Hurts Like Heaven escrita por diário de uma viajante


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma fic que eu desenvolvo a algum tempo , mais só agora tive coragem de postá-la. Espero que gostem.



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Anne havia acordado de um pesadelo .Havia sonhado com aquela mulher vestida de preto que costumava chamar de “dama de preto” novamente .Esse havia sido seu único sonho no ultimo mês.

Ela se sentou na cama e tentou regularizar sua respiração . Lembrou que seus pais estavam em casa e , com medo da “dama de preto”, resolveu ir dormir com eles.

Anne colocou os pés descalços no chão e franziu as sobrancelhas .O chão estava quente .Ela hesitou um pouco, com medo . Mas , sua curiosidade era bem maior que o medo, e ela queria saber por que o chão estava quente afinal, quem pode impedir a curiosidade de uma criança?

Jogou as cobertas de lado, se levantou e começou a ir em direção a  porta. A madeira do piso rangia aos seus pés, o que servia apenas para assusta-la mais. Anne finalmente chegou a porta do quarto e girou a maçaneta tentando ser silenciosa. Assim que abriu a porta , o calor aumentou. Mesmo com medo , ela continuou.

Anne andava pelo corredor do segundo andar como se ele fosse desabar a qualquer momento, o calor aumentando a cada passo. Ela passava os olhos de um lado ao outro , procurando algo fora do comum.

Ela mal percebeu quando chegou á escada. Hesitante, começou a desse-la  . Agora o calor havia aumentado drasticamente e ela podia sentir que algo estava errado. Quando terminou de descer a escada, começou a ouvir vozes vindas do quarto de seus pais. Elas estavam muito longe , então as palavras eram incompreensíveis .

Anne com receio de que encontraria algo indesejado na casa , retirou a madeira do ultimo degrau da escada. Lá , havia um compartimento secreto onde sua mãe guardava uma adaga para emergências. Anne a retirou com cuidado e começou a andar em direção ao quarto de seus pais.

O calor nos seus pés agora era insuportável . O calor a sua volta era tanto que ela já havia começado a suar , embora também pudesse ser de nervoso. As vozes, antes incompreensíveis , se tornavam mais claras a cada passo. Anne pode reconhecer duas delas: uma a de sua mãe e outra de seu pai, mas ainda havia uma terceira voz. Esta também lhe era conhecida , mas por mais que se esforçasse , não conseguia lembrar de onde.

A porta do quarto estava com uma fresta aberta e Anne resolveu que era mais sensato olhar primeiro.

A fresta não era muito grande e o suor que caia em seus olhos não a ajudava a enxergar melhor, mas Anne pode ver claramente seus pais abraçados perto da cama. Sua mãe parecia assustada e seu pai gritava com alguém que Anne não conseguia ver. Ela também pode enxergar a  causa do calor: fogo. Em um círculo em volta de seus pais . Agora ela também podia sentir o cheiro da fumaça. Ela sabia que se inalasse muito aquilo , poderia morrer.

O dono da terceira voz , um homem, Anne pode reconhecer, começou a se aproximar dos pais dela. Ele usava uma capa negra com capuz que cobria o seu rosto .Anne pensou que seus olhos estavam lhe pregando uma peça    pois o homem tinha em suas mãos , chamas vivas. Ele começou a atear mais fogo no círculo em volta de seus pais. Ele fazia uma mesma pergunta a eles , mas naquele momento ela não conseguia ouvir mais nada além do sangue retumbando em seus ouvidos.

Nesse momento , Anne sentiu alguém tocar seu ombro. Ela se virou empunhando a adaga. Ali, parada diante dela estava apenas sua amiga Bianca. Bianca podia ter apenas 7 anos, mas aparentava ter muito mais. Ela era muito alta , extremamente pálida e ,apesar de ter cabelos negros, tinha lindos olhos cor de âmbar.

Anne ia lhe falar sobre o que estava acontecendo quando Bianca levou um dedo ao lábio em um pedido claro de silêncio. Ela fez um gesto para que Anne a seguisse. Anne foi dar um passo, mas logo percebeu que , por ter inalado tanta fumaça, estava tonta. Acidentalmente , acabou esbarrando em um vaso de flores e o quebrando em mil pedaços.

As vozes no quarto cessaram. Anne prendeu a respiração enquanto a porta abria. O homem encapuzado apareceu rindo e andando na direção delas. Anne ficou surpresa ao notar que ,agora, conseguia escutar sua voz com perfeição deixando-a ainda mais familiar.

  - E eles ainda disseram que você não estava. – disse ele em tom de deboche – Não tem vergonha de ter  pais mentirosos, Anne?

Ele sabia seu nome. Agora ela estava realmente assustada. Anne sabia que ele era conhecido, mas a ponto conhecer seu nome?

A cada passo que ele dava Anne apertava com mais força a adaga. Ele olhou para a adaga e riu com falso divertimento.

- Você não esta pensando em me machucar está , Anne?

- Talvez ela não , mas eu sim! – disse Bianca. Ela ficara tão quieta que Anne até se esquecera que ela estava ali.

- ah Bianca! Tão jovem e tão tola! Vai mesmo seguir os passos de sua querida mãe? Você sabe onde ela está agora?

Bianca sentiu suas pernas vacilarem e toda cor deixar seu rosto. Sua mãe havia saído e não dava notícias a dois dias. Elas sabiam que ele viria, então estavam tentando esconder as crianças. Sua mãe havia fugido com o irmão de Anne, Jerome. Mas até agora não tinha notícias de seu paradeiro. O que aquele monstro havia feito com ela?

- O que  fez com ela?- ela perguntou , agora sentido o rosto queimar de ódio.

- ah!-ele disse em um tom de falsa preocupação- Não matamos ela, apenas... a contemos.

- O que ele quer dizer com isso Bianca?- perguntou Anne.

- Eles esconderam muita coisa de você, não é mesmo criança? Mas eu posso dar um jeito nisso.

O homem apontou o dedo para Bianca e disse algumas palavras irreconhecíveis. Bianca foi levantada do chão e jogada para fora pela janela no fim do corredor.

- Bianca!- Anne gritou.

- Não se preocupe com ela. – disse o homem se voltando para Anne  e observando que ela ainda empunhava a adaga- Você não vai me machucar vai? Não se lembra de mim?

Por mais que Anne se esforçasse , não conseguia lembrar quem era a pessoa a sua frente. E agora estava em um empasse. Deveria ou não machucar aquele sujeito? Ela nem sabia quem era , mas o que vira ele fazer já era o suficiente para detestá-lo. Porém não era assim que ela fora educada. E ainda mais ele a conhecendo... Anne não sabia o que fazer.

Foi quando ouviu uma voz retumbando cada vez mais forte em sua cabeça. Não era sua consciência, muito menos a voz de alguém em uma lembrança, era apenas uma voz. Uma voz que dizia “ Apenas siga seus instintos”. Anne resolveu escutá-la.

Sem hesitar, atirou a adaga contra o sujeito parado a sua frente. Ele , tomado de surpresa, tentou se desviar do golpe. Era para a adaga ter penetrado em seu pescoço, mas como ele se desviou, ela ficou fortemente cravada em seu ombro esquerdo. Sangue começava a jorrar do ferimento. Ele se perguntava , em meio a imensa agonia , como uma criança podia ter tanta força e precisão.

-  DESGRAÇADA!- ele berrou tomado de raiva. – AGORA VOCÊ VAI PAGAR!!!

Anne não acreditava no que acabara de fazer, mas não se arrependia. Aquele sujeito estava tentando matar seus pais e com certeza havia machucado sua amiga. Aquilo já era o suficiente para ele merecer três facadas. Mas ela havia esquecido um pequeno detalhe: agora estava de mãos vazias enfrente a um sujeito que fazia fogo com as mãos e que estava realmente nervoso. Ele estava começando a recitar algo que Anne entendeu como um encantamento de bruxaria. Paralisada, ela viu surgir da sombras um bicho horrendo que podia apenas ser descrito  como monstro. A criatura tinha quase dois metros de altura, tinha aparência de um urso, mas mesmo dali , Anne conseguiu perceber que ele tinha uma carapaça dura e cheia de cicatrizes. A criatura ainda tinha garras e presas enormes.

- Pegue ela ! – disse o homem e a criatura obedeceu.

A criatura levantou a pata e fez um corte  profundo no braço de Anne. Ela soltou um grito estrangulado. O golpe teria pegado sua garganta se ela não tivesse se virado a tempo, porém  com o movimento acabou colocando os pés em uma pequena chama que agora saia do quarto de seus pais e se espalhava pela casa. Como consequência, a criatura havia prendido as garras na parede e tentava desesperadamente livra-las enquanto Anne lutava contra a dor agonizante em seus pés.

Anne começou a subir a escada aos pulos. Seus pés doíam insuportavelmente e sua cabeça estava dando voltas. Ela havia acabado de subir a escada quando ouviu   um baque surdo. Imaginou que a criatura tivesse conseguido desprender suas garras, mas não ficou para ver. Entrou em seu quarto, trancou a porta e colocou o máximo de moveis possíveis para fazer barricada na porta.

Se afastou analisando a situação. Aquilo não ia salva-la para sempre. Precisava pensar. Mas como? A fumaça toxica já a estava deixando tonta e a única coisa que conseguia pensar era que seu coração ia sair pela boca. Foi quando ouviu uma voz vinda da janela. Ela olhou e viu Bianca lá embaixo.  Ela gesticulava para que Anne descesse. Mais como?

“ A janela “ pensou triunfante. Anne empurrou sua cama para o lado. Já conseguia ouvir as batidas do monstro na porta. Ela quebra o piso e de lá tira uma mochila. A porta finamente sede e o monstro entra  . Ele está a pouco centímetros de Anne quando ela finalmente toma coragem e salta pela janela, escapando por menos de um centímetro das garras da criatura.

O impacto com o chão faz Anne tremer. Sentiu uma dor ainda mais forte em seus pés , principalmente no calcanhar esquerdo. Ela tinha certeza que havia torcido. Bianco logo a ajudou a levantar e as duas partiram em disparada em direção a floresta, com a criatura em seu encalço .

 A ultima visão de Anne antes de entrarem na mata fechada, foi sua própria casa em chamas e  ouviu um grito estrangulado de uma mulher que, ela tinha certeza , que era de sua mãe.


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Notas finais do capítulo

Então?



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