P.O.V Percy.

Acordei muito indisposto no domingo, pois havia ficado até tarde na casa do Nico e quanto voltei, tive que ouvir toda a explicação da minha mãe sobre o porque dela não ter ido me buscar e no fim acabamos discutindo, pois ela brigou dizendo que eu deveria ter ligado para o meu pai.

E ela certamente sabe que eu nunca faria isso.

Tomei um banho e fui direto para a cozinha, mas, não encontrei nenhum café. Só a minha mãe sentada bebericando um chá.

– Cadê o café?

– E desde quando eu faço café aos domingos?

– E o que eu vou comer agora?

– Percy – ela disse calmamente e respirou fundo. Ela ficava assim toda vez que minha lerdeza atacava.  – Que eu saiba, a gente passa o dia no Olimpo aos domingos.

– Mas eu não quero ir...

– Mas você tem que ir.

– Mãe..

– Obedeça a sua mãe, Percy – Meu pai disse, entrando na cozinha – Você vai sim para o Olimpo.

– Pai, eu não quero ir, eu meio que... enjoei.

Ele me estudou com os profundos e bem vividos olhos verdes, mudando o peso de um pé para o outro.

– Percy, você vai.

– Mas pai...

– Percy! – Minha mãe reclamou, se levantando – Já virou tradição. E vamos, não podemos nos atrasar.

– Ok.

XXX XXX

O Olimpo era uma das maiores mansões que eu já vi na vida. Só era usada em datas comemorativas ou aos domingos e ia toda a família e amigos mais próximos. Até que é legal, e tudo, mas eu havia abusado e como sempre, toda vez que eu tentava rebater em não ir, meu pai me obrigava a comparecer.

Assim que chegamos, fui correndo até a cozinha – ignorando todos que me olhavam interrogativos na sala – e avancei na mesa, mas, minha mãe me puxou.

– Percy! Onde está a educação que eu te dei?!

– Mãe! Eu estou morto de fome, e tem bolo azul!

– Percy!

Fiz cara de pidão.

– Por favor.

Ela pareceu pensar.

– Só um pão.

– Mas mãe!

– Não venha com “mãe”, é já que iremos comer.

– Tá.

Peguei um pão, mas assim que ela virou as costas, eu roubei um pedaço de bolo azul e o enfiei rapidamente dentro da boca. Sim, eu estava morto de fome.

Voltei para a sala e vi quase todas as pessoas de sempre: Tio Hades e Persefone, Tio Hermes, Tia Demeter, Tio Zeus e Hera, Tio Ares e Afrodite, Tio Apolo e Ártemis, Tio Hefesto, meus pais e todos os meus primos e amigos. Metade das pessoas ali não tinha nenhum parentesco comigo, mas eu gostava de considera-los.

Ao todo eram muitas pessoas (e ainda estava faltando mais gente, tipo meu amigo Grover, a Rachel , Piper e etc.). Quando eu e Nico éramos crianças, costumávamos chamar Zeus, meu pai, Hera, Hefesto, Atena, Ares, Dionísio, Demeter, Afrodite, Ártemis, Hermes e Apolo de “os doze” e Zeus, meu pai e Tio Hades de “os três grandes” assim como na mitologia grega.

Mas, que eu me lembre Atena só compareceu duas vezes e Dionísio quase nunca vem, ele é muito amigo do Tio Zeus, mas vive bêbado, porém minha mãe sempre me obrigou a trata-lo com respeito. ( Mesmo quando ele fica insuportável lá no internato.)

Enquanto comia meu pão, vi Annabeth e Bianca vindo para a sala, rindo. Juro que pensei que elas duas não iam se dar bem, mas eu estava errado. De qualquer forma, assim que elas chegaram, todos foram para a sala de refeições. Tomamos um café da manhã animado, com Hermes fazendo piadinhas e Afrodite olhando sugestivamente para mim e Annabeth ( que estava ao meu lado) e dando risinhos com Silena, que dizia “Eles dois são tão fofinhos.”

Annabeth estava sem graça, pois todos diziam que ela havia crescido e ela apenas dava um sorriso mínimo e se desculpando por não se lembrar de ninguém, e sempre colocava a culpa na mãe dela.

– Creio que foi Atena que me afastou e nunca me contou sobre vocês. – Ela dizia, e todos se entreolhavam e mudavam de assunto.

Quando acabamos, os mais velhos foram para a sala e o resto para a sala de jogos – Jason não quis ir, pois é – um que Thalia criara no porão.

– Vamos jogar o que hoje? – Beckendorf perguntou enquanto embaralhava o Uno – Baralho?

– Urh, não Charles – Silena interferiu – Jogamos baralho, banco mobiliário e sinuca quase todas as vezes, vamos fazer algo de diferente hoje.

– Tipo o quê? – Connor perguntou.

– Vídeo - Game? – Katie supôs – Nunca mais jogamos nada no play.

– Okay – fui em direção à tv, para liga-la e jogarmos – Futebol?

– Obvio que não –Thalia respondeu com as mãos na cintura – que tal Guitar Hero?

– NÃO! – Nico gritou – Você ganha todas as vezes.

– Resident Evil? – Annabeth sugeriu.

Todos concordamos.

Jogamos em dupla, eu joguei com Beckendorf. Na soma de pontos, nos ganhamos quase todas.

Quase. Pois por incrível que pareça, Annie e Katie mandavam super bem, e Lee ( que jogou sozinho, já que sobrou) zerou o jogo e acabaram ganhando da gente.  Depois que jogamos, deitamos no carpete e ficamos conversando sobre coisas aleatórias durante umas duas horas, não faltava conversa. Depois, ficamos apenas lá, deitados.

– Galera, hoje é domingo – Nico disse se levantando – e nós só vamos embora umas cinco da tarde, não vamos desperdiçar o nosso tempo jogados aqui no chão, certo?

– E o que você pretende fazer? – Thalia perguntou.

– Sei lá – ele deu de ombros – banhar de piscina?

– Mas eu não trouxe nenhum roupa de banho – Silena choramingou – Creio que vocês também não.

Aff, mulheres.

– Que eu saiba – Katie disse lentamente – No quarto da Thalia, ela tem uma gaveta repleta com essas coisas e os meninos podem banhar de bermuda.

– Tá muito cedo para banharmos – eu disse me sentando – vamos fazer outra coisa.

– Que tal Verdade ou Desafio? – Connor cantarolou.

Nós nos entreolhemos.

– Demorou.

Thalia pegou uma garrafa seca dentro do mine armário e colocou no centro.

– Boca para responder e fundo para perguntar – ela disse – Nada de desistir do desafio ou não responder a pergunta.

Ela rodou a garrafa e deu Bianca X Travis.

– Verdade ou Desafio?

– Verdade.

– Então... – ela pareceu pensar em alguma pergunta, até que um sorriso zombeteiro brilhou em seus lábios. – É verdade que você levou um fora de uma virgem Maria puritana?

– Não, foi o Connor – ele olhou para o irmão, rindo – Ele era meio afim da Zoë a alguns meses, mas ela sempre cortava ele e tal, e ela saiu do internato, pois foi pra um convento.

– Wow – Bianca arregalou os olhos – Não acredito que perdi isso!

Travis deu outro sorriso e deu a garrafa. Deu Annabeth X Thalia.

– Verdade ou Desafio?

– Verdade?

– Porque tem o nome do Nico cravado na sua escrivaninha e escrito no canto das folhas do seu caderno?

Lembrete: VOU LEMBRAR PRA SEMPRE, ETERNAMENTE, DE TIRAR SARRO DA CARA DELA POR ISSO. ME AGUARDE CARA DE PINHEIRO.

Thalia ficou meio vermelha e retomou o folego antes de responder, mas ao abrir a boca para falar, fechou sem saber responder.

– Anda Tha – Nico sorriu – Quero saber o que meu nome tá fazendo cravado na sua escrivaninha e nas folhas do seu caderno.

– Fique sabendo que – ela respirou fundo –é outro Nico, não você.

– Sei – Eu comentei sorrindo.

Thalia deu o dedo e girou a garrafa com força.

Katie X Beckendorf.

– Hey Beck – Katie sorriu feito uma maníaca – Verdade ou desafio?

– Como ninguém escolheu ainda, vou de desafio.

– Te desafio a beijar a Senhora modelo ali.

Silena ficou sem graça e alevantou, enquanto ele fazia o mesmo.  Os dois mal chegaram um perto do outro e começaram a se agarrar. Mas o mais impressionante é que já se tinha passado três minutos e eles ainda se agarravam.

–Vão procurar um quarto! – Berrei.

Os dois se separaram. Ela estava ofegante, ele, sorrindo.

– Hum... – Annabeth olhou para os dois – esses ai ainda vão se pegar.

Rimos.

Silena rodou a garrafa e bateu em Connor X Lee.

– Verdade ou Desafio?

– Desafio.

– Te desafio a dançar aquela dança estranha, na frente da Bianca.

– Que dança?

– Como é o nome... Ah! Funk! Com aquela musiquinha brasileira, Ah lelek, lek, lek.

Lee ficou branco feito papel.

– Na frente da Bia? – Ele perguntou em uma fio de voz, enquanto a Bianca ria e Connor assentia. – O-okay.

Essa eu quero ver. – Pensei.

Ele foi para a frente da Bianca, que o olhou de cima a baixo com um sorriso zombeteiro a lá Di Angelo e ele começou a dançar. Não aguentamos e começamos a rir, Travis pegou o celular, gravou e mandou para o Whatsapp. Já era.

Quando ele terminou, todos nós estávamos rindo mais do que nunca e ele sem graça, Bianca olhando para ele como se ele fosse uma aberração.

Ele se sentou e rodou a garrafa. Bianca X Annabeth.

– Verdade ou Desafio?

– Verdade.

– Você e o Percy já se pegaram?

Ela olhou para mim, como se perguntasse se devesse dizer a verdade, e eu apenas lhe lancei um olhar de “Você quem sabe.”

– Já.

Todos na sala se engasgaram, e Annabeth olhava atentamente para mim.

– EU SABIA! – Bianca e Silena começaram a dançar uma dança esquisita – Percabeth! Awn, Percabeth!

Lembrete numero dois: Não seja amigo/primo de pessoas loucas.

Annabeth rodou a garrafa constrangida e bateu em mim X Nico.

Um sorriso diabólico surgiu nos meus lábios.

– Niquito!

– Lá vem bomba....

– Verdade ou Desafio?

– Você sabe muita coisa sobre mim, então, vou no desafio.

– Tá, te desafio a fica com... – Olhei para todos na sala e quando eu vi aqueles olhos azuis, sorri – Thalia!

– O QUE? – Os dois gritaram ao mesmo tempo.

– É amigo, cuida.

Thalia murmurou um “você me paga” enquanto alevantava e ele fez o mesmo, fazendo uma cara de entediado e eu sabia que de entediado ele não estava nada.  Os dois se encararam por um tempo, foram chegando perto aos pouquinhos. Estava rolando aquela maior química, ela já estava fechando os olhos e ele se abaixando um pouco para beija-la e então...

Eu cortei a magia.

(N/A: NÃO ME MATEM, LEEM O RESTO, VOCÊS AINDA VÃO ME AGRADECER, NÃO ME MATEM, LEEM, PELAMOR DE DEUS!)

– PESSOAL, OLHA, JÁ VAI DAR ONZE HORAS, BORA VER SE O ALMOÇO TÁ PRONTO. – Gritei, me alevantando e os outros fizeram o mesmo, se esquecendo totalmente de Thalia e Nico, que estavam com uma cara de “Mas o quê?”

Assim que todos saímos, percebi que Nico e Thalia ainda estavam na sala de jogos, então voltei, pois sou muito inconveniente, e disse:

– Agora, eu acho que vocês querem, hum, privacidade, mas..

– CAI FORA PERCY. – Thalia gritou e eu fechei a porta rapidamente, sabendo a que fim aquilo resultaria.

P.O.V Narrador.

 – Você sabe que eu nunca te beijaria, não sabe? –Thalia perguntou.

 – Sei.

Nico suspirou pesadamente e a encarou, ele parecia triste e ela pode notar um pouco de decepção no seu ego, mas preferiu ignorar e jogar-se no sofá que havia na sala enquanto ele ainda continuava de pé, a olhando. Ele nunca tinha feito aquilo: olhado realmente pra ela, deixando de lado toda a ironia, chatice e briga dos dois para poder olha-la, e então, ele decidiu fazer isso: reparar nela.

E então ele percebeu, percebeu o quanto ela era linda, como seu sorriso faria qualquer cara enlouquecer, como seu estilo punk dela era encantador, como seus traços eram bem delicados, como ela tinha boa postura e ele olhou principalmente para seus olhos e a boca.

Os olhos que sempre faz os pelos da sua nuca se arrepiarem quando estão vorazes e como são lindos quando ela está de bom humor. E havia a boca. A boca que o fez perder o sono várias vezes pensando que gosto teria aqueles lábios avermelhados, a boca que ele sempre teve desejo de ter junto a sua.

Thalia percebeu que ele olhava para ela de um jeito estranho e diferente.

– Nico?

– Ahn? – ele respondeu ainda perdido em pensamentos.

– Está tudo bem?

– Na verdade, não.

– Não? E o que te incomoda?

– Thalia, se eu te fizer uma pergunta, promete responder somente a verdade?

Ela hesitou antes de responder. Afinal, o que poderia ser?

– Eu prometo.

Os ombros dele relaxaram, caminhou até a frente do mine - sofá se agachou ao seu lado, pegou suas mãos e olhou bem no fundo de seus olhos.

– Thalia Grace – ele disse seu nome calmamente  – você sente alguma coisa por mim?

– Sim.

– E o que é?

Ela hesitou novamente. Estava tão tentada a dizer toda a verdade que lhe sufocava.

– Muitas coisas.

– Cite para mim.

Ela sentiu um medo terrível. Dizer a verdade ou não? Mas então, ela viu que se mentisse mais uma vez não iria aguentar.

– Eu odeio você, mas eu também gosto de você, e muito – ela fechou os olhos, não acreditando que estava confessando aquilo – sei que somos da mesma família, mas o que eu sinto por você é maior. Passa de um afim ou desejo do corpo e... ai como eu sou idiota de estar falan...

– Thalia.

Ela abriu os olhos e viu que ele tinha um sorriso no rosto.

– Nico! Você está zombando de mim!

– Claro que não! – ele ampliou o sorriso – Thalia, eu também gosto de você. Todas essas brigas, eu discutindo contigo, eu puxando teu saco, sempre foi só uma desculpa para ficar ao seu lado. E eu percebi que eu sou apaixonado por você, e acho você incrível: O fato de você ser marrenta, gostar de rock e sempre conseguir minha atenção com pequenas coisas só faz o meu sentimento aumentar.

E, antes mesmo que ela pudesse absorver aquilo tudo, ele inclinou o corpo e a beijou.

Ela correspondeu. Suas línguas travaram um batalha gostosa, uma se enroscando na outra. Nico deitou Thalia no sofá entre os beijos. Os dois exploravam partes desconhecidas. Ela alisava seu abdome definido enquanto ele aperta suas coxas nuas por culpa do short.

Os dois se separaram por falta de ar e ficaram se encarando. Os olhos de Nico estavam ainda mais escuros e misteriosos do que antes e os de Thalia, como de costume, eletrizante. Ele sorriu, olhando a posição em que estavam: Ele por cima dela no sofá com suas pernas enroscadas ao redor do seu abdômen. Ela também sorriu envergonhada.

Aproveitando seu momento de distração, ele lhe deu mais um beijo.

Nunca vou me cansar disso – Thalia pensou.

O gosto de menta da sua boca se misturava com o de eucalipto dela, tornando um gosto inesquecível da parte de ambos. Quando o ar faltou novamente, ele fez uma sincronia de beijos pelo seu pescoço, ouvindo os suspiros de Thalia. Às vezes optava em dar leves mordidas e chupões, a fim de deixar uma marca naquela pele branca.

– Nico...

– Hum.. – ele murmurou, ocupado em beijar o seu pescoço.

– Temos que ir.

Ele saiu delicadamente de cima dela e depositou um beijo na sua testa.

– E agora? – Ela perguntou, tentando ajeitar o cabelo.

Ele olhou para ela. Os lábios avermelhados e levemente inchados por culpa da intensidade dos beijos, os olhos brilhando, o cabelo* em um ninho de rato mais sexy que ele já viu e as marcas avermelhadas em seu pescoço.

– E agora o quê, Tha?

– Hum, como nós ficamos agora?

– Eu gosto de você, você gosta de mim... Mas, é muito cedo para tentarmos algo sério, e os outros irão achar estranho.

– Verdade. Eu vou continuar te odiando, você vai continuar sendo um idiota, mas... Nós ainda vamos ficar.

– Inimigo colorido?

Ela riu.

– Certamente, sempre quis ter um “inimigo” colorido, mas ficará só ente nós.

– Sem problemas.

Ele lhe deu um selinho e os dois saíram da sala de jogos.

Ele foi para o campo, e ela para a piscina. Fingindo que nada havia acontecido.