P.O.V Annabeth

Enquanto os três jogavam água uns nos outros, eu, ainda vestida, apenas observava.

Me aproximei da beirada e encarei meu próprio reflexo na água. “Será que é muito fundo?” Pensei  “Ai, eu deveria ter vindo.” Me afastei e sentei, com as pontas dos pés na agua, fiquei apenas observando Thalia fazendo careta enquanto Nico e Percy riam. Nenhum dos três ainda havia notado que eu não estava presente, mas como eu disse ainda, o idiota do Jackson fez questão de me chamar.

– Vamos lá Annabeth – Percy se aproximou – Por que ainda não pulou?

– Não estou com roupa de banho. – Menti.

– Mentira, depois do almoço você iria fazer sei lá o que e depois viria para a natação, por isso eu sei que você ou já está vestida ou tem alguma roupa de banho dentro da bolsa.

Infeliz.

– Não dá cara, estou nos “meus dias” – Menti de novo – Aí você sabe né...

Percy me olhou de cima a baixo com uma sobrancelha arqueada, depois colocou as mãos ao redor da boca e gritou na direção de Thalia.

– ÓH THALIA, A ANNABETH TÁ MESMO, HUM.... COMO É QUE VOCÊS DIZEM? AH, NOS SEUS DIAS? – Cara, eu ainda mato esse garoto. Thalia fez que não – Que feio Annie, pare de mentir.

– Poxa colega – revirei os olhos, fingindo estar entediada – Não dá.

Ele sussurrou baixinho

– Enjoada, chata, irritante ...

– Do que foi que você me chamou?

– Não foi você, foi uma gatinha acolá, chamei ela de princesa linda, perfeita, maravilhosa....

Coloquei o dedo próximo à língua e fingi estar vomitando. Ele riu.

– Agora é sério, vamos banhar e aproveitar que ninguém, além de nós quatro, está aqui?

– Eu... – Inventa uma desculpa Annabeth, inventa, inventa... – ...Eu...

– Você...

Respirei fundo.

– Não sei nadar.

Ele me encarou alguns segundos antes de dar uma gargalhada.

– Argh, não tem graça!

Ele se controlou.

– Desculpe.

– Quer saber, eu acho que já vou – Disse alevantando – Preciso fazer umas coisas...

Ele segurou meu tornozelo.

– Não vá, foi você quem deu a ideia.

Encarei seus olhos e me perdi naquele pequeno infinito verde. Sua boca possuía um sorriso de canto lindo, os dentes branquinhos, os lábios carnudos avermelhados, o queixo um pouco quadrado, os cabelos pretos e sedosos... Eu poderia ficar horas e horas dando detalhes e falando sobre a beleza que é o Percy (E acredite, se isso acontecer, eu provavelmente estarei drogada, bêbada ou fora de si) porém, tive que despertar e desviar o olhar.

– Tá, mas... como eu disse, eu não sei nadar.

– Eu te ensino.

– E se eu me afogar?

– Isso não vai acontecer, pois estarei ao seu lado, te segurando.

Fechei os olhos, suspirei fundo e balancei as mãos, nervosa.

– É muito fundo?

– Não.

– Então fica em pé.

Ele ficou em pé e mostrou que a agua batia um pouco acima do seu peitoral. Para mim, aquilo era fundo, pois eu era mais baixa que o Percy a água possivelmente ficaria no meu pescoço.

– Aii, eu acho que não vai dar e...

– E nada, pula logo aqui.

Afirmei com a cabeça, fui até minha mochila, caminhei até o vestiário e troquei de roupa.

Eu vestia um biquíni azul e havia optado usar um short, pois tinha uma certa vergonha em relação a tudo isso.

Sai de lá e vi Thalia e Nico conversando alegremente dentro da piscina, tinha ficado tanto tempo encarando a agua e conversando com o Percy que tinha até me esquecido dos dois.

Vendo eles ali, sem tentar matar um ao outro, era algo relativamente estranho.

Caminhei silenciosamente até a beirada, contei até três e então pulei.

Quando meus pés tocaram o chão e ai submergir eu ver que a água batia nos meus ombros, todo o meu corpo relaxou.

Thalia veio nadando até minha, que parecia um cachorrinho tentando nadar.

– Você não sabe nadar?

– Não.

Ao contrario do Percy, ela não riu, apenas balançou a cabeça positivamente.

– Quer que eu te ensine?

–Não precisa, Percy irá me ajudar e eu me inscrevi na aula de natação.

– Hummmm, Percy te ajudando, o Nakamura te dando aulas... humm...

– Você pensa em cada coisa nada haver Thalia, credo.

Ela revirou os olhos e então eu me lembrei de algo e resolvi tirar sarro.

– “Tenho algo mais importante em mãos agora” – Eu tentei ao máximo possível imitar o Nico – Só eu que tive vontade de vomitar?

Ela me deu um chute dentro d’água (N/A: isso teve lógica? ‘-‘)

– Ele só está tentando ser legal.

– Vocês ainda vão ficar juntos.

Ela arregalou os olhos.

– O quê?

– Não me venho com “O quê” –Ironizei – Eu sei que vocês se amam.

– Eu não amo ninguém, nem sei o que raios é amor – ela colocou a mão no peito, fingindo drama –Nunca vou me apaixonar, deu que me livre, ainda mais pelo Nico.

Tive a ousadia de rir.

– Tudo bem né, vamos até os meninos?

Eles estavam conversando do outro lado da piscina.

– Lá é mais fundo.

– Eu vou pela beirada.

– Tá.

Devo dizer a você, mas eu demorei cerca de oito minutos para chegar até eles.

Eu parecia uma criança de cinco anos teimosa que quer ir para o fundo, mas como não sabe nadar fica indo aos pouquinhos, empedrada na beirada da piscina, e preferia ir na beirada do que sair da piscina e dar a volta, pois é.

Quando cheguei até eles, Percy tinha os braços abertos, ponderei confiaria nele ou não, mas acabei me jogando em cima dele.

– Demorou mais chegou. – Nico sacaniou.

– Cala a boca.

Percy enlaçou seus braços ao redor da minha cintura e disse que eu deveria apenas mexer as pernas, como se estivesse andando nas nuvens.

Obedeci.

Enquanto Thalia e Nico do nada começaram a discutir, Percy apenas continuou me dando dicas básicas sobre natação. Começamos pelo que ele chamou de iniciação “pré-mirim”  acho que foi alguma piada, porque ao dizer isso, ele riu sozinho.

Estava tudo indo bem, até ele dizer:

– Aquela coisa magra horrenda ao lado daquele homem barbudo que parece o homem-da-caverna, vindo pra cá é a Sra Dodds e o Sr. D?

Segui seu olhar, a uns nove metros de distancia.

– É-é.

– Corre, corre, corre, correeeeee.

Saímos da piscina, corremos, ofegantes. Ele foi para um lado, eu para o outro.

Não sabia aonde Thalia estava nem o que estava fazendo, eu estava com frio, apenas de short, molhada, no meio do internato.

Porém, estava tudo vazio, então, corri até o dormitório, com um sorriso nos lábios, apesar de tudo, eu estava me divertindo em NY, em um internato no meio do nada. Em São Francisco, eu não era tão feliz assim, só apenas a Annabeth Chase, a certinha, a nerd. Aqui, eu poderia ser quem eu quisesse, e ao que eu estava vendo, as coisas só iriam melhorar ao meu favor.