Na Linha Do Destino escrita por Teffyhart


Capítulo 1
Prólogo: O Guardião do Fogo e A Audaz


Notas iniciais do capítulo

Essa fic está completa, só tenho que passar do caderno para o computador, pois é.
Mas isso significa que possivelmente farei uma atualização rápida (provavelmente uma vez por semana) e ah! Ela também é meio que um "presente" para o Ninico.



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Sentou-se na cama, preguiçoso. Era a quarta ou quinta batida em sua porta, seguida da voz estridente que repetia que estava sendo requerido na sala do todo poderoso. Riu diante do pequeno pensamento que cruzou sua mente enquanto, pela última vez, as batidas soaram logo depois se extinguindo enquanto ele podia ouvir os passos no corredor tornando-se distantes.

Finalmente espreguiçou-se, ouvindo alguns ossos estalarem no processo, e suspirou contente. Finalmente havia recebido uma missão, já fazia semanas que esperava, afinal toda aquela monotonia estava o enchendo a paciência.

Quando finalmente encolheu seus braços, e asas, vestiu-se rapidamente com a túnica branca, parando em frente ao espelho apenas para passar a mão nos cabelos rebeldes e negros. Tão logo saiu do quarto, mantendo uma postura altiva, seguiu diretamente para onde era requisitado. Os longos corredores amplos oprimiam os passageiros com sua arquitetura bela, o clima ameno e a luz fraca que escapava por dentre as pilastras enormes faziam, daquele lugar, perfeito.

Assim como todo resto do Éden.

O moreno continuou seu caminho tranqüilamente, chegando tão logo até as portas imensas que davam para um cômodo ainda maior, e um único homem sentado ao topo da curta escadaria. Assim que entrou, ajoelhou-se ao pé do trono, abaixando a cabeça para o superior ali. – Mandou chamar-me Senhor?

O homem desceu o olhar sobre o moreno abaixado sobre o mármore límpido e, sem esboçar qualquer reação, fez menção para que ele erguesse e o fitasse. – Sim, Guardião do Fogo. A missão de vocês finalmente chegou. – Conforme falava, outro ser alado aproximou-se, entregando para o moreno um pergaminho com as travas douradas. – Vocês, meus guerreiros, devem descer à Terra e ajustar o destino de duas criações, assim como citado nos detalhes da missão. – Ele enrugou o cenho, criando uma marca de dúvida em sua testa de tez branquíssima. – Preparem-se para partir o mais cedo possível, apenas.

–Senhor? – Perguntou o encarregado da missão logo em seguida. – Apenas duas perguntas: Em todos os momentos você cita um plural, quem participará desta missão comigo?

–A Audaz. Ela irá acompanhá-lo.

O Guardião do Fogo então prosseguiu em sua próxima pergunta. – E quem são essas criações tão importantes que o Senhor designará dois de sua mais alta guarnição para servir como anjos protetores? – Seu tom tranqüilo, disfarçando a incerteza clara, não foi o suficiente para evitar o olhar lancinante.

–Humanos. – Respondeu somente, sua voz retumbante no espaço amplo.

Finalmente ele abaixou os olhos e fez uma reverência polida, logo após se retirando com o pergaminho em mãos.

Humanos? Tão importantes assim para que seus destinos fossem traçados com precisão? O Guardião do Fogo era tudo, menos ingênuo. Algo estava errado naquela situação. Afinal, elas poderiam até mesmo ser as maiores criações de seu Senhor, mas nunca nenhum deles valeu tanta atenção assim. Eram apenas macacos vestidos.

Ao final ele apenas inflou o ego e as asas, seguindo seu caminho. Teria que achar sua companheira para partirem logo em missão.

Ela estava passeando pelos jardins do Éden, afinal era mesmo uma manhã fresca e bonita e, já que tinha acordado cedo, aproveitou o tempo livre daquela maneira. A pele clara era agraciada pelo Sol, enquanto os cabelos ruivos, compridos e trançados, balançavam sutis, assim como a túnica clara, toda vez que o vento batia.

Tinha as asas encolhidas e estava ajoelhada na grama fofa, observando de perto algumas plantas próximas. A maior verdade é que, talvez, não estivesse nem mesmo prestando atenção nelas. – Elesis. – O chamado foi o suficiente para fazê-la virar-se, encontrando o outro alado que se aproximava com passos tranqüilos, os mesmos cabelos negros bagunçados e olhos claros atentos.

Ele também tinha um sorriso pequeno nos lábios. A ruiva ergueu-se. – Nós recebemos títulos por um motivo, energúmeno. – Resmungou. Ele fingiu-se ofendido, mas não ligou, continuando a aproximar-se. – Justamente para lembrarmos que deixamos nossa humanidade para trás e-...

–E um monte de outras inutilidades. É. Eu sei. – O Guardião do Fogo parou ao lado dela, tirando alguns pedaços da franja da garota que caíam sobre seus olhos vermelhos. – Mas prefiro te chamar de uma maneira que ninguém mais conhece. – Ela empurrou a mão dele para longe, incomodada, e ele somente girou os olhos, com um sorriso nos lábios. – Até porque estava presente quando te nomearam Elesis, a Audaz.

–Esqueço que você é uma múmia. – Ela cutucou o peitoral dele com força, depois passando diretamente por ele em direção à outra localização do jardim. – E que de anjo só tem a cara, não é mesmo Ercnard?

Ele riu e pôs-se a segui-la. – Devo te dar um sermão, tal qual você fez comigo, pela falta do uso do título?

–A culpa não é minha que o seu título é grande.

Ele riu. – Não importa. Recebi nossa missão agora pouco. – Ela desviou os olhos para o moreno, que mantinha um caminhar calmo. – Antes que você pergunte, sim, nós vamos juntos. – A essa altura já estavam diante da passagem que guiava por um longo caminho arborizado. – Aparentemente vamos descer à Terra.

A Audaz franziu o cenho. – Terra? O que houve por lá? O apocalipse? – O moreno negou. – Por que o Senhor mandaria dois anjos guerreiros, da mais alta guarnição, para uma missão na Terra se não por um motivo tão sério?

–Aparentemente são humanos. – Ele suspirou. – Humanos fora de seu destino.

Ela interrompeu seus passos, logo abaixo de um carvalho frondoso. O Guardião do Fogo virou-se para fitá-la, também parando seus passos. Ele pode reparar, além da face com uma expressão raivosa, que alguns fios de sua trança escapavam e, portanto, deixava o penteado um pouco desarrumado, apesar de ele achá-la mais humana desta maneira. Não tanto uma escultura angelical.

–E o que temos a ver com isso? – Ela resmungou. – Somos guerreiros, não o tipo de anjo que sentará sobre o ombro de um humano e o guiará em suas ações.

Ercnard concordou. Ela voltou a andar e ele continuou a acompanhá-la. Finalmente entregou-a o pergaminho com os lacres dourados, que até agora carregava. – Aparentemente as criações são muito importantes.

Ela aceitou o pergaminho, retirando as travas com cuidado para assim abri-lo. Ele estendeu a mão para pegar as peças cróceas. – E que destino é esse que fugiram? – O moreno, que brincava com os objetos, somente apontou o pergaminho. – Ah.

–Eu ainda não li. – Pausou. – Achei que era justo descobrirmos na mesma hora para debatermos sobre a missão. – Finalmente tirou a atenção dos itens e voltou-se para a ruiva, que abria o papel com uma delicadeza que não lembrava à da anja guerreira. – Querendo ou não, somos parceiros nela.

A ruiva apenas suspirou. – Ao menos vou com meu avô, não com um anjo engraçadinho. – Ele ponderou e acabou por concordar. – Não que seu senso de humor salve muita coisa.

Ercnard bufou baixo. – Leia logo isso e pare com as alfinetadas. – Elesis não agüentou e riu baixo. – Estou tentando ser profissional.

–Eu sei. Isso é o mais engraçado. – Ela voltou o olhar para a folha tingida de negra, formando runas de explicação. – Não que eu ache que vai durar muito tempo.

–É, eu também acho que não. – Comentou baixo, meio para si.

Então o silêncio formou-se entre os dois, enquanto os pés descalços caminhavam, ocasionando pequenos barulhos da vegetação, e um casual cantar de passarinhos. Ela limpou a garganta. – Tsc, isso aqui dá informações demais. Não quero saber quem eles são. – Resmungou e desenrolou mais do pergaminho, o mais velho apenas suspirou, dando de ombros. – Ah, achei. Aqui diz que são irmãos. – O moreno permaneceu ouvindo, atento. – Basicamente o mais velho deveria ter feito certas escolhas e opinou por outras, assim como a mais nova deveria embarcar em uma espécie de viagem e acabar morrendo, mas, obviamente, está desconsiderando essa idéia.

O moreno ponderou por um momento. Será que a escolha de anjos teria vindo porque eles eram uma família bem como os escolhidos? – O que mais?

–Nada mais. – Ela fechou o pergaminho. – Só diz para nos entrosarmos com os escolhidos e guiá-los para seu destino. – Suspirou enquanto fazia um sinal, pedindo as travas. – Não entendo.

–O que eu não compreendo é Ele se importar com algo tão banal assim. – O mais velho entregou as peças, expulsando da mente o que pensava. – Humanos morrem. Todo o tempo. – A ruiva silenciosamente concordou. – Se não morrerem hoje, amanhã vão atravessar uma rua e serão atropelados. Por que deslocar nós dois para uma missão tão... Sem sentido?

A ruiva, no entanto, somente soltou um murmúrio baixinho. – Você está incrivelmente próximo de blasfemar. – O mais velho calou-se no ato. Não era sua intenção. – Não é nos dado a opção da dúvida. Apenas de obedecer.

Ele soltou um suspiro de qualquer maneira, meio incomodado. – Seguir cegamente uma coisa não me faz compreendê-la melhor. – Ela concordou. – Mas nunca nos é dado a escolha de nada. Isso não me surpreende.

O resto do caminho foi em silêncio. A Audaz terminava de selar novamente o pergaminho, carregando-o depois com tranqüilidade. Ao final do longo caminho eles puderam visualizar o grande templo que exalava a poderosa magia de um portal para a Terra. Elesis interrompeu seus passos no mesmo instante.

–Não pretende descer agora? – O moreno perguntou depois de alguns segundos em silêncio. – É a sua primeira vez descendo desde sua morte, não é?

Ela concordou. – Eu não sei se quero fazer isso. Eu não sei se quero voltar para aquele antro de corrupção, falsidade e descaso alheio. – Ercnard compadeceu-se por ela. – Eu não sei se vale a pena salvar ninguém lá de baixo.

Ele escolheu as palavras antes de continuar. – Eu desci por você. – A ruiva olhou então para o patriarca de sua escassa família. – E se me perguntassem, faria de novo.

Por fim suspirou. – Como Deus pode gostar tanto de seres que sequer seguem o que ele deixou escrito para eles?

Ercnard apenas passou a mão pelos cabelos dela, escorrendo por sua trança. Ela não o impediu. – A dúvida é o mais perto da blasfêmia que um arcanjo pode chegar. – E ela sorriu.

–Quanto mais cedo partirmos, mais cedo voltaremos, não é? – Ele assentiu. – Então vamos logo fazer isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que acompanhem, apesar do tema extremamente religioso (acreditem em mim, eu sou praticamente sem religião) a fic vai um pouquinho além disso.
Bom, não vou me demorar muito. Até o próximo capítulo. Reviews talvez?
Beijos, Teffy.



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