Estava me arrumando para sair com o Yamato. Tomei banho, sequei o cabelo, coloquei uma calça jeans, um casaco longo branco, luvas e um gorro na cabeça. Fazia muito frio lá fora. A campainha toca.

Abro a porta. E uau... Ele usava um casaco de couro com a blusa de gola alta, calça jeans e um sapato social. Estava lindo. Yamato é um dos caras mais bonitos que já vi! Pedi pra ele entrar, ficou em pé me vendo do corredor com as mãos no bolso da calça. Eu estava sentada na cama colocando a bota.

— Vamos? – pergunto quando termino. – Aliás... Vamos aonde? – ele sorri.

— Você já vai descobrir – sorrio. Fui com ele seja lá onde estava me levando. Paramos em um lugar que nunca fui na vida. Parecia uma casa de shows, mas era pequena. Entramos e sentamos. Ele pediu bebidas quentes, ainda bem! Meu nariz estava congelado.

— Gostou daqui? – estava me deliciando na bebida quente, suspirei quando desceu quentinho. ele me olhou fazendo isso e riu, ele riu!

— Que foi tô suja?

— Por quê?

— Você riu...

— Achei fofo você bebendo – o olho surpresa. Ele nunca falava assim comigo... A gente saia de vez em quando e tudo mais, porém ele sempre foi o mesmo Yamato de sempre, eu nunca sabia o que se passava com ele, tinha a mesma expressão pra tudo. Era muito complicado. Mas hoje, ele estava diferente...

— Você tá passando mal? – ele dá uma risadinha.

— Estou ótimo Sora.

— Tem certeza? – olho-o desconfiada.

— Absoluta!

— Ok... – dei mais uma golada revirando os olhos de satisfação e ele sorriu.

Ficamos conversando um tempo ali, nossa ele estava muito estranho hoje. Mais... Carinhoso? Que, que tá pegando?

— Vou ao banheiro e já volto...

— Ok... – ele vira as costas e vai. Olho para os lados e dou uma beliscadinha na bebida dele. A minha tinha acabado cara...

 Nossa como ele estava demorando. Já estava impaciente! Será que aconteceu alguma coisa no banheiro? 

Quando dei por mim ele estava no palco. Mas o que...?

— Queria dedicar essa canção a uma pessoa muito especial – tomara que não seja eu... – Essa é pra você Sora – não... Por que ele disse meu nome e me olhou? Vários olhares se direcionaram a mim. Senti meu rosto pegar fogo. Ele cantou uma música que nunca ouvi, provavelmente era dele mesmo.

Parecia que foi feita pra mim... Espera... Será que foi? MINHA NOSSA! Yamato Ishida disse através de uma canção que era apaixonado por mim! Fiquei de queixo caído. Por essa eu não esperava! Sabia que tinha alguma coisa! Ele estava todo estranho e diferente hoje.

Ai meu Deus está voltando pra mesa...

— Gostou? – parecia nervoso, perguntou coçando a cabeça.

— Achei linda Yama – ele sorri. – Mas você me deixou tão constrangida que tomei toda a sua bebida – ele olha pro copo vazio e depois ri. – Uau hoje estamos bem. Já é a segunda vez que você ri! – ele senta ao meu lado olhando nos meus olhos, ai tô ficando nervosa.

— Sabe Sora... Você tem... Mexido comigo nesses últimos meses... – engoli em seco. – Não quero te assustar nem nada... Só precisava colocar isso pra fora e fiz essa música – sorrio. Yamato me imita.

Ele começou a se aproximar devagar e logo encostou seus lábios nos meus. Eu não tinha reação e deixei acontecer, ele iniciou o beijo, calmo e devagar. Colocou uma mão no meu rosto fazendo carinho. Começamos a nos beijar com mais vontade agora com mais... Paixão?

Me separei dele pra respirar, ele continuou com o rosto bem próximo ao meu e meus olhos se encontraram com os dele. Ele sorriu. Me olhava diferente, tinha um brilho no olhar. O beijei de novo. Não me pergunte porque, pois não sei dizer!

Foi uma noite muito agradável apesar do frio de congelar os ossos! Ele me deixou em casa e lá trocamos vários beijos antes dele ir embora. Deitei na cama e comecei a refletir sobre tudo isso. Eu sempre gostei do Taichi, mas ele nunca pareceu me notar nem nada. Pelo contrário, deve achar que sou como um “amigo” pra ele.  Bom, gosto do Yamato, ele é uma pessoa maravilhosa! Porque não dar uma chance a ele? Taichi não me enxerga mesmo.

Acordo no dia seguinte com o odioso barulho do meu despertador. Sem me mexer tento fazer ele parar tateando a mesinha ao lado da cama e derrubo ele no chão. Caramba só queria dormir mais cinco minutinhos! Tive que levantar porque mesmo no chão ele não parava de tocar, droga!

Trabalhava de recepcionista em um hotel. Era só meio período, minha mãe me ajudava em algumas coisas, mas não vou ficar abusando dela, né? Então arrumei isso pra ganhar meu dinheiro também.

Tomei banho, troquei de roupa e comi qualquer coisa. Antes de sair meu celular toca.

— Oi Mimi... – demorou muito a ligar.

— Você não vai acreditar no que aconteceu! – Não mesmo, achei que tinha me ligado pra perguntar de ontem.

— O que?

— Ontem à noite... O Joe veio aqui em casa e perguntou pros meus pais se eu podia ser namorada dele! – fiquei de queixo caído.

— E você aceitou?

— Óbvio! Planeta terra chamando Sora? Você está em que mundo?

— Eu tenho que trabalhar, mais tarde eu te ligo.

— Ok... E não pense que eu esqueci, quero saber de tudo que aconteceu ontem! – revirei os olhos.

Fui trabalhar nada feliz. Inverno deveria ser feito pra ficar em casa! Cheguei cumprimentei o pessoal e logo fui fazer minhas coisas. Hoje pra ficar o bom, o telefone não parou de tocar. Porque essas pessoas querem vir pra cá no inverno? Elas são loucas?

Estava perdida nos meus pensamentos, quando olho pra cima e Taichi estava com os braços na bancada me olhando sorrindo.

— O que você tá fazendo aqui? – ele consegue me deixar nervosa só de me olhar.

— Estou acompanhando um amigo meu – só quando ele falou que vi um garoto ao seu lado. Parecia ser mais novo. Ele era ruivo de olhos azuis.

— Oi – digo sem graça por não ter o visto.

 - Olá. Eu queria um quarto.

— Vou ver o que temos. Talvez seja o último já que essa porcaria não parou de tocar hoje – eles riem.

— Minha mãe não deixou ele ficar lá em casa.

— Ué por que? – pergunto olhando o computador.

— Sei lá... Algo a ver com a minha irmã.

— Ah sim... Aqui achei um! – mostrei a ele o quarto e ele quis ficar.

— Obrigado Sora! – Taichi se despediu como sempre sorrindo.

— De nada – eles foram embora.