A Garota Que Caçava Pássaros escrita por Duda


Capítulo 2
Capítulo 2 - O peso de papeis da Beth


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Como estão? Desconfio seriamente que nesse capitulo não vai haver reviews já nem devem lembrar de mim.
Peço mil desculpas mas é que eu fiquei de castigo e tiraram o computador das minhas mãos. Apenas consegui entrar pelo celular e era triste eu querer escrever e não puder.
O titulo desse capitulo está estranho mas tentem não ligar.
Acho que devem agradecer para a Nina Nesbitt, mais propriamente ás musicas dela, pois se não fossem elas, eu não tinha tanta inspiração pra esse capitulo.
Espero que gostem e eu falo com vocês nas notas finais. IMPORTANTE!!!!
Boa leitura cogumelos!



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Duas horas foi o suficiente para eu perceber que passar demasiado tempo trancada num apartamento com  Brandon por perto pode ser intimidante.

Conviver com ele de tronco descoberto e com óculos de sol vagueando pela sala com uma cola na mão e um tubo de Pringles noutra chega a ser castigo dos deuses. Ainda pensei direcionar a objetiva da camera para ele e, me armando em agente secreta ou detetive, sacar uma foto de seu peito, mas o risco era muito por isso desisti  logo da ideia.

Confesso que ainda pensei em pedir pra ele ser minha estátua temporal durante uns segundos mas como fazer de boba não é propriamente meu passatempo preferido voltei a capturar imagens da paisagem que enxergava da janela da sala.

_ È fotografa? – ele perguntou, enquanto se jogava no sofá, com um bloco e um lápis na mão.

_ Nas horas vagas. – sorri, mas ele não ficou muito feliz com a resposta. – Estou fazendo faculdade de fotografia. – esclareci.

_ Ah! Daí sua excessiva atenção em relação a meu peito. – ele reparou em minha “excessiva atenção”? Eu dei assim tanto a intender? Claro que não, eu dei tudo a intender. Por que eu sou tão retardada mesmo?

Numa coisa eu já tinha diversificado Brandon de Ethan. Brandon era direto de mais, em comparação a Ethan. E isso chegava a ser desconfortável. Em metade de uma manhã, Brandon já tinha me deixado sem resposta umas quatro ou cinco vezes, será que era necessário assim, rebaixar uma menina tantas vezes?

Suspeitava que naquele momento eu devia estar parecendo um peixinho dourado num aquário pequeno abrindo e fechando a boca repetidamente sem saber bem o que falar. E no final o que saiu foi um monte de ar em forma de suspiro desiludido.

_ Quer fotografar meu peito? Sempre ouvi falar que a melhor forma de dramatização é o corpo humano.

_ Ah, não. – Como eu queria dizer sim! - Pássaros já rendem nota boa. – essa sem duvida foi a pior resposta que eu podia ter dado em toda a minha curta vida, para uma alma, que em menos de doze horas, pós meu cérebro seriamente descontrolado.

_ Tou vendo que é uma caçadora em série!

_ Sim, sim. – falei fazendo um esforço para conseguir o angulo perfeito para capturar umas gaivotas. Mordi a língua, aproximei um pouco o foco e quando apertei o botão para o flash meu celular tocou e a foto ficou uma merda. – Droga.

Pousei a camera no peitoril e fui até á cozinha abrindo a geladeira e notificando para Beth o que era necessário comprar. Quando olhei para o corredor vi uma aberração virando minha máquina do avesso.

_ Onde é que eu vejo a lista de fotos?

Caminhei até ele e quando abri a lista a foto que eu julgava ter ficado desfocada, foi transformada numa das melhores fotografias que alguma vez tirei, ou… Levantei o olhar pra Brandon e…

_ Então como ficou?

_ Foi você quem tirou isso?

_ Ficou assim tão ruim?

_ Não, quer dizer... ficou… - mais uma vez fazendo de peixinho, a verdade era que eu não tinha palavras para descrever o que via. E mesmo procurando um adjetivo ela continuava indiscritível.

_ Você é fotografo?

_ Tenho cara de caçador de pássaros? – Brandon ironizou. – Estou cursando Design Gráfico e o mundo da fotografia está bem presente nessa área. – sorri, assentindo ainda admirada. Essa foto sem duvida renderia uma nota pra lá de boa.

Mexi em vários armários e comecei preparando o almoço, enquanto Brandon sentou numa cadeira da mesa e analisou minhas fotos guardadas.

_ Então, por que decidiu vir morar com seu irmão agora? Teve a noção que deixar ele sozinho com mais duas meninas algures em San Diego é um perigo?

_ Se meu irmão não falasse tão bem de você e de Beth, essa opção era aceitável.

O olhar de Brandon refletia, a meu ver, que essa coisa de morar com o irmão não era uma obrigação mas sim um favor e eu até que compreendia. Depois dos quarenta e sete todos os pais tornam-se excessivamente cansativos e rabugentos. Como diz a Beth – É da idade! Pena que meus pais tenham sofrido essa alteração mais cedo!

Comecei ouvindo um som de fundo, a vizinha de cima tinha começado com seu show gratuito.

_ Que é isso? – O irmão de Ethan perguntou estranhando o som.

_ A vizinha de cima canta e toca. – especifiquei. Por enquanto apenas se ouvia o violão, mas eu sabia bem que estava afinando as cordas vocais para depois começar partindo todos os espelhos e janelas do prédio.

_ E que tal a voz? – ele veio espreitar a panela enquanto com uma colher provava o que nela fervia. Mais uma semelhança com Ethan.

_ Ah… Digamos que pode ser bem útil em caso de incendio. – acompanhei seus gestos e encostei minhas costas na bancada, deixando de uma certa forma ele de frente pra mim. Estava dando atenção demais para os olhos dele e achava que ele também admirava os meus.

Eles eram intimidantes e perigosos. Eram uma tentação.  Mas como eu não tencionava cair em tentações virei-me e fui pegar pratos.

 _ Sério?

_ Vai ter tempo para comprovar. – rematei. Ele descobriria o talento da de cima mais rápido do que imaginava.

...

_ Droga! - falei quando um chiclé colou em meu pé.

Fiz uma fita pra tentar descolar mas não deu certo, e quando percebi que estava recebendo olhares estranhos de várias pessoas desisti e fui o caminho todo fazendo mais força no pé direito e ouvindo um ruido meramente estranho. Ah eu não ouvi barulho nenhum, mas como eu vi nos filmes, fiquei imaginando!

As ruas de San Diego como sempre estavam encharcadas de pessoas, andando de um lado para o outro vendo as montras ou entaladas em clubes. Peguei um cigarro e troquei as ruas movimentadas por coisinhas rosas que grudavam o rosto feito lerdas no vidro das lojas por becos e ruelas.

Sabe, eu tinha tudo pra dar uma filha perfeita e simultaneamente uma patricinha, riquinha e fofinha como elas, mas não. Vim de uma família famosa, rica e sem nada pra fazer. Que vive no mundinho do faz de conta e nem sabem bem o que é realmente: vida.

Meus pais fingem que se amam, e faz me confusão como é que ainda acreditam em finais felizes. Aquele amor deles é tão nojento. Ambos são gente de alta e segundo meu pai, bastou ouvir o nome de minha mãe e ficou logo apaixonado. Eles apenas juntaram o útil ao agradável e o resultado foi eu e Cleo. Minha irmã e  minha maior inimiga. Muito defendida pela família e sempre é a que sai por cima, a superior. Não odeio ela, acredito que bem lá no fundo do seu coração ela seja um pessoa boa, mas ela não me suporta.

Saí de casa com dezassete anos, tentando fugir de tudo e acabei encontrando Beth. Ficamos amigas e depois de procurarmos em mais de 20 ruas, achamos o apartamento de Ethan e posteriormente ele e acabamos nos instalando. Claro que a simpatia entre Beth e Ethan foi muito maior que a minha  e depois de nos acostumarmos uns aos outro terminamos perdidos no mapa.

Eles sem duvida fizeram eu renascer das cinzas e esquecer o mundo medíocre e trivial onde me envolvi. Pra ser sincera acho que meus pais nem sequer sabem mais de minha existência. Nem deve saber onde estou exatamente.

Apaguei o cigarro e fugi do frio da noite. Bati a porta principal do edifício com cuidado pra não acordar os vizinhos e entrei em casa, estava com raiva, com muita raiva, com raiva de tudo. Tranquei a porta e depois fui até á sala. Não haviam sinais nem de Ethan, nem de Beth e também não havia o bilhete habitual colado na parede dos recados indicando que meu jantar estava no forno.

Na sala a televisão estava estranhamente desligada e não cheirava a maconha. Tudo estava calmo demais e isso era duvidoso. O silencio era tanto que quando ouvi um estrondo peguei a primeira coisa que me apareceu na frente. Um peso de papel, que Beth afirmava ser uma peça de decoração incrível. As paranoias dela.

Uma luz se acendeu nos confins do apartamento e eu segui o rastro que ela deixava, me encontrando feito estátua de frente para a porta do banheiro. Apertei o que segurava com força entre os dedos e meus músculos endureceram, o que quer que fosse estava ali.

Levei a mão no puxador e alguém rodou ele por mim, levando com um peso de papel na cabeça.

_ Ahhhh! Foda-s…

_ Brandon? –gritei aflita, quando dei conta que atingi meu mais novo colega de teto. Ele levou a mão na cabeça e fez uma careta muito mas mesmo muito feia, se encostando na parede.

_ Assassina? – Ironizou enquanto se queixava.

Eu estava morrendo de vergonha e ele de dores. Deixei cair minha bolsa e andei até ele querendo de algum jeito limpar minha imagem e tirar suas dores. Como eu sou desastrada. Logo com um peso de papeis, e esse era pesado eu sabia, pois Beth um dia tinha deixado ele cair em cima de meus pés e andei no mínimo um dia me queixando.

Por falar em Beth? Com meu ato desumano e de total loucura eu acabei partindo a tão presada peça decorativa dela, estava fodida. Mas no momento o importante era Brandon.

_ Brandon, você tá bem?

_ Eu pareço bem? Que raio deu em você?

_ Desculpa cara, mas é que eu pensei que fosse…

_ A cuca? – eu tentando me desculpar e ele gozando comigo, como eu queria desaparecer.

Respirei fundo mantendo o controle para não jogar de novo a arma do crime no rosto dele e expliquei:

_ Estava enervada e estranhei o silencio, nem lembrei de você, vi luz e perdi a cabeça.

_ Caso ainda não tenha sacado, quem perdeu a cabeça fui eu, não você. – inconscientemente gargalhei. Realmente, depois de tudo quem acabou perdendo a cabeça foi ele.

_ Eu não tou achando graça. Isso tá doendo pra caramba, sabe? – um arrepio varreu meu corpo, ele foi frio.

Ele baixou a mão e sangue tingia seus dedos. Entrei em pânico e tampei minha boca com os dedos. Eu tinha machucado feio o menino. Já tinha sangue. Ou seja eu fiz sangue. Fiz sangue nele! Por que eu sou tão… tão cabra?

Trocamos uns olhares e foi o suficiente pra ele cair no chão e ligar a água do chuveiro . Passou várias vezes a mão pelo cabelo e pela zona ferida e depois deixou eu analisar a situação.

Confesso que achei que houvesse um corte gigante, horrendo e que só mesmo enfermeiro ou médico estivesse apto de cuidar dele, mas não. Apenas havia um ligeiro arranhão, que já tinha parado de sangrar. Peguei algumas coisas da caixa de primeiros socorros e antes que eu pudesse desinfetar a ferida ele agarrou meu braço:

_ Tenta!

_ Brandon isso precisa ser tratado. – protestei.

_ Eu sei tratar de mim.

_ Deixa eu te ajudar. – repliquei. Ele não conseguiria se arranjar sozinho.

_ Não preciso de sua ajuda. – como ele estava sendo rude e frio. Confesso que por um momento tive medo.

Mas depois de levar com um jato de água vindo do chuveiro e de ouvir uma gargalhada graças  as minhas figuras, mudei completamente de ideias  

Idiota. Estava brincando comigo. Eu não tolerei seu ar de brincadeira e aí começou uma guerra de água fria. Mas daquelas com direito a espuma e tudo. Ele jogou tudo o que era liquido e produto de cabelo em mim e eu acabei virando a coisa mais cheirosa do mundo. Meu cabelo parecia sei lá o quê e meus olhos ardiam

E depois de tornarmos o banheiro numa piscina com 6 centímetros de água, ele fez o favor de me jogar no chão, ou seja eu fiquei mais encharcada ainda.

_ Eu juro que quebro o resto do peso de papel na sua cabeça. – acho que minha ameaça foi tão ridícula que nem pareceu uma ameaça. Faltou arrogância. Eu falei gargalhando quase.

_ Menina, você escorregou, e eu que tenho a culpa.

Obriguei ele a parar e com alguma dificuldade ergui-me pegando em toalhas. Joguei pra ele uma e me arrumei com outra.

_ Nunca pensei que sua gracinha sobre comprovar o talento da vizinha de cima fosse tão verdadeira. – ri da expressão de Brandon. Estava com o cabelo desarrumado e com a cara bastante vermelha, parecia um homem das cavernas depois de uma tempestade.

Tinha pena. No começo quando vim morar com Ethan também fiquei no quarto que agora é dele mas depois de uma semana sem quase pregar olho achei por bem, ocupar-me do quarto em frente.

_ Onde está Ethan? – perguntei enquanto caminhava até a cozinha para pegar gelo pra cabeça de Brandon, pingando todo o corredor.

_ Ainda não chegou. – estranho ele sempre é o primeiro a chegar. Mas deduzi logo que Beth também ainda não estivesse dentro daquela casa. Eles eram a sombra um do outro e se não está um, também não está outro. – Mas não me falou, por que estava enervada?

Me estiquei para pegar uns cubos de água congelada do congelador, enquanto ele sentava numa cadeira.

_ Ah, graças a um taxista, que desconhece o significado da palavra rapidez e não compreende o que significa estou atrasada eu acabei perdendo meu emprego. – olhei para sua posição e fiquei envergonhada pois ele estava fixo em meu bumbum.

Será que não dava ao menos pra disfarçar, não? Inicialmente fiquei com a sensação que a ideia dele era mesmo eu reparar pra onde ele dirigia o olhar, mas sua atrapalhação depois de ver os olhos que lhe lancei falou que eu estava completamente errada.

_ Frase interessante essa! – ele leu o que minha regata tinha escrito, no peito? Ou seja seu olhar também tinha parado em meus seios. E olha que a frase nem era assim tão do outro mundo dizia “Can you catch me?”.

_Isso é o quê? Uma analise corporal? – perguntei sem pensar.

_ O que quer? Que eu deixe de olhar? Tá com a roupa molhada e colada no corpo, tem vista melhor que essa? Não é todo o dia que eu poderei te ver desse jeitinho. Assim com as curvas… - ele fez com as mãos o contorno de uma silhueta e uma careta provocadora.

Lembrei o que tinha em minhas mãos e joguei todo o gelo na cabeça dele.

_ Você quer mesmo me matar! – ele gemeu com o frio e com a dor, afinal gelo é duro.

_ Não, longe dessa minha intenção. Achei simplesmente que você estivesse precisando de refrescar os hormônios. – E foi a ultima coisa que falei antes de sair disparada para meu quarto.

 Porque meninos têm que ser desse jeito? Idiota, mas ao mesmo tempo gostoso, pois confesso que já há muito tempo que não tenho alguém reparando em mim e me secando desse jeito.

_ Sam? – ele berrou quando eu cheguei na minha porta.

_ Que foi? – respondi depois de respirar fundo, pra controlar os nervos.

_ Boa noite, também pra você! – estive a ponto de voltar para a cozinha e dizer mais umas coisinhas, mas tendo em conta meu estado o melhor era me trocar e dormir.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo aqui!
Primeiramente queria agradecer ás lindas leitoras que deixaram reviews pra mim no primeiro capitulo!
Agora vamos ao assunto mais IMPORTANTE: Eu tou precisando de uma capa. Tem alguém aí que queira fazer uma pra mim? Me ajudem por favor!
Se gostaram deixem review.
Até ao próximo...
Duda =)