A Escolha escrita por Nyx


Capítulo 8
O meu amor




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Os dias seguintes foram totalmente ruins para mim. Saía todo dia de manhã com meu pai para a floresta. Não queria pensar mais nela. Não queria sentir o que eu estava sentindo.

Estava indo trabalhar todos os dias, descontando minha frustração na madeira. Porque o Homem da Lua tinha deixado que eu voltasse? Ele não sabia de todas as coisas? Se ele sabia que isso ia acontecer, porque me trouxe de volta? Eu nunca imaginei passar por esta situação.

Eu vivi 300 anos sozinho. Gostar de alguém deste modo nunca me fez falta. Qual era o sentido de tudo isto? Porque eu sentia este vazio agora?

Eram muitas perguntas sem respostas. Como eu ia calar meu coração?

Pai: Jack, o que está acontecendo com você?

Jack: Nada pai. Está tudo bem.

Meu pai largou o machado dele e sentou-se num tronco que havíamos cortado.

Pai: Sente-se aqui comigo.

Eu larguei o machado também. Com certeza ia começar o interrogatório. Revirei meus olhos só de pensar.

Pai: Conte para o seu pai o que está acontecendo. Há dias você não come direito, fica olhando o nada e tem trabalhado como um louco, sem descanso. Chega em casa e dorme quase que instantaneamente. Sua mãe e eu estamos preocupados com você. Foi por causa da história da princesa.

Jack: Princesa? Que princesa? Quem falou na princesa?

Pai: Eu te conheço. Você é meu filho e sei quando as coisas estão erradas. Então foi algo que aconteceu na floresta no dia daquele temporal.

E o dedo tocou na ferida! Ele tinha que me lembrar daquele dia? Eu estava tentando ocupar minha mente para esquecer e ele me lembrando. E ele percebeu minha cara de espanto.

Pai: Vamos, me conte. O que aconteceu?

Jack: Já falei que...

Pai: Não adianta dizer que não foi nada. Estou vendo que foi. Jack, eu sou seu amigo. Pode confiar em mim.

Isso era verdade. Ele era meu pai. E com quem mais eu ia conversar sobre isso? Com a Merida? Nunca!

Jack: Pai, já sentiu um vazio tão grande no peito que achou que não fosse aguentar? Já ficou pensando em algo insistentemente como se não houvesse outra coisa para pensar? E isso está tirando o meu sono.

Pai: E que coisa seria essa?

Eu não consegui responder. Só fiquei olhando para ele.

Pai: Já sei. É uma garota?

Eu afirmei com a cabeça. Porque era tão difícil dizer?

Pai: Quem é ela? Alguém aqui da vila?

Jack: Não. Você não precisa saber ainda quem é, tá legal? Mas eu não estou conseguindo controlar o que eu sinto. Eu quero estar com ela. Eu só penso nela.

Pai: Vejo que você se apaixonou por esta garota.

Jack: Eu acho que sim. Mas você não entende. Eu não posso ter um relacionamento com ninguém.

Pai: E por que não? Você já está na idade de ter alguém. Não precisa ficar com medo.

Jack: Vai além da sua compreensão pai.

Pai: O que eu compreendo é que você se apaixonou por uma garota e pode perder a chance de ser feliz. Eu e sua mãe tivemos sorte, pois nos apaixonamos no dia do nosso casamento. Mas eu também tive medo! E se eu não gostasse dela?

Jack: E você sabia disso e queria me arrumar uma noiva, né?

Pai: O meu casamento foi assim.

Jack: Mas você deu uma baita sorte! E se eu não desse? Casar à força? Nem sonhe com isso.

Pai: Mas você encontrou a sua pessoa especial. Porque não fala com ela?

Jack: Pai, eu posso não estar aqui.

Pai: E porque você não estaria? Vai morrer por acaso?

Jack: Claro que não! Vira essa boca pra lá.

Meu pai se levantou e colocou as mãos dele no meu ombro.

Pai: O amor verdadeiro só acontece uma vez na vida. Podemos encontrar várias paixões nesta nossa caminhada, mas amor verdadeiro, do jeito que você está sentido, você nunca mais vai encontrar. Você poderia ser imortal, que sua eternidade não teria sentido nenhum.

Ah, valeu pai, por esta última observação. Adiantou muito! Conseguiu me deixar mil vezes pior.

Mas uma coisa ele tinha me feito enxergar. Eu nunca mais seria o mesmo!

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Eu estava ficando trancado no castelo o tempo todo. Fugia do meu pai e das perguntas da minha mãe sobre o Jack.

O casaco dele ainda estava comigo. Eu dormia agarrada nele todas as noites. Dormir era o meu refúgio secreto, onde eu conseguia dizer a ele que eu estava apaixonada. Ele me sorria de volta e me beijava.

Mas as manhãs eram sempre tristes. Minha mãe sabia o que estava acontecendo e me deixava em paz. Com meus pesares. Eu queria tanto vê-lo novamente. Mas eu não tinha mais coragem. Eu não era valente mais. Eu tinha mudado por causa dos meus sentimentos.

Até quando isso ia durar? Será que algum dia este sentimento ia passar? Mas eu tinha uma certeza, eu nunca ia gostar de ninguém mais como eu gosto do Jack. Mesmo ele sendo um cínico insuportável.


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