A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 7
A Vagaba-Adams, malabarismos e umas boas pancadas


Notas iniciais do capítulo

O que estão achando de ter imagens dos personagens? Fica legal assim? Vejo vocês lá embaixo.



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Eu poderia estar em casa agora polindo minha espada. Poderia estar num plantão na guarita norte. Poderia até mesmo estar, nesse exato momento, comendo alguma coisa saborosa da máquina de gostosuras da cantina. Mas não, eu estava correndo como uma louca pela floresta em um vestido que praticamente me deixava nua e dificultava meus movimentos. Valeu, Ava, maravilhoso. Mesmo assim eu já me sentia mais relaxada. Podia sentir meus nervos se acalmando. Meus músculos voltando ao normal, o enjoo passando. Eu havia deixado aquela experiência louca para trás, certo? Agora eu entendia porque existiam leis contra aquilo.

Eu apenas não quero pensar no que aconteceu naquela boate hoje à noite, naquele terraço ou na estrada. Aliás, não aconteceu nada demais. Eu estava meio bêbada e carente e tonta da queda e um garoto bonito me ajudou e me roubou um beijo. Simples, foram só beijos, não é como se a gente tivesse casado ou feito sexo. Sim eu tenho total conhecimento sobre meus sentimentos. Mas estou a fim de nega-los mais um pouco. Só pra tornar a coisa mais divertida.

Corri até chegar bem próxima da fronteira. Vamos ver... Quem está de guarda hoje? Cabelos pretos revoltados e mal cortados, armadura propositalmente masculina, delineador em excesso até pra maquiagem de morto-vivo... Ah droga. É a Vagaba-Adams. Ela não gosta muito de mim. Na verdade, de ninguém, o apelido vagaba não é à toa. Bom, mas era tentar ou dormir do lado de fora.

Me aproximei do facho de luz. Meus olhos doem. Tentei fingir um nada impressionante tom de casualidade.

— Heey Va-... Alais! – Ótimo, comecei perfeitamente bem. A idiota arqueou uma sobrancelha como se me desafiasse e seus lábios esboçaram um sorriso porque ela sabia. Ela sabia que me tinha nas mãos ali. – Eu resolvi dar uma caminhada e perdi a hora, será que você não pode, tipo assim, fingir que não me viu entrar?

— E você não pode, tipo assim, dar o fora daqui? – Ok a abordagem casual não funcionou. Talvez o idiota tenha trazido má sorte. Deixa eu tentar outra coisa.

— Ok Alais. Você não gosta de mim, eu não gosto de você... Eu entendi. Não estou tentando começar uma amizade aqui. Considere uma troca de favores. Você me ajuda aqui e eu te ajudo lá dentro. O que acha? – Ele me encarou incrédula.

— Troca de favores? – Ok talvez esteja dando certo. Garota linda, linda. Me ajude!

— É, uma pequena troca de favores. – Pisquei para ela.

— Sabe eu adoraria, mas não estou interessada. Prefiro que você perca a primeira aula ai fora. Quero ver você explicar isso para o diretor. Pela sua cara eu arriscaria dizer que você estava fazendo coisa errada. – Quase tive um ataque de pânico ali mesmo. Mas como sou uma atriz incrível forcei um sorriso absolutamente falso e nem um pouco convincente.  

— Não estava, juro! – Ela gargalhou.

— Meu Deus, você estava fazendo alguma coisa errada! – Ela riu ainda mais. Merda.

— Talvez, mas ninguém precisa saber. E se eu te pagar? – Eu estava desesperada, apesar de tentar fazer uma pose avassaladora. Pena que parecia que eu estava com dor de barriga.

— Dinheiro? Não estou interessada. Boa noite.

— Você não pode me impedir de entrar. – Falei ameaçadora.

— Ah é e porque não? Eu tenho uma sirene aqui que discorda de você. Vamos ver o que ela tem a dizer. – Ela caminhou até a central de comando. Ela estava blefando. Eu sei que estava. Ela não iria fazer tanto estardalhaço apertando o botão de emergência só pra que eu me desse mal. Seu braço desceu rapidamente.

— Tudo bem, estou indo Vagaba-Adams! – Falei saindo da guarita. Ela me encarou irritada, mas não ousou apertar o botão. Sai dando a volta pela muralha, procurando alguma brecha. Tinha que ter uma em algum lugar. Tinha que ter. Andando por ali encontrei um casebre, uma cabana abandonada. Odiei o lugar assim que o vi. Não dormiria ali nem pensar! Mas espera. Talvez isso desse certo. Pela janela me pendurei na calha da cabana e me balancei, saltando para o telhado que rangeu perigosamente sob os meus pés.

Eu tinha que ser rápida, aquilo não ia me aguentar por muito tempo. Corri e saltei, esmagando meu tórax contra um galho. Tossindo, consegui subir no galho e encarei a muralha à minha frente em pé no galho. De repente ele começou a ceder. Corri e pulei para a próxima arvore. Porém não passei mais que cinco segundo me recuperando e comecei a subir.

Eu já estava bem no alto. Se eu caísse agora, talvez morresse. Isso não é muito animador. (Olhando pelo lado positivo, caso eu sobreviva posso ser morta por me apaixonar por um humano!) Principalmente por que a muralha é só uma linha fina de concreto. Pulei com leveza em sua direção, mas por algum erro de cálculo, no impacto, escorreguei direto caindo no chão com as costas. Eu não conseguia respirar, não conseguia. Puxava e puxava o ar, mas o impacto nas minhas costas o roubou. Comecei a ficar tonta e minha vista começou a ficar turva. Vinte segundos desesperadores se seguiram até que eu recobrasse minha respiração.

Deu certo. Corri meio desajeitada até o meu quarto. Entrei pela janelinha escondida e respirei fundo. Estava exausta, suja, dolorida e sentia coisas estranhas. Eu estava pra explodir de raiva da Ava. Era tudo culpa dela! Eu não deveria ter saído desse quarto e lá estava ela em seus pijamas como se nada tivesse acontecido. Tomei uma ducha rápida e me joguei no colchão onde adormeci imediatamente de exaustão.

Depois de sonhos estranhos e constrangedores acordei agitadamente uma hora depois de ter dormido. Não consigo dormir, por causa do humano. Não isso não é possível. Vai passar com certeza. Queria mentir pra mim mesma, mas eu podia sentir... Está começando a crescer e é simplesmente impossível parar. Eu sinto algo que não deveria por aquele humano, Yuri. Que. Grande. Bosta. Eu me sentia aquelas personagens ridículas de romances. E eu nem acredito em amor a primeira vista!

 Eu queria voltar lá e dizer: Oi, desculpa eu só fui ali no meio do mato surtar um pouco, mas posso te conhecer melhor agora? Quem sabe dar uns amassos, hun? Parece louco certo? Ok, é ridículo, mas eu queria. Queria muito. Eu fui muito idiota. Deveria ter ficado mais um pouco. Aproveitado mais. Agora não posso mais. Não posso me dar ao luxo de vê-lo novamente. Se alguém descobrir, é o meu fim. Desisti de tentar dormir sem sonhar com Yuri. Levantei da cama, coloquei uma roupa leve sobre o corpo dolorido e após um bom gole da minha bebida secreta, proibida por ali, corri até o centro de treinamento.

 Afinal o que mais eu poderia fazer? Estava de muito mal humor. Enfezada e irrita eu seguia odiando a tudo e a todos. Talvez eu nem devesse ter levantado. Deveria ter dito que estava doente e faltado todas as aulas para ficar dormindo entocada até o mal humor passar. Adoraria fazer isso, mas provavelmente eu pensaria em Yuri até ficar com dor de cabeça ou perder a sanidade e ir atras dele. Não, era melhor me ocupar. Precisava me distrair e não reservar um tempo pra pensar naqueles incríveis olhos claros que eu certamente nunca poderia ter. Então como sempre recorri ao meu melhor amigo, o saco de pancadas do centro de treinamento.

Alais, vulgo "Vagaba-Adams"

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Notas finais do capítulo

E aiii!! O próximo capitulo promeeeeeeete



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