About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 64
Depois - 1981




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SILENCE IN MCKINNON'S HOUSE

1980

DEZEMBRO

POV MARLENE

A Bela chorou pela Fera. Não compreendia que o amava até perdê-lo. E uma lágrima de um coração partido, a mais poderosa que há, tocou o rosto da Fera, e seu coração voltou a bater e ele retornou à sua verdadeira forma.

A Bela e a Fera

– NOVATA! – berrou Olho-Tonto Moody, mancando até mim. Era sempre divertido vê-lo nervoso ou irritado com algo, principalmente quando era comigo. Ele não é tãããão durão quanto parece, até que é compreensivo. Eu me sinto melhor quando vejo que estava ao seu lado quando os piores acontecimentos de sua vida aconteceram, como a perca da perna e do olho. Há noites que eu não consigo dormir me lembrando claramente de como Bellatrix Lestrange explodira seu olho em uma missão. – NOVATA MCKINNON!

– Olho-Tonto, eu não sou surda! – retruquei, levantando-me. – E aproveite porque hoje é o último dia que me chamará de novata, a partir de amanhã eu sou Auror McKinnon pra você.

– Você? O único você aqui é a senhorita, novata! Sou General, Major, Auror...

– Bláblábláblá. – Moody girou seu olho assustador para mim, emburrado. Acabei rindo descaradamente enquanto andávamos pelo Beco Diagonal. – Hoje é Natal, General, relaxa!

– É natal mas Voldemort não tem a santa ceita, novata! Vigilância...

– Coooooonsssttaaaaanteee! – debochei girando os olhos. – De qualquer forma, já acabamos nossa ronda? Preciso me aprontar para a ceia e claro... Te dar o seu presente!

– Humpf. – Moody continuou mancando, ignorando totalmente o que eu disse, provavelmente sem graça. Droga, tomara que ele não apareça com um vestido cor-de-rosa ou um urso de pelúcia, desajeitado como é, bem capaz dele fazer isso.

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O Natal na casa dos Potter estava indo muito bem.

Neville e Harry pareciam se conhecer há anos enquanto se remexiam entre pequenos gemidos, empurrãozinhos despropositais e gritinhos. Eu simplesmente não conseguia sair de perto deles, assim como Lílian e Alice também não. Mas eu tive que me levantar quando Sirius e James começaram a se falar e sinceramente, não iria demorar muito para os dois começarem a se socar já que estavam brigando há semanas.

– Ok, você está certo. Estamos em lugares diferentes agora e... Talvez eu realmente esteja tentando provar algo, mas... Eu nunca serei tão arrogante como você. – James sequer piscou ao falar aquelas coisas para Sirius. Envolvi meu braço na cintura de Sirius, para se ver apartava a pré-discussão, mas aquilo estava longe de acabar.

– Quer saber? Vai se foder, James. – Arregalei os olhos para Sirius, que apertava sua taça com força. – Eu aguentei suas merdas por semanas! E eu não vou aturar no Natal!

– O quê? Não, isso vai além não é? Você até acha que posso competir entre ter uma família e ser um auror, mas acha que não posso competir com VOCÊ! – James estava começando a se alterar, isso significa: Suar, falar alto e tentar afastar o colarinho da camisa do pescoço. Lily levantou-se às pressas e foi para o lado do seu marido, enquanto eu acariciava o braço de Sirius, tentando chamar sua atenção.

– E você está certo, James, você NÃO pode, porque isso sou eu, isso é o que eu faço! Então não venha se lamentar comigo porque está arrependido das suas escolhas!

– SIRIUS! – gritou Lílian, chocada.

– Lily, não. – toquei seu braço, enquanto James tomava ar para começar a berrar.

– ACHA QUE ME ARREPENDO DA MINHA FAMÍLIA? Puta que pariu, Sirius Black! Você sequer tem uma família pra saber como é, como pode falar um absurdo desses?

– Não, imbecil. Eu acho que você se arrepende de ter sido deixado para trás! E isso é um saco, mas ninguém te forçou a sair do jogo.

– Eu não estou fora do jogo, eu só não fico sabotando meus amigos para vencer!

– Ahhhhhhhhh, eu faço isso agora?

– Você sempre joga sujo, Sirius! – a sala ficou silenciosa. – Um tubarão, não é? Foi que seus pais te ensinaram? Sempre jogando sujo pra vencer.

– Não fale dos meus pais...

– Ahhhhhh mamãe e papai não foram bonzinhos com você, foi? Vê se cresce. – Sirius fechou o punho com força e ameaçou levanta-lo para James, que deixou sua taça em cima da mesa e ergueu o queixo em desafio. Não havia nada mais assustador que brigas entre aqueles dois. Era uma sensação terrível de que o mundo estava perdido, porque... Eram Sirius e James! Remo estava em uma missão, Pedro já não era o mesmo, e tudo de concreto, a sombra de dez anos eram os dois.

– Foi um erro vir aqui. – Sirius respirou fundo e deixou sua taça em cima da mesa. Pegando seu casaco e saindo da sala lotada sem se despedir. Olhei para James, maneando a cabeça negativamente, deixando bem claro o quanto eu estava achando tudo aquilo ridículo.

– Eu vou indo. – anunciei.

– Lene, por favor...

– Não, Lily, de verdade. – olhei para minha amiga e lhe dei um sorrisinho falho. – O presente de Harry está no quarto, ao lado do de Sirius. Feliz Natal. – Também peguei meu casaco e corri, em caso de pegar Sirius ainda na rua, agora que ele era um completo sem teto. Corri em direção do esboço negro atravessando a rua e toquei seu braço, Sirius virou o rosto para ver quem era e mal conseguiu disfarçar o quanto estava chorando. Ah droga, isso me quebra em pedaços.

– Eu... Eu realmente não tenho família. – choramingou ele. – Eu não quero ficar sozinho, Marlene. Eu não suporto ficar sozinho. – ele parecia sufocado enquanto soluçava. Abracei-o mais forte que eu pude, tentando absorver todo o seu sofrimento. Mas era impossível, Sirius tinha graves problemas com abandono e famílias, e não seria um simples abraço que resolveria aquilo.

– Eu sou sua família, Sirius... Eu sou sua família...

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– Feliz ano novo. – Sirius e eu estávamos deitados, um fitando o outro. No andar debaixo os McKinnon estavam comemorando entre berros e música alta a passagem de ano. As coisas estavam caminhando lentamente, dando tempo para colocarmos as coisas no lugar. Sirius entrelaçou seus dedos nos meus e continuou me fitando silenciosamente.

– Tudo bem? – perguntei.

– Acho que estou enlouquecendo. – sussurrou ele. Realmente, eu também tinha minhas teorias. Claro que ele nunca bateu muito bem, mas sua família tinha um histórico que seria normal desconfiar da saúde mental de Sirius. Ele era tão alheio a tudo, trabalhava em uma frequência diferente da dos outros.

– Você nunca foi muito normal.

– Obrigada, me acalmou bastante. – ironizou.

– O que vai acontecer agora? – Meus parentes berraram quando 1981 finalmente chegou. Eu não sei o que eu poderia esperar daquele ano. Meus objetivos eram sobreviver e sobreviver apenas. Talvez recomeçar novamente, abrir meu coração, arranjar um novo amor. Quem sabe adotar um bebê.

– Eu não sei. – revelei.

– Você vai me deixar de novo? Vai me abandonar? – Acho que Sirius entende porque ele não pode ter uma família. O porquê dele não ser normal. Era de se culpar o universo por ser tão maldoso em fazê-lo ter tanto medo de ficar sozinho.

– Eu nunca vou deixar você.

1981

JUNHO

– O quê?

– Sim.

– Mas... Oh meu Deus, isso é horrível. É só um bebê!

– Você acha que eu não sei disso, McKinnon? – Moody e eu continuamos andando pelo Ministério. Bem que eu estranhei não estar vendo Lily e James em lugar nenhum, os dois estavam escondidos!

– Será que já não morreu gente o suficiente? – lamentei.

– Vamos lutar para parar isso.

– Não importa o que eu diga... Não importa o que eu sinto. Os mortos continuam mortos. – o rosto de Dorcas já não era tão nítido em minhas lembranças. – E o que vai acontecer agora?

– Eles vão ficar escondidos e nós tentamos resolver isso sem prejudicar ninguém. – Moody e eu entramos no elevador em silêncio. Sirius e James ainda não estavam se falando, aquela briga se estendeu mais do que o planejado e agora era possível que durasse para sempre agora que James tinha que se esconder.

– Por que não saem do país? Eles poderiam sumir, é tão... Fácil!

– Lílian não quis.

– O quê? – perguntei chocada. Eu viajaria até o México se fosse para proteger meu bebê.

– Ela disse que não iria deixar toda a sua vida para trás por causa do medo. Estão protegidos pelo feitiços Fidelius.

– Sirius! – chamei entrando no andar dos Aurores. Nos abraçamos rapidamente e eu não pude deixar de notar sua nova tatuagem. Era uma linha pontilhada por todo seu pescoço com as pequenas palavras abaixo da linha “Corte aqui”. – Você...

– Lily e James? Sim, eu falei com ele.

– Jura? E aí?

– E aí que não é da sua conta, McKinnon. – cortou Moody. – Os Potter estão correndo perigo e ainda há um espião entre nós.

Grande parte da Ordem da Fênix estava no ambiente enquanto Olho-Tonto girava seu olho para todos, desconfiado. Bem, eu era a espiã, então por que diabos eu não podia saber onde estava meu afilhado? Cruzei os braços enquanto Moody fechava a porta e todos abaixavam a cabeça, prontos para receber um bom sermão.

– Temos todos que tomar muito cuidado agora. Vamos todos abandonar nossas missões para garantir que os Potter estejam vivos até conseguirmos dar um fim em Voldemort. Mas agora, foco nos Potter. E Almofadinhas, você também precisa se esconder.

Oh, então Sirius era o fiel do segredo? Ele apenas assentiu lentamente e cruzou os braços. Seu cabelo estava preso em um coque mal feito e sua camisa parecia ter sobrevivido há anos. Quando a sala se encheu de barulho novamente, abracei-o sem tirar os olhos de sua tatuagem.

– Tudo bem com você? Faz quase três meses que não te vejo.

– Eu estava atrás de Remo, você sabe. – ele limpou a garganta. – Aquela missão.

– Ah, claro, coitadinho. – lamentei. – Mas como ele está indo?

– Bem ele conseguiu bastante informação. Basicamente está sendo um agente duplo agora que o Greyback confia bastante nele.

– Isso é nojento, Remo deve estar...

– Louco. – assentiu Sirius. – Sei que não bato muito bem, mas é bom ele ter os amigos dele por perto, sabe? Pra saber que... Que ele ainda é ele.

– Sim, claro... Você e James...

– Nada mudou. – ele evitou me olhar nos olhos. – Acho que acabou.

– Sirius, se ele te escolheu... Você sabe, então não significa que acabou. – ele assentiu dando um leve sorriso e finalmente retribuiu meu abraço rapidamente, pegando seu casaco e saindo do ambiente. Ele estava mentindo, escondendo alguma coisa de mim. Será que James não o escolheu para ser o fiel do segredo? Se não escolheu Sirius, então era Remo... Pedro? Com toda certeza não. De qualquer forma, mais uma de milhares de vezes eu vi aquele homem ir embora, me deixar como sempre fazia.

Morria de medo de ficar sozinho.

Mas vivia abandonando as pessoas ao seu redor.

[][][]

Nos hospitais, dizem que você sabe… você sabe quando você vai morrer.

Alguns doutores dizem que é um tipo de olhar que os pacientes ficam. Alguns dizem que há um cheiro, um odor de morte. Alguns dizem que é apenas um tipo de sexto sentido, quando o lado de lá está destinado para você, você sente ele chegando. O que quer que seja, é assustador. Porque se você sabe, o que pode fazer sobre isso? Esqueça o fato que você vai estar assustado demais pra raciocinar:

Se você soubesse que esse é seu último dia de vida, como você gostaria de passá-lo?

Eu acordei, fiz a mesma coisa que eu fazia em todas as manhãs, mas naquela em especial, eu decidi colocar meu melhor vestido. Vesti Naomi recebendo chutes e gritos de birra. Descemos para preparar o café enquanto mamãe tentava arrumar o forno. Papai lia o Profeta Diário e o dia parecia perfeito para levar os pirralhos para o parque. Kevin derruba sua papinha no meu vestido favorito. Naomi começa a chorar por um motivo totalmente desconhecido e mamãe desiste de concertar o forno. Papai limpa a piscina para as crianças brincarem e eu converso com Andrômeda Tonks sobre a coleta de lixo.

Mal percebo que é hora do almoço.

Subo com as crianças para tirar suas roupas de banho e dou um último olhada nos meus pais e tudo parece tão vibrante e bonito. O lindo sorriso de Lucy McKinnon e as rugas ao redor do mesmo. O louro de John McKinnon e seu olhar tão cansado disfarçado pela serenidade. E parecia que cada passo meu parecia único.

– Eu quero vestir o rosa. – pediu Naomi. Um forte estrondo prevaleceu no andar debaixo. E a vibração passou por toda a casa. Corri para a porta mas os gritos de meus pais me fizeram parar. E eu dei meia volta e apertei a mão dos meus dois irmãos, e olhei seus rostinhos assustados e inocentes. Tentei aparatar, mas a casa foi bloqueada. Um batalha estava acontecendo no andar debaixo quando eu tranquei a porta, e selei-a com todos os feitiços de proteção que eu conhecia.

– LENE, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – gritou Kevin entre os berros desesperados de Naomi.

– Shhh, está tudo bem. Vamos ficar quietinhos, ok? – Sentei-me pertinho deles e tentei acalmar uma Naomi desesperada, engasgando-se de tanto chorar.

– Nós vamos morrer, Lene? – questionou Kevin. E uma vibração chocou-se contra a porta. Há um cheiro, o odor da morte. Um tipo de sexto sentido. Quando o lado de lá está destinado a você, você o sente chegando. Qual é aquela coisa que você sempre sonhou em fazer antes de morrer? Eu não soube como responde-lo. – Vai doer?

Naomi calou-se e tudo pareceu tão... Tranquilo. A quebra de feitiços através daquela porta já não parecia um incomodo quando eu finalmente entendi o que estava acontecendo ali. Nós pensamos que somos imortais. Vamos viver para sempre. Eu não tinha ideia de como iria acontecer, mas eu tinha certeza do final.

E ele já não parece tão aterrorizante assim, afinal.

– AQUI! – gritou Dolohov ao explodir a porta. E minhas mãos agiram sozinhas quando eu ergui a varinha. E eu duelei. Rebati todos os feitiços e continuei mesmo quando Voldemort se juntou a ele. E Bellatrix finalizou o trabalho quando eu vi o esboço de Kevin ensanguentado, caído em uma posição estranha ao lado de Naomi, que parecia dormir docilmente. Ver aquilo simplesmente fez com que minha varinha escorregasse de minhas mãos.

PETER VRONSKY - REPRISE

Eu sempre ouvi a vida inteira que você veria flashes diante dos seus olhos antes de morrer. Na verdade, não é um flash. É todo um verão com a minha família. É a primeira vez que peguei Kevin em meu colo. É ver Hogwarts pela primeira vez e o eu deitada no gramado de Hogwarts observando as estrelas cadentes. É toda a minha vizinhança vista no meu ponto de vista enquanto eu pedalava arduamente em minha bicicleta. O riso de Naomi e como ela parecia estar sempre sorrindo.

É quando eu finalmente me livrei daquela máscara.

É sentir a mão de Sirius na minha.

Eu sei que tudo parece tão injusto, mas... Eu não consigo ficar brava quando há tanta beleza no mundo. E principalmente quando eu abro a porta de minha casa e Cadaroc está chegando com Andrew no colo. E tudo é tão maravilhoso que flui através de mim como chuva e eu não posso sentir nada além de gratidão por cada momento da minha vida. Você não tem ideia do que eu estou falando, mas não se preocupe.

Você vai ver um dia.

Marlene Liesel McKinnon

1960 - 1981


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Notas finais do capítulo

Acho que eu finalmente entendi porque as pessoas sempre interrompem seus textos, anos antes de 1981.
Porque lá, na grande Era dos Marotos, todos são imortais. Olhe para James Potter com toda a sua grandiosidade e seus fiéis seguidores. E tudo é tão bonito, como já dizia Marlene.
Acho que acabamos de dizer adeus a melhor personagem da fanfic.

Para nunca esquecermos: http://www.youtube.com/watch?v=vlS3rFgHCs0


Até