Thalia tamborilava os dedos em sua faca de caça a alguns minutos. Com uma expressão indecifrável no rosto, a menina navegava em meio a seus pensamentos.

Nico estudava a expressão da morena atentamente, tentando descobrir os sentimentos da menina. Essa era a atividade favorita do menino.

"Estúpida, cretina. É isso o que eu sou"  Pensva a menina, enquanto lágrimas rolavam por sua face. "Como se um garoto como ele fosse gostar de mim."

Nico olhava para a morena, enquanto ela chorava e corria em direção a floresta. Gritou por ela, na esperança de que ela parasse, mas ela nao parou.

Thalia corria em meio aos pinheiros que lhe cortavam o rosto. Ao fundo, escutava os gritos de Nico, que a chamava desesperadamente. Por fim, ao chegar no "Punho de Zeus", a menina cedeu ao cansaço e, envolta em pensamentos (os quais nao haviam parado um só instante durante sua corrida enlouquecida), adormeceu.

Nico era guiado apenas pelo rastro de Thalia, já que havia parado de escutar o choro da morena a alguns minutos. Andou por horas, até que finalmente achou-a adormecida no monte de pedras apelidado de "Punho de Zeus".

Thalia corria em meio a neve, o que se tornava uma missão quase impossível considerando os altos coturnos que a menina calçava. Tropeçou em uma pedra, o que a fez cair e estirar-se no chão, torcendo o tornozelo. Olhou para frente. Thalia estendia a mão para ela. Não. Não era Thalia quem estendia a mão para Thalia, e sim uma... Pseudo-Thalia. "Venha!" Thalia escutava sua voz em sua cabeça, mas era uma voz um tanto mais... Delicada. "Venha!" escutou de novo, enquanto Pseudo-Thalia acenava nervosamente com a cabeça. Em um impulso, Thalia agarrou a mão da delicada menina parada em sua frente, que içou-a para cima. Observou-a por alguns minutos, até que Pseudo-Thalia olhou horririzada para barriga de Thalia. Enquanto Thalia observava a flecha atravessada em sua barriga e caia de joelhos, observou Lady Ártemis aproximando-se e guardando calmamente sua aljava.  "Eu posso te salvar." Sussurrou Ártemis  na mente de Thalia. "Basta você pedir e... Ignora-lá." Terminou, apontando para Pseudo-Thalia.

- Nunca! - Gritou Thalia, com todas suas forças.

"Então, minha querida... Vá para o Tártaro!" Disse Ártemis casualmente em sua mente, como se nada tivesse acontecido.

Nico sacudia os ombros de Thalia, que, após alguns solavancos, acordou suando frio. Assim que a morena viu o rosto do menino, levantou-se assustada e correu na direção oposta.

Thalia corria enquanto tentava raciocinar. Ela havia se apavorado com o seu sonho. Normalmente, os sonhos dos semideuses tinham um significado, e muitas vezes se realizavam. O que ela sabia até agora era que Pseudo-Thalia era sua parte doce, amorosa, apaixonada...

Nico corria e gritava por Thalia. Ele provavelmente havia emagrecido uns 2 quilos de tanto correr atras dela. Quando alcançou-a, segurou a menina em sua frente forçando-a a olhar para ele.

- Thalia! Você está bem? O que foi?

- Eu... Eu estou bem... É só que... - Thalia gaguejou, as lagrimas escorrendo novamente por sua face. - Nico... Eu... Eu acho que estou apaixonada...

- Que ótimo! Tomara que seja reciproco! - Nico disse com raiva, enquanto seu sangue fervia.

- Eu não sei... - A morena disse se aproximando e colando sua testa na dele. - É reciproco, Nico?

Thalia não conseguia fazer nada além de fitar os lábios do garoto. Uma resposta para sua pergunta não foi necessária. Em instantes, seus lábios foram selados em um beijo urgente, como se a vida de ambos dependesse dele. Depois daquele beijo, vieram muitos outros, calmos e doces, carinhosos... Eles finalmente tinham tempo o suficiente para mostrar um para o outro o que sentiam.

                                                                                 XXX

A escuridão reinava ao redor de Thalia. Ela estava ali injustamente. Ártemis a jogara no mais fundo abismo do Tártaro. Ela esperava ansiosamente para que Nico a viesse buscar. Ela tinha certeza que ele viria busca-lá. E ele a teria.