Pov’s Lucia

Pedro fez uma careta quando coloquei o algodão molhado com um remedio que uma garota havia trazido.

—- O que diabos você estava pensando Pedro? – Sussurei para que só ele me ouvisse. Ele desviou seus olhos para baixo e eu prensei o algodão novamente contra sua sombrancelha esquerda e logo depois sobre um corte no seu labio inferior, desta vez mais forte e ele voltou a fazer uma careta de dor. – Me responda Pedro! – Pedi firmimente.

—- Eu acho que perdi um pouco a cabeça.

—- Um pouco? Pedro! Você não briga desde que foi morar com nossos pais – Começei a fazer um curativo em sua sombrancelha.  Ele me olhou culpado. – Oh, Pedro, não acho que assim você vá conquistar o coração relutante de Liah.

—- Eu sei, mas eu perdi a cabeça quando ele começou a me provocar. – Botei a mão em seu ombro.

—- Irmão, você é rei! Não pode perder a cabeça assim! Você lembra o que aconteçeu da ultima vez que perdeu não foi? – Ele concordou relutante. O temperamento dele era dificil de se controlar ás vezes. – Vá falar com ela!

—- E você acha que ela vai querer falar comigo?

—- Não custa tentar e se ela não falar agora, ela enventualmente o fará – Ele me dá um beijo na bochecha e sai correndo. Suspiro, queria dar conselhos pra mim como dou para os outros, pensei.

......

—- O que foi Su? -- Perguntei quando Suzana entrou deixando o livro que eu estava lendo de lado. Ela parecia pensativa e incomodada. Ela olhou pra mim ligeiramente surpresa e eu não soube dizer o porque, já que compartilhavamos o mesmo quarto, mas sentou-se ao meu lado no chão de marmore.

—- Nada, mas diga-me, falou com Pedro? – Suspirei.

—- Tentei – Ela olhava-me, encoragando a falar. – Pelo o que eu soube eles brigaram por causa da Liah, porque August flertou com ela, pelo que parece eles já foram namorados. – Susana parecia me escutar com atenção redobrada. – Mas ele não quis falar nada, então o mandei falar com ela. Parece que ela passou mal quando estava saindo do patio. – Nossa conversa tinha sido interrompida por alguem que entrava abrutalmente pela porta. Era August, ele abriu um sorriso quando seus olhos passaram por Suzana e ela fechou a cara – Olá gracinhas, não viram a querida amiguinha de vocês por aqui viram? – Acho que ele se referia a Liah, mas não tinha certeza.

—- Hmm... Acho que não.  – Ele assentiu.

—- Obrigada, mi lady’s, mas tenho que voltar ao meu caça ao tesouro – Ele fecha a porta e dei de ombros. Suzana não parecia querer falar sobre isso. Alguns minutos depois, uma batida nervosa soou em nossa porta. “Parece que todo mundo resolvou vir aqui agora” pensei.

—- Entre! – Disse Suzana. Vi os cabelos castanhos de Caspian passarem pela porta, ele estava empolgado, mas tenso, era estranho ve-lo assim, quando ele era sempre tão seguro de si, como um rei devia ser.

—- Lucia, será que eu poderia falar com você? A sós? – Meu coração parecia um passarinho grande demais tentando fugir de sua gaiola apertada. Tentei responder, mas a minha garganta estava seca e fechada. Olhei para Suzana, ela estava sorriu pra mim e apontou a cabeça discretamente para Caspian. Levantei desajeitada e o segui pelo longo corredor. Ele parou abrutalmente se virando para mim, fazendo com que eu quase esbarrace nele. Ele parecia tenso, mas confiante. Tomei coragem para dizer alguma coisa.

—- O que foi Caspian? É algo sobre a briga de Pedro? É Liah? Como ela está? – Acho que falei mais rapido do que pretendia.

—- Não tem nada a ver com Pedro e nem Liah, mas ela está bem, obrigada pela sua preocupação Lu. – Ele suspirou e olhou para mim apreensivo. – Na verdade, queria lhe confessar algo.

—- Diga então – Eu não sei o porquê me sentia tão nervosa. Na real eu sabia, mas era totalmente inceitavel e impossivel. Ele pegou minha mão direita e a levou até seus labios, beijando suavimente, um arrepio percorreu minha espinha.

—- Bom é que... Eu acho – Ele parou suspirando pude sentir sua respiração em sua mão, junto com o roçar dos labios. Só esse pequeno gesto me fez ficar arrepiada.

—- O que Caspian? – Perguntei apreensiva.

—- Acho que estou apaixonado por você, Lucia – Pude sentir meu coração parar e voltar a mil novamente. Os meus olhos buscavam qualquer coisa, até que pararam em seu olhar penetrante e sincero. -- Acho que aconteceu desde a ultima vez que veio aqui. Quando Aslam disse que não poderiam mais voltar, anseiei para que ficasse, para que não fosse a ultima vez que iria ve-la, mas você decidiu partir e depois que você se foi, eu notei que eu a amava Lu. Tentei esquece-la, mas não deu muito certo, principalmente quando encontrei a Liah, ela me lembrava de você às vezes. – Oh, Caspian! Pude sentir meus olhos se enchendo de lagrimas. Porque eu estava chorando por algo tão feliz? Ele me ama como eu o amo! – Diga algo Lu, por favor. – A agonia na sua voz era percepitivel.

—- Eu amo você Caspian.  – Sussurei, um sorriso se espandiu no meu rosto e sorri para ele, dando de ombros levemente.  Senti seus labios macios nos meus, uma de suas mãos em minha bochecha. Carinhoso e delicado, era como eu descreveria. Nos afastamos sorrindo. Ouvimos passos e recueei por impulso, era Pedro. Pela sua expressão ele não tinha tido sucesso em sua missão. Ele fez a curva sem nem mesmo nos perceber ali, foi em direção a biblioteca.

—- Será que eu deveria ir falar com ele? Ele parecia meio abalado.  – Caspian suspirou e afagou minha bochecha.   

—- É por causa da Liah?

—- Você se sente incomodado pelos dois? – Ele negou com a cabeça.

—- Já expliquei a situação a você, mas você deveria falar com ele, sobre ela, ela está passando por algo muito dificil, Lu. Ela deve estar muito assustada.  – Pude ver a preocupação em seus olhos.

—- Não fique preocupado, Liah é forte, cuidou de si mesma por um longo tempo. Acho que talvez ela esteja confusa, a transição de mundos não é facil. – Ele pensou por um tempo, concordou com a cabeça e me deu um beijo na testa.

—- Vejo você amanhã. – Ele me deu um ultimo beijo antes de partir pelo corredor.

Pov’s  Lillian

—- Eu acho que você devia jogar comigo. – Dissepara August, ele estava largado no sofá lendo uma velha revista em quadrinhos que ele havia trazido consigo, pela centesima vez.

—- Para perder de novo? Não, obrigado. – Bufei irritada. Aquilo estava um tedio, nenhum dos soldados havia me mandado relatorios, a gente sabia que a situação estava critica tinhamos que agir logo, mas como? Não sabiamos contra quem ou o que lutavamos, só sabiamos que os ogros haviam sido mandados. Meus soldados que entraram de penetra estavam muito lerdos e isso me frustrava. Derrubei as peças de xadres na minha frente e bufei irritada.

—- Não desconte no pobre rei, Lilli. – Ele disse debochado

—- Não desconte em mim e no Gibi, August.

—- E o que eu teria pra descontar irmazinha?

—- Seu fracasso em reconquista a L – Sorri para ele, enquanto ele sorria tambem. Nos dois sabiamos que ele já tinha fracassado nessa missão assim que Pedro entrou na vida de Liah. – Sabe eu acho que você deveria mudar de alvo.

—- Quem você recomenda? – Logo Suzana entrou na sala com Edmundo e Eustaquio. Eu sorri sugestivamente para ele, enquanto realinhava as peças de xadrez. Suzana se sentou no sofá oposto e começou a ler algum livro.

—- Está jogando? – Perguntou Edmundo e eu revirei os olhos sem ao menos olhar para ele.

—- Claro, estou esperando meu amigo invisivel fazer a jogada dele. – Sorri sarcasticamente para ele.

—- Não acho que ele se importaria de eu tomar o lugar dele não é? – Como ele conseguia não se intimidar? Isso me frustrava tambem. Mas o brilho do desafio percorreu os meus olhos, e um sorriso logo se estendeu no meu rosto.

—- Ah, por favor, Sr. Pevensie, adoraria jogar uma partida com você. – Ouvi uma risada sarcastica de August. Eu vi ele se sentar e fazer sua jogada. No final eu levei um xeque-mate de Edmundo.  August começou a rir como nunca antes, ele estava chocado como eu.

—- Pare de rir August! – Reclamei, mas ele não me deu atenção. Forçei-me a não parecer brava e me virei para Edmundo. – Muito bem jogado.

—- Obrigado – Ele estava se divertindo com a situação. Não o deixaria tirar sarro da minha cara.

—- Bom, já que você ganhou devo sair da partida, Eustaquio deve querer entrar no meu lugar. – Levantei e dei as costas, mas uma mão segurou o meu pulso, a mão de Edmundo.

—- Ah, vamos lá! Mais uma partida! – Ohei para ele, ele era realmente bonito de perto.

—- Talvez outro dia – Eu não tinha certeza disso, não tinha certeza quanto tempo mais ficariamos assim, sem uma batalha. Sua mão escapou do meu pulso e fui até o quarto da Liah, não tiraria proveito de mais nada desse dia de qualquer jeito.

Pov’s Suzana

Aquilo estava uma completa bagunça, Pedro brigando novamente, Lucia tão fora do ar quanto possivel e não parecia que Edmundo estava longe do estado de Lucia. Estavamos prestes a entrar em uma guerra, mas tudo que eles faziam era se virarem uns contra os outros. Isso era um completo absurdo. Estava tão frustrada que não vi que iria esbarrar em alguem até cair de bunda no chão. Olhei para quem esbarrou em mim. Tinha que ser ele. O criador de toda confusa desta tarde, August Silvestre.

—- Ora, se não é a senhorita sabe tudo. – Ele estendeu a mão pra mim quando levantou. Levantei-me sozinha, sem toca-lo.

—- Ora, se não é o senhor caçador de confusões – Rebati, mas ele riu.

—- Ah Suzana, se você não fosse taõ certinha, tenho certeza que seria engraçada. – Senti meu rosto esquentar de raiva, quem ele pensava que era pra falar de mim assim?

—- Se você não fosse tão tosco, talvez crescesse pra entender o meu senso de humor. –Ele fez uma falsa careta e pos as mãos onde deveria haver coração, mas eu não tinha certeza se tinha um ali.

—- Ai, essa... – Ele sorriu e largou os braços. – quase doeu. Sabe oque eu acho Suzana?

—- Não e nem quero saber! – Disse me virando pra ir embora.

—- Acho que isso é falta de um homem, já que Caspian prefere sua irmã mais nova a você.  – Agora ele tinha ido longe demais.

—- Pelo menos eu não sou idiota de correr atrás de quem não me quer,  August. – Sai de lá o mais rapido possivel, aquele sem vergonha conseguia deixar meus nervos a flor da pele.