O final do chá correu tranquilamente e quando a noite foi surgindo, as amigas de Regina começaram a ir embora. Quando todas as convidadas já tinham ido, a morena se aproximou de Emma para se despedir.

– Tchau Emma.

Regina falou chateada, algo que não passou despercebido pela loira.

– Tchau Gina.

Quando Regina ia se distanciar para ir embora, Emma segurou seu braço e deu um beijo demorado na bochecha dela, lhe causando um arrepio gostoso, já que quase sempre era ela que beijava a bochecha da amiga.

– Desculpa mesmo.

A morena não respondeu nada, apenas deu um pequeno sorriso e saiu do apartamento.

Emma apenas assistiu Regina ir embora e ficou realmente triste com si mesma por tê-la magoado. Ela nunca havia visto a morena tão decepcionada quanto naquele momento. De repente, uma voz a tirou de seus devaneios.

– Senhorita Swan, nós já podemos ir?

Uma das garçonetes se aproximou, acompanhada das outras nove.

– Claro, podem sim. Quem de vocês vem comigo para pegar o dinheiro?

– Eu vou!

A garçonete que tinha cantado Emma mais cedo se pronunciou animada, fazendo todas rirem.

– Então vamos?

A ruiva balançou a cabeça positivamente e seguiu Emma até o escritório. Enquanto pegava o envelope com o dinheiro, a loira percebeu que a garçonete não tirava os olhos dela, que se estivesse em outros tempos, com certeza pediria o telefone da garota, que era muito bonita por sinal, e sairia com ela. Mas Emma sabia que essa possibilidade estava descartada, porque estava realmente gostando de Regina e mesmo não tendo nada com a morena ainda, ela se sentiria mal em sair, beijar e até transar com outra pessoa.

– Aqui está.

Emma entregou o dinheiro para a ruiva, que sorriu.

– Senhorita.

A garçonete começou, mas foi interrompida.

– Pode me chamar só de Emma.

As duas sorriram.

– E a propósito, eu nem sei seu nome.

– Helena.

– Prazer.

Emma estendeu a mão para a garota, que riu e apertou a mão a sua frente.

– O prazer é todo meu.

Elas soltaram as mãos e a garçonete tomou coragem para falar o que queria desde o começo.

– Emma, você é muito linda, de verdade. Você me deixou encantada.

A loira ficou sem graça.

– Se eu te desse o meu telefone, você me ligaria para nós combinarmos de sair?

A garota perguntou insegura, retirando um pequeno sorriso do rosto de Emma, mas ela não podia.

– Desculpe Helena, mas é que eu estou gostando muito de uma pessoa e não acho que seria justo com você. Eu só consigo pensar nela.

– Ah, entendo.

Helena baixou o olhar.

– Não fique triste, por favor. Tenho certeza que você vai conhecer alguém muito legal.

– Obrigada.

– Mas pelos menos deixa o seu telefone, quem sabe nós não nos tornamos amigas?

– Claro!

Emma pôde ver o sorriso voltar ao rosto da garçonete e foi pegar um papel para que ela pudesse anotar seu número. Depois disso, as duas voltaram para a sala.

Emma agradeceu a todas e abriu a porta para que as garçonetes pudessem ir embora. Pouco tempo depois que elas se foram, a loira decidiu ir tomar um banho, já que estava totalmente exausta e precisava relaxar um pouco. Após o banho, Emma colocou uma roupa confortável e desceu as escadas, encontrando mesas e cadeiras limpas.

– Rita? Eliana? Vocês já estão aí?

– Sim, senhora.

Rita, uma das empregadas da loira, respondeu entrando na sala.

– Nós estamos arrumando a cozinha.

– Tudo bem.

Emma olhou para o seu relógio, que marcava 19:25.

– Daqui cinco minutos o pessoal vai chegar pra desmontar isso aqui.

– Sem problemas, depois que terminarmos de limpar lá e eles desmontarem as coisas, nós cuidamos desse chão e arrumamos tudo.

– Ok, obrigada.

– Imagina.

– Qualquer coisa eu vou estar no meu quarto.

– Tá bom.

Emma subiu as escadas novamente e se jogou em sua cama. Aquele dia desastroso que parecia nunca acabar, finalmente havia terminando. Ela estava muito cansada e se sentindo um lixo, já que teve tanto esforço para agradar Regina e estava conseguindo, mas no final a morena acabou ficando extremamente chateada. Decidiu então ligar para Mary Margaret, pois precisava desabafar com a amiga.

Ligação On.

– Alô?

– Mary Margaret, é a Emma.

A loira falou desanimada.

– Oi Emma! E aí, como foi o chá?

Emma suspirou.

– Pela sua voz não foi nada bem, não é?

– É.

– O que houve?

– O chá estava correndo perfeitamente bem, inclusive, antes das convidadas chegarem, eu e a Regina dançamos e eu percebi uma coisa diferente nela.

– Diferente como?

– Eu não sei, parecia que ela tinha um sentimento a mais por mim também.

– Sério!?

Mary Margaret perguntou animada, arrancando uma pequena risada de Emma, que sorriu ao se lembrar daquele momento.

– Sério, mas às vezes pode ser só coisa da minha cabeça, já que eu realmente gostando dela.

– Nossa, nunca pensei que ouviria Emma Swan falando desse jeito.

Mary Margaret falou em um tom divertido, conseguindo arrancar outra risada da loira.

– Mas depois da dança você continuou sentindo isso nela?

– Infelizmente não e uma coisa que acabou comigo foi vê-la ficar toda derretidinha com o presente e o cartão que a noivinha dela mandou.

– O que a Ruby mandou pra ela?

– Uma flor escocesa rara. Cardo sei lá das quanta.

– Awn! Que fofo!

– Mary Margaret!

– Desculpe.

As duas riram.

– Mas voltando ao assunto principal, se o chá estava indo bem, o que deu errado?

– A Belle armou pra mim.

– Belle? Quem é essa?

– Aquela louca que quando eu disse que só queria sexo casual, me deu um soco no nariz.

– Ah, lembrei.

Mary Margaret riu, mas logo questionou confusa:

– Como assim ela armou pra você?

– Ela me deu um cartão de uma animadora de chá de panela, chamada Sharon e disse que essa mulher estava em um chá de panela que a Regina foi e que ela tinha adorado.

– E qual é o problema disso Emma? Ela quis te ajudar, não foi armação.

– Você não está entendendo. O tipo de animação que a mulher faz não é muito adequada.

– O que você quer dizer que com “não é muito adequada”?

– Ela trouxe objetos do prazer para o chá e disse que poderia ensinar como ativar o chacra sexual.

– Ai meu Deus! Eu não acredito!

– Foi a mesma reação que eu tive.

– Como essa garota pôde fazer isso?

Mary Margaret perguntou incrédula.

– Ela nunca superou o que aconteceu, deve ter raiva de mim ainda e eu fui muito burra em aceitar a ajuda dela.

– Você não foi burra Emma. A culpa não é sua se você acreditou em uma pessoa que não tem boas intenções.

– Pois é.

– E como a Regina reagiu?

– Ficou extremamente decepcionada. Ela estava gostando das coisas, me elogiou várias vezes, mas isso definitivamente estragou tudo.

– Você contou para ela que a Belle armou pra você?

– Claro que sim, mas ela não acreditou em mim. Ela disse que eu sempre arranjo uma desculpa.

Emma suspirou triste.

– O objetivo era convencer a Regina que eu amadureci e que ela nem conhece essa Ruby direito. Eu tinha que ter mostrado que sou a pessoa certa pra ela, só que isso não aconteceu.

– Mas você ainda é a madrinha, não é?

– Eu não sei, eu acho que ela me dispensou.

– Deixa disso. Como alguém é dispensada de ser madrinha?

– Sei lá.

– Quer saber, eu tenho uma ideia!

– Qual?

– Para provar para a Regina que você é a única mulher para ela, nós temos que fazer de você a melhor madrinha do mundo.

– E como nós vamos fazer isso?

Quando Mary Margaret ia responder, David a chamou.

– Emma, espera só um pouquinho.

– Ok.

Mary Margaret tampou o telefone e respondeu ao marido, perguntando o que ele queria.

– Você já está pronta? Nossa reserva no restaurante é para daqui a pouco.

– Só um minuto, eu já estou indo.

– Tudo bem.

David saiu do quarto e Mary Margaret voltou sua atenção novamente para o telefone.

– Emma, eu tenho um compromisso agora.

– Desculpe te alugar por tanto tempo, mas eu precisava desabafar.

– Que isso, não precisa se desculpar. Você é minha amiga e sabe que eu sempre vou estar aqui pra você.

– Obrigada Mary.

– Amanhã eu te ligo para explicar o plano, pode ser?

– Por que você não vem tomar café da manhã aqui? Eu vou chamar as meninas também.

– Claro, eu vou sim.

– Às 9:00, está bom?

– Está ótimo. Tenta ficar bem e pensa positivo, vai dar tudo certo.

– Tomara e obrigada de novo.

– Imagina. Tchau.

– Tchau.

Ligação Off.

Assim que Emma desligou o telefone, escutou algumas batidas na sua porta.

– Pode entrar.

– Dona Emma.

Rita adentrou no quarto com uma bandeja, que tinha um sanduíche e um suco, em mãos.

– Eu fiz para a senhora.

– Obrigada.

Emma sorriu e pegou a bandeja das mãos da mulher.

– Os homens desmontaram tudo e foram embora. Nós também já limpamos as coisas e estamos indo. A senhora quer mais alguma coisa?

– Na verdade, eu queria sim.

– E o que seria?

– Amanhã minhas amigas vão vir tomar café da manhã aqui. Será que você e a Eliana podem vir preparar?

– Claro. Que horas temos que estar aqui?

– Elas chegam às 9:00.

– Então nós chegaremos às 8:00.

– Obrigada Rita.

– De nada.

A empregada sorriu.

– Agora já vou. Até amanhã.

– Até.

Rita saiu do quarto e fechou a porta.

Enquanto isso, Regina estava em seu apartamento, completamente triste e pensativa.

– Querida, você quer comer alguma coisa? Eu acabei de fazer o jantar.

Cora perguntou entrando no quarto da morena, que estava deitada em sua cama.

– Não mãe, obrigada. Eu estou sem fome.

– Olha, eu sei que você está chateada com a Emma, mas eu tenho certeza que ela não fez por mal e pelo que você me contou da conversa que teve com ela, foi tudo uma armação da Belle.

A mulher mais velha falou se sentando na cama da filha.

– Você está defendendo a Emma?

Regina perguntou incrédula, se sentando na cama e encostando suas costas na cabeceira.

– Estou sim. Vocês são melhores amigas, se conhecem há tanto tempo, por que ela inventaria isso?

– Para se livrar da culpa de ter contratado aquela doida para o meu chá.

– Regina, por favor, pense bem, a Emma não tinha motivos para querer estragar o seu chá. O que ela ganharia com isso? Na hora que aquela tal da Sharon começou a mostrar as coisas da mala, ela parecia tão surpresa quanto você.

– Eu não sei não mãe.

– E essa história toda da Belle faz sentindo, não acha?

– Como assim?

– Se ela não gosta da Emma, pode muito bem ter armado pra cima dela.

– Mas a Belle é minha amiga, ela devia saber que se fizesse isso para se vingar da Emma ou algo do tipo, prejudicaria o meu chá.

– É, mas você não pode negar que existe essa possibilidade.

– Pode ser.

– Sabe, a mágoa acompanhada da vingança, costuma deixar as pessoas cegas, isso pode ter acontecido com a Belle.

– Talvez.

– Regina, a Emma se esforçou muito para te agradar, porque ela realmente se importa com você.

A morena suspirou tristemente ao se lembrar da amiga.

– Ela pode ter vários defeitos, mas eu sei que ela realmente gosta de você e sempre fez de tudo para te deixar feliz.

– Mas mãe...

– Mas nada, você está fazendo tempestade em copo d’água ficando aí emburrada. Seu chá foi um sucesso! Sua avó adorou.

Cora riu ao se lembrar da mãe usando o colar sensação.

– E suas convidadas saíram elogiando e falando que era o melhor chá que elas já foram.

– Sério?

Regina perguntou surpresa, afinal, ela tinha ficado tão magoada que nem havia prestado atenção nisso.

– Sério.

– Eu nem percebi.

– É, eu sei, você estava muito ocupada agindo feito uma criança.

– Mãe!

– É verdade.

– Eu não agi feito criança, só fiquei chateada.

– Então trate de não ficar mais. Coloque um sorriso nesse rosto e ligue para Emma para se desculpar.

– Me desculpar?

– Exatamente. E eu vou te confessar uma coisa, se eu fosse ela, nunca teria pedido desculpas e assumido um erro que eu não cometi.

– Como você sabe que não foi ela?

Regina levantou sua sobrancelha e cruzou os braços. Tinha algumas horas que seu orgulho falava mais alto do que a verdade.

– Eu acredito nela e acho que você devia fazer o mesmo, já que ela é sua melhor amiga.

Cora se levantou da cama da filha e foi em direção à porta.

– Mãe, espera.

Regina também se levantou de sua cama e andou até Cora.

– Obrigada.

A morena abraçou a mulher mais velha.

– Imagina, querida.

– Você acha que eu devo ligar agora?

Regina perguntou terminando o abraço.

– Você quem decide.

– É que eu ainda não sei o que dizer.

– Então ligue amanhã. Até lá a poeira já vai ter abaixado.

– Tudo bem.

Cora deu um beijo na testa da filha e saiu do quarto. Regina voltou a se deitar em sua cama e imediatamente começou a se sentir mal. Mas não era como antes, que ela estava chateada por causa do acontecido no chá, agora ela estava se sentindo estúpida. Sua mãe estava certa, ela tinha agido como uma criança, principalmente por não ter acreditado em Emma e brigado com ela por algo que ela não havia feito.

– Ela é minha melhor amiga!

Regina falou sozinha, com raiva de si mesma, por ter deixado uma armação, que ela tinha quase certeza que havia sido de Belle, acabar com toda a felicidade que estava sentindo durante o seu chá e por ter tratado Emma mal. Ela não conseguia acreditar que tinha dito para a amiga que não devia ter a chamado para ser sua madrinha, sendo que tudo que mais queria era ter a loira a seu lado. Suspirou tristemente e continuou pensando em Emma.

No apartamento de Emma, ela também não queria comer, pois estava sem fome. Então depois de duas mordidas no sanduíche e um gole de suco, ela se levantou e deixou a bandeja em cima de uma grande mesa que tinha em seu quarto. Apagou as luzes, voltou a se deitar em sua cama e pegou seu celular. Mandou uma mensagem para Mulan, Ashley e Aurora, as convidando para tomar café da manhã na sua casa. Rapidamente todas responderam, dizendo que poderiam ir. A loira sorriu, mas logo seu sorriso desapareceu ao ver a foto da tela bloqueada. Na foto, ela e Regina estavam em uma festa, abraçadas e sorrindo uma para a outra. Emma então começou a ver as milhares de fotos que tinha com a morena no seu celular e bateu aquela saudade, fazendo uma lágrima solitária rolar por seu rosto, que ela logo limpou e decidiu deixar o celular de lado.

– Vai ficar tudo bem.

A loira ficou repetindo isso várias vezes antes do sono a pegar.