A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 29
Imobilizando um Bratva


Notas iniciais do capítulo

Uma grande revelação vem por ai... Pelo menos pra Luna kkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377234/chapter/29

Minhas mãos estavam suando. Gostaria que não fosse tudo manchado pelo medo e o pavor. Na estrada de barro que eu te deixei na última vez, perto daquele grande buraco. Foi o que ele havia dito. Era para onde eu corria em disparada. Minha vontade era deixar tudo para trás. Fugir e nunca mais voltar. Eu não faria falta de qualquer forma. Em um dia estaria tudo de volta ao normal como se nada tivesse acontecido.

 Era bom estar em movimento, correndo o mais rápido que eu conseguia. Chegava um ponto que não dava para pensar ou falar, apenas se concentrar em fazer o ar entrar e sair. Era bom me sentir no controle de alguma coisa, mesmo que fosse das minhas próprias pernas. Sentir o cheiro fresco da floresta e estar em meio às plantas era reconfortante.

Nem vi o tempo passar até que cheguei completamente sem fôlego na orla da floresta. Escondida atrás de uma árvore eu tentava me recuperar enquanto observava o horizonte. Não tinha ninguém à vista ainda. Será que algo poderia ter acontecido? Será que ele viria quando eu mais precisava? Será que ele fugiria comigo?

Só me restava esperar. Esperaria o momento certo para tentar falar com ele. Mesmo que isso significasse arriscar minha vida. Ficar exposta estava me deixando ainda mais nervosa, então resolvi subir numa árvore onde eu ficaria mais escondida. Nem sei por quanto tempo esperei até ver uma moto despontar no horizonte.

Respirei aliviada e, limpando as lágrimas, olhei ao redor para ter certeza de que não tinha ninguém por perto. Estava quase pulando quando comecei a achar algo estranho. Era a moto de Yuri de fato e seu capacete também, mas a pessoa em cima era meio estranha. Não era como eu me lembrava. Talvez algo tivesse acontecido com ele. Ou eu estava vendo coisas?

Observei a moto se aproximar e parar aos poucos próximo ao buraco da estrada. Estava bem próximo de mim, mas não olhou para cima. Quando ele tirou o capacete tive a certeza de que não era Yuri. Cabelos castanhos e curtos e um rosto anguloso estavam por trás. Será que Yuri havia sido capturado? Quem era essa pessoa que sabia sobre mim? Alguém para me capturar?

Eu estava nervosa, mas precisava de informações. O cara desceu da moto e começou a olhar ao redor se aproximando da orla. Eu não podia hesitar. Pulei em cima dele e coloquei a adaga no seu pescoço. Foi tão rápido que ele não teve reação.

— Se você mexer eu corto sua garganta. – O homem não falou nada, apenas levantou as mãos. – Quem é você?

— Sou o Ivan

— Onde está Yuri? Você fez algo com ele?

— Ele pediu pra eu vir te buscar. – Mantive a faca no pescoço.

— Liga pra ele então, quero escutar dele. – Não iria aceitar suas desculpas tão facilmente. Poderia muito bem ser um plano para me sequestrar. 

— Eu vou pegar o celular. – Apertei ainda mais a lâmina no seu pescoço, deixando bem claro o que aconteceria se ele tentasse alguma gracinha. Ele tirou o celular do bolso da jaqueta com 2 dedos e digitou o número de Yuri. O som tocou alto e estridente. 

“Algum problema Ivan?” – Disse sua voz grave.

— Hum, oi chefe. Sua garota está com uma faca no meu pescoço, pode me dar uma ajuda?

“O que?” – Perguntou chocado. – Luna?”

— Yuri... – Senti a faca ficar mais frouxa na minha mão.

“Você imobilizou um bratva?”

— Um o que? – Perguntei confusa. Yuri tossiu.

“Querida, venha com o Ivan, fiquei preso no trabalho. Pode abaixar a faca?”

— Tudo bem. Te vejo daqui a pouco. – Tirei a faca do seu pescoço e o empurrei. Ele me encarou de baixo pra cima enquanto massageava seu pescoço e guardava o celular. Acabei deixando uma fina linha na lateral da sua garganta onde apertei a faca. Guardei-a discretamente nas roupas.

— Podemos ir agora? – Ele parecia muito irritado. 

Dava para ver em seu olhar que ele estava me xingando mentalmente até a minha terceira geração. Provavelmente só não fez nada porque trabalhava para Yuri. Seu olhar de ódio me mostrava claramente que ele não estava nada feliz com aquilo. Senti um calafrio ao perceber que estávamos sozinhos e que eu dependia dele para chegar até Yuri.

Eu imagino o que aconteceria se ele não trabalhasse para ele. Acenei com a cabeça e subimos na moto saindo em disparada. Eu não queria abraçá-lo então me segurava precariamente no assento. Ele ia tão rápido que eu sentia que ia sair voando a qualquer momento. Além disso, a moto balançava bastante e eu já estava ficando enjoada. Pelo menos a viagem durou bem menos tempo, visto a velocidade que nós estávamos. 

Senti as pernas bambas quando finalmente desci da moto na frente do restaurante. E tive que respirar fundo várias vezes para não colocar tudo para fora. Ivan saiu andando sem se preocupar se eu o estava seguindo.

Apressei o passo atrás dele. Lá estava eu de novo, entrando voluntariamente naquele labirinto humano. Senti um calafrio ao entrar no corredor vermelho, mas ignorei. Ivan ficou esperando na porta e fez um sinal para eu entrar. Hesitei por um segundo e entrei. 

— Ele virá em breve. - Explicou ele. 

Me sobressaltei quando a porta se fechou atrás de mim. Lá estava eu, presa, sozinha e indefesa. Passou pela minha cabeça brevemente investigar pelo escritório antes que eu descartasse a ideia. Alguém poderia chegar a qualquer segundo e me pegar com a mão na massa.

Lembro de quando fiz isso com Will e não acabou nada bem. Ele era meu professor e estávamos na escola, tinha um desconto. Seria bem mais difícil algo acontecer naquelas circunstâncias. Agora, num covil de humanos? Eu não queria pagar pra ver qual seria a sua reação e se eu sairia viva daquela vez. 

 Queria acreditar que Yuri não fosse jamais fazer algo assim comigo. Eu não diria o mesmo das pessoas com quem ele trabalhava. A maioria tinha uma aparência sombria e o olhar malvado. Me davam calafrios. Resolvi esperá-lo em seu quarto. Pelo menos eu poderia escutar quando alguém chegasse e me daria alguns segundos de vantagem. 

Quando o tempo começou a se arrastar sem que ele chegasse foi impossível resistir à pelo menos dar uma olhada pelo quarto. Primeiro dei uma olhada no seu guarda-roupa. Não tinha muita coisa. O vestuário humano era interessante. Tantos detalhes e ainda assim tão diferente das nossas peças feericas. Era quase como outro universo. Só espero que eu não dê muita bandeira nesse sentido. Eu procurei levar roupas simples, sem muita informação. Talvez desse pra passar.

Suas camisas ainda tinham seu cheiro, quase me tele-transportando para perto dele. Só que sem passar mal como o tele-transporte de Will. Depois de quase morrer de vergonha ao encontrar em suas roupas íntimas resolvi investigar as cômodas ao lado da cama. Não vi nada de interessante até esbarrar novamente naquele objeto prateado que eu havia vislumbrado da última vez.

Eu tinha certeza de que já havia visto aquilo em algum lugar. Havia esquecido totalmente daquela descoberta. Eram tantas coisas na minha mente ultimamente. Tentei forçar a mente o máximo que consegui em vão. Era pesado e frio, feito de metal. Seu formato era bem peculiar e anguloso. Eu precisava pesquisar mais sobre aquilo, talvez algum livro sobre tecnologia humana pudesse esclarecer aquele mistério. Guardei de volta com cuidado.

O resto do quarto não tinha muita coisa interessante. Os segundos de espera se tornaram minutos e os minutos horas. Muito tempo se passou. Sozinha naquele quarto imenso os meus pensamentos ameaçavam me esmagar. Além de triste eu estava em pânico, pensando que a qualquer momento alguém poderia entrar para me matar ou me levar embora.

Acabei pegando no sono com a minha faca na mão. Exausta. Meu corpo tinha chegado no limite do cansaço. Nem mesmo o pavor de morrer foi capaz de me manter acordada. Pelo menos serviu para tirar a minha mente de toda a tristeza que eu sentia, mesmo que por alguns escassos momentos.

Ainda era melhor sentir medo de morrer do que querer morrer. Por mais mórbido que isso possa soar. Já era quase de manhã quando ruídos me acordaram. Alguém entrando no quarto. Eu nem mesmo tinha escutado a porta do escritório fazer barulho. Acordei sobressaltada apertando a faca nas minhas mãos. Eu saltei da cama como um gato e tentei ajustar meus olhos à claridade repentina.  

— Não se aproxime. - Disse no impulso. Yuri levantou as mãos segurando um sorriso.

Ele estava com os cabelos bagunçados, sujo e seu rosto parecia cansado e abatido. - Yuri… - Murmurei soltando a faca. Corri até seus braços. Ele sorriu quando meu corpo se chocou contra o seu, escondendo seu rosto em meus cabelos enquanto sentia meu cheiro. Sua respiração fez cócegas no meu pescoço, o que não era ruim. Ele cheirava a fumaça e… sangue?

— Você está machucado?

— Só preciso de um banho meu amor. - Me senti derretendo em seus braços. Não queria soltá-lo, mas o fiz a contra gosto.

Voltei a sentar na cama e esperei que ele voltasse. Ele saiu alguns minutos depois apenas com uma toalha enrolada no seu quadril em uma visão digna de uma obra de arte e deitou-se na cama comigo me puxando para os seus braços. Nos abraçamos em silêncio por um longo tempo.

Era como se todos os problemas sumissem, como se eu não estivesse sentenciada à morte, como se não estivesse com um alvo invisível nas minhas costas só esperando para ser ativado, como se eu não fosse uma fracassada. Eu não queria conversar naquele momento. Nenhuma palavra foi dita. Apenas adormecemos abraçados.

                                             ★

Mesmo me sentindo tão pequena por dentro, acordar em seus braços era reconfortante. Me fazia sentir que eu importava, que eu era alguém. Ele parecia tão tranquilo dormindo. Era impossível resistir ao impulso de tirar os cabelos do seu rosto. 

— Bom dia. - Disse ele despertando preguiçosamente e me apertando em seus braços.

— Yuri... - Respondi sufocada. Não de um jeito ruim. De um jeito muito bom na verdade. Nos encaramos por algum tempo sem dizer nada. Apenas aproveitando aquele momento entre nós, sentindo seu cheiro misturado ao meu.

— Quer me contar o que aconteceu ontem? 

— Depois. - Não queria arruinar aquele momento. Também não sabia por onde começar.

Tinha medo de contar meu segredo. Seria um caminho sem volta. Eu tinha que ter 100% de certeza. Queria curtir mais um tempo com ele sem ter que me preocupar com isso. Talvez não fosse uma boa ideia contar enquanto eu estava confinada ali no meio de humanos. Se eu fosse mesmo contar a ele, era bom que fosse ao ar livre. De preferência perto da floresta.

— Tudo bem. - Concordou ele se espreguiçando e olhando para o relógio. Um gemido de reclamação escapou de seus lábios. Já era tarde. Eu não reclamei. Só de estar ali, de ter seu carinho, de não estar sozinha...Já estava de bom tamanho para mim. Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer. Poderia passar o dia inteiro dormindo com ele se ele quisesse.

— Porque você trabalha tanto? - Perguntei curiosa. Ele pensou por algum tempo antes de responder.

— Quero conseguir um cargo melhor, poder ficar mais tempo por trás das coisas, entende?

— Acho que sim. - Não pude evitar de lembrar de como eu imaginava Will, comandando à distância e elaborando estratégias. Mesmo naquele momento, nos braços de Yuri, eu ficava me lembrando daquele mago irritante. Maldito seja. - Eu gostaria de ter um cargo importante também. Ser reconhecida. Mas é bobagem minha.

— Não acho que seja. - Ele parecia me olhar sem nenhum traço de deboche ou maldade no olhar. Senti meu coração bater mais rápido. Gostaria que aquilo fosse verdade. Sentia vergonha pela verdade, pela realidade da minha vida. Queria poder ser essa pessoa que ele acha que eu sou. Queria ser a mulher que ele enxerga em mim. - Você é bem habilidosa, poderia ate roubar meu cargo. - Brincou ele me fazendo rir.

— Você gosta do seu trabalho? - Ele tinha uma aparência tão perigosa para um mercador de temperos e administrador de um restaurante. E eu gostava, adorava sua aparência perigosa. Seu corpo cheio de desenhos intrincados, tão diferente do que eu estava acostumada.

— Algumas partes. - Confessou ele com o pensamento longe. Não sei como era possível que um humano fosse tão bonito. De qualquer ângulo, de qualquer jeito, arrumado, sujo, com roupa, sem... apenas lindo. - Quando você me ligou... estava chorando?

— Ah... Aquilo. - Não podia contar a verdade e permitir que ele visse o quanto eu era fracassada e insignificante. - Eu só estou triste. - Confessei sem dar mais detalhes. - Você já sentiu vontade de fugir e deixar tudo pra trás? - Meu coração batia como louco, ameaçando me dar um troço de nervosismo. Estava quase passando mal de tanta adrenalina esperando sua resposta. Ele me encarou risonho.

— Muitas vezes. - Respondeu achando engraçado. Esperei alguma palavra de conforto. Esperei algo mais que não veio. Talvez ele não fosse do tipo que sabe lidar com sentimentos. Eu devo ser carente demais e estou vendo coisas onde não tem nada. - Porque não damos uma volta? Acho que os meninos vão se reunir hoje.

Pelo menos ele estava tentando me animar, pensei forçando um sorriso e acenando com a cabeça. Ele me apertou em seus braços mais uma vez. Inspirei seu cheiro tranquilizador o máximo que pude. Precisava espantar os pensamentos ruins e focar nos momentos bons com ele.

Quando ele se levantou isso se tornou algo bem fácil de fazer. Seu corpo escultural fez todo o trabalho por mim. Até feéricos teriam inveja da sua beleza sem dúvidas. Seria bom se eu pudesse esfregar sua beleza na cara de Íris e principalmente da Vagaba-Adams. Se Yuri fosse um espadachim todas as garotas do instituto cairiam aos seus pés sem sombra de dúvidas. 

— Que tal arremessar facas hoje? - Sugeriu ele cem por cento nem ai para o fato de estar sem nenhuma roupa. Sua confiança era tão sexy. Tinha algo especial sobre pessoas seguras da própria aparência que era difícil explicar. Tornava-as tão incrivelmente lindas. Abri um sorriso malicioso. Nem mesmo eu sabia se para o seu corpo ou para a ideia de arremessar facas com ele. Qualquer uma das alternativas. Sim, por favor. 

O ar estava frio e úmido quando chegamos àquele prédio abandonado. O local onde me entreguei à ele de bandeja quando já não conseguia lidar com sua ausência. Os garoto já estavam lá fazendo sua habitual algazarra. Era bom me sentir incluída em algo. Mesmo que fosse apenas uma ilusão. Eu não ligava pra isso naquele momento. Esperaria o momento certo para falar sobre a nossa fuga. Ele disse que pensava sobre isso, então, existia esperanças. 

 - Olha só quem chegou! - Gritou Miguel. Tudo virou uma confusão de vozes e risadas. Yuri brincava com eles e tentava derruba-los. 

— Ei vai com calma, minhas costas ainda não se recuperaram. - Ralhou um dos meninos.

— Já começou a dar desculpas? - Brincou Yuri. 

— Vocês que chegaram no meio da brincadeira!  -Justificou ele. Miguel nos trouxe garrafas marrons de alguma bebida humana que eu preferi beber mesmo que fosse só para ter algo pra fazer.

— Hoje temos uma convidada de honra. - Yuri colocou seus braços ao meu redor de forma possessiva. Eu gostei bastante, devo confessar. Petrov soltou um assovio de galanteio. Mesmo que ele agisse com simpatia eu não conseguia gostar dele. Não tinha nenhuma explicação. Só não conseguia.  

— Ouvi falar que ela é uma exímia competidora. - Incitou Petrov. Sorri sem jeito. Miguel me arrancou dos braços de Yuri, que me encarava com um sorriso torto no rosto, me entregou umas três adagas bem peculiares e apontou para um alvo improvisado na parede.

— Se acertar pelo menos uma no centro pode escolher alguém para virar uma dose de Vodka. 

— Essa faca é engraçada. - Comentei analisando curiosa. Eram bem menores que as minhas. Tinham um formato peculiar. Joguei-as para cima distraidamente enquanto sentia seu peso e aerodinâmica. Todos aqueles humanos me encarando avidamente. Esperando para ver do que eu era capaz. Não podia ir com tudo, estavam sóbrios demais.

A primeira faca arremessei só para testar. Ela quase não atingiu o alvo. Um pouco daquilo era fingimento, é claro. A outra parte era a novidade daquela arma desconhecida. Os meninos urraram e vibraram com o erro. Não era um deboche. Estavam apenas se divertindo e sendo garotos, eu acho. Ou deveria dizer: homens.

A segunda acertou perfeitamente o centro. Eles gritaram tanto que tive que me conter para não tapar meus ouvidos. Não deixava de ser engraçado vê-los tão animados por algo que para mim era tão bobo.

— Essa é a minha garota! - Bradou Yuri batendo no peito orgulhoso. "Minha garota" Um sorriso convencido brotou nos meus lábios. Ele disse que eu era sua garota. Um feixe de felicidade brilhou dentro de mim. 

— Quem você escolhe pra beber? - Perguntou Petrov. Tomei meu tempo para escolher fazendo-os sofrer de antecipação.

— Humm, Miguel. - Mais gritos e risadas. Acabei me juntando à eles. Definitavemente eles sabiam ser divertidos quando queriam. 

— Se lascou! - Gritou outro garoto do grupo. Yuri se aproximou de mim me deixando instantaneamente nervosa.

— Você fica muito sexy arremessando facas. - Sussurrou ele no meu ouvido fazendo meu coração bater como um louco.

Tive que controlar uma onda de desejo quando seus olhos maliciosos se fixaram nos meus antes de roubar um beijo. Fiquei vermelha com vergonha dos outros garotos, mas eles estavam distraídos gritando para Miguel virar a bebida e nem notaram. Era tão diferente da minha vida no instituto. E olha que nos literalmente temos aulas de combate. Cenas como aquelas deviam ser mais comuns. Ou talvez sejam e eu só não sou convidada à elas.

A tarde virou noite e o tempo passou como um borrão de risadas e bebidas e facas. Pra mim estava tudo ótimo contanto que eu pudesse continuar ali ao lado de Yuri. A noite já ia alta e pude perceber que aquelas bebidas humanas não eram tão inofensivas quanto pareciam. Eu já estava meio bêbada. Talvez só seu sabor não fosse tão bom, afinal. Não era o mesmo que nossa bebida, mas ainda assim, dependendo da dose, poderia fazer um estrago. 

Os meninos já tinham feito de tudo. Desde atirar facas à concursos de flexão. Eu sinceramente não sei de onde eles tiram tanta energia. Invejava a extroversão deles. Deve ser fácil fazer amigos assim. Eles eram bem divertidos, mas a melhor parte da noite para mim era aquela, sentada na beirada do prédio com Yuri, admirando as estrelas. Ele havia entrelaçado seus dedos nos meus e fazia carinho em mim distraidamente.

Parecia que ambos estávamos com a mente a muitas léguas de distância. Eu não queria voltar para o instituto e encarar tudo que havia acontecido. Não queria encarar Will. Nossa eu tinha sido tão idiota, que uma onda de vergonha me obrigou a fazer uma careta de desgosto. Yuri parecia estar em outro planeta.

— No que você está pensando?

— Nos meus segredos. - Respondeu Yuri com um sorriso brincalhão. Cutuquei suas costelas com o cotovelo emburrada e bufei. Ele deu uma risada. - Você fica muito fofa zangada sabia?

— Eu não fico não! - Ralhei irritada. Porque todo mundo estava em dizendo aquilo ultimamente? 

— Não faz essa cara ou não vou me controlar. - Disse ele com um olhar malicioso e um sorrido nos lábios enquanto segurava minhas bochechas com uma mão. - Não quero que fique zangada com mais ninguém além de mim. - Senti minha pele se arrepiar com seu olhar intenso e com o sentimento de pertencer somente à ele. Só os Deuses sabiam o quanto eu queria aquilo também.

— Boa sorte com isso. - Respondi com a voz distorcida em sua mão. Como Ava sempre dizia, eu era muito ranzinza e zangada. Seria uma tarefa e tanto.

— Vou ter que te sequestrar e te guardar só pra mim então. - Meu coração acelerou e a adrenalina correu louca pelo meu corpo com suas palavras. Ele me beijou intensamente antes de se afastar. - Quero você todinha pra mim.

 – Vamos fugir juntos então. - Soltei enquanto seus olhos azuis me olhavam atentamente. Simplesmente saiu da minha boca antes que eu pudesse evitar. Senti as palmas das minhas mão suarem. Nervosa eu não sabia se ele queria aquilo tanto quanto eu. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No que será que nossa elfa vai se meter? Será que ela vai fugir com o Bratva?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Elfa Escarlate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.