Mas o que raios eu estava a fazer? Itachi tinha praticamente abandonando-me e ele era a pessoa mais importante da minha vida.

-COMO FOSTE CAPAZ? – Gritei bem alto afastando-me bruscamente dele mas ainda continuava a chorar. – Sabes o que custou-me ver a nossa mãe deitada naquele caixão, e por causa do filho mais velho quem nem se deu ao trabalho de presenciar o funeral dela? Depois da morte dela eu sofri imenso nas mãos do Fugaku. Até tenho cicatrizes nas minhas costas. Olha! – Virei-me e tirei a t-shirt mostrando as marcas que o velho fez-me. Virei-me novamente para ele e encarei-o. – Vês? Ainda estou surpreendido como é que ele não chegou ao ponto de violar-me. Não espera ele QUASE que chegou! TODO ISTO POR TUA CAUSA! – Todo o que eu tinha a falar já falei. Deixei a minha respiração acalmar-se e o choro cessar e sai daquele cômodo e foi para o meu quarto, deixando um Itachi surpreso e estático para trás.

Cai na minha cama e pôs-me debaixo dos cobertores e logo adormeci.

A semana passou a correr até chegar sábado e nem se quer tinha visto Itachi nesses dias apenas ao jantar, quer dizer, ele pegava num prato metia a comida e subia para o ateliê.

 Ele nem se deu ao trabalho de pelo menos pedir-me desculpa, bem claro que eu não iria aceitar as desculpas mas já era um bom começo. Acho que lá no fundo eu queria que ele fizesse isso para que posássemos dar-nos bem. Mas que raios é que eu estou para aqui a pensar? Eu quero é que ele arda nos quintos dos infernos!

Sakura! Sakura parece estar mais confusa do que eu. Não que eu esteja confuso. Ok, eu estou confuso mas bem isso agora não interessa mas sim a Sakura. Ela passa mais tempo comigo do que com Itachi, pelos desabafos dela ela diz que ele anda distante e parece perdido e claro que as “noites” deles andam cada vez mais reduzidas, por assim dizer, porque de longe eu ia usar as palavras que ela usou!

E ontem á noite ela disse-me que tinha uma surpresa e que talvez por causa dessa surpresa teriam de adiar o casamento, mas ela só revelaria esse “mistério” domingo na hora do jantar se tivesse as suas suspeitas confirmadas. Honestamente, não sabia se ficava contente com essa surpresa porque tenho uma ligeira impressão que vou ser titio.

O meu telefone começou a tocar e logo atendi-o.

-Yo Sasuke!

-Neji.

-Liguei-te para saber se queres ir a uma boate com o pessoal todo? – Ele estava bastante empolgado via-se logo que ele era daqueles que queriam “boa vida”.

-Claro porque não? Mas espera nós somos menores…

-Sim, mas nós temos todos uma identificação falsa quando eu for te buscar dou-ta. Já agora passo ai por volta das nove.

Desligamos os telefones ao mesmo tempo sem nem se quer termo nos despedido.

Teria que avisar a alguém que hoje estaria fora. Sakura não estava em casa então só podia avisar a Itachi. Olhei para o relógio no meu pulso e já eram oito horas e um ponto.

Corri pelas escadas e o corredor até chegar ao ateliê. Batia a porta e ouvi um “Entre”.

-Itachi. – Chameio e o mesmo virou-se e encarou-me. Ele estava com profundas orelheiras, os cabelos amarrados num rabo-de-cavalo praticamente desfeito e a cara mais pálida do que o normal que demonstrava cansaço. – Itachi estas bem? – Sasuke eu te odeio oficialmente! Malditas palavras cheias de preocupação que escaparam da minha boca sem autorização.

-Eu estou ótimo. – dizia as palavras com dificuldade e lentamente. Quem é que ele queria enganar? Ele estava um trapo e provavelmente doente.

-Eu queria avisar-te que vou sair com uns amigos. – Ele sorriu forçadamente e assentiu. Virei pronto para sair dali mas um embate de um corpo caindo no chão alertou-me. Virei-me rapidamente para trás e encontrei Itachi desmaiado no chão.

-Merda! – Resmunguei e tateei os meus bolsos a procura do telemóvel. Telefonei para a Sakura que disse que já estava a caminho de casa mas com o trânsito iria demorar mais, do que o normal. Também disse-me para ficar com Itachi até ela chegar. Peguei nele com dificuldade, levei-o até o seu quarto e deitei-o na cama de casal.

Olhei para o relógio e já era nove e meia. Mandei uma mensagem ao Neji a dizer que não podia ir, porque estaria a tomar conta do meu onii-chan.

Sentei-me na beira da cama e assegurei-lhe a mão. Estava preocupado e por mais que tentava esconder e repelir esse sentimento não o conseguia. Senti a mão dele tremer sobre a minha e o ónix dos seus olhos sem brilho a abrirem-se.

-Sasuke…