A Fuga escrita por Summer


Capítulo 6
Queime querida, apenas deixe queimar...


Notas iniciais do capítulo

Voltei, como não tem mais niguém vou postar esse e mais tarde eu posto mais um =)



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— Minha pequena princesa, nós levávamos ela para brincar em nossa casa de verão, um lugar adorável, tão bonito, e ela se sentia uma fada ao brincar nos balanços, tantos conselhos que eu dei a ela naquele balanço — ele olha para o público como se esperasse que alguém concorde. Não consigo ver, mas sei que ninguém deu um sinal de concordância, meu pai por fim limpa a garganta e continua — Filha se estiver me ouvindo, por favor, se lembre do que seu velho pai sempre dizia, tome cuidado, há muito com que se preocupar, tenho certeza de que esses homens da lei querem apenas respostas, tanto quanto você, se lembre querida, você sabe que seu pai nunca faltaria com sua palavra, vá até sua segurança, lembre-se de minhas palavras.



Continuo olhando para a TV, todas as suas palavras estão presas em meu cérebro, meu pai quer que eu desista, ele que sempre me ensinou a lutar, pede que eu me torne uma covarde, meus olhos ardem pelas lágrimas que chegam, eu não quero deixa-las escapar, mas mais um segundo naquela sala e será impossível resistir.



Cruzo para o corredor e sento no chão, meus olhos estão molhados, mas eu não posso deixar que as lágrimas escapem, porque se elas saírem não vou poder para-las, e eu realmente não desejo que meus amigos me vejam como uma pessoa fraca.



Não vejo Matt se aproximar, mas ele já está ao meu lado.



— Ao menos seu pai está do nosso lado — ele diz olhando para a parede oposta. Limpo a garganta antes de responder, para minha voz não parecer fraca.



— Você ouviu o que ele disse — não é uma pergunta.



— Perfeitamente — ele parece calmo de um modo que apenas Matt poderia estar, depois de tudo o que havia acontecido, algo que eu realmente admirava nele era isso, ele nunca parecia surpreso ou mesmo triste, ele apenas estava lá, o tempo todo.



— Então sabe o que ele me pediu ­— Minha voz é dura.



— Claramente — Sua voz permanece calma.



— Ele quer que eu desista — eu disse, minha voz parece derrotada, mas é como me sinto.



— Não lembro dessa parte — olho para ele como se ele fosse louco, ou algo do tipo, ele dá um sorriso — eu ouvi tudo, e tenho plena certeza de que seu pai espera que você lembre de algo.



Olho novamente como se ele tivesse realmente enlouquecido, mas as palavras de meu pai voltam à minha cabeça, “tantos conselhos que eu dei a ela naquele balanço”; “se lembre do que seu velho pai sempre dizia”; “se lembre querida, você sabe que seu pai nunca faltaria com sua palavra, vá até sua segurança, lembre-se de minhas palavras.”, ele em nenhum momento mandou que eu me entregasse, ele disse que eles buscavam a verdade tanto quanto eu, mas lembrar do que, quando eu era criança e brincava em um balanço, um dia de sol enche minha mente, lembro da sensação de segurança e felicidade que aquele balanço me proporcionava, meu pai sempre sentava no balanço ao lado, com Daniel no seu colo, era uma época maravilhosa, quando Dan não falava muito e achava que eu era o ser humano mais incrível da terra, um certo dia em questão me vem a memória... “tantos conselhos que eu dei a ela naquele balanço”; “se lembre querida, você sabe que seu pai nunca faltaria com sua palavra, vá até sua segurança, lembre-se de minhas palavras.”



É claro que eu sei sobre o que ele está falando, corro para a sala, meus amigos estão exatamente no mesmo lugar em que eu os deixei, o ambiente está realmente ficando deprimente, ter algo a dizer é muito bom, dadas as circunstâncias.



— Já sei para onde vamos.



Todos olham para mim como se saíssem de um transe coletivo, o que foi meio assustador já que eles pareciam zumbis sinistros, e meu maior medo — Ao menos até essa noite — era de que o mundo fosse dominado por zumbis, mas esse não é o tipo de coisa que você comenta socialmente.



— Para onde? — Matt que acaba de chegar por trás de mim me pergunta. Todos parecem acordar com aquela chama de esperança.



— A casa de férias da minha família, é perto daqui — minha voz é cheia de esperança, eu sinto que preciso ir até lá.



Suas expressões mudam após minhas palavras, um novo sentimento toma conta de seus rostos, não reconheço essa nova emoção.



— Mel, querida — Kath começa com sua expressão condescendente — Nós sabemos que você não está muito bem, mas a casa dos seus pais será o primeiro lugar em que eles irão nos procurar.



Eu reconheço então a expressão nos rostos de meus amigos, que idiota que eu sou, como eu não percebi, eles estão com pena de mim, como se eu houvesse enlouquecido, eles estão com pena de mim, essa reação faz uma raiva transbordar em meu corpo, porque eu sei que estou perfeitamente sã, e sei que a casa dos meus pais é o lugar onde eu devo estar agora, eu sei disso, eu sinto isso.



— Não pensem que eu enlouqueci — eu digo — estou completamente lúcida, meu pai prometeu a mim que eu sempre teria segurança naquela casa, ele me prometeu e reafirmou essa promessa esta noite, eu sei que parece loucura, mas por favor, acreditem em mim, eu sei que é isso que devemos fazer, meu pai não mentiria para mim, disso eu tenho certeza, vamos até lá — minha voz é suplicante, e eu vejo que eles estão cedendo.



— Não temos outra opção — Frank concorda — e se Mel acha que estaremos seguros lá, então é pra lá que eu vou — sorrio para ele com gratidão.



— Eles têm razão — Mike emenda — precisamos partir imediatamente, sem perda de tempo.



­— Mais do que toda essa arrumação? Como se nós fossemos para algum lugar especial — ­Kath resmunga.



— Minha cara — Hazel responde — ninguém desconfia de pessoas bonitas.



Isso fez Kath se calar, e todos nós também.



— Precisamos apagar nossos rastros aqui — Matt está em modo alerta — Vamos lá, todos procurando qualquer coisa inflamável que possa nos ajudar, e sejam rápidos, não podemos contar com a sorte por muito mais tempo.



Todos partimos em busca de líquidos inflamáveis, eu vou até o banheiro onde tenho certeza de que vi uma garrafa de álcool, olho nos armários e encontro duas garrafas, volto para a sala onde Matt já reuniu mais cinco garrafas.



— Jogue nas cortinas e nos sofás — ele me instrui ao me dar mais uma garrafa, eu começo a tarefa de encher de álcool a sala onde estivemos a TV continua ligada e as imagens na tela me chamam a atenção, ninguém fala nada, são apenas fotos com legendas.



Katherine Mayumi, 16 anos, 50 mil.



Michael McConner, 18 anos, 50 mil.



Frank Smith, 17 anos, 50 mil.



Matthew Simons, 17 anos, 50 mil.



Hazel Diamonds, 16 anos, 50 mil.



Melissa Valens, 16 anos, 100 mil.



É oficial, existe um prêmio gigante pela nossa cabeça, as imagens continuam aparecendo em ordem, e eu me esforço ao máximo para ignora-las enquanto termino meu trabalho, quando chego perto da TV as imagens parecem gritar para mim “CULPADA” olho para ela por mais alguns segundos e por fim dou um chute nela partindo-a ao meio praticamente, meu pé dói imediatamente, mas ao menos eu não fui estúpida usando o pé com o tornozelo torcido.



Frank aparece atrás de mim com um galão em seus ombros e olha para a televisão por alguns segundos com uma expressão surpresa.



— O que aconteceu com a TV? — Ele pergunta ainda encarando a televisão no chão.



— Caiu — uso minha voz mais inocente, ele não parece acreditar já que a marca do meu pá é evidente, mas resolve aceitar — O que é isso? — Aponto para o galão em seus ombros, Frank parece ficar orgulhoso de si mesmo.



— Encontrei no jardim, é querosene — ele diz com um sorriso no rosto, eu sei que ele está feliz em se sentir útil — Matt me pediu para vir jogar um pouco aqui, é o último cômodo.



— Okay — eu lhe digo enquanto ele joga com precisão querosene nas cortinas, na mesa de centro e nos sofás.



— Ele quer que todos vão para a sala, porque um movimento em falso e a casa vai aos ares com todos nós dentro — eu aceno com a cabeça e me retiro. Todos já estão lá menos, é claro, Frank que continua jogando querosene pela casa.



— Aqui está você — Mike segura uma segura uma garrafa de álcool, aos seus pés uma pilha de celulares, percebo o que ele quer ao estender sua mão para mim.



— Não, de jeito nenhum — eu tiro meu celular do bolso — Não vou lhe entregar meu bebê, ele só tem um mês de uso.



— Você precisa — sua voz é seria — todos entregaram.



Olho para Hazel que só se comunica pelo telefone, vejo seu Iphone com a capa personalizada dela e de Frank no chão, o celular de Kath e de todos os outros também está lá, dou uma ultima olhada para o meu Iphone 5 novinho e com minha capa do Capitão américa, deposito-o no chão e Mike joga álcool nele também, Frank aparece logo depois.



— Ainda tem algo aí? — Matt pergunta.



— O suficiente para fazer uma trilha — Frank responde.



— Ótimo. Mike vá cuidar dos fogões — Matt instrui, Michael olha com receio para a cozinha, mas segue até lá.



— O que ele está fazendo? — pergunto olhando na direção da porta da cozinha que Mike fechou atrás de si.



— Liberando o gás — Matt responde.



Michael sai um minuto depois e todos nós nos encaminhamos para o lado de fora, Frank faz uma trilha com o querosene que leva até o jardim da frente, o querosene acaba ao lado da caixa de correio, Frank e Hazel entram em um carro preto, brilhante e novo, que parece muito veloz, eu entro com Michael em uma caminhonete também preta, se ninguém nos reconhecer pela aparência com certeza reconhecerão pela ausência de cores.



Frank dá a partida e sai do terreno da casa, eu e Michael os seguimos, atrás de nós Matt ascende a grande fogueira e corre para sua moto, Kath o acompanha, os dois passam de nós em alguns segundos, as nossas costas a casa está em chamas, algumas explosões, sorrio, por alguma razão me sinto melhor com isso, como se uma pequena parcela de meus problemas pudesse queimar com aquela casa.




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Notas finais do capítulo

Eae?



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