Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 8
Sobrevivendo


Notas iniciais do capítulo

E depois de quase 1 ano sem postar, olhe o que temos aqui!
Esse capítulo ficou muito grande, omg!

Espero que gostem, não deixem de comentar por favor, preciso saber se estão aprovando a história, certo?



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Já fazia dias que Rony começara com algumas pesquisas. Pesquisas sobre o porquê de ele ter nascido assim, pesquisas sobre a clínica Delart. Não havia encontrado muita coisa, além de que a clínica ainda funcionava, mas os antigos pacientes e médicos - da época em que o ruivo havia nascido - já tinham desaparecido com as caras há anos. E era literalmente. A doutora que havia acompanhado a gravidez de sua mãe nunca pediu demissão, nunca se explicou, apenas sumiu. E com essa informação, Rony tinha voltado à estaca zero.

Mas precisava descobrir toda a verdade. Era coisa feia o que estava vindo por aí, ele precisava estar preparado.

– Mãe. - O ruivo chamou, assim que desceu as escadas de madeira. Olhou em volta e não viu sinal de Molly. - Mãe? - Ele chamou, mais alto.

– Tô na cozinha, filho. - Molly gritou lá de dentro.

Estava difícil para manter a casa na última semana. Molly não ia trabalhar, as pessoas já começavam a estranhar e a ligar para a residência, mas ninguém atendia. A compra do mês dentro do armário já estava chegando ao fim e precisavam dar um jeito em tudo aquilo. Mas estava perigoso demais. Cada vez mais notícias sobre mutantes ferindo e até matando pessoas estava passando nos noticiários. O pânico já era grande. E a polícia queria mais do que nunca capturar e eliminar todos esses seres.

Molly sentiu um vento em sua nuca e aquele barulho costumeiro de quando Rony usava seu poder de teletransporte. Revirou os olhos e riu, ás vezes parecia que o filho não tinha mais pernas.

– Você não toma jeito. - A ruiva mais velha brincou, secando um prato de vidro com o pano de prato e colocando-o sobre a pia, se virando e olhando Rony, que estava sério. Molly se preocupou. - Rony, o que houve?

– Mãe, eu.. - Rony respirou fundo. - eu resolvi ir até a clínica que a senhora me falou.

– Como é? - Perguntou a matriarca, estupefata.

– Eu fiz umas pesquisas no computador, a clínica ainda funciona. - Explicou o ruivo. - Preciso ir até lá para tentar descobrir sobre tudo isso.

– De jeito nenhum, Ronald isso é muito perigoso. - Molly disse autoritária.

– Mãe, eu preciso. - O ruivo continuou sério, sem se abalar. - Tenho que descobrir algo sobre mim, sobre os mutantes, preciso arrumar um jeito de enfrentar o que quer que esteja vindo.

– A polícia tá solta pela cidade, Rony. - Argumentou Molly, tensa. - Podem pegar você a qualquer momento.

– Mãe, eu sou capaz de me teletransportar. - Rony retrucou. - Não vai ser fácil assim me prender.

– Essa sua confiança pode acabar te prejudicando. - Molly tentou mudar de assunto, mas continuava séria.

– Não é confiança. Eu preciso ir até essa clínica. - Rony falou, a olhando. Molly suspirou pesadamente, não conseguiria impedir o filho, sabia disso.

– O que você pretende fazer lá? - Molly tentou aceitar a decisão.

– Ainda não sei, devo conversar com alguns enfermeiros. - Rony disse, agora com menor seriedade. - Os enfermeiros antigos, da época em que eu nasci, parecem que eles não estão mais lá. - Molly começou a escutar atentamente o filho falar, enquanto ele tirava um papel branco do bolso da calça jeans. - Mas talvez os atuais saibam de alguma coisa. - Rony abriu o papel e o leu mentalmente.

– O que tem aí? - Indagou a mulher, e o ruivo desviou o olhar para a mãe.

– O endereço, e alguns nomes. - Explicou, e Molly assentiu, levemente.

– Você vai hoje? - Ela perguntou, suspirando.

– Na verdade, agora. - Ele viu o tom de preocupação estampar ainda mais o rosto dela. Mas Molly pareceu não se opôr.

– Vai se teletransportar? - Indagou a matriarca, tensa.

– Não, eu não conheço esse lugar. - O ruivo franziu a testa ao ler novamente o papel em suas mãos. - Não consigo me teletransportar para um lugar onde eu nunca fui, ou não conheço, a senhora sabe.

– Mas filho, isso é ainda mais perigoso. - Molly se aproximou do ruivo, colocando a mão sobre o ombro dele.

– Eu sei mãe. - Rony a olhou nos olhos. - Mas é a minha vida que tá em jogo. Eu preciso.

– Eu sei. - Molly o trouxe para um abraço apertado. Rony se reconfortou nos braços da mãe. - Toma muito cuidado. - A mulher pediu, sentindo a voz quase falhar. - Muito cuidado, viu? - Se separou do abraço e olhou o filho nos olhos, segurando no rosto do ruivo.

– Eu vou. - Rony sorriu de lado, dando um beijo na bochecha da mãe.

– Você vai precisar de dinheiro? - Molly perguntou com receio.

– Não, eu vou saber me virar. - Rony a tranquilizou, e a mulher assentiu, mesmo exalando extrema preocupação. - Vou pegar minha mochila lá em cima e de lá já vou para a avenida principal, tudo bem? - E o ruivo viu os olhos da mãe marejarem. - Mãe, eu vou ficar bem. - Ele a abraçou novamente. Molly o apertou em seus braços.

– Faz dias que não estou com um bom pressentimento. - Comentou a mulher, baixinho e com a voz chorosa.

– Tudo vai ficar bem no final. - Ele a acalentou. - Vamos conseguir. - O ruivo sorriu quando soltou a mãe do abraço, e secou com os dedos a lágrima que escorreu pelo rosto da matriarca. Molly respirou fundo e assentiu. Ela tinha que confiar em seu filho, seu único filho. Sentia que ele poderia se salvar nessa batalha.

– Não sai de casa, tudo bem? - Molly assentiu. - Não abre a porta pra ninguém. - Continuou o ruivo, com firmeza. A mulher assentiu de volta. - Se cuida. Eu não vou demorar tanto, prometo.

– Acha que volta hoje? - Indagou ela, com a mão sobre o peito, vendo o filho colocar o capuz do moletom que usava

– Não sei. - Ele confessou. - Vou tentar. - E ao ver sua mãe assentir, visualizou seu quarto com a mente, e em segundos já não se encontravam mais na cozinha.

Minutos depois, Rony já andava pelas avenidas à procura de uma luz no fim do túnel. Ele precisava encontrar aquela clínica. Clínica Delart.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Scorpius tivera sorte. Depois de sair de casa, tirando a memória momentânea que seus pais tinham dele, deixando tudo para trás, o loiro não rondou pelas redondezas por mais de oito horas. Por uma força do bem muito poderosa, ele conseguiu encontrar uma cabana abandonada e decidiu se instalar por lá. Era perigoso, ele sabia. Mas não mais do que ficar andando por aí sem rumo, com a polícia atrás dos mutantes a fim de exterminá-los.

Uma guerra se aproximava, ele tinha certeza. E pensar que há três meses atrás sua vida estava muito bem. Mesmo sendo um mutante e vivendo trancafiado em casa, tinha que concordar que aquela mordomia era melhor do que picadas de mosquito o tempo todo, sanduíche murcho e uma cabana velha. Além dos barulhos do lado de fora que o assustavam constantemente.

Scorpius terminava seu último sanduíche, havia preparado apenas três quando planejava em casa o seu plano de fulga, e tivera que distribuir bem esses três sanduíches em seu estômago, por 4 dias. Por sorte, há uns trinta minutos da cabana, havia um pequeno matagal, com várias bananeiras recheadas de frutas maduras.

Mas isso não era o suficiente para matar sua fome, e sua sede, que já estava grande o suficiente para o garoto desejar um único pingo de água. Teria que ir embora dalí o mais rápido possível.

Era de tardinha, Scorpius supunha que estava numa sexta-feira, já que saiu de casa na segunda. Suspirou ao mastigar o último pedaço do sanduíche, que já não tinha gosto bom.

O que ele faria de agora para a frente? Viveria fugindo, pelos próximos anos, até a polícia achar que já matou mutante o suficiente para parar e todos voltarem a viver normalmente? Ou, até lá, morreria? O fato era que Scorpius não tinha a menor noção do que fazer. Estava provavelmente longe da cidade, procurar por ajuda era algo fora de cogitação. Buscar a verdade sobre sua história seria um caminho para o suicídio naquele momento, não tinha nem por onde começar.

Talvez se pudesse conhecer mais mutantes..

Porquê, é claro, provavelmente existiriam mutantes do bem, certo?

Scorpius torcia para que sim. Não era uma questão de lado, bem ou mal, mas sabia que os mutantes do mal não desejariam se aliar à ele. Matá-lo provavelmente era a melhor ideia.

Suspirou novamente, e seu estômago reclamou. Não estava satisfeito com apenas quatro pedaços de uma metade do sanduíche. Mas não havia mais nada. Havia ouvido vários barulhos estranhos do lado de fora da cabana e não estava disposto a se arriscar naquele momento por algumas bananas. Mas por água sim. Ele só precisava encontrar algum poço, ou lago, ou qualquer fonte que fosse. Estava morrendo de sede e de calor.

O loiro se levantou da cadeira velha, meio quebrada e empoeirada que havia encontrado pela cabana. Olhou em volta. Não haviam muitos móveis, além de um sofá velho - onde ele havia dormido nas últimas noites -, a cadeira, uma mesa, uma estante vazia e um porta retrato pendurado na parede. Antigo, bem antigo. E mal dava para ver o rosto de quem estava na foto. Era muita poeira. O loiro se aproximou e limpou o vidro do objeto com as mãos. Conseguiu ver um homem, não parecia tão velho nem tão novo. Tinha os cabelos lisos e pretos, na altura do ombro, mas pareciam estar bem oleosos. Scorpius analisou mas não deu muita importância.

Chutou o nada. Estava preocupado, não tinha a menor noção do que fazer.

Precisava dar um jeito de ir embora dalí. Mas para onde? E para fazer o quê? No fundo, ele desejava de volta a proteção de seus pais. Eles estariam bem? Será que já haviam voltado a se lembrar de Scorpius? Será que estariam muito desesperados? Afinal, o poder de hipnotizar do loiro não durava mais de setenta e duas horas em uma pessoa.

Um barulho de galhos sendo pisados foi ouvido por Scorpius. O loiro se virou imediatamente e sentiu aquela tensão lhe invadir novamente. Ficou quieto. Talvez pudesse ser nada.

Desejou que não fosse nada e seu coração saltou quando ouviu vozes.

– Droga. - Sussurrou, estupefato. Correu até a porta de madeira, pequenas frestas davam a visão do lado de fora da cabana. O loiro avistou um grupo, seis homens, todos cobertos por coletes e com armas na mão. - Droga, droga. - O loiro vociferou novamente, mas em um som praticamente inaudível. O pânico lhe invadiu. Correu até a mesa, fazendo o mínimo de barulho possível, e jogou de volta as coisas que havia tirado de sua mochila dentro dela. Fechou a bolsa, rapidamente a jogou sobre o ombro. Olhou para o lado várias vezes, as vozes vinham aumentando, e os passos também.

Não tinha a menor ideia do que fazer. Seria um adolescente morto em alguns minutos se não conseguisse sumir dali, mas como fazer isso era a parte de que ele não tinha ideia de como. O loiro viu a janela do outro lado da cabana. Bufou, trincando os dentes. Faria barulho demais tirar aqueles pedaços de madeira dali. Por que não tinha uma janela descente naquela droga daquele lugar?

Não tinha outra opção. Corria o risco de morrer de qualquer jeito. Se arriscar agora era um de seus menores problemas. O loiro foi até a janela, tentou puxar um dos pedaços de madeira. E a madeira rangeu.

– Mas que merda. - Sussurrou em irritação e pânico. Olhou para a porta atrás de si imediatamente quando percebeu que já havia algum policial alí.

E o loiro fez a pior estupidez que podia. Ou que tinha de fazer. Chutou as madeiras da janela com tanta força - que, de onde, ele não sabia que tinha tirado - e a visão para o matagal veio logo aos seus olhos, assim como a porta atrás de si se abriu em um baque, também sendo chutada.

– Olhe alguém alí! - O policial apontou para Scorpius, que já saltava da janela e caía alguns metros abaixo de sí. - Peguem ele! - Gritou o provável comandante da operação, e os cinco policiais ao seu lado correram, alguns pularam pela janela, outros saíram e deram a volta pela cabana.

A perseguição por Scorpius tinha começado.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Rony agradeceu por chegar vivo em frente à uma enorme clínica com o nome de Delart. Como havia chegado alí sem cair pela rua de tanto cansaço, não sabia direito. Sua mente estava rodando por todo o caminho, rodou pela cidade por horas, perguntou à várias pessoas pelo endereço, e ninguém sabia de nada. Por sorte, uma senhora com o nome de Sprout conhecia e o mostrou como chegar ao lugar.

Já devia ser umas 4 da tarde, Rony imaginou. Olhou seu relógio e não estava muito errado, eram 4:13. O ruivo respirou fundo, sua respiração estava um pouco acelerada. Olhou para os lados, não havia movimento algum. A rua era quase deserta e não havia muitos carros estacionados alí. Estranhou desde o começo aquela clínica.

O ruivo entrou pela porta giratória e pôde ver alguns pacientes, a maioria, mulheres grávidas. Contraiu as sobrancelhas. Seria uma clínica apenas para gestantes?

Não, ele constatou ao ver uma idosa andando lentamente ao lado de um provável acompanhante, um homem uns 30 anos mais novo.

E então Rony começou a andar pela clínica. Haviam vários corredores, era tudo muito bem cuidado. Provavelmente, uma clínica de luxo. Se sentiu estranho de se imaginar nascendo naquele lugar. A verdade sobre sua vida estaria alí?

Avistou, de longe, uma mulher de longos cabelos pretos, vestida de branco. Poderia ser uma médica, torceu para que fosse. Caminhou até ela, tirando o capuz da cabeça.

– Ei, moça. - Rony a chamou, mesmo com certo receio. A mulher se virou, tinha uma ficha médica nas mãos. Era nova e bonita, e Rony constatou ser mesmo uma médica ao ver seu crachá, com o nome "Dra. Serena Brandon".

– Posso te ajudar? - Ela perguntou, gentilmente.

– Espero que sim. - O ruivo levou a mão até o bolso de seu jeans e retirou o papel branco de lá. O abriu e leu um nome. - Pode me dizer se Minerva Mcgonagall trabalha aqui?

– Mcgonagall? - A médica se surpreendeu. Rony assentiu, atento. - Engraçado.. Quase havia me esquecido dela.

– Então ela trabalha aqui? - Rony se animou. Era uma de suas melhores pistas, uma enfermeira antiga que pode ter acompanhado o nascimento de cada mutante.

– Ela trabalhava. - O ruivo suspirou quando Serena falou. - Saiu há uns dois meses.

– Ela pediu demissão? - Rony arqueou as sobrancelhas, a médica fez o mesmo. Por que ele estaria tão curioso?

– Não. - A mulher falou com cautela. - Ela apenas saiu.

– Vocês não tem notícias dela, não é? - Rony supôs e Serena contraiu as sobrancelhas.

– Desculpa meu jovem, não sei onde está querendo chegar. - A mulher disse.

– Eu preciso muito falar com essa senhora. Ela trabalhava aqui há muitos anos, não é? - A médica assentiu. - Na sala de parto, não é?

– Você é algum parente dela? - Quis saber a mulher de cabelos escuros. Rony negou.

– Tem alguém aqui nessa clínica que tinha contato com ela? - Indagou o ruivo, sério.

– No momento não. - Falava a doutora cautelosamente. - Mas você pode deixar o seu nome e o seu telefone, eu peço à uma enfermeira que era muito próxima à ela para te ligar.

– Eu preciso muito da pasta dos pacientes que nasceram por volta do ano de 1986, você pode me conseguir isso? - Pediu o ruivo, uma tensão incomum na voz. Não sabia nem de onde tinha tirado aquelas palavras, só sabia que naquele momento, algo dentro de si o pediu por aquelas pastas.

– Me desculpe? - Serena arregalou os olhos. - Meu jovem, eu não posso conseguir isso. Eu não sei quem é você, você não trabalha aqui, não sei se é parente de algum paciente, eu não sei nem o seu nome.

– Eu fui paciente. - Rony disse, bagunçando os cabelos. - Há 17 anos eu fui paciente aqui.

– Você pode ao menos me dizer o seu nome? - A média parecia assustada e evidentemente confusa.

– Não posso. - A doutora entreabriu a boca e Rony continuou. - Mas eu nasci aqui, em 1986, e eu preciso muito da ficha dos pacientes dessa época.

– Olha, eu sinto muito mas eu não posso fazer isso. - Negou a mulher com a cabeça. Rony bufou com impaciência e certo desespero.

– Doutora, por favor. - O ruivo pediu. - Sei que não me conhece. Mas algum dia, alguém já chegou aqui pedindo por essas informações?

– É exatamente por isso que eu não posso lhe entregar. - Contrapôs a mulher, seriamente. Mas parecia extremamente confusa.

– Escuta, presta atenção. - Rony olhou em volta, a clínica, que há poucos estava vazia, agora já parecia cheia. Baixou o tom de voz e voltou a olhar a médica. - Pessoas inocentes podem morrer daqui pra frente. Mas eu posso tentar impedir isso, se eu tiver a ficha. - Serena parecia abismada. - Alguém já te falou isso antes?

– Eu não sei qual é o seu nome. - Ela insistiu.

– Eu sou o cara que precisa com urgência dessas fichas para tentar salvar a própria pele, e a de pessoas inocentes. - Respondeu ele de imediato. A boca da médica abriu e fechou várias vezes, ela nunca tinha visto aquele adolescente na vida, mas também nunca havia passado por uma situação daquelas antes.

– Se eu conseguir essas fichas pra você.. - Começou a mulher, supondo. Rony já sentiu um alívio percorrer seu interior. - O que você pretende fazer?

– Eu vou te dizer assim que eu ler, pode ser? - Propôs ele, e a médica pareceu pensar por segundos e mais segundos. Se deu por vencida no final.

– Venha comigo. - Ela pediu, e Rony assentiu, começando a acompanhá-la.

– Olha lá, não é ele? - A voz de uma idosa foi ouvida, atraindo a atenção das pessoas da clínica, e de Rony e da médica, que se viraram automaticamente para olhar a senhora. Ela tinha o dedo apontado em direção à Rony. - É aquele mutante, não é? O cabelo é igualzinho o da foto.

E várias pessoas encararam Rony, com espanto. O ruivo sentiu suas pernas bambearem. Serena olhou Rony, totalmente sem entender.

– Do quê que aquela senhora tá falando? - Indagou a doutora, assustada com tantos olhares em direção à eles. Algumas pessoas pegavam os celulares e o miravam na direção de Rony. O ruivo voltou a se virar imediatamente e puxou a médica pelo braço, que se assustou ainda mais.

– Preciso que me mostre essas fichas agora, não tenho tempo para explicar.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Não estava nada fácil para Narcisa Malfoy aceitar o fato de que seus filhos corriam um perigo absurdo naquele momento. Ela mal estava indo trabalhar, e mesmo assim, do outro lado da cidade, só se falava no assunto dos mutantes. Estava aparavorada. Não queria deixar seus filhos sozinhos mais em casa, e ainda por cima corria o risco de ser pega pela polícia pelas ruas para ser interrogada. Torcia para que não descobrissem a identidade de Draco e Cato. Sabia que a vida dos garotos viraria um inferno completo se isso acontecesse, e a dela também.

– Draco, volte para dentro! - Pediu a mulher, olhando o filho mais novo pela janela. O tempo estava escuro, relâmpagos dançavam por sobre o céu, mas nada de trovões. Era obra de Draco, tinha certeza. Mas dessa vez não iria brigar. Apesar do medo de ultimamente, por essa descoberta da humanidade sobre os seres especiais, achava extremamente incrível os dons de seus dois filhos. Os de Draco principalmente. Como podia, conseguir controlar o tempo? Era algo sem explicação, bizarramente maravilhoso.

– Eu já vou, mãe. - O loiro respondeu, parecia animado. Suas mãos estavam erguidas no ar, ele movia os braços lentamente, e a medida com que fazia, os relâmpagos acompanhavam sua direção. Era fascinante.

– Anda, Cato está te chamando para ver o jornal. - Avisou a mulher, voltando para dentro de casa.

Draco bufou, descendo os braços do ar, descançando-os. Os relâmpagos instantaneamente deixaram o céu de Manchester naquele momento. Draco estava cansado psicologicamente. Só o que fazia era ver o noticiário e saber de mais algum mutante que fora descoberto pela polícia. Aquilo era masoquismo. Ele praticamente estava esperando pela desgraçada de sua vida ser exposta abertamente, e se tornar um foragido procurado.

Sim, era assim que todos os mutantes estavam sendo considerados. Era como se a culpa de terem nascido assim fossem deles, era como se eles escolhessem o bem ou o mal desde que nasceram. Afinal, Draco não acreditava naquilo. Não acreditava que uma pessoa má se transformasse em boa, ou uma boa se transformasse em uma má. Draco acreditava que o mal ou o bem nascia com cada um, e era essa a sina das pessoas. Talvez ele estivesse enganado, mas era Draco Malfoy. Ele tinha opiniões próprias e nada nem ninguém o fazia mudar.

– DRACO! - Ouviu novamente um grito, dessa vez, era de Cato. Bufou novamente e deu de ombros, respondendo um displicente "eu já vou". Mas o mais velho gritou novamente, e dessa vez Draco pôde perceber a tensão na voz de Cato. Prendeu a respiração. O que seria dessa vez?

– JÁ TÔ INDO! - Gritou de volta, fechando rapidamente o portão do quintal e entrando pra dentro da casa. Subiu as escadas rapidamente e entrou pela porta com pressa. Quase paralisou quando viu o rosto de da mãe aterrorizado, e de Cato, incrédulo. Draco tropeçou no tapete antes de chegar até o sofá e parar em frente da televisão.

Paralisou completamente ao ver sua foto e a de Cato, lado a lado, em tela cheia no noticiário.

"Esses são os Malfoy, altamente perigosos. O mais novo de 17 anos, Draco, da foto da esquerda, é capaz de provocar eletrocutamentos nas pessoas com raios, pois consegue alterar os fenômenos do tempo, além de conseguir atravessar paredes. O mais velho, Cato, de 19, tem supervelocidade, pode matar uma pessoa sem ela ter tempo de ver, além de se regenerar de quase todos os seus machucados. Estão sendo rastreados há algumas horas, precisam ser encontrados com urgência pelo DECOMM (Delegacia de controle de mutantes de Manchester)."

Narcisa sentia seu rosto ser banhado por lágrimas, seus olhos queimavam. Olhou para Draco, que estava imóvel, parecia longe dalí, em outro planeta. Correu os olhos até Cato, este estava com uma expressão indecifrável no rosto, mas continuava a olhar atentamente para a televisão.

"Aqui temos Katniss Everdeen, uma das piores." E a foto de uma garota de cabelos pretos em uma trança comportada, sorrindo, apareceu na tela. "Ela é uma mutante com poderes extremamente perigosos aos humanos. Consegue controlar o fogo, pode soltar chamas pelas mãos, pela boca, seu corpo inteiro pode virar labaredas de fogo. Está desaparecida, a policia já localizou sua residência e já prenderam os pais que não contaram para onde a garota fugiu. Há vários policiais atrás de pistas sobre essa mutante."

"A polícia pede que se alguém tiver visto, ou tiver alguma pista sobre o paradeiro de qualquer um deles, ligar para o telefone que deixaremos aqui embaixo na tela por alguns minutos."

– Então é isso.. - Draco finalmente conseguiu falar, a jornalista voltou à tela da televisão e a matéria sobre os mutantes haviam acabado. - É só uma questão de tempo pra gente morrer.

E olhou Cato, que estava tão indecifrável como antes. Narcisa continuava a chorar próxima ao braço direito do sofá.

– Não vamos morrer. - Disse o mais velho, sério. Olhou o irmão e respirou fundo.

– Como não? Eles já sabem onde moramos, talvez estejam por perto agora mesmo. - Draco tentava não mostrar seu desespero.

– Mãe, preciso que faça uma mala. - Cato se voltou para a mãe. Narcisa prendeu o soluço do choro.

– O que? - Ela indagou rouca, estupefata.

– Vamos embora? - Draco indagou, confuso, e Cato assentiu.

– Não temos pra onde ir meu filho. - Narcisa começou, apavorada.

– Não vamos ficar aqui e morrer, isso não vai acontecer. - Draco apontou para a mãe e para o irmão. - A partir de agora, temos que lutar pra sobreviver.

– Cato, pra onde vamos? - Narcisa agora parecia séria, secava as lágrimas.

– Eu tenho uma ideia. - Ele respondeu e a mulher trocou olhares com Draco, que parecia estar de acordo. Narcisa assentiu aos dois, e logo saiu da sala, indo providenciar as malas.

– É alguém, não é? - Draco indagou quando os dois ficaram sozinhos.

– Cho Chang. - O loiro respondeu, e Draco ficaria extremamente surpreso, se não estivesse seguindo o irmão para a cozinha, para preparem mantimentos para a viagem.

Viagem longa, a procura da sobrevivência.

A sobrevivência será amiga dos mutantes?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Gente, a história se passa pelo ano de 2003!

Deixem seus reviews, digam se curtiram a volta da fic!

Xoxo, Jen ♥