Epílogo

50 anos depois...

POV Edward

Bufei contrariado, tio Emm era um idiota.

– Quer que os humanos descubram sobre nós seu animal! - briguei fazendo-o revirar seus olhos.

– Mais respeito com o seu tio. - exigiu, porém o sorriso despreocupado continuava em seus lábios enquanto bagunçava meus cabelos como se eu fosse um garotinho de cinco anos.

Desvencilhei-me de sua mão e corri para o outro lado da quadra para ajudar o meu time a ganhar o bendito jogo recreativo que o professor de educação física havia nos feito jogar. O humano não sabia que nós vampiros e híbridos costumávamos ser extremamente competitivos.

– Se acalme Ed, é só um jogo. - disse Jasper com um sorriso divertido.

Mandei-lhe um olhar enviesado, pois ele tão ou mais competitivo do que eu. Jasper apenas sorriu fazendo negativo com a cabeça. Bufei contrariado e seguimos jogando, desta vez meu cunhado ajudou-me a dar uns tocos em meu tio. Sim, exatamente, meu cunhado. Eu ainda não encarava muito bem essa história de Alice namorando, mesmo que o namoro já durasse mais de quatro anos e o antigo sentinela ultimamente vinha ensaiando em sua mente um pedido de casamento.

Não me leve a mal, eu gosto de Jasper, mas não para namorar minha irmãzinha. Achei muito nobre ele ter esperado estar completamente controlado em sua nova dieta para enfim se juntar a nossa família, mas nunca imaginei que ele entraria pela porta da frente e de mãos dadas com Licinha que em 45 anos tornou-se uma linda mulher.

Pela mente dela eu via um encontro completamente, fofo, segundo Bella, no qual ele adentrou um pequeno restaurante onde ela o esperava impaciente. Foi inevitável que o sentimento aparecesse entre eles. Ok eu admito que os dois estavam destinados a ficar juntos, mas hey! Ela é minha irmã e eu tenho o direito de não gostar dessa história de namoro.

– Vamos? - perguntou-me Bella com um sorriso divertido nos lábios.

Bufei passando a mão sobre os meus cabelos e caminhando do vestiário até ela que me aguardava pacientemente encostada à parede. Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei sua cicatriz para em seguida beijar-lhe a boca.

– Sabe que Emm gosta de te provocar, pare de se importar. - disse suavemente.

Não pude evitar emburrar fazendo-a rir e beijar minha bochecha me puxando para o refeitório. Seguimos tranquilamente pelos corredores vazios, ao que parece acabei demorando tempo demais no chuveiro.

Londres era um lugar bom de se viver, e a escola que estamos estudando era interessante. Os dramas adolescentes eram um pouco diferentes dos dramas adolescentes americanos. Os londrinos não pareciam tão preocupados em popularidade e aproveitavam um pouco mais a vida. Isso não quer dizer que não fossemos assunto principal na escola. Afinal a beleza vampiresca e singular de tia Rose, tio Emm e Jazz chamavam bastante atenção. Os três não conseguiam se misturar tão bem quanto eu Bella e Alice.

Então não era difícil escutarmos fofocas sobre todos nós. Principalmente depois de minha esposa revelar sua cicatriz. Foi acidental, Alice sempre maquiava as garotas antes de virmos para a escola, escondendo dos humanos a cicatriz em seu rosto. Não quer tivéssemos quaisquer problemas em olhar para o lindo rosto de Bella, mas alguns anos atrás o diretor de uma escola nos criou problemas alegando maus tratos vindos dos meus pais. Desde então tomávamos cuidado para não mostrar as marcas feitas pelos Volturi.

Contudo no terceiro dia de aula um garoto acionou o alarme de incêndio e todos os que estavam na escola tomaram um banho. As maquiagens escorreram e a cicatriz de Bella ficou visível para a garota mais escandalosa da escola.

– OH MEU DEUS! O que é isso no seu rosto?! – logo todos viravam para a minha estrangeira e a olhavam com um misto de terror e asco.

Bella nunca ligou para o que os outros pensavam dela, mas aquele dia eu a observei se encolher em humilhação. Imediatamente eu a abracei por traz e beijei sua cicatriz.

– Foi um ataque de urso em nossa antiga cidade. – disse simplesmente e a tirei do meio de todos.

Nunca mais tocamos no assunto e Bella recusou-se a ser maquiada por Alice para ir para a escola.

– Em que planeta você está hoje Edward? – perguntou tio Emm me jogando uma bolinha de guardanapo no rosto me trazendo de volta para o refeitório lotado de adolescentes barulhentos.

Fiz uma careta dando de ombros.

– Estou apenas nostálgico.

Ele iria fazer uma piada, de mal gosto, com certeza, mas tia Rose mandou-lhe um olhar gélido fazendo-o se calar.

Jasper riu passando o braço pelos ombros de minha irmã. Fechei a cara. Alice revirou seus olhos e me encarou brava. Ela não gostava da minha implicância com o seu namoro e gostava menos ainda por não prever quando essa implicância iria terminar.

Alice não crescera muito, parou com um metro e cinquenta e cinco, aos dezessete anos cortou os longos cabelos os deixando na altura das orelhas. Repicou-o fazendo com que as pontas ficassem apontando para todos os lados. Ela assumiu sua aparência de fada e confesso que após o choque de seus longos cabelos terem sumido eu a adorei daquele jeito.

Seus poderes também evoluíram e continuavam a evoluir. Agora ela podia controlar suas visões, focando em pessoas e datas. Era irritante.

– Aposto que ele está pensando na comemoração de hoje à noite. Cinquenta anos de casamento não é para qualquer um. – tia Rose disse docemente.

O sorriso imediatamente espalhou-se pelo meu rosto e eu voltei meu olhar para minha estrangeira que tinha o sorriso largo assim como o meu. Ignoramos as brincadeiras de nossa família e focamos em nossa programação de um jantar romântico em um dos melhores restaurantes de Londres e depois pegaríamos um jatinho direto para o Brasil, ficaríamos na ilha que papai comprou para mamãe e aproveitaríamos uma nova lua de mel durante todo o período de recesso escolar.

– Se não quiserem perder a reserva no restaurante é melhor irmos logo!

– Fadinha, a reserva é só para a noite, mal passamos a hora do almoço.

– Sem essa Bellinha, eu ainda tenho que te ajeitar!

Minha estrangeira fez uma careta. Ela sabia que não conseguiria fugir de minha irmã. Alice era uma força da natureza. Totalmente incontrolável.

Passava das oito da noite quando terminamos de nos despedir de nossa família e seguimos para o carro. Acelerei nas ruas de Londres e estacionei perto do restaurante. Andamos calmamente em direção ao estabelecimento. Ríamos despreocupados falando bobagens e planejando nossa viagem. Minha felicidade mal cabia dentro de mim.

Um vento gelado soprou fazendo-a agarrar-se em meu braço. Olhei-a divertido e nesse momento algo tapou meu rosto.

Bella soltou uma gargalhada gostosa enquanto eu tirava o jornal do meu rosto. Bufei olhando para a folha, foi então que uma memória veio a minha mente. A memória da visão de Alice há tanto tempo atrás. A visão que dizia claramente que eu e minha estrangeira ficaríamos juntos.

Sorri guardando o jornal no bolso.

– Porque vai guardar esse jornal velho?

– Para que sempre que eu olhá-lo eu possa lembrar que fomos destinados um ao outro muito antes de sequer nós notarmos isso.

Ela sorriu docemente e encostou seu rosto em meu peito. Eu não podia querer um futuro melhor.