Tempo De Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 32
Arrancar o mal pela raiz


Notas iniciais do capítulo

Emocionada aqui! Capítulo dedicado a Clary Everdeen e a Crazy Teenagers que me fizeram duas recomendações maravilhosas! É muito amor que recebo de vocês! Muito obrigada suas lindas!



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Abro meus olhos lentamente. São cinco horas da manhã constato ao ver o relógio que está sobre o criado mudo de Peeta. Estou envolvida nos braços dele. Isso é tão bom, me sinto aconchegada, protegida... Olho para ele. Todos o consideram o cara perfeito, o mais lindo da nação, mas se o visem dormindo como eu o vejo agora, acreditariam que ele não é um ser deste mundo, sua beleza não é deste mundo. Droga! Em que eu estou pensando? Que sentimentos são estes? Não, não pode ser, eu perdi a capacidade de sentir isso, e ainda mais por Peeta Mellark. Me levanto rapidamente e saio da casa dele. Não acredito que eu cheguei a pensar que... Não, isso é impossível!

Pego um taxi e vou para meu apartamento, me jogo em cima da minha cama. Fecho os meus olhos tentando parar meus pensamentos, esvaziar minha mente destes pensamentos perturbadores. Não! E não! Eu não posso estar sentindo isso, foi apenas passageiro, sim, um sentimento passageiro, coisa da minha mente. É claro, a mente adora criar ilusões, e esta com certeza foi uma ilusão. Adormeço depois de um tempo.

Acordo com meu celular tocando, olho na tela, é Peeta. Sem pensar duas vezes desligo meu celular. São quase oito horas da manhã. Me levanto da cama e começo a abrir algumas caixas da mudança. Começo a arrumar as coisas que estão dentro da caixa, livros, cds... Depois de arrumar estas coisas, vou verificar se tem mais coisas para eu arrumar, passo o dia fazendo isso. Madge está trabalhando na série de tv hoje, por isso fico o dia inteiro sozinha. São quase seis horas da tarde quando me lembro da festa de encerramento do filme. Darius ligou ontem de noite avisando sobre isso.

Dou um longo suspiro e tento pensar em uma desculpa para não ir a isto. No entanto, de uma forma ou de outra vou ter que enfrentar ele... É, eu não tenho alternativa, um cometa não vai atingir a terra só porque eu quero. Estas coisas de pensamentos positivos não funcionam comigo...

Pego um taxi e vou até o lugar em que será a festa, até parece que estou indo para meu velório e não para uma festa.

A primeira pessoa que avisto é Cato, conversando com Foxface. Será que ele vai carregar ela para todos os lugares? Parece que Cato encontrou uma garota que prende sua atenção suficientemente. Me pergunto o que ocorreu com Glimmer, será que ela desistiu do Cato? Ela tem se mantido bastante quieta... E isso não é um bom sinal. Flavius, Venia, e Octavia estão em um grupinho animado; Haymitch conversa com Clove e mais algumas pessoas da produção. Também vejo Plutarch, o diretor do clipe da música tema de Nick e Lory. Porém, não são eles que meus olhos procuram, eu sei o que meus malditos olhos buscam... Meus olhos percorrem impacientes pelo salão da festa e... ali está ele, com seu sorriso encantador, que consegue hipnotizar qualquer pessoa. E ele sorri para... Annie. Annie? O que ela está fazendo aqui?

Mas o quê? Que droga é esta que estou sentindo? Não, eu estou de TPM, só pode, e neste período os hormônios podem se descontrolar um pouco nos fazendo sentir coisas esquisitas. Sim, é isto. No entanto, por que eu sinto isto, esta vontade doida que ele sorria para mim, e não para Annie? Este louco desejo de abraça-lo e sentir seus lábios nos meus? Não, eu não posso, eu não posso.

Annie sorri para Peeta, que retribui seu sorriso de uma forma gentil. Será que ele ainda a ama? Por que meu coração fica agitado com esta possibilidade? E um frio no estômago surge ao pensar nisto?

Não, eu não posso me atrever a sentir isto! Esta palavra está proibida em meu dicionário, eu já rasguei há séculos, ela é a palavra que mais odeio no mundo. Este sentimento foi a origem de todos os meus problemas. Não, eu não posso sentir isso novamente, eu não posso viver toda dor, toda magoa. Tenho que tirar estes sentimentos do meu coração, arranca-los quando ainda são recentes, quando são apenas uma semente. Eu não posso prosseguir com isto, eu não posso!

Não, Katniss, você não pode estar apaixonada por Peeta Mellark!

Saio imediatamente da festa, meus passos são rápidos, praticamente estou correndo, como se estivesse fugindo destes sentimentos. Isso tem que acabar, isso tem que terminar!

Pego o primeiro taxi que vejo pela frente. Meu celular começa a tocar, sei que é Peeta. Deixo que toque, seu toque é como o chamado deste sentimento. Não, eu serei forte e não vou atende-lo, não vou atender a este sentimento. Uma vez eu já fiz isso e o resultado foi horrível. Não, eu não vou permitir que alguém entre em meu coração novamente. Como um animal ferido eu fujo.

Os dias passam. Tento me focar ao máximo em minha carreira, analisar as novas propostas de trabalho que surgiram, trabalhar na campanha de perfumes Sinsajo (Finnick não tem me perturbado muito, se isso acontece eu o ignoro completamente, e isso tem dado certo. Estamos na parte das fotos agora), e sobretudo tento não pensar em Peeta. Ignorei todas as suas ligações. Para minha sorte, ele viajou para outro país, algo sobre estrelar um filme nos Estados Unidos, por isso não o vi mais. Já se passou uma semana desde o encerramento das gravações do filme.

– Katniss, se aproxime mais do Finnick e olhe para ele – pede Castor.

Olho para Castor, ao seu lado está seu irmão gêmeo Pollux. Os dois são responsáveis pelas fotos para a campanha publicitária. Pollux e Castor são fotógrafos renomados, conhecidos como “os gêmeos da fotografia”. Sempre fazem todos os trabalhos juntos.

– Ok – respondo me aproximando mais de Finnick.

– Ótimo – fala Castor.

A seção fotográfica é cansativa. Temos o mesmo conceito do comercial, por isso estamos no cenário em que foi gravado o comercial, no jardim de rosas, e eu uso o mesmo vestido do comercial.

– Acho que podemos fazer uma pausa – anuncia Pollux.

Vou até uma mesa preparada com várias comidas. Estou morrendo de fome, nunca pensei que o trabalho de modelo fotográfico fosse tão pesado. Estou exausta. Pego um lanchinho e meu estômago agradece por isso.

– Katniss, sabia que hoje vou fazer um show? – fala Finnick aproximando-se de mim.

– E? – o encaro.

– Pensei que você poderia ir...

Olho para ele com minha cara: você está me confundindo com outra pessoa? Você bateu a cabeça? Você quer um soco?

– Ok, péssima ideia – diz resignado.

Sem falar mais nada me afasto de Finnick comendo o lanchinho que tenho nas mãos. Vou para dentro da casa, um dos quartos serve como camarim improvisado. Passo pela enorme e luxuosa sala da mansão. Esta sala me impressionou desde a primeira vez que vim aqui, os moveis me lembram de algo de outro tempo, e para finalizar há um lustre enorme, o qual me recorda o lustre que cai em O fantasma da ópera. Este lustre deve ter custado uma fortuna, parece ser feito de cristal.

Chego no quarto que serve como camarim. Escuto antes mesmo de entrar o toque do meu celular, que toca sem parar. Será que? Não, não pode ser ele. Ele está nos Estados Unidos agora, ele não iria me ligar...

Pego meu celular, olho para a tela de meu celular. Não reconheço o número.

– Alô?! – atendo um pouco incerta.

– Katniss – reconheço imediatamente a voz.

O que eu faço? O que eu faço?

a)Desligo na cara dele.

b)Finjo que não estou o escutando.

c)Atendo, já que não posso fugir dele para sempre.

– O que foi? – finjo que estou de mau humor.

– Sou eu, Peeta – ele faz uma pausa, esperando que eu diga alguma coisa. – Faz uma semana que não te vejo... – prossegue ao constatar que não falarei nada. – Tentei falar com você várias vezes antes de viajar para Los Angeles , o que houve, Katniss?

– Nada... – respondo laconicamente.

– Katniss! – me chama Finnick, na porta do camarim. – Castor e Pollux vão começar a fotografar de novo.

– Finnick, pede para eles aguardarem mais um pouquinho, já estou indo...

– Está bem – diz se retirando.

– Peeta, eu preciso desligar, estou trabalhando...

– Katniss, o que está acontecendo?

Não, eu não posso fugir mais disso. Eu tomei uma decisão, agora preciso colocar esta decisão em prática. Eu não posso continuar mais com isto.

– Peeta, como as gravações terminaram – minha voz é fria, distante, estou atuando. Ainda bem que ele não está aqui, se estivesse duvido que conseguisse atuar desta maneira. – Acho que também nossa relação de inimigos com benefícios terminou.

– O quê?

– Quando começamos isso, concordamos que um dia mais cedo mais tarde iria terminar – tento dar tranquilidade a minha voz. – Já está na hora disto terminar. Eu e você não temos mais nada além disso – minhas palavras são cruéis. Falo de maneira rápida, porém firme, não permitindo que Peeta fale qualquer coisa. – Adeus, Peeta – desligo o meu celular, sem lhe dar tempo para que ele fale uma sílaba sequer.

Lágrimas começam a rolar pela minha face. Eu não posso permitir que esta semente cresça em meu coração, não quero sofrer novamente, não quero que meu coração fique cheio de espinhos... É preciso arrancar o mau pela raiz. Amar é o mau que devo tirar do meu coração. Amar é algo que não posso permitir. Não quero sofrer por Peeta, ele nunca me amara, seu coração parece pertencer a Annie, ainda tenho nítido em minha mente a maneira que olhava para Annie naquela festa. Para Peeta, eu fui apenas uma diversão, nada mais. E sei que ele considera que eu penso isto dele também, que ele foi apenas uma diversão. Não, jamais vou entregar meu coração a Peeta Mellark!

As lágrimas não param de cair, por mais que eu tente detê-las, elas não cessam, malditas lágrimas, maldita dor. O amor é uma maldição, eu jamais irei cair nesta maldição novamente.

– Katniss? – levanto os meus olhos me deparando com os olhos interrogativos de Finnick. – Por que você está assim? Foi aquele idiota do Peeta Mellark que fez isto com você? – sua voz está alterada.

Olho para Finnick.

– Por favor, Finnick, me deixe em paz! – suplico.

– Katniss, por favor, me fale o que está acontecendo.

Enxugo minhas lágrimas com as mãos e saio do camarim, Finnick me segue silenciosamente. Ele não fala nada, apenas me segue.

Começo a atravessar a enorme sala da mansão. Será que serei capaz de atuar depois disso? Eu sou uma atriz, eu vou conseguir colocar um sorriso no rosto e fingir que tudo está bem. Sim, eu vou conseguir!

– Katniss! – ouço o grito de Finnick.

Tudo se passa tão rápido em questões de segundos. Vejo o lustre caindo em minha direção, sinto Finnick me empurrando, fecho meus olhos e tapo meus ouvidos horrorizada com o barulho. Abro meus olhos... Não!

Finnick está deitado no chão, debaixo do lustre em pedaços. Sangue, muito sangue, começa a sair de sua cabeça formando em questão de segundos uma poça.

– Finnick! – um grito silencioso sai dos meus lábios.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Por precaução vou começar a correr antes que uma flechada me atinja...