POV Percy

Enquanto andávamos, percebi que Annabeth estava de cabeça baixa, mas ignorei, talvez fosse somente pela vergonha, já que nem nos conhecemos direito. Deduzi isso pelo fato de eu também estar com certo nível de vergonha. Mas poxa, eu tinha acabado se ‘salva-la’ daquelas patricinhas mimadas, sendo que nós nos conhecemos somente há um dia. Seguimos pelos corredores andando nos cantos de cabeça baixa. Tudo para não chamar atenção.

Quando chegamos a sala de aula, sentamo-nos nos fundo no canto mais afastado da sala. De novo para não chamar atenção. A aula começou e nem eu nem Annabeth ousamo-nos a dizer nada. No meio da aula eu fiquei com um tremendo tédio e passei a reparar na garota ao meu lado. Ato que ate agora percebi gostar muito de fazer. Ela continuava com aqueles lindos cabelos e aqueles lindos e profundos olhos cinzas. Mas havia algo de errado com suas feições. Ela estava com um rosto triste. E parecia fazer muita força para não chorar. Não agüentando vê-la assim perguntei:

–Annabeth, esta tudo bem? – ela me olhou nos olhos. Verde no cinza e cinza no verde. Ela forçou um sorriso e disse:

–Claro Percy. – resolvi não perguntar mais. Na hora que ela quisesse falar, ela falava.

O resto da aula como sempre foi um tédio. E a única coisa que eu fazia a aula inteira era: pensar o porquê de Annabeth estar assim. O sinal para o intervalo bateu e todos os animais saíram correndo e comemorando. Peguei meus materiais e falei á Annabeth:

–Me espere no intervalo naquela mesma mesa de ontem, vou à secretaria para pegar a senha do meu armário. – na mesma hora sai correndo para a secretaria porque queria poder estar ao lado dela agora, em um momento que ela parece tão frágil.

POV Annabeth

Eu estava super feliz pelo Percy estar preocupado comigo. Mas mesmo que eu já esteja aguentando elas já fazem há um tempo. O que elas me dizem me afeta, porque é a verdade. Nunca vou conseguir achar alguém que me ame e viva o resto da vinha vida comigo. Vou passar a vida inteira sozinha e sem amigos. Ate porque mesmo Percy vai arranjar alguém e vai querer viver a própria vida e não ficar o dia inteiro me consolando porque não achei ninguém.

Quando chegamos à sala de aula, eu e o Percy sentamos no canto mais afastado da sala. Eu tentava prestar atenção , mas o que elas disseram fixava sendo repetido em minha cabeça “você deve ser a pessoa mais mal amada do mundo” isso foi o que mais me doeu. Pelo simples fato de ser verdade e todos precisam de amor. Mesmo eu, uma nerd sem vida social. Fui tirada de meus devaneios com Percy me perguntando:

– Annabeth, esta tudo bem? – eu forcei um sorriso e disse:

–Claro Percy. – ele não pareceu ter engolido essa mais deixou de lado.

Quando o sinal bateu e novamente ficamos somente eu e Percy na sala, ele disse:

– Me espere no intervalo naquela mesma mesa de ontem, vou à secretaria para pegar a senha do meu armário. – depois de falar isso ela saiu correndo. Sabia que era mentira pelos simples fatos: 1º- só pelo tempo que ele ficou comigo já deve ter desistido de ser meu amigo. 2º- ele saiu correndo provavelmente para eu não o alcançar se eu resolvesse ir atrás dele. E no final elas estão certas: ninguém gosta de mim.

Sai da sala e fui ao único lugar que eu consigo pensar: na biblioteca. Passei correndo pela entrada da biblioteca e entrei ate o lugar mais longe que conseguir ir. Sentei no banco e chorei. Chorei muito. Ninguém ia escutar mesmo, a biblioteca é muito grande e poucos procuram se aventurar por essa parte da biblioteca. Chorei ate escutar uma voz conhecida disser com preocupação:

– Annie, é você?

POV Percy

Depois que pequei a senha do meu armário, sai correndo em direção ao refeitório. Quando cheguei lá, ninguém se encontrava na mesa em que estávamos ontem. Vasculhei todo o refeitório e não a achei. Pensei um pouco. Onde eu me esconderia se quisesse ficar sozinho? É claro. Na biblioteca.

Peguei comida o suficiente para nós dois e partir em direção da biblioteca. Quando cheguei lá, não a achei, fiquei procurando por uns 5 minutos. Mas aquela biblioteca era muito grande e era quase impossível procurar por ela toda. Depois de procurar muito, a achei sentada chorando em um puf cheguei perto e perguntei com preocupação:

– Annie, é você? – ela virou o rosto e com o olho inchado perguntou:

–Percy porque está aqui? – ela estava me olhando confusa como se não tivesse o porquê de eu estar ali.

–Quando cheguei ao refeitório, você não estava lá então eu pensei um pouco e cheguei a conclusão de que você só poderia estar aqui. – respondi sentando ao seu lado no puf. Ela abaixou o olhar e disse com a voz manhosa:

–Pensei que você estivesse desistido de ser meu amigo e fiquei com medo de saber que o que elas disseram fosse verdade. – disse ela quase chorando.

–E o que elas disseram Annie? – perguntei preocupado com ela. Ela respondeu:

–Elas alem de fazerem todo tipo de xingamento contra a minha aparência. Disseram que eu nunca teria amigos ou alguma pessoa para me amar. Já que ninguém aguentaria ficar comigo. – ela falou com os olhos marejados. Deixei a bandeja com a comida no chão e a abracei. Ela se aconchegou em meu abraço e eu disse:

–Primeiro, Annie, elas só fazem isso por que estão com inveja, segundo, eu nunca vou te abandonar não importa o que aconteça, terceiro, é claro que você vai ter amigos Annie, você é uma menina maravilhosa. E é claro que você vai achar alguém que te ame. Você é linda. Tem cabelos ondulados que caem como cascata pelos seus ombros, olhos cinzas profundos e hipnotizantes, feições tão bonitas como de uma princesa e uma pele macia parecida com porcelana. Você com certeza é a menina mais maravilhosa que eu já conheci. – falei isso tudo do fundo de meu coração. Ela olhou para mim e perguntou com uma voz de gatinho:

–Acha mesmo. – sorri e disse:

–Acho não. Tenho certeza. – ela sorriu e eu a puxei de volta falando:

–Não, sente-se, você não vai mais para a aula, vai ficar aqui comigo e comer. – ela sorriu e se sentou ao meu lado. Começou a comer tudo que eu tinha trazido para ela. Comi junto e depois de comermos ficamos a manha inteira abraçados e sentados no puf. Ela parecia pensativa em meus braços, como se estivesse pensando em algo. A deixei quieta para pensar o que fosse e curtir a manha ao lado de minha nova melhor amiga.