Os seis caçadores estavam reunidos no quarto e discutiam sobre o que estavam caçando. Abela estava em pé, na parede que dava acesso ao banheiro, de braços cruzados e completamente enfezada. Sam e Annie estavam sentados na cama de casal, Dean estava em pé, ao lado da porta de saída e, coincidentemente ou não, de frente para Abela. Connor e Lucy estavam sentados em algumas poltronas que ficavam de frente para a cama. Formando assim um circulo muito mal feito.

– Adoradores de satã? – Perguntou Sam. – Ai a coisa complica bastante.

– Você acha mesmo, irmãozinho? – falou o loiro.

– Agora pode ser espírito conjurado, um demônio ou talvez a própria bruxa de Blair. – Falou Lucy e Abela a olhou.

– Amorzinho, deixa os adultos conversarem, está bem? Isso é coisa para caçadores não patricinhas mimadas.

– Isso te incomoda, Belinha? – falou ela em desdém. – Só porque somos caçadores e temos mais de meio milhão de dólares na conta?

– Como se eu ligasse para seu dinheiro. – falou Abela irritada. – Você pode ser a rainha do planeta terra, Lucy, mas uma coisa você nunca terá: Caráter e Coleguismo. – Ela já havia dado dois passos na direção de Lucy que também já havia dado dois passos na direção dela, ficando uma de frente para outra.

– Abela... – reclamou Dean. Ele e Connor se aproximaram para agir, caso elas começassem a brigar.

– Cala a sua maldita boca, Winchester. – gritou ela olhando diretamente para Dean. Abela se controlava para não perder a paciência, já que se o fizesse, poderia expor o que era para os irmãos Scotfield e se eles soubessem que ela é metade demônio, só Deus sabe o que aconteceria.

– Gente, vamos deixar disso. Se trabalharmos em equipe, resolveremos esse caso o mais rápido possível e cada um vai para o seu lado. Nós somos parceiros agora – falou Annie inocentemente, sem saber do que acontecera no passado.

– Equipe? Parceiros? Sinto muito, irmãzinha. Eu já trabalhei em parceria com Lucy e no momento em que ela viu a coisa ficar feia ela fugiu. – Abela puxou a gola alta da sua blusa e mostrou uma cicatriz branca, quase transparente em seu pescoço. – Isso é o que você ganha quando confia a sua vida a uma pessoa como a Lucy.

Flashback ON

Las Vegas, 2003

Sam, Dean e Abela estavam sentados em uma parte alta do galpão e limpavam, poliam e afiavam as facas, facões e armas. Estavam tão concentrados naquela tarefa que nem mesmo perceberam a aproximação de John.

– Estão prontos? – perguntou ele se referindo ao fato de que atacariam o ninho naquela noite.

– Facões afiados. – falou Abela e entregou o seu facão a John. Passou o dedo na lamina e fez um microtalho que começou a sangrar.

– Um ótimo trabalho, Abela. – Ele entregou a arma para ela e lhe beijou a testa. A única mulher da família tinha que ser mimada pelo patriarca. – Rapazes, eu vou ter que ir agora falar com Caleb sobre o ataque e retorno em dez minutos para... – Antes que John pudesse continuar a sua explicação, um alarme soou alto no galpão. Connor e Lucy vieram correndo ao encontro deles.

– Estamos sob ataque. – falou o rapaz.

– O que? – falou Sam.

– Os vampiros, de alguma forma, descobriram onde estávamos e estão cercando o galpão. Estamos presos aqui. – falou Lucy.

– Eu vou encontrar com Caleb. – falou o homem. – Dean, já sabe.

– Cuide de Abela e Sam. – respondeu o loiro.

– Podemos nos virar sozinhos, pai. – falou Sam.

– Sem questionar. – falou o homem irritado. – Procurem um lugar seguro e não confrontem os vampiros, apenas se protejam, é um ordem.

– Sim senhor. – falaram os três ao mesmo tempo. Pareciam soldados.

– Isso vale para vocês dois também. – ele apontou para os irmãos Scotfield.

– Sim, John. – responderam eles.

O homem saiu correndo na direção de onde estava acontecendo a maior movimentação, carregando consigo um facão.

– Eu sei de um lugar aqui no galpão onde podemos nos proteger. Só tem uma entrada.

– Eu não vou me esconder. – falou Dean e desembainhou o facão. – Sigam para esse lugar que eu vou lutar.

– Dean, é suicídio. – falou Abela. – E John deu uma ordem.

O loiro olhou para onde o pai havia corrido e voltou a encarar Abela. Respirou fundo e assentiu com a cabeça.

– Okay, vamos logo. – Ele passou correndo na frente do grupo, ao lado de Connor. Lucy, Abela e Sam vinham logo atrás. – É ruim ser o irmão mais velho.

– Acredite, eu sei do que você está falando. – concordou Connor se virando e olhando a irmã.

Eles continuaram seguindo por um corredor pouco iluminado e assim que viraram em certo ponto daquele lugar, deram de cara com oito vampiros, todos com as presas amostras.

– John disse para não encará-los. – falou Abela.

– Eles já nos farejaram, vão nos seguir até nos achar. – falou Dean e segurou o facão com as duas mãos. – temos que matá-los.

– Mas eles estão em maior numero. – falou Lucy.

– Sam e Connor, vocês dão conta de dois?

– Sim. – respondeu Sam.

– Absolutamente. – concluiu Connor.

– Então é isso. Dois para cada rapaz e as meninas ficam apenas com um. – concluiu o loiro. – Tentem não morrer.

Os cinco seguraram seus facões e se separaram. Imediatamente os vampiros vieram correndo para cima deles e cada um tomou a sua posição. Dean pegou dois vampiros morenos e altos. Sam ficou com uma mulher e um jovem loiro. Connor ficou com um vampiro loiro e outro moreno. Lucy ficou com uma mulher ruiva e Abela ficou com um homem grande.

– Isso é sacanagem. – falou ela e se curvou.

A luta começou acirrada e embora Lucy tivesse em párea semelhante, ou seja, lutando contra outra mulher, ainda não estava nem perto de matar a vampira. Um vampiro que era de obrigação de Connor, correu em direção a Abela, mas ela conseguiu decepar a cabeça dele, pouco antes de ser arremessada pelo vampiro que lutava com ela. Passou por uma parede de madeira e caiu, cerca de seis metros, dentro de um alçapão de um elevador abandonado.

Lucy ficou perplexa com aquilo e quando se distraiu, a mulher a lançou no alçapão também. As duas desmaiaram imediatamente.

– Dean. – gritou Sam dando conta de seus dois vampiros. – Lucy e Abela caíram.

– Vai atrás delas. – falou o loiro.

– Vocês vão ficar bem? – perguntou Sam.

– Vamos. – respondeu Connor cortando a cabeça da ruiva que estava lutando com sua irmã e do vampiro loiro maior. Sam saiu correndo em direção a uma escada que dava acesso ao porão. Deveria haver alguma porta lá embaixo ou algum lugar por onde ele pudesse chegar nas meninas. Dean conseguiu cortar a cabeça dos dois homens, mas estava apanhando feio da mulher que restou. Ela arremessou o loiro contra uma viga e pulou em cima dele, tentado lhe morder o pescoço.

Connor se levantou do chão, pegou um facão e se aproximou. Tocou no ombro da vampira e assim que ela se virou para olhá-lo, teve a sua cabeça decepada.

– Te devo uma, cara. – falou Dean respirando rapidamente.

– Não por isso. – falou Connor e estendeu a mão para ele e o colocando de pé.

– Vamos ajudar o Sam. – continuou Dean e os dois correram na mesma direção que o moreno havia corrido.

[...]

Abela acordou alguns minutos depois e olhou para cima, vendo os seis metros de onde havia caído. O que salvou a sua vida e a de Lucy, foi algumas sacas de grãos ou coisas assim, que amorteceram a sua queda.

– Lucy. – falou ela se apoiando em algo e tentando ficar de pé, mas não conseguia. Havia machucado o tornozelo. – Você está bem?

– Estou. – falou a jovem se virando e encarando a mulher. – E você?

– Eu acho que machuquei o tornozelo. – respondeu Abela.

– É melhor a gente dá o fora daqui, estamos vulneráveis. – falou Lucy e se levantou, entregou os dois facões para Abela e a ajudou a sair daquele lugar.

Quando alcançaram o acesso as escadas, mais quatro vampiros pararam na porta de saída. Lucy respirou fundo e se afastou de Abela.

– Lucy, o que você está fazendo? – falou ela.

– Vivendo para lutar amanhã. – falou ela e correu na direção do lugar onde Connor falou que havia apenas uma entrada e fechou a porta.

Abela se viu encurralada. Segurou os dois facões, um em cada mão e se preparou, para uma luta desigual.

– Torça para que eu morra, Lucy. Porque se eu sobreviver, eu vou matar você. – falou a caçadora e os vampiros avançaram para cima dela. Com maestria, Abela ainda conseguiu matar dois deles, mas os outros dois a seguraram e a pressionaram contra a parede. Os facões voaram para longe dela.

– O seu cheiro é encantador, sabia? – falou o homem e lambeu o pescoço dela. – E o gosto também. Engraçado, você não parece ser humana.

– Se vai fazer, faz de uma vez. – falou ela entre os dentes, encarando o homem.

– Calma doçura, a pressa é a inimiga da perfeição. – falou o homem e Abela fechou os olhos, sentia que ia morrer. A angustia só não foi maior do que quando o homem cravou as presas em seu pescoço. As pernas e braços começaram a parecer gelatina e ela desmaiou. Nem sequer viu Sam cortar a cabeça dos dois vampiros e levá-la de volta para cima.

Acordou vinte horas depois, com uma vontade louca de partir a cara de Lucy, mas John não esperou que ela acordasse para eles partirem. Assim que os caçadores destruíram o ninho, o pai pegou os três jovens e saiu.

Depois de tudo aquilo que aconteceu, acordar em Cleveland - Texas, com o cafuné de Dean em sua cabeça e a o carinho de Sam em suas mãos, foi a melhor coisa do mundo.

Flashback OFF