Introdução (Nicolas POV)

Julie é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. E precisamos nos conhecer ainda melhor, pois quero ter certeza de que é isso que devo fazer: casar-me. E longe daqui teremos duas semanas juntos.

Eu não sei como vai ser. Queria muito que déssemos certo, mas o problema é que eu tenho medo de fazê-la sofrer, outra vez. Ela não entende o motivo, mas, na verdade, nem eu me entendo.

Não sei o que acontece. Eu a amo demais e tenho medo dela me deixar. Só que às vezes me sinto estranho - e então, ele olha pras cicatrizes profundas em seu pulso.

Ela disse que me deixaria se eu tentasse fazer isso de novo. Ela merece alguém melhor do que eu. Afinal, todo mundo que eu amo me deixa.

De vez em quando eu sumo, me afasto, eu não suporto olhar pra cara de ninguém. A não ser da Talita. É a única que me entende.

Ai de quem ousar tocar num fio de cabelo da Talita! A minha irmã é perfeita. - “bom, eu sei que ela não é minha irmã, principalmente depois do dia que nós quase...".

Não quero me lembrar disso. Vou fazer o que planejei. O que sempre quis. E, além disso, preciso resolver definitivamente essa questão que me angustia dia e noite. Quero justiça! Eu vou matar o desgraçado que fez aquilo com a minha mãe.

1 mês antes da viagem:

Julie estava em casa e Nicolas acabara de chegar segurando alguma coisa, com as mãos pra trás.

Chegou perto dela e deu um selinho.

– Oi amor, que cara é essa? – Julie perguntou pra ele.

Ele deu o seu sorriso de sempre. – Não vai tentar adivinhar?

Ela sorriu também. Deu um pulo em sua direção e tentou pegar o que ele estava escondendo.

– Peguei! – ela puxou um envelope – O quê é isso?

– Abra! – ele disse.

– São passagens pra... INGLATERRA! – ela foi elevando o tom de voz.

– Sim! – puxou-a pela cintura e beijou-a. – Quero comemorar em grande estilo, do jeito que você merece!

– Ah! Você é demais! Mas, não precisava Nicolas. Agora vamos ter muitos gastos com o casamento. Você não pode sair gastando toda sua herança assim!

– Esse dinheiro acabou com a minha vida! Nada mais justo que eu gaste agora tentando ser feliz, com você. E agora eu posso pagar. Eu sempre quis viajar com você. Nós merecemos. Eu posso Julie, tá.

– Mas espera! Tem quatro passagens?

– É-er... – Uma delas é pra você convidar uma pessoa que você quiser. Tipo... a sua mãe.

– O quê! Não! A mamãe não! – “levar logo a minha mãe pra uma viagem romântica com o meu noivo não dá né”.

– Que seja outra pessoa então, a Bia, sei lá! É pra você não se sentir tão sozinha, porque eu vou ter que ficar três dias fora, resolvendo uns assuntos.

– Que assuntos?

– Assuntos meus.

– Ah! Já sei! Aqueles assuntos que você nunca pode falar né.

– Ahhh Julie. Não quero falar sobre isso agora. – ele a abraçou e afundou seu rosto em seus cabelos.

– Tá bom, Nicolas. Eu não concordo em termos segredos um com o outro. Mas um dia você vai me contar. – e afagou os cabelos dele.

– Ah! E esqueci-me de dizer que a outra passagem é pra Talita.

– Não! Mas... Nicolas! Você disse que ia parar de participar tudo da gente com a sua irmã!

“Ela não é minha irmã” - pensou. - Ela não tem ninguém pra ficar. Eu que sou responsável por ela. Não posso deixa-la pra trás! E pensa bem, vou levar até a Bia e não vou levar a Tatá?

“Odeio quando o Nicolas a chama desse jeito!” – Julie tenta digerir a notícia.

– Então, agora é só começar a arrumar as malas e me dar os documentos pra agência providenciar todos os papéis.

– Pra que lugar da Inglaterra nós vamos?

– Ah um lugar fascinante que descobri! É um hotel não muito comum de se encontrar.

– Ai, ai. Não tem nada a ver com essas suas “viagens” de RPG não né?

– Amor, você vai adorar! – e desconversou dando-lhe um beijo apaixonado.