Only You escrita por letiiciabriefs


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora do capítulo:
[ http://www.youtube.com/watch?v=1zSf5lll7p8 ]



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Faço um esforço para abrir meus olhos. Toco em minhas pálpebras, que estão inchadas de tanto chorar. Não lembro como exatamente consegui dormir, mas a última coisa que vi antes de "apagar" foi Peter deitar-se ao meu lado. Não há uma cama na cela, então tivemos que dormir no chão.

Viro minha cabeça para o lado e vejo que Peter ainda está dormindo. Puxo meu corpo para cima e tento levantar. Minhas costas e minha cabeça doem. Caminho até a portae encosto meu ouvido nela, mas não escuto vozes nem passos. Devo ter acordado muito cedo. Bem, considerando que serei executada esta manhã, daqui a algumas horas ou alguns minutos...não faz diferença alguma acordar mais cedo. Não faço a menor ideia de que horas são. 

Ajoelho-me ao lado de Peter e olho o relógio em seu pulso. São cinco horas. Não falta muito para nossa execução. 

- Peter - digo baixinho - acorda. - Ele leva a mão até o rosto e boceja. Vê-lo bocejar faz com que a minha vontade de voltar a dormir aumente. Pisco os olhos para me manter acordada. 

- Careta. - É só o que ele diz. Levanto as sobrancelhas. 

- Bom dia para você também, Peter - respondo. Ele franze a testa. 

- Não é um "bom" dia. Esqueceu que vamos morrer daqui a pouco? - responde. Mordo o lábio. Se ele queria me deixar ainda mais desesperada, ele conseguiu. 

- Como você acha que eles vão...- não consigo terminar a pergunta.

- Nos matar? - completa ele. Afirmo com a cabeça. Ele ainda está deitado e apoia um braço em baixo de sua cabeça. 

- Com algum tipo de soro talvez - ele hesita - ou simplesmente atirarão em nós. 

Olho para ele. Enquanto ele fala, seus olhos estão como sempre, vazios e calmos. Os meus estão se enchendo de lágrimas. Não posso chorar. 

- Talvez ainda possamos escapar - digo, com uma pontada de esperança. Ele apenas me encara. 

- Podemos cavar um buraco - vinha voz soa desesperada, como a de uma pessoa louca - ou podemos roubar as armas dos guardas, ou talvez..- ele me interrompe. Sua mão tapa minha boca e ele endireita seu corpo, sentando-se de frente para mim. 

- Tris. Não adianta. Não há nada que possamos fazer - sua expressão agora é de pena. Pena de mim e da minha ingenuidade. 

Não consigo mais me segurar. As lágrimas escorrem pelas minhas bochechas de uma forma incontrolável. Peter deita novamente e me puxa junto. Estou deitada em cima dele. Suas mãos alisam meus cabelos e encosto minha cabeça em seu peito. Ouço as batidas lentas de seu coração. 

Agora, tudo o que temos que fazer é esperar a nossa hora. A hora da nossa execução. Nunca pensei que passaria meu último dia de vida com Peter.

- Quem você acha que vai...morrer primeiro? - pergunto, levantando minha cabeça e apoiando meu queixo em seu tórax. 

- Provavelmente você - diz ele rindo - primeiro as damas, certo? - solto uma pequena risada.

- É, talvez você esteja certo - reviro os olhos - mas talvez aqui eles matem os idiotas primeiro - digo debochadamente.

- Ou os Caretas - conserta ele. Rio novamente, o que parece perfeito para fazer com que eu esqueça da nossa realidade agora. Se vamos morrer em poucos minutos, devemos aproveitar nosso último dia de vida. 

- É uma pena saber que não poderei mais ver o sol nascer - digo rindo, mas com uma imensa tristeza ao mesmo tempo. Ele confirma com a cabeça. Passo a mão entre meus cabelos, deixando alguns fios caírem sobre meu rosto. Peter os afasta, os colocando atrás da minha orelha. Nos encaramos por alguns segundos, quando finalmente a porta da cela abre. 

                                     +++

Mas não é Jeanine. Um guarda entra pela porta conduzindo uma garota de pele bronzeada e ombros largos. Ela veste uma calça rasgada e uma blusa grande. Seus olhos brilham ao ver Peter.

É Molly. 

- Molly - diz Peter arregalando os olhos - o que você faz aqui? 

Ela abaixa a cabeça. Depois de algum tempo, ela finalmente volta a encarar Peter. 

- Soube que estava na Erudição e que seria executado. Eu tentei invadir o complexo para salvar você, mas me pegaram - diz. 

- E Drew? - pergunta Peter. Ela balança a cabeça. 

- Edward o matou.

Peter não parece nada chocado em saber que um de seus inseparáveis amigos morreu. Nem mesmo pareceu se importar ao ver Molly. 

- O queela faz aqui? - pergunta Molly me encarando. A encaro de volta.

- Ela também vai ser executada - responde Peter amargamente - por minha causa. 

Molly parece espantada. 

- Não me diga que... - ela aponta para mim - você a salvou?! - pergunta furiosa. Peter apenas afirma com a cabeça. 

- Isso não é da sua conta, Molly - responde. Ela contrai o rosto. 

- Eu vim até aqui porsua causa, para te salvar - grita ela - e me deparo com você e a Careta juntos, mas que droga é essa?! Achei que a odiasse! Você odeia ela! Por que a salvou? Por que colocou a sua vida em risco por ela?! - Molly se desprende do guarda e avança para cima de mim. Ela me derruba e soca minha cara. Minha visão fica embaçada e minha cabeça lateja. Ela se prepara para me bater novamente, quando Peter a agarra por trás e segura seus braços. Ela se debate e chora. 

- Eu sempre amei você! Por que não consegue me amar também?! - berra Molly. Peter a segura com mais força e ela para de se debater. 

- Escute. Eu não amo você, e nunca amarei - diz ele friamente - eu amo outra pessoa. 

- Ah! - ela lança um olhar doentio em minha direção - então é dela? É dessa Careta pálida que você gosta? - ela solta uma risada debochada. O guarda boceja e agarra o braço de Molly. 

- Basta - diz ele - vou leva-lá embora daqui antes que mate a garota. 

Ela bufa e sai obedientemente atrás do guarda. Mas antes, ela me lança um olhar de ódio. 

Quando finalmente sai, Peter se aproxima de mim e toca meu rosto onde Molly socou. Pela careta que ele fez, com certeza os danos foram grandes. 

- Como Molly sabia que seria executado? - pergunto tentando recuperar o fôlego. Ele dá de ombros.

- Ela é uma sem-facção agora. Deve sair por aí catando informações alheias. Mas também não duvido nada de que Jeanine espalhou a notícia de nossa execução pela cidade - diz. Afirmo com a cabeça. 

- Mas confesso que fiquei admirado por ela ter vindo até aqui - diz ele.

- Bem, ela disse que gosta de você, é um motivo - respondo. Ele suspira. 

- Eu sempre soube disso. Mas nunca gostei de Molly como ela gosta de mim. Ela e Drew não tinham opinião própria, e apenas me seguiam para onde quer que eu fosse. Nunca discordaram de mim ou me criticaram. Acho que sempre tiveram medo de mim - diz. - Nunca tive amigos de verdade. 

Bem, o fato de Peter nunca ter tido amigos é óbvio, mas prefiro não falar nada a respeito. Mordo o lábio.

- O que você queria me falar? - pergunta. Arregalo os olhos. Ele solta uma risada.

- Sei quando as pessoas estão mentindo ou omitindo algo. Você se entrega quando morde o lábio inferior - ele parece um pouco com Christina falando isso, já que ambos nasceram na Franqueza. 

- Eu só... - tento não morder o lábio novamente.

- Não precisa dizer - diz ele sorrindo - só queria te assustar um pouco. 

Solto uma pequena risada. O sorriso de Peter se desfaz e ele me encara. Colocando uma de suas mãos em meu rosto, ele se aproxima e me beija. O beijo não dura muito, e logo em seguida ele abaixa a cabeça corado. Senti a mesma coisa que senti quando Tobias me beijou pela primeira vez. Como se estivessem jogando mel em mim. Instintivamente, encaixo meus lábios na boca de Peter e nos beijamos novamente, mas dessa vez, o beijo é mais intenso e duradouro. Uma de suas mãos segura meu quadril e a outra apoia meu queixo. A porta se abre no mesmo instante em que me afasto dele. 

- Bom dia - fala Jeanine entusiasmada ao entrar na cela. Permanecemos calados. 

- Esta um excelente dia para morrer, não? - ela lança um olhar de entusiasmo e ao mesmo tempo de ódio para mim. Dois guardas aparecem atrás dela e nos algemam. Eles nos conduzem para fora de cela.

- Levem-nos - diz ela severamente. Ela caminha na frente e nós vamos logo atrás. Quando paramos, ela abre uma pequena porta de ferro e entramos. Há uma mesa no centro.

- Então... - diz ela batendo os dedos em uma seringa - quem irá primeiro? 

Eu e Peter nos entreolhamos. Ambos estamos paralisados de medo.

 - Eu vou - diz Peter. Jeanine parece contente, afinal, nada melhor para ela do que além de me matar, me fazer assistir a morte de alguém importante para mim. Ela faz um sinal para que Peter deite na mesa, e um dos guardas coloca um fio em seu peito, e o liga a um monitor cardíaco. O coração dele parece palpitar lentamente, como se não estivesse preocupado em morrer. 

Jeanine se aproxima dele e injeta a agulha em seu braço. Ele contrai os lábios para disfarçar a dor. Os segundos passam lentamente, e a frequência de seus batimentos cardíacos vai diminuindo. De repente, ele vira a cabeça para o lado e seus olhos permanecem abertos. O monitor apita. 

                                          +++

Meu corpo inteiro estremece. Tenho vontade de chorar, mas não posso dar esse gostinho de derrota para eles. Tenho que ser forte. Se vou morrer agora, quero morrer como uma pessoa corajosa. Enquanto Jeanine prepara outra seringa, um guarda retira o corpo de Peter e o coloca em uma maca. Esse guarda não é como os outros; Seu rosto está coberto por um tipo de capacete, e só dá para ver seus olhos. Enquanto o guarda leva o corpo de Peter, deito-me na mesa. Colocam um fio em meu peito, e o conectam ao monitor. Minha frequência de batimentos, diferente de Peter, está acelerada. Não consigo em acalmar. 

Enquanto Jeanine confere o líquido dentro da seringa, olho para a forte luz azul que está bem acima de mim. Ela faz com que eu não enxergue nitidamente o que há em meu redor. De repente, penso em meus pais. Irei revê-los, do outro lado. Pelo menos, morrer pode não ser tão ruim assim. Não tenho nada a perder. 

Lembro também de Tobias. Onde ele estará agora? Será que sabe que morrerei hoje?

Jeanine caminha em minha direção, interrompendo meus pensamentos. É agora.

Ela se inclina e injeta o líquido em meu braço. Não sinto nada a princípio, mas depois sinto um formigamento nas pernas e nos braços. Não consigo mais mexe-los. 

Respiro com dificuldade e levanto um olho para tentar olhar o monitor cardíaco. A frequência de batimentos está diminuindo. E então, a porta da sala se abre bruscamente. Pisco algumas vezes para clarear minha visão. 

A última coisa que lembro de ver é o guarda que levou o corpo de Peter atacando Jeanine com uma seringa e chamando meu nome. Não lembro de mais nada. 

                              


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouco confuso, mas espero que tenham gostado. :3