Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 5
Go away


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me pela demora do capítulo! Mas aqui está, saindo do forno!
Uau, ficou excepcionalmente grande, hein?



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— Filha, fica calma tá bom? - Katy pediu vendo o desespero tomar conta de Hermione.

— Não pai, o senhor não pode fazer isso comigo. - A morena disse com a voz embargada e sentindo as lágrimas tomarem conta de seus olhos.

— É pro seu próprio bem Hermione. - Mark começou, tentando acalmá-la e se levantando da mesa.

— Não é não! - Ela falou sentindo o molhar do rosto com as lágrimas escorrendo por ele. - O senhor não pode fazer isso. - Falou entredentes, incrédula e desesperada.

— Já está decidido filha, a cirurgia vai ser amanhã à noite. - Falou o homem, com firmeza.

— Vão tirar as asas da Mione pai? - Gabriela perguntou sem acreditar.

— Não! - Hermione vociferou, as lágrimas pingando de seu rosto. - Não vão não! Eu não vou deixar!

— Não tenta lutar filha, é o melhor pra você.. - Katy tentou acalma-la.

— Sua mãe tem razão Hermione! - Mark falou com sensatez.

— Vocês não entendem não é? Ah, é claro que você não entendem. - A morena arrancou uma risada sarcástica de si mesma enquanto limpava o rosto. - Não foram vocês que nasceram assim.

— Hermione.. - O moreno começou, sério, se aproximando da garota que se esquivava.

— Não pai, eu não quero mais ouvir. - Disse Hermione entredentes. - Eu vou embora dessa casa.

— Você não ouse fazer isso, entendeu? - Mandou, autoritário, o homem, enquanto segurava Hermione pelo braço.

— Pai, me solta. - Ela pediu, os olhos temerosos encarando os do pai, e tentando a todo custo se desvencilhar. Katy e Gabriela olhavam atônitas.

— Eu não vou deixar você ir embora, ouviu? - Continuou Mark, segurando Hermione pelo braço com ainda mais força.

— Tá me machucando, me solta. Mãe! - Ela chamou a mãe, suplicantemente enquanto sentia o pai começar a arrastá-la rumo escada a cima.

— Mark, Mark para! - A mulher pediu com desespero, enquanto se levantava da cadeira e ia atrás.

— Tenta entender Hermione, eu não quero te perder. - Mark falava, arrastando Hermione pelo braço nos degraus.

— Pai, solta ela, ela já disse que não quer fazer essa cirurgia pai! - Gritou a mais nova, atraindo olhares de Katy e do próprio Mark para ela. Hermione agradeceu aos céus a momentânea distração dos pais e soltou subitamente o braço da mão de Mark. Passou como um vulto por entre os pais e a irmã e logo a porta foi aberta. Mark foi atrás, em um impulso.

— HERMIONE! - Katy gritou enquanto via o marido sair correndo em passos largos.

— Mãe! - Gabriela disse chorosa enquanto sentia um abraço confortante da mãe.

— Ah meu Deus. - A mulher falou com a voz falha sentindo a apertar.

Do lado de fora da casa dos Granger só se via plantas, grama e mais a frente, bem mais a frente, um penhasco enorme que dava para uma vista de um mar maravilhoso. Sorte a de Hermione, que assim tinha muito mais chances de conseguir fugir. Os passos da garota eram tão rápidos que a própria temia tropeçar ou embaraçar uma perna na outra e perder a melhor oportunidade que a vida tinha lhe dado de fugir. Ouvia os passos largos do pai entre a grama e os gritos desesperados que ele dava, pedindo para ela parar.

— Hermione não faz isso! - Mark gritou enquanto se via a uma distância mínima da garota. - Não faz isso filha!

— Eu não aguento mais viver presa pai! - Ela gritou em resposta, aumentando a velocidade dos passos e vendo a pouco o penhasco que lhe estenderia os braços para a liberdade.

— Eu sei que não tá certo te prender assim filha! - O homem falava desesperado. - Mas é pro seu próprio bem Mione, volta aqui! - Gritou mais alto percebendo a morena cada vez mais próxima do precipício. Tentou correr com ainda mais velocidade, mas se viu em desespero ao perceber Hermione parando finalmente a centímetros do fim daquele enorme penhasco. Mark sentiu um nó na gargante e parou logo perto dela. - Filha, por favor, não faz isso.

— Não pai, vocês nunca vão me entender. - Respondeu Hermione com mágoa, enquanto levava ás mãos até o início das costas do vestido.

— Filha não! E a Gabi, como vai ficar a Gabi? - Ele perguntou se aproximando lentamente.

— Ela vai entender. - A morena respondeu com convicção, enquanto desamarrava o laço do vestido.

— E sua mãe, Hermione? - Mark perguntou se vendo enlouquecer de desespero.

— Cuide dela. - Pediu a morena, enquanto enchia levemente os pulmões de ar e sentia as asas libertadas do cativeiro. O homem olhou o longo par de asas já balançando levemente, asas de garça, assim como ele sempre as definiu. Sua expressão passou de desesperada para de assombro.

— Você.. não pode.. ir embora Hermione. - Ele falou entre pausas descompassadas tentando a todo custo tomar o tempo da filha para que pudesse finalmente a pegar.

— Eu só volto depois que vocês entenderem que eu não nasci pra viver presa. - A morena falou entredentes olhando o pai nos olhos. Desviou, lentamente, o olhar para baixo enquanto ouvia as ondas fortes do mar.

— Hermione não! - Mark gritou vendo a filha tomar impulso. - NÃO!

Vociferou em desespero enquanto se despedia da filha com o olhar. A morena pulou penhasco a baixo e chegando a centímetros de distância da corrente forte do mar, bateu as asas o mais rápido que pode e se viu a subir céu a cima, distante, já bem distante do pai que deixara para trás e de todo o resto.

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— James? - Lily perguntou estupefata ao ouvir uma súbita batida na porta. Se aproximou, um tanto receosa, e se aliviou ao constatar que era o marido.

— Sim, sou eu. Abre, depressa. - O moreno pediu e logo adentrou a sala junto de mais três pessoas. Lily os olhou sem entender.

— Vocês? - Ela indagou.

— Ah, oi Lily. Ah quanto tempo. - Cumprimentou-a Patrick, com um aperto de mão.

— Aconteceu alguma coisa? - A ruiva questionou preocupada.

— Ainda não. - James começou, a olhando. - Mas pode acontecer a qualquer momento.

— Do que você tá falando? - Perguntou Lily, um tanto atônita.

— Da polícia. Dos nossos filhos. Da Rose. - O moreno olhou a garota que se encontrava ao lado de Deborah.

— É, e é por isso que precisamos dar um jeito de esconder nossos filhos. - Deborah completou, olhando a mulher à sua frente.

— Esconder? Vamos embora? Nós todos? - Ela parecia cada segundo mais atordoada.

— Com muito custo eu convenci Patrick de que assim seria melhor. - James explicou.

— Agora eu sei que precisamos protege-los. - O homem falou e olhou Rose, que não sorriu.

— Mas pra onde a gente vai? Nós nem temos onde ficar, Clove e Harry ainda nem sabem de nada e.. - Começou Lily, sendo logo interrompida pelos filhos que saíam do quarto do moreno no mesmo momento.

— A gente não sabe do quê? -Indagou Clove, logo se juntando aos pais. - Quem são vocês?

— Você deve ser a Clove, não é? E você, o Harry. - Rose questionou, um tanto convicta olhando os dois.

— Como você nos conhece? - O moreno ergueu uma das sobrancelhas.

— Eu vi vocês. - A ruiva respondeu, cheia de si. - Antes de sair de casa.

— Você viu? - Clove arregalou os olhos. - Então essa é a menina especial? - A morena direcionou os olhos para o pai.

— Rose. - Concluiu Rose. - Meu nome é Rose.

— Então você também é uma mutante? - Harry indagou um pouco encucado.

— Assim como vocês. - A ruiva explicou.- Você.. - Ela olhou Clove. - Faz as pessoas sentirem dor. E pode levitar objetos também se quiser.

— Nossa.. - A morena falou perplexa.

— E você.. - Rose olhou Harry. - Se comunica mentalmente com as pessoas. E ama dar sustos na sua irmã.

— Eu sempre soube disso. - Clove revirou os olhos enquanto Harry ria.

— Incrível. - Lily comentou.

— A nossa filha tem o dom de clarividência. - Deborah falou entre um sorriso.

— Impressionante. - Clove disse um tanto espantosa.

— Mas.. o que vocês vieram fazer aqui? - Harry questionou.

— Harry.. - James o olhou. - Nós vamos embora.

— Nós o quê? - O moreno arregalou os olhos. - Embora? Todos nós?

— É pra isso que estamos aqui. - Patrick concluiu.

— Não, perae.. Vocês tão pensando em vir com a gente? - Clove perguntou com descrença.

— Vocês não acham que vão sair por aí, fugidos, e ainda por cima sozinhos não é? - James olhou para os filhos. - Não é?

— Na verdade, era o que eu e Harry pretendíamos fazer. - A morena confessou.

— Como é? - Lily questionou sem acreditar.

— Mas íamos falar com vocês. - Harry completou.

— Mas nem de brincadeira eu e sua mãe íamos deixar vocês dois saírem pelo mundo a fora, principalmente agora que estão sendo caçados. - James falou sério e Clove soltou um bufido de irritação.

— Eu concordo.. - Rose começou e os olhares voltaram a ela. - Com os dois. - Apontou para Clove e Harry.

— Vocês ficaram malucos? - Patrick indagou. - Isso é perigoso demais.

— Vai ser ainda mais perigoso pra gente se vocês vierem junto. - Clove falou sensatamente olhando dos pais para Deborah e Patrick.

— Não, não, nem pensar. - Lily começou, séria. - Eu não vou deixar meus filhos sozinhos, não mesmo.

— Será que vocês ainda não entenderam que agora é uma questão de sobrevivência? - Rose perguntou também já se irritando.

— Vocês terão muito menos chances se ficarem sozinhos.. - Deborah começou.

— Não mãe, a gente vai ter mais chance. - Rose falou seriamente.

— Ela tá coberta de razão. - Falou Harry, concordando.

— Não, ela não tá não. - James contrapôs.

— Ah meu Deus. - Clove bufou. - Olha pai, olha mãe.. não é mais uma questão de escolha. Eu e Harry vamos embora. E vocês vão ficar.

— Vocês não podem nos desobedecer assim. - Lily falou entredentes.

— É, a gente não pode. Mas se a gente precisar.. - Harry argumentou.

— Se você quiser pode vir com a gente Rose. - Falou Clove, que a poucos saíra da sala e entrara as pressas no quarto de Harry, pegando já duas mochilas que eles tinham preparado. Voltando pra sala, ela entregou a de Harry e colocou a própria nas costas.

— Clove, não. - Lily pediu suplicantemente.

— Vocês, se cuidem tá bom? - A morena ignorou a mãe, embora estando sentindo uma dor angustiante no coração.

— Mãe, pai.. - Rose olhou os pais, que negaram de imediato.

— Nem pensar. - A mulher contrapôs.

— Eu vou. - Respondeu a ruiva, com convicção.

— Não, você não vai. - Falou Patrick com autoridade.

— Eu vou sim. - Rose disse sem demonstrar abalo, e puxou com força a mochila do braço direito do pai.

— Então é isso? - James perguntou aturdido.

— É. - Clove falou séria. - Vocês tem que prometer que vão tomar cuidado.

— Clove.. - Lily começou, sendo interrompida pela filha.

— Prometam.

— Não tem outro jeito Lily. - O homem falou olhando a esposa, que tinha os olhos marejados. - A gente promete.

— E vocês, vão tomar cuidado? - Patrick indagou, olhando de Rose para Harry e Clove.

— Patrick! - Deborah o repreendeu.

— Não podemos prendê-los, Deb! - O homem falou sério.

— Mas ela só tem 15 anos. - Lamentou a mulher.

— Ela tá aqui. - Rose os olhou. - E eu vou saber me cuidar.

— Além disso, ela vai estar ao lado da garota que faz os outros sentirem dor. - Clove se gabou, fazendo Rose rir e Harry revirar os olhos.

— Quem poderia correr perigo assim não é? - Harry ironizou e ganhou um tapa na cabeça.

— Mas, vocês vão agora? - Lily perguntou com a voz embargada.

— É melhor. - Harry respondeu e se aproximou da mãe. - A gente vai ficar bem. - Tentou confortá-la, enquanto ganhava um abraço apertado.

Levaram algum tempo para se despedirem, ganhando instruções e pedidos para que tomassem o máximo de cuidado possível. Quando finalmente os três se viram juntos, e prontos para irem embora, Harry lançou um último olhar a mãe. A mãe que sempre o amou, e amou a irmã. A mãe que dava tudo para vê-los bem e felizes. Ele realmente estava acabado só de imaginar que passaria um tempo que nem o próprio sabia quanto,longe da mãe. A possibilidade de morrer e nunca mais vê-la o corroía por dentro. Mas precisava ser forte.

— Tomem cuidado. - Lily pediu mais uma e pela última vez aos três. O rosto já estava molhado.

— A gente vai tomar. - Harry tentou sorrir, enquanto via Clove passar por ele, Rose em seguida e por fim, saíram da casa.

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Correr perigo de vida definitivamente não parece ser uma ideia apetitosa para ninguém. Scorpius que o diga .O loiro se via, cada vez mais, na pressão de ir embora de casa e livrar os pais e a si mesmo de um fim nada convidativo. Mas tinha prometido a Astoria e a Tom que não voltaria a usar os poderes com os próprios pais. Sabia que os dois nunca permitiria que ele fosse embora de casa, sem rumo. Embora, pro bem, desobedecer ás vezes era preciso.

Ficou repetindo essa frase mentalmente até criar coragem suficiente e jogar umas tralhas qualquer dentro de sua mochila. Foi até a escrivaninha que enfeitava o quarto, e pegou um porta retrato, onde apareciam ele e os pais, sorridentes, em um brinquedo de um parque de diversões. Colocou com cuidado dentro da mochila e engoliu em seco. Precisaria de comida, e água é claro.Encontrou os pais na cozinha, conversando alguma coisa no mínimo interessante pois pareciam estar se divertido. Sentiu um pequena dor lhe invadir só de ver o sorriso da mãe e imaginar que poderia não voltar a vê-lo mais. Afastou os pensamentos,tentando evitar a perca da coragem chegar.

— Com fome Scorpius? - Astoria indagou, ao ver o filho tirar quatro fatias de pães da geladeira, e em seguida, pegar presunto, mussarela, alface, ketchup e maionese.

— Uhum. - Respondeu monossilábico começando a preparar os sanduíches. Não durariam um dia, ele constatou. Mas os pais desconfiariam de cara se o vissem fazendo lanches pra alimentar uma pessoa por dias.

— Você podia sair um pouco mais do seu quarto né. - Disse Tom, incomodado.

— É, acho que sim. - Respondeu o loiro displicentemente.

— Tá tudo bem Scorpius? - A mulher perguntou desconfiada, enquanto o garoto enchia uma garrafa de água gelada.

— Tá. - Ele respondeu sem emoção.

— Deixa ele Astoria. - Falou Tom. - Deve estar chateado porque não deixamos ele ir naquele tal show.

— É isso ainda filho? - Perguntou a mulher.

— Não, tô relax. - O loiro respondeu, terminando de preparar tudo e colocando em um prato os três sanduíches. Pegou alguns guarda-napos de dentro da gaveta, de modo discreto e os enfiou dentro do bolso. Se virou para os pais.

— Está mesmo? - Questionou Astoria.

— Claro. - O loiro sorriu de lado. - Vou pro quarto. - Respondeu de súbito e pegou o prato com uma mão e a garrafa com a outra.

Voltou para o quarto, deixando os pais um tanto encucados para trás, e voltou a arrumar a mochila. Já com os sanduíches enrolados nos guarda-napos, a garrafa térmica de água bem guardada na mochila e as roupas todas bagunçadas lá dentro,o loiro se pegou suspirando e deixando a mente fluir, tentando se lembrar de algo mais que estivesse faltando.

Dinheiro. Ele não sobreviveria três dias com aquela única garrafa de água e aqueles dois míseros sanduíches dentro da mochila. Precisava de algo para se sustentar. Sabia que a situação dos pais não estava das boas, pois os mesmos já quase não saíam de casa para irem trabalhar, com medo de todos os últimos ocorridos. Soltou mais um suspiro enquanto sentia o coração apertar. Roubar? Essa não seria a palavra certa. Se Tom e Astoria soubesse o porquê de ele realmente estava fazendo tudo aquilo, talvez nunca o julgariam. Mas ele precisava.

Já a noitinha, o loiro decidiu que não teria hora mais oportuna para ir embora. Sentiu a garganta ficar seca, o coração bater um tanto desaceleradamente, enquanto colocava a mochila nas costas e saía do quarto. Encontrou de imediato os pais, e uniu forças para não chorar ali mesmo. Não que Scorpius fosse disso. Mas saber que corria o risco de nunca mais ver os pais que o criaram com tanto carinho, isso doía. Doía tanto que ele se viu a par de desistir de tudo aquilo. Entretanto,não podia.

— Onde você pensa que vai? - Tom perguntou sério.

— Quê pensa que está fazendo com essa mochila nas costas? - Astoria perguntou, alarmada.

— Eu tô indo embora. - O loiro respondeu com a voz falha.

— Embora? - Astoria riu, descrente. - Não me faça rir Scorpius.

— Eu vou sentir falta de vocês. - Confessou Scorpius, vendo a mãe ficar séria finalmente.

— Para de brincadeira garoto. - Ela pediu.

— Tira já essa mochila das costas Scorpius. - Mandou o pai, também já se alarmando.

— Eu sei que, eu nunca fui um filho muito carinhoso.. - O loiro começou. - Me desculpem.

— Para de falar assim meu filho. - Astoria pediu.

— Eu realmente vou sentir falta de vocês. - Scorpius falou com sinceridade, sentindo os olhos arderem. - E pai.. - Ele se voltou a Tom. - Desculpa fazer isso. Eu realmente preciso.

— Do quê que você tá falando Scorpius? - Perguntou o homem atordoado.

— Scorpius, não se atre.. - Começou Astoria, vendo o filho fixar os olhos sobre os de Tom, e em seguida, sobre os da própria.

— Eu vou embora.. - O loiro falou tentando manter a voz firme. - e vocês nunca vão vir atrás.

— A gente não vai ir atrás. - Repetiu Astoria,em transe.

— Se a policia pegar vocês, vão dizer que nunca tiveram um filho chamado Scorpius. - Continuou o loiro.

— Nunca vamos dizer. - Tom repetiu.

— Vocês vão jogar fora todas as fotos que tem de mim nessa casa. - Falava Scorpius, firmemente.

— Vamos jogar. - A mulher repetiu.

— É isso. Pai.. - Ele olhou fixamente nos olhos de Tom. - Preciso de dinheiro. Pegue sua carteira e me dê. - Assim, obedecendo, o homem levou a mão até o bolso, e tirou da carteira uma nota equivalente, segundo Scorpius quando recebeu, de duzentos euros. - Agora, eu vou contar até três, e vocês vão voltar a si, se esquecendo que eu estou aqui e que vou sair por aquele porta. Um.. dois.. três. - O loiro terminou, por fim, de contar e estalou os dedos sobre os olhares dos pais, que ao saírem do transe, pareceram não perceber a presença de Scorpius ali.

— Vamos Astoria, temos que tirar as fotos de Scorpius daqui. - Tom falou olhando a mulher, que assentiu, e eles saíram em direção ao quarto do loiro.

Respirou fundo, cerrou os olhos no intuito de encerrar aquela queimação que ocorria devido ao excesso de vontade de chorar, e voltou a novamente abri-los, olhando - talvez pela última vez - a casa ao redor. Sorriu levemente, relembrando alguns dos momentos divertidos que vivera com os pais ali. Em instantes, Scorpius Moddley passou a não mais pertencer aquela casa.


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