- NÓS ESTAMOS EM LONDRES! – eu gritei pela 154934 vez enquanto pulava no meio de uma das ruas mais movimentadas de Londres.

Era como um sonho tornado realidade (na verdade, era mesmo isso), eu estava em Londres, uma das cidades mais bonitas da Europa e melhor, eu estava em Londres com a minha melhor amiga.

- Juro que se dizes isso outra vez eu bato-te – ameaçou a Vanessa. Ok… pensando bem… acho que estar em Londres com a minha melhor amiga não é assim tão boa ideia.

- NÓS ESTAMOS EM… - não tive tempo de acabar a frase pois levei um grande tapa na cara. – Eiii – reclamei chateada cruzando os braços sobre o peito.

- Eu avisei – ela abriu um sorriso vitorioso.                        

- És má! – afirmei fazendo bico.

- Eu sei – ela esboçou um sorriso convencido – Vem cá bebézinha – ela puxou-me e deu-me um beijo na bochecha.

- Não sou bebé – revirei os olhos.

- Sim, sim, claro – ela concordou.

Estava a caminhar em direcção à estação de metro pois nós íamos conhecer… TAN TAN TAN TAN, nós íamos para King’s Cross, a estação que é relatada nos livros e filmes de Harry Potter e é tipo o sonho de qualquer Potterhead ir lá. Logo, eu sou Potterhead, a Vanessa também e nós vamos conhecer a estação. AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH ESTOU TÃO FELIZ!

Eu caminhava animada, pulando e cantando, a Vanessa cantava comigo e pareciamos duas crianças felizes. As pessoas olhavam para nós como se achassem que eramos duas loucas que tinham fugido do manicómio, mas quem liga?

A viagem de metro demorou umas 2 horas, mas foi muito animada, porque ficamos a ouvir música no meu mp3 e a ver imagens de londres no iPhone da Vanessa e a decidirmos que sítios iriamos visitar durante a nossa estadia no Reino Unido.

Quando finalmente chegamos eu estava louca de tanta felicidade. Eu vi a estação ao longe e peguei na mão da Vanessa e começamos a correr como duas loucas em direcção à estação King’s Cross.

Ok, estão a imaginar duas garotas de 15 anos correndo pelas ruas de Londres e a sorrirem como atrasadas mentais? Sim, isso mesmo, as pessoas não achavam que nós eramos loucas, elas tinham a certeza!

Quando entramos na estação continuamos a nossa correria por entre as pessoas, empurramos algumas e acabamos por ouvir xingamentos e algumas reclamações.

Chegamos junto à plataforma 9 e então a vimos, a plataforma 9 ¾, haviam muitas crianças e adultos junto à plataforma, havia uma grande placa onde estava escrito: “Platform 9 ¾” e tinha um carrinho preso à parede como que a atravessá-la.

- Estás pronta? – olhei para Vanessa.

- Sim – ela afirmou e de mãos dadas corremos em direcção à plataforma.

Eu podia dizer que nós conseguimos atravessar e que conseguimos ver o Expresso para Hogwarts e que entramos nele, vimos cada compartimento, compramos doces e ficamos sentadas numa cabine enquanto o Expresso partia em direcção ao castelo de Hogwarts, mas eu estaria mentindo. A verdade é que fomos as duas contra a parede e caímos no chão.

- Eu não acredito – choraminguei – Não conseguimos atravessar – cruzei os braços irritada e fiz bico.

Os meus pais chegaram nesse momento e começaram a rir das nossas figuras. Vanessa também começou a rir minutos depois enquanto eu ficava no chão chateada como uma criança a quem tinham tirado o brinquedo.

- Oh Mel, levanta-te lá, não achavas mesmo que íamos atravessar, né? – ela perguntou rindo.

- Tu, que és Potterhead, estás a dizer que não acreditas em magia? – eu perguntei irritada.

- Claro que acredito, a magia existe dentro dos nossos corações – ela sorriu e os meus começaram a brilhar.

- Sim, tens razão. Mas assim não consegui concretizar o meu segundo desejo. - eu comentei um bocado desiludida.

- Bom, não conseguiste, mas tentaste atravessar, não é uma coisa que qualquer pessoa consiga fazer – ela riu.

- Tens razão – abracei-a.

- E sabes o que é melhor que tentar atravessar plataformas e ir contra a parede? – ela abriu um sorriso.

- O quê? – perguntei animada.

- Aquela loja ali – ela apontou e eu virei-me e vi uma loja com coisas de HP.

Merlin, como eu não sabia disto? Como eu não sabia que existia uma loja com coisas de Harry Potter na estação de King's Cross?

- AHHHHH VAMOS, VAMOS!! – eu sai correndo e entrei na loja felicíssima.

Era como entrar num mundo encantado, ali havia de tudo, todas as coisas de Harry Potter que nós víamos nos filmes e que tanto desejávamos.

Claro que não pudemos comprar tudo, mas comprei um cachecol da Hufflepuff, a minha casa (a Vanessa comprou da Slytherin), uma caixinha de feijões de todos os sabores, uma varinha, uns óculos Spectra Specs iguais aos da Luna Lovegood e um mapa do maroto.

Quando finalmente os nossos pais conseguiram arrastar-nos para fora da loja, já era bem tarde. Fomos para o hotel e ficamos a noite toda a conversar sobre Harry Potter. Sentia-me muito satisfeita, contente e alegre. Por mais anos que passem, sei que nunca vou esquecer Harry Potter, muita gente diz que é Harry Potter não existe e que é uma coisa de crianças, mas não, Harry Potter vai continuar a existir enquanto as pessoas acreditarem na magia.

(…)

Na manhã seguinte acordei um pouco mal disposta, vomitei algumas vezes e até desmaiei, fazia muito frio e lá fora nevava. Eu sabia porque estava assim, esta mudança repentina de temperatura tinha-me feito mal. Mas eu não ligava, eu só queria aproveitar o dia e talvez até, brincar na neve.

Desci até ao restaurante do hotel onde a Vanessa esperava-me.

- Bom dia, dorminhoca – ela sorriu enquanto passava manteiga no pão.

- Bom dia, chata – abri um sorriso e sentei-me ao lado dela.

- Alguma ideia do que queres fazer hoje? – ela questionou-me enquanto comia.

- Brincar na neve? – perguntei.

- Ótima ideia. Vamos fazer uma guerra de bolas de neve, é claro que eu vou ganhar – ela disse toda convencida.

- Vai sonhando – eu ri enquanto bebia o meu suco.

Minutos depois já estávamos na rua a atirar bolas de neve uma à outra, riamos sem parar, e é claro que eu ganhei.

Depois disso fizemos bonecos da neve e o meu ficou mais bonito que o dela (Isso porque quando o dela estava pronto, eu estraguei-o mas depois a Vanessa destruiu também o meu).

Tiramos fotos na neve, voltamos a atirar bolas de neve uma á outra e depois voltamos para o hotel onde ficamos à janela a ver a neve a cair.

Era uma sensação tão boa, estar a conseguir tudo o que desejo, mas eu sabia que não ia ser sempre assim… Talvez houvessem dias em que mesmo que eu desejasse, eu não iria querer sair da cama, porque estaria muito cansada.

E pior, eu sabia que estava felicidade toda ia acabar dentro de alguns meses, pois eu iria morrer e eu não podia fazer nada contra isso.

- Estás a pensar no quê? – a Vanessa perguntou-me ao reparar que eu estava pensativa a olhar para a janela.

- Nada de especial – afirmei e voltei a sorrir – Estava a pensar que tu cantas mesmo mal… - afirmei provocando-a.

 - Ai é? Isso é que vamos ver! Vamos cantar karaoke e vamos ver qual de nós tem mais pontos.

- Oh, mas isso nós já sabemos, é claro que vou ser eu – afirmei atirando o cabelo para trás e fui ligar os microfones para cantarmos.

Rapidamente esqueci-me de que estava a pensar na minha morte, eu estava a divertir-me como nunca me tinha divertido antes. Eu estava feliz, e a felicidade dos momentos que eu estava a passar, ninguém me podia tirar, nem mesmo a morte.