Watch You Sleep escrita por hayato_prydz


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Muuuuitos spoilers, muitos mesmo. Nunca gostei de MurtaghxEragon, então nem sei porque escrevi, mas acho até que ficou simpático.



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Murtagh assistia Eragon dormir, inclinando-se ligeiramente contra Saphira, para que pudesse ficar mais perto, só mais um pouco.

 

A amargura de seu último argumento lançado contra ele, parecia fazer queimar os machucados provenientes de suas brigas, em sua pele fria. Por trás de todas as suas treinadas defesas, reforçava sua determinação moral, e censurava-se por estar se apaixonando, mesmo que aparentemente só um pouco, por outro homem. Isto jamais deveria acontecer.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, silenciosamente, contemplando suas emoções, como se aquilo fosse curar todas as suas feridas.

 

Os primeiros raios da manhã já começavam a se arrastar até eles, e Murtagh parou um momento para contemplar as mais diversas cores tingirem, lentamente, o horizonte. Suspirou, olhou para trás, para Eragon, e depois para a mulher elfa que eles haviam salvo. Arya, como Eragon a tinha chamado. Sua beleza era notável, muito mais do que ele gostaria. De alguma forma, suas confusas emoções encontraram forças para odiá-la. Mas porque odiá-la, se ela estava em coma? Ora, isto é fácil. Ela havia se intrometido na viagem deles, forçando-os a mudarem completamente seu rumo, expondo-os aos mais diversos perigos, apenas para que sua vida fosse salva. Bem que diziam que os elfos eram mesmo arrogantes.  

 

Murtagh assistia Eragon dormir, se perguntando o porque da opinião e vida do Cavaleiro significarem tanto para ele, e em tão pouco tempo que se conheciam.

 

Voltar para casa, – embora nunca tivesse estado nela – ele tinha sentido suas emoções ferverem mais uma vez, e as lembranças de seu pai rapidamente o tinham dominado antes que tivesse chance de as impedir. Agora, ele tocava levemente as cicatrizes que ficaram daquele dia – dentro e fora.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, tentando adivinhar o passado triste por trás daquela jovem face cansada.

 

Eragon, assim como Arya, era notável, mas de um jeito completamente diferente, ainda mais aos seus olhos. Ele era selvagem, descabelado e com um conjunto de ideais que Murtagh não conseguia entender. Jovem, e bonito de um jeito masculino. Não deveria ser assim, não mesmo. Dentre as várias coisas erradas que Murtagh já havia feito, acumular esses sentimentos por Eragon talvez fosse a mais errada delas. Totalmente fora de alcance, não só por causa de Saphira. A presença de Arya foi um duro golpe para a já pouca confiança de Murtagh com seus sentimentos em relação ao jovem Cavaleiro.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, assistia seu peito subir e descer em uma respiração ritmada, e a forma como seus lábios se abriam em um suspiro silencioso, enquanto ele continuava nos seus próprios sonhos.

 

Ele se questionou, por apenas um momento, se Eragon já o tinha assistido dormir, como ele fazia agora. Ele sabia muito bem da resposta, que se tornava mais óbvia a cada olhar de Eragon para a desacordada Arya, e de alguma forma isso o machucava, partia lentamente seu coração, em cada vez mais pedaços. Mesmo assim, em seu âmago podia sentir que ainda havia uma luzinha de esperança que ora estava acesa ora apagada. Mas ele duvidava que ela continuasse a se acender novamente a cada vez que se apagava por muito mais tempo, principalmente após a morte de Brom, mas esse era um pensamento flutuante, que fazia um calor agradável subir ao seu rosto, enquanto ele desviava o olhar por um breve instante. Mas como sempre, seu olhar se concentrava no distante nascer do sol – agora meio escondido pelas montanhas Beor -  e voltava para o jovem homem dormindo a apenas uns passos dele.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, buscando em algum canto desconhecido de si mesmo toda aquela coragem que sempre o havia acompanhado, mas que justo agora, quando precisava dela, o havia deixado. Ponderando o que sua pele sentiria ao tocá-lo.

 

Ele sabia a resposta disso, tendo ferimentos feitos por um Cavaleiro, um dia. Mas aquilo era uma lembrança distante agora, e ele se questionava se sua pele não se sentiria diferente, agora que ela estava curada. Silenciosamente, ele repreendeu aqueles seus pensamentos que deveriam apenas ser dirigidos quando se tratava de uma mulher, e relutantemente os afastou de sua mente, contentando-se em ignorar as implicações que aquilo traria.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, pensando sobre nada e tudo ao mesmo tempo.

 

Em breve, eles iriam encontrar os Varden. Murtagh já detestava aquele dia, sabendo que não poderia simplesmente largar Eragon com eles e seguir seu caminho depois disso, mesmo que isso implicasse em lesões físicas ou até mesmo em sua morte. Em breve, Eragon iria se tornar algo que ele não estava preparado para ser – ele se tornaria um ícone de guerra para os Varden, um inimigo completo e absoluto do Império. Ele se tornaria O Cavaleiro.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, desejando que ele pudesse dar para outros jovens tudo que ele precisaria no futuro, mesmo que ele não soubesse o que essas coisas eram.

 

Perguntava-se, muito à toa, o que aconteceria se ele se inclinasse e tocasse Eragon. O outro homem iria acordar? Ou talvez Saphira o faria? Levou um instante até que ele percebesse que seria muito mais desconfortável se Eragon acordasse com o rugido de seu belo dragão azul, o que implicaria em uma rápida explicação de sua proximidade. Pegou-se imaginando nas mais variadas e absurdas desculpas para dar a Saphira e a um sonolento Eragon, mas nenhuma delas parecia ser convincente o bastante para que valesse a pena tentar fazê-lo. Seria no mínimo, uma situação embaraçosa para os três.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, lembrando-se de quantas noites passara observando-o nos últimos tempo, receoso de que ele acordasse subitamente, de um pesadelo talvez, e o pegasse ali, olhando diretamente para ele. Murtagh, talvez pudesse dizer que já estava ficando com prática naquilo, a cada vez mais atento caso ele acordasse.

 

Seria uma coisa completamente diferente do que ser pego olhando-o enquanto ambos estavam acordados – o que aconteceu uma vez, e Eragon havia rido quando ele perguntou o que era – mas seria uma coisa completamente diferente do que ser pego o olhando assim que o jovem homem acordasse, ainda mais se soubesse que Murtagh havia gasto boa parte da noite fazendo aquilo, e por muito mais de uma vez. Murtagh imaginou que não haveria riso algum, mas talvez uma calma excessiva, perguntas de um sonolento Eragon, ainda deitado – o que o encorajaria ainda mais a continuar olhando.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, sentindo que ele poderia abrir os olhos a qualquer instante, o que não lhe daria chance de disfarçar para onde olhava. Entristecendo-se ao pensar que quando chegassem até os Varden aquilo tudo acabaria, ainda procurando arduamente a coragem de tocá-lo, de sentir seu corpo contra o dele e talvez, até algo a mais. Repreendia-se, odiava-se por pensar esse tipo de coisa, era impróprio. Tentava afastar esse tipo de pensamento de sua cabeça, mas a cada vez era mais difícil, já que a intensidade do que sentia por Eragon e seus pensamentos pelo mesmo, aumentavam num ritmo acelerado, mais rápido do que deveria ser.

 

Se eu fosse sábio, pensou consigo mesmo, mudando a sua posição sob chão duro, Eu o acordaria agora mesmo e diria que estava saindo para caçar e ele nunca saberia, ou deitaria e fingiria que ainda estava dormindo, como fiz várias vezes. Mas se eu não fizer isso, e ele acordar enquanto eu ainda estiver sentado aqui, vou ter que explicar porque estou olhando para ele.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, enquanto esse mesmo começava a se remexer, com o sono já leve. Havia pouco tempo para que ele acordasse. Pouco tempo para Murtagh decidir o que fazer.

 

 

Se eu fosse sábio, alguma parte dele censurou-o, com uma raiva crescente, então eu não estaria olhando-o há tanto tempo e pensando o que eu penso. Mas eu não sou um sábio. Sou um tolo.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, então lentamente, lentamente, aproximava uma de suas mãos do outro rapaz, puxando-a de volta quando ele soltou um pequeno e quase inaudível gemido.

 

Longos cílios vibravam contra as suas maçãs do rosto levemente queimadas do sol – eles estavam começando a se tornar bastante bronzeados – e então pararam mais uma vez.

 

Murtagh assistia Eragon dormir, finalmente encontrando sua coragem, ou ao menos uma pequena parte dela.

 

Eragon fez um movimento diferente, o som de um suave suspiro enquanto Murtagh estava cautelosamente ia aproximando seus dedos calejados das bochechas avermelhadas de Eragon, descendo seus dedos ao longo de seu queixo, quase sem tocá-lo, explorando todo o lado de seu pescoço, antes dele se juntar ao resto de seu corpo quente. Um som de leve descontentamento deixou o Cavaleiro, e Murtagh repetiu o movimento, sorrindo para si mesmo, tristemente, com a coragem que sentia começar a aumentar. Repentinamente se curvou e calou os protestos cada vez mais fortes de um muito sonolento Eragon.

 

Murtagh assistiu Eragon acordar, perplexo, relutantemente o empurrando para longe de si.

 

Para quem queria evitar questionamentos e situações embaraçosas acerca de suas ações, Murtagh arrumou um motivo que geraria muitas, mas muitas mesmo delas. Mas mesmo assim não pôde deixar de sorrir interiormente ao pensar nessa possibilidade, vendo um Eragon sem reação bem perto dele. E ali começava um longo dia repleto das mais variadas explicações e constrangimentos.

 


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Notas finais do capítulo

Mandem reviews por eu ter tentado, por favor.



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