Recuperei o coração do oceano. Saiu em todos os jornais do mundo todo que Cal Neto havia sido condenado a anos de prisão. Em tudo isso, ele tinha que me prejudicar de algum modo, então, confessou que meu pai estava envolvido. Meu pai ficou pouco tempo na cadeia, pois jurava até a morte que não participou, mesmo com as confissões de Cal e de McPhee. A cada dia eu ficava mais desapontada com o meu pai, mas fiquei feliz quando ele saiu da cadeia para um evento muito importante da minha vida. Oh, meu querido pai, não pode voltar ao mundo dos negócios. Minha mãe não teria mais a vida que meu pai a dava.

Fiquei, digamos que, famosa. Saí em todos os jornais, com Brock. Agora o trabalho dele era famoso, recebeu financiamentos e propostas de buscas. Caçar artefatos históricos perdidos no mundo. Ele adorava. E por incrível que pareça, essa vida de investigação me fascinava. A adrenalina correndo nas veias era demais.

Passou-se 3 anos e eu estava no barco de Brock, jantando com ele. Havia golfinhos.  Três, somente. Nadavam ao redor do barco de Brock.

-Venha cá – Brock me puxou para ver os golfinhos.

Notei que ele jogou 3 plaquinhas no mar. Não entendi. Os golfinhos pegaram as plaquinhas. Brock assoviou e jogou comida no mar. Um dos golfinhos deu um salto enorme, e a plaquinha em sua boca deixou a mostra o que estava escrito. Havia o nome “ Casa”. O segundo golfinho deu outro salto, dessa vez, a plaquinha em sua barbatana, tinha escrito a palavra “Comigo”, e por fim, o terceiro golfinho deu uma cambalhota que mostrou a última plaquinha com uma interrogação. Foram treinados para isso, tenho certeza. No final, os 3 se alinharam e mostraram as plaquinhas em suas bocas, que formava a frase “ Casa comigo ?”.

Fiquei olhando para aqueles golfinhos me perguntando se aquilo era real. Olhei para Brock.

-Eu recebi propostas de passar anos e anos viajando, caçando tesouros. Fazer isso é o que eu amo, mas acho que não conseguiria fazer mais se a outra coisa que eu amo não estivesse comigo. Lizzy, eu te amo, case-se comigo ?

Olhei de novo para aqueles golfinhos que já estavam nadando normais, sem as plaquinhas.

- EU ACEITO! EU TE AMO.- pulei em Brock e o abracei com muita força.

Eu desisti da minha pós-graduação. Eu nunca quis uma vida normal. Eu sabia que meu lugar era viajando o mundo com Brock, meu futuro esposo.

Com um ano, ou seja, o suficiente para preparar o casamento, planejar a nova expedição e fazer a mudanças dos meus pais para minha casa, pois com a prisão do meu pai, ele perdeu o emprego, perdeu a casa e tudo. Me orgulho muito por ele não ter perdido a esposa. Minha mãe amava meu pai, eu sempre soube. Eles passaram a morar na casa que eu  morava com vovó Rose, e meu pai vai arranjar um emprego digno. Eu viveria agora no barco com Brock.

-Quem diria...-disse minha mãe, ajeitando meu véu. – Minha filha, conhecida no mundo todo, vai casar, e com um caçador de tesouros que é muito bem sucedido e faz vários serviços importantes e...

-Mamãe!!!- falei segurando meu vestido.

Meu pai estava na cabine. O casamento ia ser em um navio, casaríamos em alto mar. Foi um presente dos financiadores da nova expedição.

Meu pai colocou a mão no meu rosto, emocionado. E depois, segurou minhas mãos.

- Vá viver suas aventuras, Lizzy. Você provou que quando se quer, e se ama, tudo é possível.- ele disse.

Abracei meus pais com toda a minha força. Eu não fazia isso a tanto tempo. Fui até a penteadeira e abri uma caixa, nela continha o coração do oceano. Coloquei em meu pescoço. Meu pai olhava aquela joia com um olhar de ódio. Peguei seu braço e nos dirigimos até o local do casamento. Entrei com a joia em meu pescoço e com meu pai, meu pai criminoso, mas me orgulho de ter entrado com ele. Acho que vovó Rose amava Bisa Ruth mesmo com tudo que aconteceu.

A festa de casamento foi a mais linda que já vi, o navio iria da uma volta pelo oceano e voltar para o porto.

No final da festa, eu e Brock fomos para a cabine dos recém-casados. Saí em todas as revistas com o coração do oceano no pescoço. Achei engraçado. Fui ao banheiro e tirei o véu. Fiquei olhando fixamente para aquele colar.

Ao sair de lá, e adivinhe? Brock estava dormindo na cama vermelha em forma de coração. Havia bebido muito e pude perceber que estava em um sono profundo. Eu sei que no fundo, ele queria que Bodine estivesse presente.  Dei risada e fui para a varanda. Notei icebergs. Talvez estivéssemos no mesmo local onde o Titanic afundou. Eu conheço a rota. Fiquei olhando para o mar, como se eu quisesse poder enxergar o defunto, ou talvez o esqueleto de Jack afundado. Sei que não adiantaria, era mais de 60 metros de profundidade.

Eu estava, feliz, iria viver várias aventuras com Brock, sentia que meu lugar era ao seu lado, no rumo ao amanhã, sem saber o que  nos espera.

Decidi, naquele momento, fazer o que minha avó fez e achava que ela gostaria que eu fizesse o mesmo. Eu sabia que eu e Brock éramos muitos jovens e não teríamos condições de ter filhos agora, mas eu não queria arriscar, nesses últimos dias eu vi do que a ganância era capaz de fazer com as pessoas. Arranquei o coração do oceano de meu pescoço e joguei de volta ao mar.

-Tome, meu caro oceano. Seu coração esta de volta.