O Monstro escrita por Messer


Capítulo 1
A Confissão


Notas iniciais do capítulo

OI MEUS LINDOS E QUERIDOS DE TODO O MUNDO! COMO EU TÔ FELIZ!
Ok, ok. Bem, terceiro volume começa e lá vamos nós, então!!



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Depois dos pesadelos, John achou melhor não dormir. Ficou deitado na cama, sentindo o peso dos grosso cobertores lhe pressionar e vendo as sombras estranhas que as poucas luzes de Nova Iorque que entravam formavam no teto. Algumas vezes, certas pessoas lhe disseram que a verdade machucava, mas era melhor.

Nesse caso, ele teria preferido viver nas mentiras.

Quando sentiu que estava perto do Sol nascer, tirou os cobertores de cima do corpo e desceu da cama, andando até a janela. Afastou as cortinas e viu que estava certo: o céu começava a ficar roxo ao horizonte.

John deu um suspiro e foi até o armário, pegando um casaco e chinelos. Então, abriu a porta de seu quarto e encaminhou-se até o elevador.

Seus passos faziam pouco barulho, mas nada comparado ao elevador. Quando puxou a porta de segurança, teve receio que acabara de acordar todo o Instituto. Mas, para sua sorte, ninguém apareceu no corredor com os cabelos bagunçados e começou a gritar com ele. Então, subiu no elevador e apertou o botão que lhe levaria até o último andar. Lá, subiu a escada que levava até a estufa.

Abrindo a porta, o cheiro das flores e um leve calor passou por seu corpo. À primeira vista, imaginou não ter ninguém, mas, ao longo que ia andando pela estufa, seus sentidos diziam outra coisa. Mesmo assim, não viu nenhuma pessoa.

Quando estava perto do lugar para poder ver o Sol nascer, começou a se amaldiçoar por não ter pego um sapato mais quente. Mesmo com as meias, seus pés pareciam congelados.

Então, tropeçou em algo.

Um estrondo enorme ecoou, era algo feito de metal. John parou, respirou fundo, tentando afastar a dor no pé esquerdo. Quando olhou para baixo, viu que era um regador. Franzindo a testa, pegou-o e colocou o objeto longe do caminho, para que mais ninguém tropeçasse nele.

Continuando, viu que estava perto da beirada da estufa. Havia duas portas, uma por onde ele havia entrado e outra, do outro lado, dando para somente alguns passos e o fim do prédio. John abriu a porta e não sentiu frio com o vento. Ficou parado em frente da porta, decidindo se o que via era ou não uma visagem. Mas acabou que não era, pois se mexeu. Ele foi para perto e se sentou ao lado dela. Era realmente Mary, como havia pensado. Mas, o que ela estava fazendo ali, naquele horário, ele não sabia.

John se sentou na beirada do prédio, com as pernas balançando.

-Pensei que não gostasse de luz – ele comentou.

-Não gosto. Mas é bonito ver o Sol nascer – Mary respondeu, sem olhar para ele. Sentiu uma pontada de dor por ela não ter o feito, mas a reprimiu. Era muita idiotice ter esse sentimento.

Os dois ficaram em silêncio. Não se mexeram, só ficaram lá, como se fossem desconhecidos. John quis abraçá-la, beijá-la, dizer que estava tudo bem. Mas não estava. Aliás, se fizesse isso, era capaz de ela o empurrar para longe, do jeito que estava.

-Você está distante – ele por fim disse, quando o calor do Sol bateu na sua pele.

Nisso, podia sentir o olhar da garota em si. Mas não disse nada, não a olhou. Queria uma resposta, era só. Ou uma mudança. Os quatro últimos dias, desde que achara Mary no Acampamento mudaram. Ela só falara com ele quando necessário, e sempre de um jeito contido.

-Não acredito que ainda não tenha percebido – a garota por fim respondeu.

Curioso, John a olhou, com uma sobrancelha erguida. Foi o seu erro. Sempre se derretera só de olhar para ela, e nunca entendeu esse sentimento. Algumas vezes, até o odiou.

Mary o encarava de volta, com alguns fios de cabelos soltos da trança balançando. Seus olhos estavam azuis, mas por eles se podia ver a ferida que ela guardava. Por um momento, John não soube do que ela estava falando, mas era mais sério. Sempre foi.

-Eu acho que não – ela disse. - John, não sei se você já percebeu, mas algumas vezes... Age como se tivesse algo de rui em você. Como... Demônios contidos. Você tem sangue de Anjo, é isso que os contêm. Mas parece ser mais forte, principalmente com os outros. E... Esses dias, descobrimos que você é filho de Apolo.

-O que isso tem a ver? - Ele perguntou, depois que ela não disse mais nada.

Mary continuou calada, olhando para o chão, longe abaixo deles. Respirava fundo, e John percebeu que suas mãos apertavam com força o peitoril do prédio. Antes que pudesse fazer algo, ela se virou e o abraçou forte, com a respiração tremendo. Por debaixo do casaco e da blusa do pijama, podia sentir algumas lágrimas dela que molhavam sua pele. Banhado por um sentimento estranho, a abraçou de volta, acariciando seus cabelos. Era como o dia que se reencontraram no Acampamento, mas aqui parecia mais urgente, até mesmo pior.

Ele beijou a lateral da sua cabeça.

-Calma, calma. Desculpe, eu não quis dizer aquilo.

A garota se afastou alguns centímetros e enxugou algumas lágrimas. John chegou mais perto do rosto dela e beijou seus lábios, com cuidado. Mesmo aberta daquele jeito, ainda tinha medo de poder espantá-la. Mas ela não o empurrou e saiu correndo, como ele havia pensado. Acabou correspondendo-o, alcançando suas mãos e entrelaçando-as.

Parecia que o céu havia sido retirado das costas dele naquele momento. Fora perdoado, se é que realmente fez alguma coisa errada. Talvez fosse realmente Mary, que se afastou de todos, pelo o que pôde ver. A visita ao Acampamento, que a princípio fora para resolver problemas, havia causado mais.

Naquela noite, quando a garota sumira, John havia voltado para o Instituto, mas para somente avisar que sairia e não sabia quando iria voltar. Pegou algumas armas e saiu, somente guiado pelo instinto. O pensamento de encontrar Mary era a coisa que mais martelava na sua cabeça, e, quando ela se afastou depois que a encontrara, se condenou por tê-la desobedecido, apesar de o que fizera seria feito mais cedo ou mais tarde.

Mary se recolheu um pouco, afastando os rostos. Olhou nos olhos dele, agora banhados pela luz solar.

-Você é o mestiço.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!!



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