Only You escrita por letiiciabriefs


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Plena madrugada de quarta-feira, e eu tive a 'brilhante' ideia de escrever outra fic Petris. Peço desculpas se houver qualquer erro de português ou algo do gênero. Mas, enfim, espero que gostem :D



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"- Isso é ridículo. Não faz o menor sentido. Ele tem dezoito anos. Encontrará outra namorada depois que você morrer. E ele é um idiota se não consegue entender isso." 

As palavras de Peter ficam em minha cabeça. E se o que ele disse for verdade? Sempre parei para pensar nisso. Não que eu duvide do amor de Tobias por mim, mas...eu sou dois anos mais nova do que ele. Não sou bonita. E também não sou o tipo de pessoa muito "amigável". O que o levaria a se apaixonar por mim? 

- Careta. - ouço a voz fina de Peter e viro-me para a porta, onde está parado. Seu rosto está tenso e sua cara, pálida. 

- O que foi? - pergunto. Ele hesita por alguns segundos. 

- O Quatro está morto. 

Tento absorver o que ele disse. Sinto um peso em meu coração, como se houvesse uma pedra dentro dele. Começo a perder o fôlego, à medida em que as lágrimas brotam dos meus olhos. Não é possível. Isso não pode ser verdade. Não pode!

- Como assim? - minha voz está rouca. Limpo a garganta. - Como assim?! O que vocês fizeram com ele? O que vocês fizeram?! - agora estou gritando a plenos pulmões. Não pode ser. Não pode. 

- Acalme-se. Eu..- ele começa a falar, mas o interrompo.  

- Como pode querer que eu fique calma?! Mataram ele! Mataram ele - começo a soluçar novamente - e a culpa é sua! Por que não fez nada? Por que traiu a Audácia? Por que você é tão cruel?! - quero avançar em cima dele. E depois, matar Jeanine. Se alguém aqui merece o meu ódio neste instante, é ela. Peter continua com a mesma aparência calma, fingindo que está tudo bem. Quero socá-lo. 

- Escute, se você se acalmar.. - ele pega uma seringa e tenta se aproximar de mim - eu explico o que aconteceu - diz. Levanto e encolho-me contra a parede dos fundos. 

- Sai daqui. Eu te odeio. Odeio todos vocês! - meus gritos preenchem o corredor, e logodois guardas entram em minha sela. Jeanine está logo atrás deles. Viro-me e sem pensar duas vezes, corro até ela e a derrubo. Ela bate a cabeça com força na parede e arregala os olhos. Ela parece estar surpresa, mas não deveria. Ela já devia saber muito bem como eu reagiria depois de saber que ela matou a pessoa mais importante para mim no momento. Soco sua cara várias e várias vezes, até Peter me arrastar para longe dela. Ela ainda está consciente.

- O que você fez?! - berro para ela - disse que não iria machucá-lo! Você deu sua palavra! - tento me soltar, mas Peter é muito mais forte do que eu. Ela pega seus óculos que estão no chão, quebrados, e coloca-os mesmo assim. 

- Do que você está falando, Beatrice? - ela pergunta com a voz fraca. Como pode ser tão cínica? 

- Você sabe! - me debato novamente - você sabe muito bem!  Você matou ele! - ela parece não entender o que estou falando. 

- Ouça, eu não sei que tipo de soro injetaram em você. Mas eu não matei ninguém. Não sei do que você está falando. - ela levanta com a ajuda de um guarda, e lança um olhar de ódio para mim. 

- Desculpe-me - diz Peter atrás de mim. - Acho que acabei me enganando, e passei a informação errada para a srta. Prior. Foi um pequeno engano - ele está com a cabeça baixa e sua voz não parece segura. Olho para ele, e depois para Jeanine. 

- Então, Tobias...ele está vivo? - meus olhos se enchem de lágrimas ao perguntar isso. Ela apenas olha confusa para mim.

- Claro que está. Ainda não concluí meus estudos, e certamente, se pretendesse matá-lo, mataria você junto - ela põe a mão no nariz e vê o sangue escorrendo pela sua mão. Ela olha novamente para mim, com um olhar de ódio ainda mais assustador. Ela vira-se novamente sem dizer nada, e faz um sinal para que os guardas a acompanhem, menos Peter. Agora sou eu quem estou confusa. 

- De onde tirou a ideia de que ele estava morto? - minha voz ainda está trêmula. Ele deve ter feito isso de propósito, para que eu perdesse o controle e atacasse alguém. Faz sentido. 

- Eu só achei que... - ele passa a mão entre os cabelos. - Eu só...queria ver como você reagiria se eu dissesse isso. Não sabia que você perderia o controle desse jeito. - ele olha para mim, e seu olhar ainda está tenso. 

- Você fez isso por pura diversão? Foi isso? - olho para ele com raiva. Ele apenas passa a mão entre os cabelos novamente. 

- Era só uma brincadeira. - diz. Só uma brincadeira. 

Era só uma brincadeira? Ah! - forço uma risada irônica - legal, Peter! E você viu o que essa suabrincadeira me fez passar? Você tem ideia do que eu fiz, graças a sua idiotice?! - empurro ele contra a parede. Ele permanece inexpressivo. 

- Tris. - ele olha para mim sem desviar o olhar. Seus olhos grandes e verdes penetram nos meus. Ele acabou de me chamar de Tris. Ele me chamou de Tris, não de Careta. Ele continua me encarando. - Por que você ama o Quatro? - pergunta. Franzo as sobrancelhas. 

- Porque... - procuro as palavras certas. - é porque ele... ele é a pessoa mais importante para mim. Ele cuidou de mim esse tempo todo, quando achei que estava sozinha e que não teria mais em quem confiar. Eu amo ele. - digo com a voz firme, e abro um pequeno sorriso. Pensar nele faz com que eu me sinta bem. 

- Diga-me. Como é a sensação de amar alguém? - sua pergunta me surpreende, porque é algo muito estranho vindo da boca do Peter. 

- É...maravilhoso. - respondo. Ele continua me encarando.

- Quando você pensa em alguém o tempo inteiro, e sempre quer estar perto dessa pessoa...isso significa que você está amando ela? - pergunta, como os olhos colados nos meus. Hesito um pouco antes de responder. Por que diabos ele está me perguntando isso? 

- Bem...eu acho que sim - respondo. Ele se aproxima um pouco de mim.

- Isso é uma bobagem. - diz. - É bobagem querer estar sempre perto de você...digo...de uma Careta... - sua voz está trêmula -  e sempre me preocupar em saber se você está bem...q-quer dizer, se você ainda está viva e... - ele para e abaixa a cabeça. Não consigo evitar uma reação de surpresa. Mesmo sendo um traidor, cruel e covarde... ele ainda tem um pouco de Franqueza e Audácia dentro de si. Ele volta a olhar para mim. 

- Peter... o que você... - ele interrompe minha pergunta e se aproxima mais do meu rosto.

- Eu a amo, Tris. - sussurra no meu ouvido e se afasta novamente. Ele fecha os olhos por um instante e volta a me encarar. 

- Esqueça o que eu disse agora. É o Quatro que você ama, e não posso fazer nada a respeito disso. Apenas esqueça o que eu disse, e finja que nada aconteceu. Quero que continue me odiando, assim como também continuarei "odiando" você. Só disse isso porque não aguentava mais esconder isso de você. Pessoas na Franqueza não conseguem omitir a verdade, e como nasci lá... - ele para por um instante - pois bem, Careta. E se você quer saber porque menti sobre o Quatro - sua expressão se fecha e o brilho em seus olhos desaparece - é porque eu o odeio. - Ele fecha os punhos com força, e depois caminha em direção à porta da sela. Estou zonza. Não entendo mais nada. Não depois disso. 

- Peter - digo, e ele para na porta sem olhar para mim. - Desde quando... você sabe... - minhas bochechas esquentam. Ele solta uma pequena risada. 

- Desde quando eu gosto de você? - ele se vira e levanta suas sobrancelhas. Afirmo com a cabeça. 

- Sei lá - ele encara o chão - acho que foi quando Quatro a salvou...quando tentei te assustar, fingindo que a jogaria do abismo. Quando vi ele se aproximando, fiquei com medo, mas ao mesmo tempo, com uma ponta de alívio. Por que sabia que ele a salvaria. Fugi antes que ele me alcançasse, e passei a noite em claro pensando sobre isso. Por que fiquei tão feliz em ver que você iria estar a salvo. Não conseguia entender, como eu podia desejar o bem a alguém que eu odiava? Foi aí que eu percebi que não, eu não a odeio. Quando você me salvou no complexo da Amizade...eu quis muito dizer obrigado. Mas meu orgulho falou mais alto. Depois desse dia, não parei de pensar em você. É doentio...eu não comia, nem dormia, apenas queria vê-la novamente. - Seu rosto está corado. Ele limpa a garganta. - Preciso ir agora. - Ele anda até a saída, mas antes para e olha para mim. 

- Nada disso aconteceu, está bem? - ele olha com uma expressão séria. 

- Entendido. - Respondo, e ele balança a cabeça, confirmando. 

Encaro Peter antes de ele ir embora. Seus olhos são grandes e verdes, e o formato do seu rosto é bonito. Ele tem algumas feições femininas, como seu nariz fino e suas sobrancelhas inclinadas e bem feitas. Seu cabelo está sempre arrumado, e é tão escuro que chega a ser brilhante. Meus olhos se perdem em suas feições. Ele franze a testa. 

- O que foi, Careta? Ainda não acredita que era uma brincadeira, e que Quatro está mesmo vivo? Ou será que está com tanto sono que nem consegue se manter em pé direito? - pergunta. Pisco algumas vezes e levo a mão até a cabeça, desviando o olhar. Acho que estava tão concentrada em olhar para ele que acabei ficando com uma expressão boba no rosto. Minhas bochechas esquentam. 

- Não é isso - digo - é só que...é difícil imaginar que alguém com uma aparência tão dócil e inocente como a sua seria capaz de fazer coisas tão cruéis. - Não sei se deveria ter dito isso, mas agora já foi. Ele apenas ri. 

- Dócil e inocente? - ele ri mais ainda - fala sério, Careta. - Quando para de rir, sua expressão fica séria e ele apenas me encara. Ele me olha dos pés a cabeça. Não da mesma forma que ele olhou quando ele, Drew e Molly puxaram minha toalha e fiquei despida na frente de todos que estavam no dormitório. Dessa vez, ele me olha de uma maneira diferente. Abaixo a cabeça. Meu coração começa a acelerar.Por que estou tão nervosa? Sei que ele não vai me machucar, mas... por que está olhando para mim desse jeito? Quando levanto a cabeça novamente, ele já não está mais lá. A porta da sela está trancada. Deito-me e tento dormir.  


                                                                    +++

Acordo antes das 6 da manhã. Sei disso por que é às 6 horas que Peter passa todo dia em minha sela para me levar até Jeanine. 

Peter.

Sonhei que ele atirava em Jeanine, e depois levava um tiro de um guarda. Foi um sonho muito estranho. Coço os olhos e ouço passos vindos do corredor. Provavelmente é Peter vindo fazer sua visita matinal. Levanto-me e vou até a porta, mas não é ele que aparece. É outro guarda. Lembro-me de tê-lo visto ontem com Jeanine.

- Onde está Peter? – pergunto.

- Ele foi escalado para executar outras tarefas. Jeanine achou que ele estava sendo uma distração para você. – ele solta uma pequena risada. Não fui com a cara dele. – Coitada de você. Não basta ter que ficar confinada...ainda teve o azar de eu ser o seu guarda particular temporário. Tenho pena de você, garotinha – ele dá um tapa na minha cara. Contenho um gemido de dor.

- Por que fez isso? – cubro a área do rosto onde ele me atingiu com as mãos. Ele apenas solta outra gargalhada.

- Você deveria me agradecer por eu não fazer algo pior – diz com um olhar ameaçador – depois do seu ataque de loucura ontem, deveria levar sentença de morte. Teve sorte de a Jeanine decidir não executá-la agora. – diz. Ele me encara por alguns segundos.

- Você até que não é tão feia – ele percorre meu corpo inteiro com os olhos. Estou começando a me desesperar. Não gostei desse cara.

Ele me entrega um pacote com um sanduíche e uma maçã.  A ideia de aceitar qualquer coisa que venha dele me dá náuseas, mas não posso morrer de fome. Desembalo o sanduíche lentamente e dou pequenas mordidas. Nunca comi algo tão ruim. Demoro para terminar de comer, e o guarda me olha impaciente. Quando termino, ele me conduz para fora da sela. Passamos pelo primeiro corredor, mas no segundo ele para e me arrasta para o canto de uma parede. Estou com medo. Ele me olha novamente, de cima a baixo.

- Como Peter disse. Magra e pálida. Parece ter uns doze anos – ele cai na gargalhada. Bem típico de alguém como o Peter dizer algo assim sobre mim.

E então, começo a lembrar dele. De todas as vezes em que quase matamos um ao outro. De todas as vezes em que ele me chamou de “Careta”. Não gosto dele, realmente não consigo gostar. Mas também não consigo odiá-lo. Quero dizer, ele é o menor e menos preocupante dos meus inimigos. Não o odeio tanto como antes, mas também não consigo vê-lo como um amigo. Mas, por algum motivo, eu queria que ele estivesse aqui comigo agora, no lugar desse guarda. Sim, eu queria.

- Apesar do que Peter e os outros dizem... – ele me encara novamente – eu gosto do seu corpo e da sua aparência. – Desvio o olhar. Mesmo que Peter fosse assustador, não me sentia assim perto dele. Apesar de ele já ter sido um dos meus maiores pesadelos, agora ele não passa de uma pessoa qualquer, e não tenho mais medo dele. Quanto a esse guarda...sempre que ele me olha, sinto um calafrio. Isso me assusta. Eu estou com medo.

Ele encosta uma mão em meu rosto e se aproxima tanto de mim que ouço sua respiração. Tento me desviar, mas ele me segura com força contra a parede. Quero Peter de volta. Quero continuar sendo chamada de Careta todas as manhãs. Quero que ele me leve para os lugares. Quero ver aqueles olhos grandes e verdes novamente. É o que quero agora.

- Peter! – grito o mais alto que posso. O guarda me encara como se eu fosse uma idiota e começa a rir novamente. Grito o nome de Peter de novo, e de novo, mas não adianta.

- Até parece que o Peter lhe atenderá – seu tom é de deboche. – Até onde eu sei, foi você quem atirou no braço dele, não foi? – pergunta.

Quero contar tudo o que Peter já fez de ruim comigo, mas no momento, isso não importa. Preciso escapar desse guarda.

- Calma aí, Careta – ele coloca as mãos em meu rosto novamente – ainda temos tempo antes de ir para a sala da Jeanine...

- Tris! – ouço uma voz masculina e fina chamar meu nome. Vejo o guarda desabando bem na minha frente. Há uma marca de tiro em suas costas. Ele ainda está vivo, e grita de dor. Vejo Peter logo atrás dele. Pela primeira vez, fico feliz em vê-lo.

- Peter... – corro até ele, mas não o abraço. Apenas sorrio aliviada. – Você veio. Você me ouviu. – olho para ele. Seu olhar é de ódio, e ele caminha até o guarda, que ainda está gemendo de dor no chão.

- Olha aqui... – ele pisa com força nas costas do guarda. Uma atitude típica de alguém cruel como Peter. – Eu sou o único...que pode...chamá-la...de Careta. Entendeu? – seu rosto está vermelho de raiva. O guarda grita mais ainda, e segundos depois, para de respirar. Peter volta-se para mim.

- Nunca mais... – ele me puxa para perto dele – nunca mais te deixarei novamente. – Seu abraço me dá segurança. Há algum tempo atrás, eu fazia o possível para evitá-lo. Tinha muito medo de que ele chegasse perto de mim. Como uma presa que foge do predador. Mas agora, sinto-me bem perto dele. Não tenho mais medo.

- Por que você sumiu? – pergunto, olhando para cima. Peter deve ter quase o dobro da minha altura.

- Jeanine me impediu de chegar perto de você novamente. Ela disse que também fui culpado pelo que aconteceu ontem. – Seu olhar penetrante desaparece. – Então...como uma forma de me desculpar pelo que fiz ontem...vou levá-la para ver o Quatro. – Ele quase engasga no final da frase. Entendo um pouco a frustração dele.

- Obrigada – abro um sorriso – obrigada, de verdade.

Seu rosto fica corado.

- Tanto faz. Vamos – ao invés de me conduzir como sempre fazia, agora ele segura minha mão e entrelaça seus dedos nos meus. No meio do caminho, ele solta minha mão.

- Acho que o Quatro não iria gostar muito de ver isso – ele dá uma pequena risada irônica.

- É... Também acho que não...- rio um pouco.

Nunca achei que um dia diria isso, mas o Peter é, no fundo, bem lá no fundo, uma boa pessoa. Talvez eu devesse esquecer tudo o que já aconteceu entre nós e tudo o que ele já fez comigo. Talvez seria bom me aproximar mais dele. Mas, por que estou pensando nisso justo agora? Eu vou rever o Tobias, deveria estar feliz, e ansiosa, mas não estou. Só consigo pensar em Peter. Talvez seja porque descobri que ele pode ser uma boa pessoa, ou talvez porque ele tenha me salvado. Ou talvez, na pior das hipóteses, seja porque...eu esteja apaixonada por ele.





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Notas finais do capítulo

A opinião de vocês leitores é muito importante. Então, se gostaram, deixem comentários e esperem o próximo capítulo! :3