Epílogo

A pele enrugada era um sintoma da passagem do tempo, assim como os cabelos brancos e falta de memória para as coisas que aconteciam recentemente, porém as coisas mais marcantes ficavam vividas como se tivessem ocorrido a apenas um dia e durante toda sua vida.

Edward olhava para ela insistentemente e angustiado “será que ela o deixaria sozinho?” sentando-se na cama grande e espaçosa levou a mão alisando os cabelos brancos de Bella. Ela abriu os olhos e sorriu fracamente chamando-o com a mão para que deitasse ao lado dela e ele o fez prontamente.

- como se sente? – Edward perguntou com a voz falha devido a velhice. Ele estava muito preocupado com ela, o inverno estava sendo rigoroso e ela havia pegado uma gripe que já durava por três semanas.

- sim. – mentiu sentia-se péssima era como se sua vida se esvaísse a cada dia que passava e hoje estava pior.

- não minta pra mim. – murmurou ele sentindo o coração falhar ao perceber o quão debilitada ela se encontrava se ela morresse com certeza não resistiria.

Ficaram calados, mas o clima tenso e incomodo só piorava a situação dela e conseqüentemente a dele. Sentiu a mão fraca dela lhe abrir os braços e carinhosamente ajeitou-se na cama para melhor recebe-la em seus braços. Bella sentiu o conforto e o carinho com a cabeça pousada no peito do marido. Sorriu quando a lembrança da sua lua-de-mel com Edward lhe veio a cabeça.

- do que está rindo? – perguntou Edward curioso como sempre quando se tratava dos pensamentos dela, dependendo do momento essa curiosidade dele era simplesmente irritante.

- lembrei da nossa lua-de-mel. – falou acariciando o peitoral dele.

- foi maravilhosa! – respondeu também sorrindo sentindo as lembranças lhe tomarem a mente.

O casamento havia sido perfeito a Olívia e a Julie ficaram magníficas como damas de honra, mas ninguém estava mais linda que a sua Bella. O vestido curto e branco a deixou magnífica, simplesmente perfeita, os cachos castanhos caindo em cascatas pelas costas e a franja lisa cobrindo a testa destacando as bochechas vermelhas e os olhos brilhantes.

Sentiu-se o homem mais sortudo do mundo quando ela quase arrastou Carlisle pelo caminho, mas ele sabia que ela só queria que aquela atenção toda acabasse logo. A recebeu e logo o padre pulou todo o discurso bonito, mas incrivelmente tedioso para sejam felizes para sempre, que teve como desfecho um glorioso beijo que estampou a capa do álbum e fez as filhas suspirarem e sonharem por um amor como aquele por anos.

Logo veio a festa e eles dançaram e se divertiram muito, então se despediram de todos apresados pela lua-de-mel, afinal ficaram três meses sem se tocarem. Ele quase surtou quando a Bella inventou isso, mas o feitiço virou contra o feiticeiro e ela surtou primeiro que ele, implorando para que ele fizesse amor com ela, mas só faltava um semana e ele não esperou esse tempo todo a toa.

Chegaram a Bora Bora, ilha francesa, já era noite e ficaram num chalé que ficava em frente ao magnífico mar e o melhor de tudo era deserta. Mal entraram no chalé e Isabella já o atacava arrancando-lhe a roupa. Ele pensou que já havia experimentado todos os beijos dela, lindo engano, ele quase desfaleceu quando recebeu o primeiro beijo da noite.

Ela porém nunca se esqueceria de como aquela noite foi especial, da forma com se encaixavam e como pareciam serem feitos um para o outro. Ela se lembraria até seus últimos dias de como as mãos dele passearam pelo seu corpo e como os lábios as acompanharam e de como ela chorou depois do ato, pois ela nunca tinha se sentido tão especial.

E ela se lembrou de como na manhã seguinte ela acordou com a cabeça apoiada reconfortantemente no peito dele. Os dias que se seguiram foram tão maravilhosos quanto o primeiro dia e quando voltaram para casa na Itália, Bella já esperava que toda aquela magia que os envolvia fosse desaparecer, mas aquilo só aumentou e se multiplicou durante os anos.  

- lembra de quando fizemos dez anos de casados? – perguntou ele tirando-a de seus pensamentos.

- você pensou que eu havia esquecido. – ela falou sorrindo.

- você estava tão linda naquele dia. – ele comentou.

- você chorou. – ela acusou sorrindo entre lágrimas, aquele dia não teve nada como festas ou jantares, apenas uma pizza encomendada pelo telefone e muito amor.

- você também. – ele acusou choroso pela lembrança. – eu me lembro até hoje amor. Obrigada! – ele pediu beijando a testa com tanto amor que dava para sentir no ar.

- como se fosse ontem. – ela concordou e novamente lhe sussurrou as palavras que tanto emocionam Edward. – eu te amo.

- eu sei. – ele falou presunçosamente.

- porque você sempre me interrompe? – perguntou suspirando.

- porque foi assim da primeira vez. – ele falou.

- certo. Deixe-me terminar. – falou enquanto o encarava. – eu te amo...

- eu sei. – ele novamente a interrompeu fazendo-a revirar os olhos, ele gostava de se sentir exatamente do jeito que se sentiu quando as palavras saíram da boca dela pela primeira vez.

- e eu não consigo definir o tamanho desse sentimento. – e a primeira lágrima rolou pelo rosto dele já idoso dele. – é tão grande que eu não sobra amor nem mesmo para mim. – falou sentindo o familiar nó se formar na garganta. – e quando eu penso que esse amor já chegou no seu limite ele se expandi a ponto de me sufocar. – sussurrou sentindo o rosto dele se contorcer, ela sabia que ele não gostava que lhe afligisse mesmo sabendo o que viria a seguir. – mas não se preocupe. – falou o tranqüilizando como fez da primeira vez. – porque quando penso que não consigo mais respirar. – deu uma pausa emocionada como da primeira vez. – esse amor se impregna em mim e me toma por inteiro e tudo o que sinto é você, tudo o que eu faço é por você e eu só existo por você. – e novamente por causa da emoção Edward sentia como se o seu coração não fosse agüentar tamanha emoção. – e eu me pergunto se estou louca, por deixar que outra pessoa seja a razão de minha existência e ser o sentido da minha vida. – acariciou a face de Edward como se pedisse para ele escutar apenas o final. – e eu não me importa de enlouquecer se eu pudesse viver nesse conto de fadas eternamente que você construiu pra mim. Pois saiba amor que não existe no mundo mulher mais feliz do que eu, e que você me tem incondicionalmente, pois eu me sinto entrelaçada a você pela eternidade.    

E quando ela finalmente terminou o seu discurso sussurrou um “eu te amo” tão emocionado que Edward teve certeza que sem ela sua vida também não teria sentido ou razão.

Eles ficaram em silêncio sentindo e quando Bella estava quase dormindo novamente Edward, novamente lhe acordou como se pressentisse que ela o deixaria.

- e você foi feliz? – ele perguntou sentindo o coração falhar ao olhar para a fragilidade de sua esposa. – você foi feliz a vida inteira? – reforçou.

- esplendidamente feliz! – sorriu cansada. – eu estou tão cansada. – comentou sentindo a respiração difícil e o cansaço exacerbado.

- não e deixe ainda. – ele pediu choroso. – eu não sei viver sem você amor. – falou abraçando-a fortemente como se aquele ato fosse a manter ali.

- me segue. – pediu ela num fio de voz. – porque você sabe que eu fico perdida sem você. – falou também chorosa.

- você não está sendo justa. – ele falou sentindo o coração desacelerar conforme sentia a vida de sua amada se esvair de suas mãos. Ela estava morrendo pela doença e ele estava morrendo por amor.

- eu te fiz feliz a vida inteira? – Bella conseguiu perguntar.

- sim. – respondeu chorando e Bella sorriu com a simplicidade dele falar as coisas, Edward nunca foi bom com as palavras, ela descobriu isso com a convivência.

- você está pronto? – perguntou já não suportando o cansaço, ela precisava dormir.

- estou. – respondeu sentindo o mesmo cansaço que a abatia. – mas antes de ir eu preciso lhe dizer que...

- eu te amo. – sussurraram juntos e se abraçaram fortemente, fechando os olhos e descansaram juntos.