Shiori, Nova e Rin corriam pela floresta, na direção da torre. Ainda faltavam 3 dias para o fim da segunda fase do Chuunin Shiken, mas eles imaginaram que ficariam mais seguros se estivessem próximo ao ponto final da prova, longe de qualquer confronto.

Nova liderava os três, com um expressão de concentração. De repente, ele tropeçou em algo invisível, caindo da árvore e chocando as costas no chão com força.

—Nova! – Shiori gritou, pulando da árvore e o auxiliando.

—Nova, você está bem, cara? – Rin perguntou de cima da árvore.

—S-Sim... – Nova olhou para a árvore de onde havia caído. – Eu tropecei em algo.

—Uh? – Rin olhou para a árvore, vendo o galho liso de onde Nova havia caído. – Mas não há onde tropeçar naquele galho.

—Eu sei! – Nova disse irritado. – Apareça Debito! Isso não teve graça!

—Hã? – Rin ficou confuso, mas se assustou quando uma gargalhada se espalhou pela floresta.

—Então você percebeu minha presença, Nova? – Um homem de repente apareceu no galho de onde Nova havia caído. Ele tinha cabelos cinza puxados para trás e um tapa-olho cobria seu olho direito. – Parece que você anda evoluindo...

—O que você quer? – Nova rosnou, ignorando os comentários do outro. - Se quer nosso pergaminho, desista. Eu não irei entrega-lo.

—Relaxa, baixinho! – Debito cantarolou. – Já estamos com os dois pergaminhos, não precisamos do seu. Como esperado do clã Arcana...

Dois homens pularam para fora de seus esconderijos na árvore. Um deles tinha os cabelos castanhos e usava óculos de armação fina. O outro tinha os cabelos negros, olhos púrpura que chamavam atenção e tinha um chapéu na cabeça. Shiori o reconhecia.

—Luca? – Ela arregalou os olhos, olhando o moreno que também parecia confuso.

—Shiori-chan? – Luca pulou da árvore e correu até a garota, pegando ambas suas mãos e a rodando. – Então você está bem mesmo! – Ele sorriu.

—Nunca imaginei encontra-lo aqui. – Shiori estava feliz, mas também um pouco surpreendida demais com o reencontro com o garoto. – Como vai Mondo-sama?

—Espera aí! – Nova se intrometeu. – Você conhece meu tio Mondo? Como?

—Ah, longa história... – Shiori corou e coçou a nuca.

—Como conseguiram completar a prova tão rapidamente? – O garoto de cabelos castanhos perguntou.

—Derrotamos o Time da Felicita e pegamos o pergaminho que nos faltava. – Nova respondeu normalmente e Luca fez uma careta.

—O Time da Ojo-sama? – Luca atacou Nova, o segurando pelos ombros e assustando a todos. – Ela está bem, não está?

—Sim, está. – Nova empurrou o garoto para longe de si. – Nós não tocamos nela. Na verdade, ela que quase matou Shiori-chan e a garota do Time 7, e matou um garoto do Time 1.

—Tsc... – Debito pulou da arvore se aproximando. – O que Jolly fez à Bambina...

Luca abaixou o olhar e suspirou, ressentido. Shiori percebeu a mudança de humor de Luca, mas não comentou nada.

—Como vocês conseguiram terminar a prova tão rápido? – Nova mudou de assunto. – Você sabe, nós não fomos os únicos à terminar precocemente.

—Debito foi de muita serventia. – O garoto de cabelos castanhos disse.

—Pace, não fale de mim como se eu fosse um empregado! – Debito disse com um sorriso sínico no rosto.

De repente, Debito desapareceu e o Time 9 se sobressaltou, assustados com o que tinham acabado de ver. Pessoas não desapareciam simplesmente.

Algo duro encostou na testa de Shiori e meio segundo depois Debito reapareceu, segurando uma pistola contra a testa da garota. Ela arfou assustada e ele riu.

—Não é legal? – Ele tinha um sorriso maníaco nos lábios. – Os babacas perderam seus pergaminhos e nem se deram conta!

—Você não deveria usar seu poder assim. – Nova advertiu, preocupado com Shiori. Debito não era a pessoa mais confiável no mundo.

—E fazer como você? – Ele olhou para o garoto. – Aposto que você não colocou ninguém pra dormir desde que entrou nessa floresta, certo? Isso é entediante...

—Abaixe a arma, Debito! – Nova disse, mudando de assunto e Shiori o olhou confusa, tentando entender sobre o que Debito falava.

—Logo agora que eu comecei a me divertir? – Ele pegou uma mecha do cabelo negro de Shiori e levou até seu nariz, aspirando o aroma dos fios e fazendo Shiori estremecer de raiva. – Você é um estraga-prazeres, sabia, baixinho?

—Ele disse para você abaixar a arma, cara! – Rin havia chegado ao lado dos dois e tinha uma expressão nada boa no rosto.

—Está tudo bem, Rin. – Shiori levantou uma mão, com a expressão mais sóbria que ela conseguia fazer apesar da raiva que sentia.

—Você ouviu, garoto! – Debito empurrou Rin com sua mão livre. – Ela mesma disse que está tudo bem. Parece que é inteligente.

—Você não sabe o quanto... – A voz de Shiori soou no ouvido de Debito e ela enrolou um braço ao redor de seu pescoço, apontando uma kunai para seu pomo de Adão.

—O que... – Ele olhou para Shiori a sua frente e logo a imagem da garota explodiu em fumaça, dando origem à um tronco. – Quando você...

—Nunca tire o olhar do seu adversário. – Shiori sussurrou no ouvido de Debito, fazendo o homem arregalar os olhos, vendo o feitiço se voltar contra o feiticeiro. – Quando você estava provocando Nova sobre não ter “colocado ninguém pra dormir”, eu usei o Kawarimi no Jutsu e me escondi. – Shiori riu. – Teria sido mais difícil se você não estivesse tão distraído.

Debito fez alguns sons sem sentido e depois riu, surpreendendo Shiori. Ele segurou a kunai com firmeza e a afastou de seu pescoço, se virando para a garota que parecia sem reação.

—Você me pegou! – Ele sorriu para ela. – Certo, confesso que fui rendido por uma garota, mas me digam qual o melhor motivo para se render? Você também poderia se render à mim, il mio piccolo gioiello nero...— Debito levantou uma mecha do cabelo de Shiori com o cabo da pistola, fazendo a garota apertar os dentes juntos de ódio.

Ela, num movimento rápido, deu uma tapa no pulso de Debito, fazendo a pistola voar a alguns metros. O homem observou boquiaberto, a arma rodopiar no ar e depois quicar no chão.

—Guarde esses seus pensamentos sujos para si mesmo! – Shiori rosnou. – Eu não fui com sua cara e não tenho nenhum motivo para aturar isso. – Shiori deu às costas, caminhando na direção das arvores, mas parando no meio do caminho. – E agradeça por aquela tapa não ter sido na sua cara!

E com isso ela sumiu entre as arvores, deixando todos perplexos.

—Você realmente conseguiu irrita-la. – Rin acusou Debito, que apenas meneou a cabeça. – Eu vou encontra-la.

—Não! – A voz de Luca o parou assim que ele deu o primeiro passo. – Deixe que eu vou. Tenho muito a conversar com Shiori-chan.

—Se você diz... – Rin meneou a cabeça. – Mas não a deixe fazer selos, ou você estará perdido.

—Não acho que ela irá despejar sua raiva em mim. – Luca piscou e olhou para Rin um pouco confuso. – Não vai, não é?

—É com você e a sorte. – Rin disse debochado e Luca engoliu em seco, dando as costas e seguindo na mesma direção que Shiori tinha seguido.

Não demorou muito para Luca encontrar Shiori encostada a uma arvore, brincando com seu pequeno dragão negro. Ela jogava uma kunai no ar e o dragão pulava para pega-la, a devolvendo depois.

—Você não deveria levar as coisas que Debito diz tão à sério. – Luca disse se aproximando e Shiori não pareceu se surpreender com a presença do outro. – Ele é um pervertido sem limites, mas depois que você o conhecer vai acha-lo até legal.

Shiori riu mais dela mesma do que do comentário de Luca.

—Debito foi mais como um catalizador. – Ela deu de ombros. – Toda a responsabilidade que esse exame coloca nas nossas costas... Isso é demais para mim. Eu sempre estou preocupada comigo mesma, com meus companheiros de Time, com Ryuu... Isso não sai da minha cabeça. E acabei despejando todo meu estresse em cima de Debito.

—Não se preocupe tanto com isso, ou você irá enlouquecer. – Luca avisou, levando uma mão até o ombro da garota.

Shiori observou o outro por um momento, surpreendida. Não que ela achasse que Luca não se importasse com ela, mas não sabia que ele estaria com ela em qualquer momento, mesmo o mais próximo da insanidade.

—Obrigada, Luca! – Shiori sussurrou, fazendo o moreno piscar confuso. Ele então sorriu, a fazendo sorrir também.

Parece que naquela terra de insanidade, havia um pouco de simpatia.