Passou-se uma semana e alguns dias desde que encontrei o meu pai... e bem, ele sumiu de novo. Uma parte de mim agradecia por isso, por causa da raiva que eu sentia dele, já a outra parte se sentia mais uma vez abandonada. Mas o alívio era bem maior que o sentimento de abandono. Eu e a Mel concordamos em manter isso em segredo pois eu não queria que essa história tomasse grandes proporções.

 Nesse tempo já tínhamos contado sobre o nosso relacionamento para a Gabs, Pietro, Rique e alguns de nossos amigos na escola, como Guta, Felipe, Lu, Nanda e Paula, essa ficou um pouco incomodada mas assim como os outros nos apoiou; Melani decidiu não conta nada para a Bruna, pois a mesma era prima do Matheus. Eu disse, aquele olhar superior só podia ser de familia. A Vanessa ainda se sentia incomodada com a situação, então para respeitar o tempo dela nos aceitar por completo, decidimos evitar os beijos em outros cômodos da casa que não fosse nosso quarto, ou quando ela está em casa. Era uma manhã de terça-feira, eu estava a me arrumar e a Mel me secando enquanto eu colocava a calça; se ela continuar assim eu não quero nem saber se temos aula hoje, não vou me controlar.

- Mel, para de me olhar assim.

- Assim como? – ela se faz de santa tão bem.

- Você tá me secando ai desde que sai do banho.

- Amor, eu não posso fazer nada, estou com desejo desde ontem mas o Pietro teve que aparecer e estragar nossa festa – Abraçou-me por trás sussurrando em meu ouvido.

- haha se você continuar desse jeito, eu vou te atacar aqui mesmo – falei me virando pra ela – então é melhor a senhorita se segurar, temos aula hoje lembra? – disse lhe dando um selinho.

- Triste fato, mas vamos logo então – terminei de me arrumar e descemos juntas, tomamos café com meu tio, Pietro e Gabs.

- Vocês vão ter que levar a Gabi pra escola, Vanessa precisou sair hoje mais cedo por causa de alguns problemas no trabalho, eu tenho uma reunião logo cedo e a escola dela é na direção oposta do escritório e o Rique foi para a universidade levar uns documentos. Tudo bem pra vocês?

- Pai, eu tenho que chegar cedo na escola hoje pois preciso concluir o cartaz do trabalho sobre a Era Vargas com uns amigos meus e é para apresentar hoje. – Falou Pietro, tinha quase certeza que isso era apenas uma desculpa para se encontrar com a Nanda.

- Sendo assim, tudo bem. E vocês duas? Vou dar dinheiro para voltarem pra escola de táxi e não demorar tanto. Pode ser?

- Tudo bem tio. Vai ser bom ir deixar a Gabs na escola – falei sorrindo e a Mel concordou.

- Bom, então como está tudo resolvido. Eu vou indo logo para não me atrasar – disse deixando 50 reais em cima da mesa – aqui o dinheiro para o táxi, tchau crianças, cuidado e boa aula – deu um beijo na cabeça de nós quatro e saiu em direção ao seu carro.

- Então vocês vão me levar para a escola hoje hein? – falava com um sorriso no rosto. Juro que há dias que essa garota me assusta.

- Pois é anãzinha, então vamos logo – Nos despedimos do Pietro e fomos andando, eu com a Gabi nas minhas costas e a Mel carregando a mochila dela. Depois de 10 logos minutos e caminhada, a baixinha decidiu se manifestar.

- Eu quero sorvete...

- Ah não Gabi, nem vem, olha só que horas são! 7 horas da manhã e você querendo sorvete?! – respondeu a Melani

- Qual é Mel, deixa de ser chata, aposto que a Duds deixa, não é Duda? – olhou me pedindo apoio.

- Gah, é melhor você escutar a sua irmã, é muito cedo...

- Não esperava essa traição de você, senhorita Maria Eduarda, depois de tudo o que eu fiz por você? – olhei para a Mel e ela ria enquanto revirava os olhos – te aconselhei enquanto você ficava no quarto pensativa por causa dos seus sentimentos pela minha irmã e por causa do que a Bruna te disse...

- Ta bom né? Bora parar, depois eu...

- Como assim parar? O que a Bruna falou pra você? – Perguntou-me a minha morena.

- Não é nada demais.

- Como assim não é nada demais? Ela disse que...

- Olha só chegamos, vai lá Gabi – falei enquanto tirava ela das minhas costas e a colocava no chão. Peguei a mochila das mãos da minha namorada e entreguei pra ela – vai lá, seus amiguinhos devem estar te esperando para falar sobre aquela novela que você assiste, como é mesmo? Ah, claro, carrossel – ela revirou os olhos e se foi. Virei-me para a Melani e ela me encarava com os braços cruzados.

- Eu quero saber que história é essa. O que Bruna te falou?

- Olha só a hora, é melhor a gente ir logo pra aula se não vamos chegar atrasadas – ia seguir caminho quando a sentir segurar meu braço.

- Eu não vou desistir de saber que história é essa.

- Se você quer tanto saber, é melhor você perguntar pra ela. Pois as coisas que ela me disse, realmente me machucaram, e eu não quero que a amizade de vocês acabem por minha causa.

- Mas ela precisa respeitar você, se ela disse coisas ofensivas e que você não gostou. Eu preciso saber – ela me olhou suplicante – como você não vai falar, eu vou respeitar, até porque eu entendo, respeito e admiro o porquê disso, mas eu vou falar com ela e com a Gabs.

Depois dessa breve conversa pegamos um táxi logo a esquina e fomos para a escola. Não trocamos muitas palavras, apenas ficamos de mãos dadas acariciando a mão uma da outra. Alguma coisa me diz que esse dia vai ser muito, muito longo.