matá-la e vice versa.

— Eu pensei que você tinha morrido. — Tony disse com a testa franzida.

— Vivendo e se frustrando.

— Não tem problema, eu posso te matar agora. — Travou o maxilar.

— Acho que não. — Arqueou as sobrancelhas e sorriu.

— Você disse ao John... — Nicole tentou dizer, mas Rupert interveio.

— Eu não vou te matar, ainda estou cumprindo com a minha promessa, se algo de ruim acontecer com você vai ser culpa do seu pai, não minha.

— Você não vai escapar dessa! — Tony gritou e olhou para Nicole, que da mesma forma o olhava, porém com os olhos cheios d’água.

Eles estavam em um beco sem saída, não teria como sair dali, pois se eles tentassem colocariam a vida um do outro em perigo, para ser mais especifica, a morte um do outro.

— Você está se vingando? É isso? — O Homem de Ferro perguntou. — Quanto você quer pra sumir das nossas vidas?

— Dinheiro não faz parte do jogo. Eu gosto de mexer com o psicológico das pessoas.

— Isso te alegra? — Nicole perguntou.

— Não, me entristece na verdade e é por isso que eu já vou indo, acho que as coisas vão ficar meio melosas por agora com todo o papo de “Filha, eu já vivi o que eu tinha que viver, fuja e sobreviva”, “Mas papai você é o Homem de Ferro, a cidade precisa de você, salve-se”. — Disse tentando imitar a tonalidade das vozes deles. — Então espero que vocês possam passar minutos muito lindos.

— Minutos? — Tony perguntou com a testa franzida.

— Ah! Como sou tolo, eu não avisei a vocês? — Voltou a ficar entre eles e depois caminhou até um pneu velho que estava ao lado de alguns tambores de metal e revelou a eles o que havia debaixo dele.

— Não! — Nicole disse arregalando os olhos.

Tic, tac, tic, tac, tic, tac... eles tinham 4 minutos e 18 segundos para saírem dali antes que o galpão explodisse e um show de fogo e fumaça se iniciasse.