PDV – Renesmee –

Já tinham se passado três semanas desde a morte dos meus pais. Eu estava morando na casa do meu tio. Não saia do meu quarto, quase não comia, não falava... Meu tio até tentava fazer com que eu me sentisse em casa e fazia de tudo para que eu não ficasse sozinha; o que era difícil com ele tendo que trabalhar até tarde. Eu ficava em constante estado de inércia revivendo a cada momento a morte dos meus pais.

Eu contei para o meu tio tudo o que tinha acontecido naquele dia. Os vampiros, a terra que se levantou do nada, o circulo de fogo, o cheiro que eu senti quando fomos a Seattle, tudo.

Quanto a terra e o fogo ele disse que foi apenas a manifestação dos meus poderes e está tentando me ajudar a controlá-los, mas eu não tenho progredido muito. Quanto ao cheiro que eu senti, ele também ficou bastante intrigado com isso e me disse que possivelmente pode ser de um lobo que deveria ter passado por ali. Desde então eu venho insistindo para procurarmos qualquer coisa em Seattle. Eu quero saber quem matou os meus pais e por que. E depois eu só quero uma coisa: vingança.

[...]

– Tio, por favor, eu preciso saber quem fez aquilo. E para isso eu vou precisar de ajuda. Por favor, me deixa ir atrás daquele rastro? – pedi com cara de cachorro que caiu da mudança

– Renesmee, nós já conversamos sobre isso. É perigoso e nao vale a pena você se arriscar por causa de uma vingança.
– Mas tio, eu só quero tentar entender o por que. Não faz sentido aqueles vampiros terem sentido cheiro de lobo e simplesmente terem atacado. Você mesmo me disse isso. Deve haver alguma coisa por trás disso e eu quero saber o porque. - disse a ele de forma dura
– Ok. Vamos analisar a situação, checar algumas coisas próximo a Seattle e depois, e eu repito, depois que tivermos plena certeza que não há nenhum risco, eu vejo se podemos verificar se o cheiro que você sentiu era mesmo de um lobo. - disse ele derrotado

–Ok. Quando vamos fazer isso? - disse ansiosa
– Em algumas semanas. Agora pare de me atormentar com isso. Vou para o trabalho, fique bem meu anjo!

Fiquei olhando meu tio Hazel andar pela ampla sala cor de creme desbotado recolhendo os papeis espalhados e colocando dentro de sua pasta preta. Ele trabalha em uma companhia petrolífera. Chato,eu sei. Mas ele gosta,fazer o que?

Recolhi os pratos que estavam em cima da mesa, coloquei-os na pia, guardei os itens que não consumimos no café da manhã e lavei a louça. Enquanto secava os pratos tive a ligeira impressão de estar sendo vigiada. Olhei pela janela. Nada. Peguei uma faca de cortar carne que estava próxima e caminhei até a porta. A abri num rompante mas não havia ninguém do lado de fora; antes de fechar a porta olhei em volta e de novo não vi ninguém. 'Eu estou ficando louca', pensei.
Terminei de secar a louça e fui limpar a casa. Como éramos apenas eu e meu tio, não havia muito a ser feito. Varri a casa, passei pano, arrumei as camas e abri as janelas para que o raro sol que se fazia lá fora pudesse entrar...

Depois de ter tomado um banho relaxante e sem ter mais nada pra fazer, fui assistir televisão - já que meu tio não me deixa treinar sozinha por que ele acha perigoso - Liguei a TV, e coloquei num filme qualquer. Eu estava inquieta, não conseguia prestar atenção no filme.
– Quer saber? Que se dane! - disse em voz alta

Subi até meu quarto, coloquei uma roupa velha, sem roupas íntimas, fiquei descalça e desci. - Ok. Respira. - respirei fundo, comecei a sentir a queimação vindo de dentro do meu peito. Deixei que ela fluísse pelo meu corpo...ombros, braços, costas, pernas... de repente senti meu corpo maior e mais pesado; eu ja podia ver e ouvir com mais nitidez depois de transformada. Ainda era um pouco estranho quando eu me transformava. Não estava totalmente acostumada. Principalmente com a...calda. Mas eu tinha que admitir, ser um lobo até que não é tão ruim.

Eu ouço praticamente tudo à quilômetros de distancia, vejo as coisas com muito mais nitidez, posso reconhecer e rastrear as coisas através do cheiro delas, posso destruir coisas inimagináveis com meus dentes, inclusive aqueles sanguessugas de merda!... ah! E a velocidade.... para mim, com certeza era a melhor parte... correr o mais rápido que eu posso, sentir o vento no meu rosto!

Fui em direção a floresta que ficava do lado direito da casa. Entrei diante das árvores altas e folhas caídas no chão; caminhei por um tempo até chegar em uma espécie de campina afastada onde nenhum humano poderia ver ou me ouvir, e comecei meu treinamento com base no que meu tio estava me ensinando. Afinal, ele era um lobo antes de se casar.

De repente, ouvi passos pesados nas folhas ao redor da campina onde eu estava. Virei-me com os dentes à mostra para o desconhecido. Não podia sentir seu cheiro pois o vento não me favorecia. Não era um humano e também não era um sanguessuga, isso eu podia distinguir. De onde eu estava eu só podia ver uma coisa: grandes olhos castanhos.