–Hisashi está demorando demais. – Takashi reclamou andando de um lado para o outro.

Já faziam quase cinco minutos que o garoto havia ido no banheiro e ainda não tinha voltado e isso estava mexendo com os nervos de Takashi.

–Deixe-o em paz! – Rei disse, limpando as unhas e Takashi a encarou enraivecido. A garota percebeu o olhar do outro e suspirou, se pondo de pé. – Tudo bem, eu vou verificar se ele está bem.

A garota deu a volta na arvore, não encontrando o outro, mas sim marcas no chão, como se algo tivesse sido arrastado.

–Takashi, venha aqui. – Rei chamou o garoto, que a seguiu contrariado.

–O que foi? – Ele perguntou emburrado.

–Eu não estou achando o Hisashi. – Ela respondeu preocupada e o outro se alarmou.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, mas foi o bastante para ouvir um chorinho conhecido.

–Hisa... – Rei não pode terminar sua sentença, pois Takashi tapou sua boca.

Ele arrastou a garota até onde vinha o som e se esconderam atrás de uma arvore, espreitando o que acontecia.

Mais afrente, Hisashi era erguido pelos cabelos por Jolly, que o segurava com uma mão e segurava suas mãos com a outra. Enquanto isso, Felicita vasculhava as roupas do garoto.

–Onde está o seu pergaminho? – Ela perguntou autoritária. – Vamos! Diga!

–N-Não está comigo... – O garoto gemeu e recebeu uma tapa forte no rosto, o fazendo chorar com mais força.

–Seu covarde! – Ela gritou dando outra tapa no rosto do menino. – Sua mãe não lhe ensinou a nunca chorar na frente de uma mulher?!

Hisashi não respondeu, apenas chorou, pensando em Rei e Takashi e pedindo para que eles não o fossem procurar. Aqueles três eram muito fortes e seus companheiros de Time não teriam força suficiente para derrota-los.

Felicita abriu a bolsa de armas do garoto, afastando as kunais e shurikens e encontrando o pergaminho da Terra que o garoto carregava. Ela fez uma careta de desgosto e jogou o pergaminho para Liberta, que apenas assistia a cena um pouco apreensivo.

–Você é um imprestável mesmo! – A garota dessa vez socou o olho do garoto, que perdeu a consciência por um segundo. – Pergaminho da Terra? Eu quero um do Céu!

–Por que não devolve isso à ele e apenas continuamos procurando? – Liberta ofereceu.

–Por que agora ele sabe que nosso pergaminho também é da Terra. – Felicita respondeu tirando uma kunai de sua bolsa de armas. – Não podemos dar essa brecha.

–Ele seria nosso aliado. – O garoto respondeu e Jolly riu.

–Não seja ingênuo, criança! – Ele disse sorrindo maliciosamente e Liberta arqueou uma sobrancelha para o homem. – Se o deixarmos ir e ele perder esse pergaminho, obviamente ele e o Time dele tentarão recuperar o pergaminho e claro, qualquer Time será uma oportunidade, não importando se for do Céu ou da Terra. Logo, nós estaríamos nos arriscando se o deixarmos ir.

Liberta bufou contrariado e quebrou o contato visual com o homem. Ele não gostava de Jolly e não se esforçava para mudar esse sentimento. E parece que Felicita não estava muito atrás em sua lista.

–Como é seu nome e qual o seu Time? – Felicita perguntou, olhando firmemente nos olhos de Hisashi, o dando esperança de que talvez, apenas talvez, ela o deixaria ir embora.

–Igou Hisashi... – O garoto gaguejou. - ... do Time 1.

–Bom, Igou Hisashi, - Felicita abriu um sorriso que parecia sincero, mas ela não conseguia esconder a crueldade em seu olhar. – descanse em paz!

Em um movimento rápido, ela cruzou a garganta de Hisashi com a kunai, fazendo um jorro de sangue descer pelo pescoço do garoto e manchar suas roupas. Jolly soltou o corpo de Hisashi, que continuou se debatendo fracamente por alguns segundos.

Depois disso, tudo o que se pode ouvir na floresta foi o grito desesperado de Rei.

***

Yukio, Amaimon e Kirigakure Shura andavam na floresta quando ouviram um grito feminino.

–O que foi isso? – Yukio se alarmou, pensando em Shiori.

–Deve ser alguém morrendo, irmão. – Amaimon disse simplesmente, mordendo a unha comprida e negra do polegar. Amaimon era um cara extravagante que tinha os cabelos verdes e orelhas compridas.

–Shiori-chan... – Yukio disse antes de sair correndo na direção que o grito veio.

–Yukio, espere! – Shura gritou, antes de sair correndo atrás do outro. – Demônio idiota!

Shura era uma espadachim de cabelos vermelhos e amarelos e roupas curtas. Ela era misteriosa, assim como todos os outros naquele exame, e não falava com ninguém sem o xingar pelo menos uma vez.

Yukio, Shura e Amaimon seguiram para onde o grito tinha vindo e quando chegaram lá, encontraram o corpo de Hisashi jogado no chão e Takashi e Rei encurralados por Felicita, Jolly e Liberta.

–Hey! – Yukio os chamou e os três se viraram. – Posso saber o que está acontecendo aqui?

–Na verdade, não. – Felicita respondeu com um sorriso cruel. – Agora podem ir embora, por favor? Estamos tentando terminar um serviço.

–Você tem que ter um bom motivo para matar uma pessoa. – Yukio respondeu, sacando uma pistola e apontando na direção de Felicita. – Conseguir um pergaminho não é um bom motivo.

–Um ninja usando uma arma de fogo? – Felicita se surpreendeu, mas não demonstrou medo. Ela realmente não estava com medo. – Isso é surpreendente, mas não vai funcionar comigo.

Felicita rapidamente atirou uma kunai na direção de Yukio. A kunai se cravou sem sua mão, o obrigando a soltar a arma. Com a dor, ele caiu no chão. Felicita jogou uma corrente que tinha conseguido em sua bolsa de armas, na direção de Yukio, o amarrando completamente e depois subindo uma arvore, arrastando o garoto até lá e o pendurando de cabeça para baixo.

–Yukio! – Shura gritou, mal percebendo os movimentos rápidos de Felicita. – Maldita! Eu vou acabar com você!

Shura rapidamente colocou a mão sobre o peito e, incrivelmente, sua mão entrou em seu peito alguns centímetros. Felicita deixou o queixo cair em surpresa.

–Shichi -Ri no Hime O Musabori, Hebi Wa Korosu! – Shura disse decidida e logo depois, puxou sua mão novamente e uma katana veio junto. – Conheça a Kusanagi-no-Tsurugi!

Ela apontou a katana na direção de Felicita, esperando que a outra garota quem começasse a luta.

–Você acha que um truque barato desses irá me assustar? – A garota disse com desdém e tirou duas kunais especiais de sua bolsa de armas. – Pode vir!

Shura tomou um fôlego antes de atacar a outra garota com toda a fúria que tinha dentro de si.

***

Shiori, Rin, Nova e Ryuu andavam pela floresta, em busca de alguém para conseguir o pergaminho da Terra.

–Isso é tão cansativo. – Rin reclamou. – Parece que não vamos conseguir esse pergaminho nunca.

–Tenha paciência! – Shiori pediu. – Ainda temos 5 dias para fazer isso. Muita coisa acontece em 5 dias.

De repente, um grito feminino ecoou pela floresta e eles pararam imediatamente.

–O que foi isso? – Rin olhou ao redor, mesmo sabendo que o grito tinha vindo de longe.

–Parece ter vindo de longe. – Shiori concluiu.

–Podíamos ir até lá para vermos o que está acontecendo. – Rin propôs.

–É melhor não. – Nova se opôs quase que imediatamente, com a voz falha. – O melhor que temos que fazer é seguir como o combinado. Conseguir um pergaminho, ir para a torre e sobreviver. Seria muito imprudente de nossa parte nos meter nos assuntos dos outros.

–Mas isso pode ter algo a ver com meu irmão! – Rin insistiu, ficando um pouco irritado. – Havia uma garota no Time do Yukio, lembram? Ela estava sentada ao seu lado na primeira fase, Nova! – Ele pegou os ombros do garoto e o sacudiu rapidamente antes de soltado. – Se vocês não forem comigo, eu vou sozinho! Depois nos encontramos novamente.

–Calma Rin! – Shiori pôs a mão no ombro do garoto. – Nós vamos até lá, mas ficaremos escondidos. Se não tiver nada a ver com o Yukio, voltamos para nossos assuntos.

–Certo! – Rin sorriu assentindo com força. – Obrigada, Shiori-chan!

Shiori apenas assentiu, seguindo na direção do grito e sendo seguida por Rin e Nova a um passo de distancia. Nova estava contrariado por não ter sido levado à sério, mas agora entendia o desespero de Rin, quando pensou na possibilidade daquele grito ser de Felicita. Na verdade, agora ele começava a entrar em pânico também.

Em menos de cinco minutos, eles chegaram ao local de onde viera o grito e, assim que sentiram o chakra de algumas pessoas e o som de metal se chocando, eles se esconderam em um arbusto, espreitando como podiam para ver o que acontecia do outro lado.

Eles puderam ver Shura e Felicita lutando, Amaimon empoleirado no galho de uma arvore, apenas observando a luta das garotas enquanto mordia a unha do polegar freneticamente, o corpo de Hisashi jogado no chão em uma poça de sangue, Takashi e Rei acuados em um canto parecendo estar em estado de choque, Jolly e Liberta em um canto e Yukio pendurado de cabeça para baixo.

–Yukio! – Rin gritou, pulando para fora da proteção do arbusto.

–Rin, não! – Shiori gritou ainda se esgueirando para segurar o garoto, mas ele foi mais rápido.

Rin correu na direção da arvore onde Yukio estava pendurado, completamente amarrado por correntes de aço. Sangue pingava eventualmente de sua mão machucada e aquilo só fez Rin se desesperar ainda mais e correr ainda mais rápido, mas foi parado por Liberta, que já tinha uma espada em mãos.

–Onde pensa que vai, garoto? – Liberta perguntou com um sorriso cruel. – Eu não vou deixar você acabar com nossa diversão.

Rin olhou para Yukio e depois para o corpo de Hisashi, ainda com os olhos mortos abertos, banhado pelo próprio sangue. Rin sentiu a fúria tomar conta de si, mas respirou fundo, tentando manter o controle. Se ele se descontrolasse ali, poderia ser o fim de todos.

–Você é um desgraçado! – Rin rosnou. – Vocês todos!

–Saque sua espada e nós podemos resolver esse problema de igual para igual. – Liberta provocou e Rin segurou a empunhadura de sua katana, tentado a atender ao pedido do outro, mas sabia que as coisas não eram tão simples.

–Rin, não! – Yukio gritou. – Fuja! Não vale a pena lutar por mim.

–O que você está dizendo, Yukio? – Rin gritou de volta, enraivecido. – Eu não vou abandonar você!

–Rin, não! – Yukio repetiu, agora entrando em pânico. – Ouça o que eu digo! Fuja com Shiori-chan e termine esse exame! Viva por mim, irmão!

–Como espera que eu viva sabendo que abandonei meu irmão mais novo para terminar um exame estúpido como esse? – Rin disse tomado pela raiva, encarando o chão. – Como espera que eu seja um ninja se eu fugir de uma batalha? – Ele levantou a cabeça e encarou Yukio. – Hein, Yukio?! Como pode me pedir isso?

Rapidamente, o punho de Liberta acertou o rosto de Rin, o jogando no chão. Rin cuspiu sangue de sua bochecha cortada com o impacto e tentou se levantar, mas sua visão ficou turva e ele caiu no chão novamente, batendo o rosto com força.

–O que? – Liberta riu. – Já está caído com um soquinho desse? Pensei que por ser o mais velho, você seria pelo menos um pouquinho mais forte que seu irmão, mas parece que vocês dois são dois fracotes. – Ele gargalhou. – Lixos como vocês não deveriam ser chamados de shinobis!

–Ok, já chega! – Shiori sussurrou por trás do arbusto e sacou uma de suas katanas.

Ela foi pular para fora da proteção do arbusto, mas sentiu uma mão segurar seu braço.

–O combinado era que ficássemos escondidos. – Nova disse segurando Shiori firmemente.

–O combinado era que não nos intrometeríamos se não fosse algo sobre Yukio. – Shiori respondeu séria. – Yukio está lá e Rin também, e eu não vou ficar de braços cruzados vendo os dois sofrendo.

–Mas o plano...

–Foda-se o plano! – Shiori interrompeu Nova com um rosnado, puxando seu braço de volta. – Cuide do Rin. Eu vou dar um jeito nesse cara.

Shiori pulou para fora do arbusto pronta para atacar Liberta e praticamente voou até lá, pulando sobre o garoto que ficou sem reação.

Ela abaixou sua katana para atingir Liberta...