Ouço o barulho do rio passando abaixo de mim. Observo a água colidindo contra as pedras. A cada batida dessa, a rocha se desfaz, lenta e imperceptivelmente, como o amor, penso.

É assim que o amor funciona. Você ama como se nada mais importasse, mas cada pequena ação pode ser como uma onda batendo na pedra, vai desgastando aos poucos, até que não exista mais. O amor acaba assim como começa, demoradamente até que de repente acontece tudo de uma vez. Não que eu pense que o amor sempre tem um fim, quando for para ser, ele será, mas independente de ter um fim ou não, o amor é infinito enquanto dura.

Wow. Me orgulho um pouco desses meus momentos um tanto filosóficos, mas não acho que já tenha tido pensamentos tão profundos a respeito do amor. Provavelmente porque não fui ensinado a amar.

– E ai?- olho para o lado e vejo o Eric ao meu lado, estava mergulhado em tantos pensamentos que nem vi ele chegando. - Hoje é o dia de luta, certo? - diz ele com um pequeno sorriso diabólico no canto dos lábios.

– Sim. - digo friamente.

– Agora sim! A melhor parte de treinar os iniciandos é vê-los se batendo. - diz rindo e balançando a cabeça como se esse pensamento lhe trouxesse memórias boas.

– Eu pessoalmente - digo lentamente olhando diretamente para Eric para não perder um segundo sequer de sua reação- prefiro a Caça a Bandeira.

Seu sorriso se desfaz e um olhar de repulsa passa por seus olhos por um flash de segundo, mas logo ele está rindo novamente.

– É, veremos quem ganha esse ano! - diz batendo nas minhas costas e saindo.

Encaro suas costas enquanto ele se afasta de mim. Ele estava especialmente bem humorado hoje.

Um sorriso se forma em meus lábios: eu sei quem vai ganhar esse ano.