O Grasnar Do Corvo escrita por Chibi Lord


Capítulo 1
...


Notas iniciais do capítulo

Culpem a Miyuki ki, ela está escrevendo uma one que ta me deixando em cólicas de ansiedade, por isso escrevi está.
Sem mais comentarios.
Boa leitura



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O que era o completo breu, o nada, o que lhe era antes a inconsciência, assumia agora a forma de um vasto campo verdejante, um campo de grama vistosa e gordas gotas de orvalho em suas extremidades, o pijama comprido de sempre era substituído por um conjunto de camisa e calção que lembravam as roupas de um marinheiro, detalhes azuis e vermelhos compunham a vestimenta branca.

Afundou o delicado e pequenino pé no manto verde, sentindo o frescor do solo, o sol brilhava gracioso e majestoso no céu tingindo o azul infinito com raios calorosos e alaranjados, usou as mãos em punhos para esfregar os olhos, visualizou mesmo que precariamente ao longe vultos indefinidos, identificou sons igualmente inlegíveis, lhe pareciam risadas alegres...

Caminhou sem pressa acariciando as folhagem que mais se elevavam do solo tendo as palmas das mãos levemente molhadas, mesmo que ainda não fosse realmente capaz de identificar ele sabia, tinha a certeza que os vultos e as vozes alegres eram daqueles que mais o amavam, não via por assim dizer, mas no seu intimo sabia, era sua família.

Seus pais sentados confortavelmente em uma mesa posta com requinte para o chá das cinco, sua tia acompanhando-os e seu cachorro, o único amigo que já tivera, correndo alegre, tentando mesmo que inutilmente capturar borboletas que se alimentavam do néctar doce das flores do jardim, que sabia ser um dos maiores amores de sua mãe, é essa, ah essa sorria, feliz e linda, os olhos nem ao menos se abriam diante de um sorriso tão amplo.

Sorriu, estava em casa.

Os sons indefinidos agora formavam o seu nome, o convidavam, o chamavam para que a eles se juntassem, apertou o passo caminhando com rapidez esperando alcançar o seu lugar, mas por mais que suas pequenas pernas se movem-se com agilidade não os alcançava, correu e correu e já sentia certo cansaço, correu e ofegou.

Ainda estavam lá, todos ainda o esperavam e o chamavam, mas ele simplesmente não conseguia chegar.

O sol brilhava quase o cegando a grama molhada dificultava a movimentação dos pés, mas ainda se movia, corria...

O breu ganhou novamente o dom da atuação, caiu em um buraco escuro, caindo gritou, um poço sem fim o tragava, brandava a seus ouvidos sons distintos, gritos de agonia e múrmuros de dor, sussurros de palavras que não saberia pronunciar, lamurias, sentia na garganta o gosto ruim que o cheiro de morte deixava, um cheiro pútrido, a queda não cessava, gritava tão alto que a garganta secava, era infinito um labirinto em queda livre, o desconhecido lhe brindava.

Agora já não mais caia, afundava.

O céu límpido era coberto por um manto obscuro e frio, o astro-rei que antes lhe sorria tinha dado lugar a lua, grande e amarela, um amarelo-fosco e que irradiava a todo o lugar, seja qual lugar foste este, uma luz, uma claridade sombria que mostrava as formas sem lhe dar a informação total, encoberto por sombras, afundava em lama, se movia frenético mas o chão lhe prendia? Não, ervas daninhas se incumbiam de mantê-lo atrelado a sua prisão de barro, as plantas antes tão inofensivas, agora se prendiam em sua pele, a arranhavam e a marcavam os espinhos cravavam na tês outrora macia e límpida, prendiam-se nas pernas e nos braços o mantendo de corpo inteiro afundado na mistura de barro e fedor, a cada vez mais era encoberto, gritou, chorou e implorou e quando percebeu que nada divino interferiria por si, pediu por aquele ou aquilo que estivesse disposto a conceder ajuda.

Um corvo se fez notar.

A criatura negra coberta de penas tinha os olhos rubros como o sangue que vazava incessante de suas feridas.

Um corvo de olhos brilhantes.

Em cima de uma raiz retorcida de uma árvore já sem vida o animal ficou, o observou e sorriu, corvos não sorriem pensou, mas este sorriu em sua cabeça, em sua cabeça este corvo lhe falou a voz primeiramente indecifrável grave, rouca ricocheteou as palavras ferindo as paredes de seus ouvidos, soou dentro de sua cabeça, ameaçadora e perturbadora.

Ordene-me...

Agora a voz claramente o convidava a comandar, o nariz afundado no fedor de lama e dor, mal conseguia respirar, mas os olhos viam, viam mesmo que a luz amarela da lua deixa-se tudo com aquele efeito de fotografia envelhecida, via com clareza os olhos do corvo que não se moviam fixos em si, parados, o olhavam, sentiu um medo arrebatador o peito cheio de agonia.

Ordene-me...

Soou em sua cabeça, lutou para se livrar das amarras tiranas que lhe rasgavam a pele.

Ordene-me...

Chorou de dor, os rubros olhos da criatura pareciam queimar sua pele.

Ordene-me...

O ardor que aquele olhar lhe causava misturado com o cheiro ruim da lama a qual estava preso lhe davam anciãs.

Ordene-me...

Dizia, sem lábios a serem movidos, a criatura.

Ordene-me, pequeno mestre...

Tentou em vão se auto libertar, as narinas quase completamente tapadas pela lama escura e gelada, pegajosa.

Basta ordenar-me...

Repetia em sua cabeça, a voz fria, o corpo desistindo de lutar, mesmo que a consciência jamais desistisse.

Ordene-me...

Tentou lutar.

Ordene-me...

Tentou fugir.

Ordene-me...

Mais alto, mais preso.

Ordene-me...

Impossível se libertar, a lama lhe engolia.

Basta que me ordene...

Dizia o corvo, os olhos sem se moverem.

Sem saída ordenou.

Uma mão enluvada, um sopro falso de esperança, uma alma roubada, uma salvação mundana, uma criança perdida...

O corpo suava frio, a cegueira momentânea passava, a claridade esbanjava calor no quarto tinhas as cobertas jogadas abaixo das pernas, a testa suada, a pele arrepiada, respirava com dificuldade.

E o mordomo com um sorriso que não deixava os dentes a mostra prendia as cortinas para que o sol o banhasse.

–Noite difícil bocchan?

A voz não saia, o corpo não se movia e o fiel criado a seu lado o servia.

–Para o seu dejejum de hoje temos...

...-...-...-...-...-...

Brandou displicente uma ordem qualquer relutou em alterá-la quando sua execução se mostrou deveras árdua, uma ordem dadá era uma ordem executada a seu ver.

Se postou calmamente a beira do precipício, olhou o fundo do abismo, relutou com o seu infâmio destino, jogou, trapaceou e ganhou da morte, não completamente, momentaneamente, a enganou.

Fugiu da foice ceifadora da morte, caiu de braços abertos nas artimanhas de um assombroso desconhecido, titubeou, não!

Aceitou de bom grado oque lhe foi oferecido, se mostrou um verdadeiro senhor, de tantas e de muitas formas, conquistou algo dentro do vazio. O Conde também fez o interior do servo arder.

A criança o enganou e ele o seguiu, viril e único, duas existências estranhas que não deveriam ter seus caminhos cruzados, um inocente que deveria ter a vida arrancada prematuramente.

Um demônio.

Algo irrelevante, para o ser que viu no corpo frágil uma brecha para a melhor das refeições.

O destino, não era algo que o de olhos rubros acreditava, tão pouco o temia.

Acatou ao chamado do infanto em prantos.

Caiu na armadilha dos olhos azuis.

Prezo para a eternidade.

Ao lado daquele que queria, longe, perto, sempre, jamais.

Nunca o renegou, não, não o faria, seu Senhor, seu Mestre, seu...

Pereceu diante do desconhecido, tragado ao infortúnio, a criança de bondosa nada tinha, a alma deliciosa.

Se pudesse mudaria a decisão de atender ao chamado suplicante?

Talvez.

Mas não, não o fez, o atendeu, o reverenciou, o aceitou e o contrato legalizado estava.

O jovem desejou a vingança, enamorado por ela ficou, usou como mercadoria de troca o único bem que possuía que poderia ao mercador interessar.

Vendeu a alma.

A trocou.

Nunca, nunca se arrependeu, arrependimento não fazia parte de si, seguia em frente a diante, sempre, unicamente em uma direção.

Não fazia por outros, fazia por si, a verdade era horripilante, o egoísmo banhava a criança, algo que lhe fora tirado jamais poderá ser reposto, não chore pelos mortos.

Não tem volta.

Não existe uma segunda chance.

Somente o único caminho a se seguir.

Para frente de braços abertos abraçou, o veneno amargo desceu doce por sua garganta, foi picado pelo inseto ardiloso da revanche.

Nunca ponderou.

                                   ...-...-...-...-...-...-...
Sonhar com corvo : Seu significado está diretamente relacionado com o estado de evolução intelectual de quem sonha. Nos tipos superiores, o sonho com o corvo tem significado alquímico da transformação da matéria provocada pela putrefação e superação alquímica, elevação, isolamento que nos leva à iluminação espiritual. Nos tipos menos dotados, pode estar relacionado à fantasia criada em torno da figura onírica em que o símbolo é indicador de tristeza, sofrimento, mentira, ilusões ou falsidades. Os sentimentos sombrios são sempre despertados no último caso, dando origem às excitações dos impulsos e desejos inferiores reprimidos.



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Notas finais do capítulo

Sei lá...
Comentem.
quem gostou e quem não gostou.
Bjinhos até



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