Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 53
A Liberdade (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, aqui estou eu! Primeiramente eu já gostaria de agradecer vocês por terem acompanhado essa fanfic durante tanto tempo. Vocês são especiais, de verdade! Mas isso ainda não é o fim. O capítulo ficou grande pra caramba (pra caramba mesmo) e eu acabei tendo que dividir ele em duas partes. Vou postar a primeira parte agora e não demorarei pra postar a segunda parte (prometo).

Enfim, vamos lá! Quando aparecer o asterisco *, abram o link e escutem a partir do minuto 2:35, okay? https://www.youtube.com/watch?v=BzouOAxHG9k



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A ideia de se esconder na ilha em plena madrugada caótica até que Hermione conseguisse a ajuda do policial Bill, não agradava grande parte do grupo. Certamente, as mães dos mutantes estavam apavoradas por estarem perdidas em meio ao labiríntico matagal daquela ilha. Katy, mãe de Hermione, estava notoriamente desesperada, mas o motivo era o risco que sua filha estava correndo, voando até Manchester. Se aquele plano não desse certo, o que aconteceria com a garota?

– Calma, mãe. Sua mão está tremendo. - Gabriela segurava a mão de Katy e percebia que a mulher soava frio.

– Estou preocupada com sua irmã. - Katy confessou, enquanto desviava sua cabeça de um galho de árvore. O grupo de mutantes com suas mães estava fugindo por detrás do laboratório, mas não poderiam se afastar muito; Rony, Cato e a policial Fleur precisavam encontrá-los quando conseguissem escapar.

– Eu também, mas ela vai conseguir. Vai dar certo. - Gabriela olhou Katy e apertou a mão da mãe, tentando confortá-la.

– É melhor a gente parar aqui. - Harry parou de caminhar e sinalizou para que todos fizessem o mesmo. - Se formos muito longe, eles não vão nos encontrar.

– Espero que esteja tudo bem com eles, e com meu filho. - Molly alisou o peito e respirou fundo; ela também demonstrava nervosismo. A testa da matriarca Weasley estava um pouco molhada e parte do seu cabelo ruivo também.

– Eles vão conseguir. - Clove olhava em direção ao laboratório, que não podia ser completamente visualidade em decorrência das árvores e do mato que rodeava quase toda a ilha. - Tem que dar certo... - A morena suspirou e juntou seu cabelo com as mãos, jogando-o sobre suas costas. O sentimento nos olhos esverdeados da garota podia ser decifrado por qualquer um: ela desejava com todas as forças que Cato estivesse bem, e voltasse logo. Clove já nem sequer controlava mais a sua revoltada por estar apaixonada por Cato; aliás, Clove já não sentia mais nenhuma revolta por isso. Tudo que ela sentia era uma intensa vontade de estar com ele, a todo segundo, e bem. Era só o que ela queria, era tudo que ela precisava.

– Não se preocupe. Cato é rápido e ele sempre soube se livrar dos problemas. - Narcisa se aproximou da morena e tocou o ombro dela. Clove olhou a mulher e assentiu, depois de alguns segundos em silêncio. - Ele vai voltar pra gente.

– Eu sei que ele vai. - Clove suspirou novamente e Narcisa abriu um sorriso fraco, enquanto alisava o ombro da mutante. Narcisa se sentia aliviada por saber que Cato teria um futuro bom depois daquela noite, até porque, ela sabia que Cato e Clove teriam um futuro juntos. O instinto de mãe da mulher nunca falhava.

– Você tá muito machucado. - Luna estava preocupada com a situação de Draco. Apesar de durão, era notório que o loiro estava sendo afetado por todos aqueles ferimentos. Ele estava aguentando até demais, já que enfrentaram no laboratório problemas suficientes pra derrubar uma pessoa, e ainda tiveram que fugir de lá, inclusive com a ajuda dos poderes do loiro. Ele estava bem cansado.

– Eu vou ficar bem. - Draco, que segundos atrás olhava por entre as árvores, esperando pela aparição do seu irmão e de Rony e Fleur, agora encarava os olhos azuis de Luna. Os fios loiros do cabelo dela estavam um pouco molhados em decorrência do suor, e ela tinha alguns leves cortes esparsos pelo corpo. Draco sempre se lembrava de que o poder de cura da garota não funcionava para ela. Era injusto, ele achava.

– Não, vem cá. Você aguentou demais. - Luna segurou a mão do loiro e o puxou para perto dela. Quando ficaram frente a frente, Draco soltou a mão da garota e tocou a nuca dela com os dedos. Luna suspirou com o carinho que Draco começou a fazer naquela região.

– Ultimamente eu não tive tempo de dizer... mas você me faz um bem enorme, sabia? - Os olhos de Luna cintilaram com a confissão do garoto. Ela sorriu de lado, e mexeu com uma madeixa loira do cabelo dele.

– Eu realmente gosto de você. - Luna também confessou para ele. Foi a vez de Draco sorrir, ignorando a dor em seu rosto machucado.

– Eu também gosto de você. - Ele estava sendo completamente sincero. Narcisa, a mãe dos garotos Malfoy, observava de longe a cena. - Gosto muito. Quando a gente sair daqui, quero viver uma história contigo. Quero ter você pra mim.

– Você já me tem. - Luna deslizou lentamente seu polegar pelo rosto de Draco, evitando causar dor a ele em seus machucados; Draco sorriu mais. Ele não precisou de permissão para beijá-la. As bocas se encontraram e os lábios se tocaram com delicadeza e intensidade. Luna segurou Draco pelo pescoço e seus dedos esquentaram; ela sentiu. Da palma de suas mãos surgiu um brilho, o mesmo brilho que o corpo da mutante emitia quando ela curava alguém. Quando o beijo chegou ao fim, Luna pôde ver o rosto dele com a pele lisa e sem quaiquer ferimentos. O loiro sorriu de canto quando percebeu que os latejos no seu rosto haviam cessados, assim como no resto de seu corpo.

– Você é incrível. - Draco beijou os lábios de Luna mais uma vez.

– São eles? - A voz de Clove se alterou e despertou a atenção de todo o grupo, que se aglomerou e começou a observar atentamente as sombras de algumas pessoas escapando pelo teto do laboratório.

– Vamos tomar cuidado. Podem ser outros. - Harry olhou Gina de relance e a garota assentiu, enquanto o segurava pela mão. O grupo ficou em prontidão de defesa.

– Não, eu acho que são eles. - Clove deu um passo a frente e Harry segurou-a pelo braço, impedindo a irmã de continuar. A garota ignorou a preocupação do irmão e puxou seu braço de volta, em um solavanco. Harry bufou e lançou um olhar para sua mãe, mas então se lembrou de que nem mesmo os pais conseguiam controlar Clove. Ele bufou mais uma vez.

– Clove, fique aqui! - Ordenou Lily, tentando não elevar muito sua voz, para não chamar atenção. Afinal, a ilha estava desordenada e repleta de presenças perigosas.

– Acho que eles não estão conseguindo nos achar. - Clove forçou a vista e observou as três figuras, que ela agora tinha a certeza de serem Cato, Rony e Fleur, conversando e olhando freneticamente para os lados. - CATO! - Ela gritou, e Harry avançou imediatamente contra a garota e usou suas mãos para tampar a boca dela.

– Cala a boca, Clove. - Harry mandou; aflito de que pessoas erradas pudessem ter ouvido a irmã. Clove tentou se livrar do moreno, mas ele, sendo mais forte, continuou a cobrir a boca dela.

– Me solta. - Ela se debateu, sua voz saiu totalmente abafada. Mas quando as três pessoas começou a se aproximar do matagal onde o grupo estava, Harry soltou Clove e puxou a irmã para longe. Foi então que Fleur surgiu frente a eles, apontando sua arma, pronta para se defender caso alguém a atacasse. A policial respirou fundo quando viu o grupo de mutantes com suas mães.

– Conseguimos. - Fleur avisou, e Cato e Rony - que carregava sua mochila em suas costas - surgiram atrás dela. Clove soltou uma respiração longa e aliviada e Cato foi de encontro à morena, envolvendo-a fortemente em seus braços quando os corpos se aproximaram.

– Eu disse que voltaria rápido. - Cato alisou o cabelo de Clove e sentiu a respiração dela contra a curva de seu pescoço.

– Demorou demais pra mim. - Reclamou Clove, em meio a um sorriso. O loiro sorriu de volta. Se separaram do abraço e se olharam nos olhos. Cato uniu seus lábios nos de Clove singelamente. Pra ele, era bom estar em meio ao caos com ela.

– Graças a Deus vocês estão bem. - Depois de Harry recepcionar Rony com um aperto de mão, e Gina fazer o mesmo com um abraço amigável, Molly se dirigiu ao filho e alisou o rosto dele. A testa do ruivo estava molhada e a respiração dele um pouco acelerada. - O que foi esse machucado? - Molly parou de alisar o rosto do filho quando visualizou um corte no braço do filho.

– Nada demais, não se preocupe. - Rony beijou o cabelo da mãe.

– Colocaram as granadas e a dinamite no laboratório? - Draco olhou Cato, que agora cumprimentava sua mãe. Ela ficou notoriamente mais tranquila de ver o garoto bem, sem ferimentos. Mesmo ela sabendo que ele, Rony e Fleur haviam se metido em encrencas, já que a policial tinha um corte no rosto e Rony no braço; Cato estava ileso apenas por exclusividade de seus poderes regenerativos.

– Colocamos. - Cato assegurou-os.

– E agora, o que temos que fazer? - Scorpius, que estava ao lado de Rose e de sua mãe, Astoria, se aproximou de Fleur. Era ela quem sabia da execução completa do plano de fuga da ilha.

– Bom, pelos meus cálculos, faltam poucos minutos pro Bill fazer o que combinamos. Então o laboratório vai explodir. É melhor que estejamos longe. - A policial explicou, coçando o queixo. Em uma só noite na ilha, Fleur havia enfrentado perigos que ela jamais imaginou poder existir, e jamais desejaria que qualquer outra pessoa enfrentasse. Ela realmente admirava o fato daqueles jovens mutantes estarem fortes e de pé, depois de tanto tempo presos naquele lugar.

– Laborat... - A voz de Bellatrix assustou o grupo, quando ela despertou ao lado do corpo de Snape; ele estava de pé, vigiando a mulher, e havia recostado o corpo dela sobre uma árvore de casca grossa.

– Ela acordou! - Severo alertou-os; os mutantes e suas famílias ficaram atentos e Fleur se aproximou da médica que realizara as experiências genéticas clandestinamente. Mas Bellatrix parecia incapaz de se levantar, e Gina supôs que ela estava sem forças e dopada em decorrência do efeito desconhecido da seringa que a própria médica criara. "O feitiço virou contra o feiticeiro", Gina pensou.

– Vocês nã-o vão des-truir-r o meu laboratór-io. - Bellatrix teve dificuldades para falar, mas ainda assim demonstrou plena revolta em sua voz. Entretanto, continuou sentada no chão, com as costas recostadas na árvore. Ela não tinha equilíbrio de seu corpo. Snape se agachou no chão, ao lado da tia, e segurou-a pelo ombro.

– Ela estava escutando o que a gente disse? - Rose estranhou e franziu a testa.

– Acho que ela despertou há pouco tempo, mas está sem forças pra reagir. - Explicou Severo, analisando o rosto de Bellatrix, que tinha os lábios entreabertos e respirava fracamente. Os olhos negros dela estavam fechados.

– Snape, é v-ocê, não é? - A médica reconheceu a voz do homem.

– Vamos sair logo daqui, estamos sem tempo. - Fleur avisou-os, enquanto tinha a cabeça girada, observando o laboratório. Aquele lugar estava prestes a ir pros ares, em um instante qualquer. Não podiam correr o risco de ficar ali.

– Pra onde vamos? - Rony se voltou para a policial.

– Pra praia. Lá é a nossa melhor chance. - Explicou a loira, e Rony assentiu.

– Melh-or chanc-e? - Bellatrix tossiu e se forçou a abrir os olhos, mas não conseguiu.

– Sabe o seu laboratoriozinho, doutora? - A voz de Scorpius soou repleta de sarcasmo e frieza. - Vai pro espaço em alguns minutos. E você vai se ferrar completamente. Olha, conseguiu abrir os olhos? - O loiro continuou sarcástico, e quando Bellatrix arregalou os olhos e encarou Severo, Scorpius sorriu maldosamente. - Não fica assim não, Bellatrix. A vida é assim mesmo, você ferra alguém por anos, mas uma hora você é ferrado também.

– Vamo embora, Scorpius. - Rose puxou o loiro pelo braço, quando todo o grupo já estava mais a frente, começando a caminhada para a praia, e assim ficou somente Severo e Bellatrix para trás.

– Você es-tá com eles? - A mulher ficou furiosa com Snape, que a olhava amargamente.

– Tá na hora de você pagar pelo que fez, titia. - Snape se ergueu do chão e puxou Bellatrix pelo braço. Ela, sem forças, não conseguiu se soltar.

– Seu traidor! - A voz de Bellatrix não falhou, e sua fúria também não. - TRAIDOR!

xx xx xx xx xx xx xx

Faziam-se longos e torturantes minutos que Hermione alisava em suas mãos o aparelho que causaria a explosão do laboratório na ilha. Ela ainda estava dentro da sala de Bill na delegacia, mas o policial não estava lá. Tinha saído para retirar o corpo de Caleb da recepção, e também foi verificar se Grégore continuava dentro da cela onde estava preso.

Hermione sabia que tudo mudaria dentro de poucos minutos. Estava preparada, mas o medo de que algo acontecesse com seus amigos se tornava sufocante dentro dela. Algumas das incontáveis vezes que sua mente inconsciente imaginava algo dando errado na ilha, e matando algum de seus amigos, Hermione sentia sua respiração parar completamente. Ela queria que tudo acabasse logo, mas queria que tudo acabasse bem.

– Ei. - Bill adentrou a sala e despertou Hermione de seus pensamentos. A mutante ergueu os olhos e encarou o policial. Nas mãos dele estavam as fichas dos mutantes, que Hermione viu jogadas sobre a mesa onde Caleb e Grégore estavam sentados, quando a garota entrou na delegacia. - Eu trouxe isso. Tive que organizar a delegacia, afinal, isso aqui vai precisar de muito espaço em pouco tempo.

– São as fichas dos mutantes, não é? - Hermione se afastou da mesa onde escorava seu corpo.

– De todos eles. - Bill assentiu e balançou as fichas em suas mãos. - Estranho, né? Há algum tempo, todos nós pensávamos que pessoas com poderes especiais existiam somente na ficção. E agora eu, policial de Manchester, estou aqui, de frente pra uma mutante.

– É ainda mais inacreditável pra nós, mutantes. - Hermione garantiu ao policial.

– Posso imaginar. - Bill assentiu. - Foi uma bomba pra população quando essa história dos mutantes foi descoberta.

– Muita gente sabe, não é? - A morena torceu os lábios.

– Muita gente. Muitos dos policiais não queriam expor isso para outras cidades, mas você sabe... os outros policiais queriam detonar a existência de você. - Bill pareceu indignado.

– É, eu sei bem. - Hermione fechou a cara.

– Mas fica tranquila. Quando prendermos a Bellatrix, vamos interrogá-la e tudo vai ser explicado pra população. Vamos fazer questão de tranquilizar as cidades vizinhas, tudo vai voltar a ter controle. - Bill assegurou-a e Hermione assentiu. Ela queria acreditar, mas não fazia ideia de como seriam as coisas no dia seguinte. Tudo estava definitivamente para mudar. - Mas... está na hora. - O policial verificou o relógio em seu pulso.

– Você acha que eles conseguiram? - Hermione ficou nervosa.

– Eu não sei. - Confessou Bill. - Mas não temos mais tempo. Foi assim que eu planejei com a Fleur. Ela com certeza deu um jeito lá. Você está pronta? - A morena ficou vários segundos em silêncio, olhando em direção vaga. Ela respirou fundo uma, duas, três vezes. Não sabia se estava pronta, porém, precisava estar.

– Você pode procurar uma ficha ai pra mim? - Hermione apontou para as mãos de Bill, e o policial, mesmo sem entender o propósito do pedido, assentiu. - Rony... Rony Weasley.

Bill olhou Hermione nos olhos e respirou pesadamente. Claro que ele sabia que ela estava amendrontada, imaginando mil possibilidades de coisas ruins acontecerem. E Bill também soube que Rony era importante demais para a garota, e ele não precisou de muitas palavras dela pra chegar a tal conclusão; os olhos de Hermione demonstravam isso.

– Claro. - O policial concordou e foleou algumas fichas. Não demorou muito para encontrar a ficha do garoto. Na foto, uma criança de cabelo ruivo, feito o cabelo do próprio policial. Bill pegou a folha e entregou para Hermione.

Ela suspirou e observou a foto de Rony por longos segundos. Os olhos da morena lacrimejaram um pouco. Respirou fundo diversas vezes, sem deixar de olhar para a foto do ruivo, quando ele ainda era uma criança. Hermione sentiu um aperto no peito. Ela não sabia se aquele aperto significava algo ruim, mas sabia que significava algo; significava medo de perdê-lo. Além do mais, Cato também estava se arriscando por lá, e ele era amigo. A mutante também sentiu medo de perder os amigos e sua família.

– Pode fazer quando quiser. - Bill viu que Hermione havia parado de olhar para a ficha do garoto mutante, e agora segurava o aparelho de explosão e o encarava fixamente.

– Isso vai mesmo fazer os explosivos detonarem? - A morena quis se certificar. Bill assentiu prontamente. - Como é possível? Está há quilômetros de distância.

– Ainda acredita em algo impossível? - O policial questionou-a e Hermione não teve argumentos. - O aparelho foi programado para isso. Está ligado a um dispositivo eletrônico que Fleur deixou nas granadas e na dinamite. Pensamos em usar o método tradicional para ocasionar a explosão, mas tinha que ser sincronizado, e não dava tempo de irmos disparando explosivo por explosivo.

– A Fleur não disse nada disso. - Hermione ficou confusa e encucada.

– É a arma secreta dela. Ela não contaria. - Bill sorriu fracamente, enquanto se lembrava da policial. - Então... você vai apertar, ou quer que seja eu?

– Não. - Hermione engoliu em seco e colocou o polegar sobre o botão vermelho do aparelho. - Eu vou apertar.

A mutante fechou os olhos;

Respirou fundo;

Fez o que tinha que fazer.

xx xx xx xx xx xx xx xx

O som do mar já podia ser ouvido com clareza, apesar de que a praia ainda não tinha sido alcançada pelos mutantes, suas famílias e a policial Fleur.

Fleur sabia que o tempo tinha se esgotado. Ela havia planejado tudo aquilo junto a Bill por muitos dias, e sabia exatamente como aconteceria tudo. A policial apressava o grupo, que minutos atrás andava a passos largos, e agora corria para chegar o mais rápido na praia. Fleur sabia que em alguns segundos o laboratório seria detonado.

Quando um barulho forte e estridente ecoou por toda a mata e provocou uma ventania por entre as árvores, os mutantes souberam que a explosão havia começado.

– É uma das granadas! - Avisou Fleur, que corria na frente do grupo, guiando-os até a praia. Sorte que ela tinha decorado sem esforço o caminho, e isso ela tinha de agradecer aos seus instintos policiais. - As granadas vão explodir primeiro, para alertar quem está lá dentro. A próxima deve explodir ag..

Um nova explosão aconteceu e Bellatrix deu um berro de raiva no colo de Snape. Ela não tinha força para andar, então ele voltou a carregá-la; mas a médica estava possessa de ódio.

– Temos que chegar na praia logo, o laboratório vai detonar pra todos os lados possíveis. Não podemos correr o risco. - A voz de Fleur era em alto e forte tom.

– Estou vendo a areia! - Astoria, que corria ao lado de Scorpius, apontou para mais a frente, e todo o grupo pôde avistar a praia. As ondas do mar estavam ferozes naquela madrugada.

– Vamos rápido! - Gritou Fleur, e mais duas granadas explodiram dentro do laboratório.

Um minuto depois, quando a maioria do grupo já estava pisando na areia fria da praia, o barulho estremecedor da dinamite surgiu no ar. Clove paralisou quando seus pés iam de encontro à areia; ela girou seu corpo, de olhos arregalados, e observou o laboratório, de longe, se desfazer assustadoramente. Labaredas de fogo já rodeavam os estilhaços do lugar.

– Clove! - Cato agarrou o braço da morena e a puxou, enquanto os pedaços do laboratório voavam pelas matas da ilha.

Quando todos já estavam na praia, a observação da destruição do laboratório começou. As mães estavam em choques; já os mutantes, entorpecidos de alívio. As ondas do mar começaram a se acalmar, subitamente. Era como um aviso de início de paz...

– Seus malditos! - Bellatrix grunhiu, completamente revoltada. O barulho da explosão atacava o cérebro e o corpo da médica. Ela sentia um ódio descomunal, mesmo sem força nenhuma para revidar o que quer que fosse. Bellatrix não podia acreditar que o seu laboratório de pesquisas genéticas estava sendo destruído por suas próprias criações. Ela não conseguia aceitar tal revolta de seus mutantes. Onde diabos ela tinha errado?

– Aquele maldito lugar... - Gina engoliu em seco, enquanto seus olhos refletiam as labaredas de fogo do que sobrou do laboratório.

– Acabou. - Harry completou. Ele inspirava e expirava freneticamente.

– E agora? - Rose se aproximou de Fleur, que também observava a explosão, um tanto chocada. - Como vamos embora?

– Helicópteros vão vir nos buscar em poucos minutos. - Fleur olhou a mutante mais nova do grupo. Rose arqueou as sobrancelhas, surpresa. - Em poucos minutos, vocês vão estar longe daqui.

– Ai meu Deus. - Gabriela abraçou Katy, emocionada.

– Vamos torcer para que que ninguém venha pra praia. Nem os policiais, nem os mutantes. - Gina comentou; ventava muito naquela madrugada, principalmente na região da praia. Os cabelos avermelhados da garota voavam contra suas costas e Harry a olhava.

– Você acha que eles conseguiram escapar? - Scorpius franziu a testa.

– Eu não sei. - Fleur respirou fundo. - Só precisamos esperar.

– E o que vamos fazer enquanto esperamos? - Rose segurava na mão de sua mãe.

– Eu não sei vocês, mas eu vou pra água. - Scorpius assustou todo o grupo.

– Pra água? - Clove arregalou os olhos.

– Tá maluco, menino? - Astoria reprovou aquela ideia.

– Pessoal, acabou! - Scorpius abriu um sorriso. - Nós estamos livres. Estamos vivos! Detonamos essa maldita ilha e estamos inteiros, sem nenhum pedaço faltando.

– Scorpius, para com isso.. - A mãe do mutante cruzou o braço.

– Não, ele tá certo. - Rose também sorriu, fazendo Scorpius sorrir mais ainda. Clove e Cato se entreolharam e abriram um sorriso divertido. - Esse é o último dia ruim de nossas vidas! Não é um motivo pra comemorar?

– Rose, fica aqui! - Deborah tentou impedir Rose, que tinha dado a mão para Scorpius e agora caminhava com ele pela areia, em direção ao mar.

– Scorpius! - Astoria gritou; estava um pouco abobada, mas não parecia zangada. A mulher olhou Deborah, e as duas encolheram os ombros, sem entender a audácia dos filhos.

– Deixa eles. - Harry segurou o ombro de Astoria. O moreno também sorria de lado. - Merecemos um descanso, não acha? - Astoria nada respondeu, apenas concordou em um aceno de cabeça e observou os dois mutantes chegarem até o mar.

Scorpius foi o primeiro a entrar. O mar já tinha se acalmado, as ondas agora eram fracas, pareciam inofensivas. Estava gélido lá dentro, mas Scorpius não se importou; pelo contrário, ele se aliviou completamente quando seu corpo entrou em contato com o mar. Os ferimentos em sua pele gritaram quando a água salgada os tocou. O loiro mordeu a boca para conter um gemido, mas não se importou com os latejos de dor, e sequer pensou em sair. Ele estava se sentindo vivo, e sabia que assim seria de agora para frente.

– A água salgada vai te machucar. - Scorpius avisou Rose, que tinha queimaduras nas costas. Ela sabia que sentiria dor, mas não mais do que sentiu durante todos os dias presas na ilha. Rose queria estar ali com Scorpius. Ela queria estar junto dele naquele momento. Porque, em poucas horas, tudo seria diferente, e era com ela que ela queria viver sua nova vida.

– Eu não me importo. - Rose balançou a cabeça. Scorpius sorriu. Ela também era durona, apesar de ser a mais nova do grupo. Era forte, determinada, inteligente, e ela dele.

Ele esticou a mão para a ruiva, para que ela entrasse no mar. Rose segurou na mão de Scorpius e fechou os olhos. Em um impulso, seu corpo se jogou dentro da água e ela gritou. Ela gritou para expulsar todas as coisas ruins que a acompanharam nesse tempo todo. A dor em suas costas não se comparava a dor que era ficar longe de sua família, descobrir que mataram seu pai, ver seus amigos serem machucados e quase mortos frente a seus olhos.

Em meio ao grito de Rose, Scorpius a beijou. Ela imediatamente agarrou os cabelos do loiro e se entregou ao beijo. As costas da ruiva ardiam muito, mas ela deixou de se importar, no momento em que colou seus lábios nos de Scorpius. Rose simplesmente queria deixar claro todos os seus sentimentos, tudo o que ela escondeu dele, desde quando se encontraram pela primeira vez. Antes, Scorpius era o garoto que a irritava completamente. Agora, ele era o garoto que ela jamais queria deixar de ter em sua vida. As provocações dele complementavam o lado temperamental dela. E para Scorpius, Rose havia deixado de ser a garota por quem ela mantinha uma atração secreta; ela era agora a garota que fez ele ter a honra de sentir pela primeira vez tudo o que estava sentindo. Ele estava apaixonado por ela.

Passaram-se alguns minutos. Poderiam ser longos minutos, mas não estava sendo. Luna, com seus poderes surpreendentes, ocupou um pouco de seu tempo curando os ferimentos de seus amigos; e que ferimentos! Eles estavam bem ferrados fisicamente; mas sentimentalmente, estavam com esperança. Esperança de que tudo fosse ficar bem.

Rony pensava em Hermione. Apesar de preocupado com a morena, ele sabia que tinha dado tudo certo, porque tudo tinha dado certo na ilha também. O laboratório tinha sido destruído e eles seriam resgatados. Hermione com certeza tinha chegado bem na delegacia, e conseguiu ajudar todo o resto do grupo. Quando Rony a visse, diria o quanto estava orgulhoso.

Rose e Scorpius saíram do mar para serem curados por Luna, afinal, o corpo deles latejava de dor em consequência da água salgada do mar. Mas os dois definitivamente não ligavam para isso.

Com mais alguns poucos minutos, cinco helicópteros puderam ser vistos, se aproximando da ilha.

Eles estavam indo embora.

– É o nosso resgate. - Fleur avisou para o grupo, que olhava para o céu, ansiosos. - Vocês vão primeiro, porque provavelmente vão ocupar os cinco helicópteros.

– E você? Vai ficar aqui? - Claire se assustou. Não poderia imaginar alguém sozinho naquela ilha, principalmente numa madrugada onde muitos mutantes ferozes escaparam do laboratório.

– Vou sim, com reforços. Eu e outros policiais da minha confiança vamos ficar pra capturar quem fugiu do laboratório. - Explicou a policial.

– Como vão capturar eles? - Rony indagou, franzindo a testa.

– Armas com dardos tranquilizantes. Vamos botá-los pra dormir e levá-los pra delegacia.

Os helicópteros pousaram na areia, um pouco longe do mar e do grupo, e os pilotos fizeram um aceno com a mão, chamando por Fleur e pelos aliados à ela. Alguns policiais fardados e carregando armas nas mãos desceram de dentro de dois helicópteros, e Fleur sorriu ao vê-los.

– Estão prontos para recomeçarem a vida? - Fleur indagou para os mutantes.

Eles não sabiam como seriam as coisas dali em diante. Eles voltariam para suas casas, mas ainda seriam reconhecidos como aberrações na rua. Será? Ou será que aqueles policiais do bem, que acreditavam neles, os ajudariam? Será mesmo que eles teriam paz?

* Não tinham a certeza. A única certeza que tinham, era de que aquele era certamente um recomeço. Eles não estavam mais sozinhos. Agora eram uma família. Uma família enorme. E tudo que tiveram de enfrentar os fizeram mais fortes, mais unidos. Eles definitivamente não estavam mais sozinhos.

Não tinham mais seus pais, mas as mães que os amavam estavam ali.

Não tinham mais a mesma perspectiva sobre o mundo, mas a humanidade deles não havia morrido.

Não eram mais o que foram, antes de se encontrarem. Agora, viam emoção nas pequenas coisas. Agora, davam valor para os detalhes da vida.

Não eram mais mutantes que se uniram para desvendar o mistério de sua existência. Eram bem mais que isso. Eram força, juntos.

Eram coragem, juntos.

Eles eram o poder, juntos.

– Em uma coisa você estava errado. - Harry cochichou com Scorpius. O loiro olhou desentendido para o garoto. - Quando disse que éramos fracos juntos. Você estava errado.

– Eu tinha que errar em alguma coisa, não é? - O loiro deu de ombros e fez Harry rir. Então, Scorpius sorriu de volta.

Ele estava realmente errado quando disse isso.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Gente, por favor, comentem! A história já está para acabar. Muitos leitores visualizam o capítulo e não deixam sequer um "gostei". É ruim isso. Vou esperar pela resposta de vocês.
Logo mais eu posto o final.

XX, Jen ♥



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